sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Exposição ao sol melhora a MICROBIOTA INTESTINAL


Com informações da BBC
Exposição ao Sol melhora microbiota intestinal
Um estudo após o outro confirma que a vitamina D tem mais benefícios do que se imaginava - desde que obtida pela exposição ao Sol, e não por suplementos.
[Imagem: Buck Institute/Divulgação]
Vitamina D e bactérias comensais
A exposição aos raios solares, mais particularmente aos ultravioletas do tipo UVB, altera positivamente a microbiota intestinal - o conjunto de bactérias e demais microrganismos que ajudam o corpo em várias funções, da absorção de nutrientes ao fortalecimento do sistema imunológico.
Isso acontece com a participação fundamental da vitamina D, que faz o "meio de campo" nessa sequência.
"Sabe-se que a exposição aos raios solares UVB impulsiona a produção de vitamina D na pele, e estudos recentes sugerem que a vitamina D altera a microbiota intestinal. Porém, uma conexão entre o UVB levar a alterações na microbiota intestinal, via vitamina D, era algo até então demonstrado apenas em cobaias," escrevem os autores da descoberta na revista científica Frontiers in Microbiology.
No estudo, 21 mulheres brancas, com idades entre 19 e 40 anos e recrutadas em Vancouver, no Canadá, foram divididas em dois grupos: um tomou suplementos de vitamina D no período de inverno anterior aos testes, grupo chamado de VDS+; o outro não tomou o suplemento, formando o grupo VDS-.
Depois, elas passaram por sessões de exposição controlada aos raios UVB em uma clínica estética. Após essa etapa, fizeram então exames de sangue e fezes para detectar alterações na presença da vitamina D e na microbiota.
Mais sol, mais vitamina D e bactérias fortalecidas
Como era de se esperar, no início dos experimentos as participantes que haviam tomado suplementos apresentavam níveis satisfatórios de 25-hidróxi-vitamina D (calcidiol), ou 25(OH)D, no sangue - considerada a melhor medida da quantidade de vitamina D no corpo.
Depois das sessões de exposição aos raios UVB, os dois grupos tiveram melhoras nos níveis de 25(OH)D, mas o grupo que não tomou suplementos teve uma melhora até um pouco maior, o que dá suporte a outras pesquisas, que têm mostrado resultados controversos envolvendo os suplementos de vitamina D. Os autores lembram já ter sido demonstrado que a relação entre a produção de vitamina D na pele e a exposição à luz UVB não é linear - na verdade, ela estabiliza quando os níveis de 25(OH)D no sangue atingem um ponto satisfatório.
Em relação à microbiota, o grupo VDS- em especial também viu, após a exposição à luz, uma melhora - aqui, expressa na diversificação dos microrganismos ali presentes, variedade essa que costuma estar associada a pessoas mais saudáveis. Foi observado nos exames de fezes, por exemplo, um enriquecimento da presença de bactérias benignas das famílias Lachnospiraceae e Clostridiaeae e do gênero Ruminococcus.
"Antes da exposição ao UVB, essas mulheres (do grupo VDS-) tinham uma microbiota intestinal menos diversificada e equilibrada do que aquelas que tomavam suplementos regulares de vitamina D," explicou Bruce Vallance, líder do estudo e pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica.
"A exposição ao UVB aumentou a riqueza e a uniformidade de suas microbiotas para níveis indistinguíveis do grupo VDS+, cujo microbioma não foi alterado significativamente. É provável que a exposição à luz UVB de alguma forma altere inicialmente o sistema imunológico. Depois, percebem-se mudanças mais sistêmicas, o que torna o ambiente intestinal mais favorável para as diferentes bactérias", completou o pesquisador.
As descobertas abrem caminho também para novas formas de lidar com doenças autoimunes e inflamatórias, como a esclerose múltipla e a doença inflamatória intestinal, que têm sido associadas a mudanças no estilo de vida e no ambiente de sociedades ocidentais que levam a uma menor exposição ao Sol - e subsequente queda na produção de vitamina D e deterioração da microbiota intestinal.

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