quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O que os homens devem comer para ficarem mais atraentes, segundo a ciência

Estudo diz que o odor tem um efeito sobre a atração que exercem sobre o sexo oposto.


Não são poucos os estudos que destacam os benefícios para a saúde de se comer frutas e verduras. Mas uma nova pesquisa traz um argumento a mais em favor dos alimentos saudáveis: os homens ficam mais atraentes.
Homem com alimentos
Homem com alimentos
Foto: BBCBrasil.com
Segundo pesquisadores da Universidade de Macquarie, na Austrália, as mulheres preferem o cheiro dos homens que consomem mais frutas e vegetais, contra aqueles cuja dieta está majoritariamente baseada em carboidratos refinados, como pães e massas.
"Sabemos há bastante tempo que o cheiro é um componente importante da atração, especialmente para as mulheres", disse Ian Stephen, autor da pesquisa, à rádio americana NPR.
Do ponto de vista evolutivo, o cheiro que emana da transpiração é um sinal sobre o estado de saúde do indivíduo e isto pode influenciar na atração que uma pessoa exerce sobre outra.

Carboidratos são menos atraentes

Para colocar em prova a hipótese, Stephen e sua equipe recrutaram um grupo de 43 homens entre 18 e 30 anos, e avaliaram primeiro a cor de sua pele.
A cor, dizem pesquisadores, reflete os alimentos que consumimos, já que quando comemos vegetais coloridos, nossa pele têm tons mais próximos dos carotenoides, que são os pigmentos que dão aos alimentos sua cor vermelha, laranja e amarela.
Homem com vegetais
Homem com vegetais
Foto: BBCBrasil.com
Depois de completar uma série de questionários sobre seus padrões de alimentação, os homens receberam camisetas limpas para usar enquanto faziam exercício (sem usar desodorante ou algum tipo de colônia).
As camisetas foram apresentadas depois a um grupo de dez mulheres, que as descreveram em função da atração, intensidade do odor e da percepção do estado de saúde da pessoa.
Apesar de ser um grupo pequeno, as respostas foram consistentes: os resultados determinaram que os homens que consumiam mais frutas e vegetais eram mais atraentes.
Os que seguiam uma dieta com base majoritariamente em carboidratos se mostraram os menos atraentes. Já aqueles que consumiam mais carnes não variavam quanto ao nível de atração, mas emanavam um cheiro "mais poderoso", disseram as mulheres que participaram do experimento.

Transpiração x hálito

Os odores analisados foram produzidos pela transpiração e não pelo hálito, que também muda de acordo com o que comemos.
A transpiração, diz o pesquisador, não tem necessariamente mau cheiro.
O odor surge quando as bactérias de nossa pele metabolizam os compostos que produzem nossas glândulas sudoríparas.
Homem prepara churrasco
Homem prepara churrasco
Foto: BBCBrasil.com
"A bactéria que vive na sua pele digere estas substâncias químicas. O que cheira mal é essencialmente a metabolização das bactérias e isto é afetado pelo que você come", explicou Stephen.
"A atração está muito relacionada à saúde e se você quer ser mais atraente, há coisas que você pode fazer", disse o pesquisador no site neozelandês Stuff.
"E essas são as mesmas coisas chatas que sempre dizem os médicos: comer frutas e vegetais e fazer exercício".
O estudo, publicado na revista Evolution and Human Behavior , não avaliou a atração em casais do mesmo sexo.

20 métodos anticoncepcionais e suas taxas de sucesso

Conheça os principais métodos contraceptivos disponíveis no mercado e compare as suas taxas de eficácia.

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Chamamos de método contraceptivo (ou método anticoncepcional) toda ação cujo objetivo é impedir ou, pelo menos, reduzir substancialmente a chance de uma mulher engravidar após uma relação sexual.
Os métodos anticoncepcionais podem ser simples e gratuitos como a tabelinha ou o coitus interruptus (coito interrompido), ou mais complexos e dependentes de ajuda médica, como o DIU e os anticoncepcionais hormonais. Existem também os métodos contraceptivos definitivos, que requerem cirurgia e têm como objetivo tornar o homem ou a mulher estéreis de forma permanente, como nos casos da vasectomia ou da ligadura das trompas.
Neste artigo faremos uma revisão sobre os métodos contraceptivos mais comuns. Vamos explicar como funciona cada método, quais são as suas vantagens e desvantagens e quais são as suas respectivas taxas de sucesso.
O texto traz vários links para complementar as informações. Utilize-os se você quiser dados mais detalhados sobre algum método contraceptivo específico.

Qual é o melhor método anticoncepcional?

Não existe uma resposta correta para a pergunta acima. Na verdade, todos os métodos contraceptivos têm suas vantagens e desvantagens. É fácil saber qual é o método mais efetivo, qual é o mais barato, qual é o mais cômodo, qual é o que dura mais tempo, etc. Agora, a definição sobre o melhor é individual e depende do quanto você valoriza cada uma dessas características.
Antes de escolher um método anticoncepcional, dê uma olhada nas perguntas abaixo. Elas lhe ajudarão a definir que tipo de método de controle de natalidade é o mais adequado para o seu perfil.
1. Você planeja engravidar em breve?
2. Você deseja um método contraceptivo de eficácia curta, prolongada ou definitiva?
3. Você tem relações sexuais frequentemente?
4. Você se importa de tomar comprimidos diariamente?
5. Você conseguiria tomar um comprimido todos os dias sem se esquecer? E se fosse um comprimido por dia sempre na mesma hora?
6. O quão importante é espontaneidade de uso de um contraceptivo?
7. Você considera importante que o seu método contraceptivo também possua proteção contra doenças sexualmente transmissíveis?
8. O custo do método anticoncepcional é um problema?
9. Você se importaria de se submeter a uma cirurgia?
10. Você gostaria que o seu método anticoncepcional também trouxesse outros benefícios para a sua saúde além da contracepção em si?
11. Você se importaria de utilizar um método contraceptivo que pudesse ter efeitos colaterais?
Descobrir qual é o método que mais se adapta a você é importante não só para o sucesso da contracepção, mas também para que você se sinta à vontade para usá-lo de forma prolongada.

Métodos anticoncepcionais mais comuns

Para facilitar o entendimento, vamos dividir os 20 métodos contraceptivos descritos neste artigo em 5 grupos:
  • Métodos de barreira.
  • Métodos hormonais.
  • Métodos intrauterinos.
  • Métodos permanentes.
  • Métodos alternativos.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS DE BARREIRA

Chamamos de método anticoncepcional de barreira os métodos que se baseiam em criar uma barreira física ou química entre os esperma ejaculado e o útero da mulher.
1. Camisinha
A camisinha é um dos métodos contraceptivos mais populares no mundo, sendo o principal método utilizado pelos homens. Não possui contraindicações nem efeitos colaterais relevantes, apesar de algumas pessoas terem alergia ao látex, material usado para confeccionar a camisinha. Para estas pessoas alérgicas existem camisinhas feitas com outros materiais, como poliuretano.
A camisinha além de ser um eficaz método de controle de natalidade também serve para prevenir doença sexualmente transmissíveis (leia: DST – DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS). O seu custo é baixo, não necessita de auxílio médico e a duração da contracepção é curtíssima, apenas o tempo da relação sexual. A camisinha deve ser descartada após o fim de cada relação.
Explicamos a camisinha com detalhes no seguinte artigo: CAMISINHA | Eficácia e instruções de uso.
Camisinha feminina e masculina2. Camisinha feminina
A camisinha feminina é a versão do preservativo para as mulheres. Ela também é um método de barreira, servindo ao mesmo tempo como proteção contra DST e gravidez. A camisinha feminina é atualmente feita de borracha nitrílica (antigamente era poliuretano) e cobre toda a mucosa da vagina, impedindo que o pênis e suas secreções tenham contato direto com a mesma.
Apesar de terem a mesma lógica, a camisinha feminina é muito menos popular que a sua versão masculina, provavelmente porque ela não é tão simples de ser utilizada e a sua taxa de eficácia é mais baixa que a da camisinha masculina (falaremos sobre as taxas de eficácia de cada método ao final do artigo).
Explicamos a camisinha feminina, o diafragma e a esponja vaginal com mais detalhes no seguinte artigo: ANTICONCEPCIONAIS – Diafragma, camisinha feminina e esponja.
3. Diafragma
O diafragma é um método anticoncepcional feminino que consiste em uma cúpula flexível de silicone, com um lado côncavo e outro convexo, que precisa ser colocado à frente do colo do útero. Em geral, deve-se preenche a cúpula com espermicida antes da introdução para aumentar o seu efeito contraceptivo.
Existem vários tamanhos de diafragma, e a mulher deve encontrar aquele mais adequado para si para que o método funcione de forma satisfatória. Quando a mulher engorda ou emagrece de forma relevante, o tamanho do diafragma pode ter que ser alterado.
Diafragma
Ao contrário da camisinha feminina, o diafragma não cobre toda a mucosa da vagina, não sendo, portanto, um método anticoncepcional capaz de prevenir doenças sexualmente transmissíveis.
O diafragma não é descartado após cado ato sexual. Após removido, ele pode ser lavado e utilizado novamente em outras relações sexuais.
Assim como a camisinha feminina, o diafragma não é um método contraceptivo muito popular, sendo utilizado por somente 1% das mulheres sexualmente ativas.
4. Esponja vaginal
Esponja vaginalA esponja vagina é outra opção de método anticoncepcional de barreira para as mulheres.
A lógica por trás da esponja é semelhante à do diafragma, ela cobre a entrada do útero, mas não protege a mucosa da vagina, não servindo como proteção para as doenças sexualmente transmissíveis.
A esponja contraceptiva é um dispositivo macio, em forma de disco, feito de espuma de poliuretano e com uma alça para facilitar a sua remoção. A esponja já vem com espermicida e deve ser molhada antes de ser inserida na vagina. A esponja só deve ser retirada após 6 horas da última relação sexual, podendo permanecer dentro da vagina por até 30 horas. Não é preciso trocar a esponja se mais de uma relação sexual ocorrer dentro do prazo de 24 horas.
Ao contrário do diafragma, não há tamanhos diferentes para a esponja. A sua eficácia em mulheres que já tiveram pelo menos um parto é mais baixa que nas mulheres que nunca pariram.
5. Espermicida
O espermicida pode ser considerado um método de barreira porque cria uma barreira química que impede a chegada dos espermatozoides ao útero feminino. Todavia, quando usado isoladamente, sem outro método contraceptivo complementar, como camisinha, esponja ou diagrama, a sua taxa de sucesso é inaceitavelmente baixa.
Os espermicidas podem ser encontrados sob a forma de gel, espuma, creme ou supositórios. A aplicação é simples e igual ao de qualquer gel vaginal que a maioria das mulheres já utilizou alguma vez na vida.
O espermicida deve ser aplicado preferencialmente entre 10 e 30 minutos antes da relação sexual e não deve ser retirado por pelo menos 6 a 8 horas. Se o ato sexual demorar mais de 1 hora para ocorrer após a aplicação do espermicida, a sua eficácia torna-se ainda mais baixa que a habitual.
O espermicida não parece perturbar de forma significativa a flora vaginal, embora tenha sido observado um pequeno aumento nos casos de vaginose bacteriana nas mulheres usuárias deste método (leia: VAGINOSE BACTERIANA | Gardnerella vaginalis).
Irritação vaginal não é incomum, sendo um motivo frequente para abandono deste método. O espermicida não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis, e nas mulheres que fazem irritação vaginal, o risco de contágio até aumenta.
Os espermicidas não provocam má-formações fetais, não havendo risco para o bebê caso a mulher o utilize sem saber que está grávida.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS

Chamamos de métodos anticoncepcionais hormonais todos aqueles que se baseiam na utilização de hormônios sexuais femininos, nomeadamente a progesterona e o estrogênio, para manipular o ciclo menstrual.
Atualmente existem diversos formas de anticoncepção hormonal, seja em comprimidos, injeção, implante, anel vaginal, etc. Existe também o DIU à base de hormônio, mas esse será abordado no tópico sobre anticoncepcionais intrauterinos.
Os contraceptivos hormonais são extremamente eficazes para impedir uma gravidez, mas não têm ação nenhuma na proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.
6. Pílula anticoncepcional
A pílula anticoncepcional é junto com a camisinha masculina o método contraceptivo mais popular em todo o mundo. A pílula é composta pelos hormônios progesterona e estrogênio e deve ser tomada diariamente, sem falhas.
Se tomada de forma correta, a pílula é extremamente eficaz em inibir a ovulação, sendo um dos melhores métodos contraceptivos. Porém, se a mulher não for disciplinada e esquece-se frequentemente de tomar a sua dose diária, a pílula pode falhar, permitindo a ocorrência de uma gravidez indesejada.
Por ser um método que manipula o ciclo ovulatório feminino, a pílula só deve ser utilizada sob orientação médica. O anticoncepcional oral não tem efeitos somente contraceptivos, ele pode ser benéfico em diversos problemas, como nas cólicas menstruais, no controle do sangramento uterino, na TPM, no controle da acne, etc. A pílula também ajuda a reduzir a incidência de alguns tipos de cânceres, como o câncer de ovário e endométrio.
Por outro lado, os anticoncepcionais orais podem provocar diversos efeitos colaterais, principalmente aqueles com doses mais altas de estrogênio. Trombose e complicações cardiovasculares são alguns dos problemas que, apesar de incomuns, podem ocorrer.
O assunto pílula anticoncepcional é muito extenso, por isso, se você deseja saber mais, acesse os seguintes artigos:
7. Minipílula
A preocupação com os efeitos colaterais provocados pela presença do estrogênio nas pílulas anticoncepcionais comuns levou ao desenvolvimento da minipílula, um anticoncepcional hormonal que contém apenas o hormônio progesterona.
A minipílula não age só inibindo a ovulação, mas também provocando um espessamento do muco cervical, o que impede a chegada dos espermatozoides à trompa, e impedindo a proliferação da parede interna do útero (endométrio), o que atrapalha a implantação de um possível óvulo fecundado.
A minipílula é, na teoria, tão eficaz quanto a pílula, com a vantagem de provocar menos efeitos colaterais. O grande problema da minipílula é a necessidade de ser tomada todos os dias praticamente na mesma hora. Um simples atraso de 3 horas ou mais é suficiente para que a minipílula perca o seu efeito protetor. Portanto, apesar de ter potencialmente o mesmo efeito protetor das pílulas comuns, na prática, a quantidade de falhas é maior, pois é preciso muita disciplina para tomar a minipílula por vários meses seguidos sem perder a hora de vez em quando.
Se você quiser saber detalhes sobre a minipílula, acesse o seguinte artigo: MINIPÍLULA – Anticoncepcional de progesterona.
8. Pílula do dia seguinte (PDS)
A pílula do dia seguinte é uma pílula com doses muito elevadas de hormônios e só deve ser usada de forma pontual e emergencial. Portanto, a pílula do dia seguinte não pode ser encarada como um método anticoncepcional habitual, ela é apenas um método contraceptivo de emergência.
Se você precisa recorrer à PDS com frequência, você está fazendo errado! Além de estar se expondo a quantidades elevadas, desnecessárias e perigosas de hormônios, ainda está utilizando um método de contracepção muito menos eficaz que a pílula comum ou a minipílula.
A pílula do dia seguinte foi desenvolvida para ser utilizada como uma medida emergencial de contracepção para os casos em que o método anticoncepcional habitual falhar, como por exemplo, quando a camisinha estourar ou um diafragma que saiu do lugar.
Para ser eficaz, a PDS precisa ser tomada o mais rápido possível, havendo um limite de 72 horas para que ela possa ser útil. Depois de 3 dias, a pílula já não é mais capaz de impedir uma gravidez.
Atenção: a pílula do dia seguinte não é abortiva. Se você já estiver grávida, tomá-la não fará você abortar.
Se você quiser saber detalhes sobre a pílula do dia seguinte, acesse o seguinte artigo: PÍLULA DO DIA SEGUINTE | Como tomar, eficácia e efeitos.
9. Anticoncepcional injetável
O anticoncepcional hormonal também pode ser administrado pela via injetável em intervalos de 30 ou 90 dias, dependo da marca utilizada. Existem anticoncepcionais injetáveis compostos apenas por progesterona, como o acetato de medroxiprogesterona, e outros compostos por progesterona e estrogênio, como o acetato de medroxiprogesterona + cipionato de estradiol.
O anticoncepcional injetável pode ser encontrado sob a forma de administração intramuscular ou subcutânea. Em geral, a aplicação é feita pelo ginecologista no consultório ou por uma enfermeira no posto de saúde. As administrações costumam ser agendadas para que a mulher tenha um maior controle das datas limites. A eficácia dos anticoncepcionais com administração mensal ou trimestral é igual, mas este último é mais cômodo, pois protege por mais tempo e são necessárias apenas 4 aplicações por ano.
Apesar da menstruação poder ficar suprimida durante o uso do anticoncepcional injetável, isso não causa nenhum mal às mulheres.
Os anticoncepcionais injetáveis possuem um perfil de benefícios e efeitos colaterais semelhantes à pílula anticoncepcional.
10. Adesivo anticoncepcional
adesivo anticoncepcionalOutra opção para quem pretende utilizar um contraceptivo hormonal, mas não quer levar picadas de agulha e não deseja ter o incômodo de tomar comprimidos todos os dias, é o adesivo anticoncepcional, um produto comercializado sob o nome de Evra (norelgestromina + etilenoestradiol).
Como o próprio nome diz, esta forma de contracepção é um adesivo, de formato quadrado com cerca de 4,5 cm x 4,5 cm, que deve ser aplicado à pele e substituído por um novo a cada 7 dias. Depois de 3 semanas, a mulher deve dar uma pausa de 1 semana para menstruar.
O adesivo pode ser aplicado no braço, costas, nádegas ou na barriga. Ele não sai com facilidade e não há problema algum em tomar banho e molhá-lo.
Para saber mais detalhes sobre o adesivo anticoncepcional, leia: EVRA – ADESIVO ANTICONCEPCIONAL.
11. Implante anticoncepcional
Implante anticoncepcional
O implante anticoncepcional é atualmente o método contraceptivo com a maior taxa de eficácia, com cerca de 99,95% de sucesso.
Esta forma de contracepção hormonal se baseia na implantação subcutânea de um fino bastão de plástico com etonogestrel, uma forma sintética de progesterona, em seu interior. O bastão fica por baixo da pele e libera de forma lenta e contínua o hormônio para a circulação sanguínea.
O bastão é implantado no consultório do ginecologista e necessita apenas de anestesia local.  O local escolhido costuma ser a parte interna do braço e o procedimento dura 2 ou 3 minutos apenas.
O efeito contraceptivo do implante tem duração de 3 anos, sendo um método bastante confortável para quem deseja uma contracepção prolongada, mas não definitiva.
O maior problema deste método é o seu preço. Cada implante chega a custar cerca de 700 reais. Porém, como ele só precisa ser comprado a cada 3 anos, ao final deste tempo, o custo compensa.
12. Anel vaginal
O anel vaginal é outra opção de contracepção hormonal disponível no mercado. Este método anticoncepcional é um anel flexível, feito de silicone, que libera de forma lenta progesterona e estrogênio (etonogestrel + etinilestradiol).
O anel pode ser inserido pela própria mulher e não causa nenhum incômodo, mesmo durante a atividade sexual. O anel fica na vagina por 3 semanas e depois é desprezado. Após uma semana de pausa, um novo anel deve ser introduzido.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS INTRAUTERINOS

Os anticoncepcionais intrauterinos, mais conhecidos como DIU (dispositivo intrauterino), são um dos métodos contraceptivos mais seguros, confortáveis e eficazes.
Esta é uma forma de contracepção que vem ganhando bastante popularidade nos últimos anos, sendo a mais indicada por muitos médicos ginecologistas.
13. Dispositivo intrauterino (DIU)
O DIU é um pequeno dispositivo de plástico em forma de T, que deve ser implantado dentro do útero da mulher, através da vagina, pelo médico ginecologista durante uma consulta. O procedimento de colocação é simples e rápido.
Existem 2 tipos de DIU: o DIU revestido de cobre e o DIU revestido por hormônio progesterona, chamado de DIU Mirena.
Uma vez implantado, o DIU pode permanecer no útero por até 5 anos no caso do DIU Mirena, ou 10 anos no caso do DIU de cobre. O DIU é um método contraceptivo de longa duração, mas rapidamente reversível com a retirada do mesmo, caso seja necessário.
Se você saber detalhes sobre os dispositivos intrauterinos, leia o seguinte artigo: DIU de Cobre, DIU MIRENA – Anticoncepcional intra-uterino.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS PERMANENTES

Os métodos anticoncepcionais permanentes são aqueles que têm como objetivo esterilizar o homem ou a mulher, tornando-os inférteis de forma definitiva. As duas formas de esterilização disponíveis, seja no homem ou na mulher, são através de cirurgia.
Este método só deve ser utilizado em último caso, pois a sua reversão, apesar de possível em algumas situações, é difícil de ser realizada com sucesso. A esterilização só deve ser feita em pessoas mais velhas, que já tenham tido todos os filhos que desejam ter. Nas pessoas jovens, mesmo que já tenham 3 ou 4 filhos, o ideal é optar por um método de contracepção prolongado, pois a vida dá muitas voltas, e o que é certeza aos 25 anos, pode torna-se arrependimento aos 35.
Nenhum dos dois métodos fornece proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.
14. Vasectomia
A vasectomia é uma cirurgia que resulta em esterilização permanente do homem por impedir a liberação de espermatozoides no líquido ejaculado. Esta é forma mais efetiva de contracepção masculina.
A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples, que não precisa ser feito dentro de um centro cirúrgico hospitalar. O urologista, médico indicado para este tipo de cirurgia, faz uma pequena anestesia local na pele da bolsa escrotal e com um pequeno corte é possível chegar até o ducto deferente, canal que transporta os espermatozoides. A partir daí, basta cortar o ducto e depois suturar cada uma das pontas. A cirurgia dura cerca de 15-20 minutos e interrompe de forma definitiva a saída de espermatozoides no esperma ejaculado.
A vasectomia não diminui a libido, não interfere na ejaculação e não causa impotência.
Se você quiser saber detalhes sobre a vasectomia, leia o seguinte artigo: VASECTOMIA – Cirurgia e reversão.
15. Ligadura tubária
A laqueadura tubária, também chamada de ligadura das trompas, é um procedimento de esterilização que tem como objetivo impedir que a mulher consiga engravidar. Assim como a vasectomia no homem, a laqueadura é o procedimento contraceptivo definitivo na mulher.
A laqueadura tubária funciona como método anticoncepcional definitivo porque é um procedimento que causa interrupção no trajeto de ambas as trompas, impedido que os espermatozoides cheguem ao óvulo liberado por qualquer um dos ovários. O procedimento pode ser feito cirurgicamente ou por endoscópica.
A ligadura das trompas não impede a ovulação nem interfere no ciclo hormonal feminino, não causando, portanto, nenhuma alteração no ciclo menstrual.
Se você quiser saber detalhes sobre a laqueadura tubária, leia o seguinte artigo: LAQUEADURA – Ligadura de trompas.

MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS ALTERNATIVOS

Os 15 métodos descritos até agora têm o comum o fato de utilizarem um procedimento médico ou um dispositivo artificial para prevenir a gravidez. Existem, porém, formas alternativas de contracepção. As formas alternativas descritas a seguir são gratuitas e naturais, ou seja, não necessitam de nenhum medicamento ou dispositivo médico para “funcionar”.
A palavra funcionar acima foi colocada entre aspas porque esses métodos são as formas com maior incidência de falhas. Alguns desses métodos até poderiam ser bastante efetivos se fossem feitos de forma correta. O problema é que na prática, eles são difíceis de serem executados de forma segura.
16. Coito interrompido (coitus interruptus)
O coito interrompido é o método contraceptivo mais antigo da humanidade, havendo relatos da sua utilização no Egito antigo, há mais de 4000 anos.
O método consiste na interrupção da penetração antes do parceiro ejacular, impedindo assim que o esperma ejaculado seja introduzido no canal vaginal. Há dois grandes problemas que tornam esse método pouco efetivo: o primeiro é erro na hora certa de retirar o pênis, e o segundo é o fato do líquido pré-ejaculatório conter pequenas quantidades de espermatozoides.
O coito interrompido, portanto, não é método seguro de contracepção.
17. Tabelinha
A tabelinha é um método para estimar o período fértil. Ela pode ser utilizada tanto para quem quer otimizar as chances de engravidar, quanto para quem quer minimizá-las.
A lógica por trás deste método é a seguinte: como o espermatozoide tem uma vida média de 5 dias dentro do aparelho reprodutor feminino, e como óvulo só sobrevive por 24 horas, os cinco dias que antecedem a ovulação e as 24 horas a seguir são o período com maior risco da mulher engravidar. O pico do risco ocorre nas 48 horas antes da ovulação. Qualquer outro momento do ciclo feminino que não inclua esse curto intervalo pré e pós-ovulatório não há risco de gravidez.
Em 95% dos ciclos menstruais, a ovulação ocorre nos quatro dias antes ou depois do meio do ciclo (em um ciclo de 30 dias, a ovulação ocorre 4 dias antes ou depois do 15º dia). Em cerca de 30% dos ciclos, a ovulação ocorre exatamente no meio do ciclo (por exemplo, no 14º dia num ciclo de 28 dias ou no 15º dia num ciclo de 30 dias).
Nas mulheres que têm ciclo menstrual muito regular, a ovulação é um evento bastante previsível. Basta não ter relações no período mais crítico para não engravidar. Esse método, entretanto, tem dois problemas: o primeiro é o grande número de dias perigosos, pois o risco começa 9 dias antes do meio do ciclo e termina 5 dias depois. Mas o maior problema é o fato de muitas mulheres não terem ciclos regulares. Se a mulher não menstrua em intervalos regulares, é impossível saber antecipadamente quando será o seu meio do ciclo, informação essencial para calcular os dias de risco.
Nos artigos contidos nos links a seguir nós explicamos melhor como fazer identificar o período fértil: COMO CALCULAR O PERÍODO FÉRTIL e PERÍODO FÉRTIL PARA ENGRAVIDAR.
18. Muco cervical
Outra forma de prever o momento da ovulação é através do muco cervical. Alguns dias antes da ovulação, o muco produzido pelo útero altera-se, tornando-se mais espesso e elástico. Este muco é chamado de muco fértil, pois favorece a mobilidade dos espermatozoides em direção ao útero e às trompas.
Muitas mulheres conseguem detectar essa alteração nas características do seu muco, sendo uma indicação de que a ovulação está próxima de acontecer. Obviamente, esse método é muito pouco confiável para ser usado como estratégia anticoncepcional. Em geral, o muco cervical é mais usado como ajuda para quem quer engravidar do que como método para prevenir uma gravidez.
19. Amamentação exclusiva
Mulheres que pariram recentemente e ainda estão amamentando demoram a voltar a ovular, pois a prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, inibe o processo hormonal natural que leva à ovulação. A amamentação pode ser utilizada para evitar a gravidez somente quando a mulher apresenta todas as três das seguintes condições:
  • Menos de seis meses após o parto.
  • Amamentação exclusiva, ou seja, o bebê não consome qualquer outro tipo de alimento que não o leite materno.
  • A mulher não voltou a menstruar desde que deu à luz.
Se qualquer uma dessas condições não for cumprida, o risco de gravidez indesejada durante a amamentação torna-se inaceitavelmente alto.
20. Abstinência sexual
A abstinência sexual é o método contraceptivo mais seguro e à prova de falhas. Obviamente, quando uma pessoa está à procura de um método contraceptivo, o objetivo dela é conseguir ter relações sexuais sem o risco de engravidar. Na abstinência não há risco de engravidar, mas também não há relação sexual.
A inclusão da abstinência como método contraceptivo pode parecer absurda, mas em alguns casos ela pode ser uma opção bastante interessante.  A abstinência pode ser a melhor escolha quando a pessoa necessita de um método 100% seguro durante apenas um determinado período de tempo. Por exemplo, imagine uma mulher que esteja fazendo um tratamento médico com alguma droga altamente teratogênica (causadora de má-formações fetais). Se o tratamento for curto, por exemplo, 1 ou 2 semanas apenas, a opção mais segura é não ter relações neste período. Outra possibilidade é o caso de mulheres infectadas com doenças que causam má-formações fetais. Enquanto elas não estiverem totalmente curadas, o mais seguro é optar pela abstinência, um método com 100% de eficácia.
Logicamente, se for possível, qualquer um dos métodos com elevadíssima taxa de eficácia (veja a lista mais abaixo) pode ser uma opção à abstinência. Porém, para contracepção a curto prazo, a abstinência deve sempre ser considerada.

Eficácia dos métodos anticoncepcionais

Uma das primeiras coisas que o casal deve saber antes de escolher o método contraceptivo mais adequado para si é a taxa de eficácia de cada método.
Antes de seguirmos com os números, algumas explicações fazem-se necessárias. As tabelas abaixo irão mostrar duas variáveis: taxa de eficácia teórica, que é a taxa de eficácia que se atinge quando o método é utilizado de forma estritamente correta, e á taxa de eficácia real, que é o resultado que vemos na prática, sabendo que muitos homens e mulheres acabam utilizando métodos contraceptivos sem antes terem certeza de como os mesmos funcionam.
Não adianta nada você optar por um método anticoncepcional com elevada taxa teórica se na hora de usá-lo você não conseguir seguir as instruções corretamente.
Outro ponto que deve ser explicado é a forma de interpretar os números que serão fornecidos. Quando dizemos que o hipotético método X tem uma taxa de eficácia de 99%, isso não significa que a cada 100 vezes que você for usá-lo, ele irá falhar 1 vez. 99% de eficácia significa que se 100 mulheres usarem o método X de forma regular por 1 ano, pelo menos 1 delas irá engravidar. Uma método Y com taxa de eficácia de 99,9% significa que se 1000 mulheres utilizarem o método de forma regular por um ano, 1 delas irá engravidar.
Portanto, você pode utilizar um método com 95% de eficácia por vários anos e nunca engravidar. Pode usá-lo 200, 300 vezes e nunca ter problemas. Na verdade, se você utilizá-lo de forma correta, não ter problemas nunca é o mais provável.
1. Métodos contraceptivos com elevadíssima taxa de sucesso
O implante, a vasectomia, o DIU e a ligadura tubária são atualmente os métodos anticoncepcionais com maiores taxas de sucesso. Além do elevado sucesso teórico, como são métodos que dependem pouco do paciente, eles têm também uma elevadíssima taxa de sucesso real.
Eficácia dos anticoncepcionais
2. Métodos contraceptivos com elevada taxa de sucesso
O anticoncepcional injetável, a pílula (comum ou minipílula), o adesivo e o anel vaginal fazem parte de uma grupo com elevadíssima taxa teórica de sucesso, mas com taxas reais um pouco inferiores, pois estas dependem, em parte, de ações da usuária. O anticoncepcional injetável ainda é o com melhor performance, pois a mulher só precisa lembrar de renová-lo uma vez a cada 3 meses, ao contrário da pílula, por exemplo, que tem que ser tomada todos os dias.
Anticoncepcionais com elevada taxa de sucesso
3. Métodos contraceptivos com aceitável taxa de sucesso
A camisinha masculina e feminina, o diafragma e a esponja são um grupo com elevada taxa de sucesso teórico, mas com taxas reais preocupantes. Exceto pela pílula do dia seguinte, que não tem taxas muito elevadas naturalmente, os outros mostram-se, na prática, mais difíceis de serem utilizados corretamente. A camisinha, por exemplo, tem taxas teóricas muito satisfatórias, porém, como ela é frequentemente utilizada de forma errada, muitas mulheres engravidam sem querer, apesar do seu uso.
Anticoncepcionais com moderada taxa de sucesso
4. Métodos contraceptivos com baixa taxa de sucesso
Os métodos citados na tabela abaixo não devem ser utilizados como forma habitual de contracepção, pois apesar de alguns deles até terem taxas teóricas elevadas, na vida real, eles apresentam falhas com uma frequência muito elevada. Por exemplo, de 100 mulheres que praticam coito interrompido ao longo de um ano, cerca de 28 vão engravidar, uma taxa inaceitável, principalmente nos dias de hoje, quando diversos métodos extremamente eficazes estão amplamente disponíveis.
Anticoncepcionais com baixa taxa de sucessoSó como curiosidade, se 100 mulheres praticarem sexo sem nenhum tipo de contracepção ao longo de 1 ano, cerca de 88 irão engravidar. Se você se encontra dentro das 12 mulheres que não engravidam, você e o seu parceiro podem ser considerados um casal infértil. Se a gravidez é um desejo, é preciso recorrer a um médico especializado em fertilidade. Em muitos casos, o problema que está provocando a infertilidade é simples e pode ser resolvido facilmente (leia: COMO ENGRAVIDAR MAIS RÁPIDO).

Por que a Amazônia é vital para o mundo?

Floresta leva umidade para toda a América do Sul, influencia regime de chuvas na região, contribui para estabilizar o clima global e ainda tem a maior biodiversidade do planeta.
A decisão do governo brasileiro neste mês de extinguir a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), abrindo uma área na Amazônia do tamanho do território da Dinamarca para exploração mineral, recebeu críticas acirradas não só de ambientalistas, mas também repercutiu fortemente na mídia internacional antes de ser suspensa pela Justiça Federal.
A CNN, por exemplo, criticou a medida e lembrou que o desmatamento e a mineração estão destruindo a floresta num ritmo impressionante. Mas, afinal, por que a preservação da Floresta Amazônica interessa tanto ao mundo? O fato é que a Amazônia influencia o equilíbrio ambiental de todo o planeta e tem papel fundamental na economia do Brasil. Entenda por quê.
Regime de chuvas
A área da Floresta Amazônica, ao contrário de ser improdutiva, produz imensas quantidades de água para o restante do país. Os chamados "rios voadores", formados por massas de ar carregadas de vapor de água gerados pela evapotranspiração na Amazônia, levam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Esses rios voadores também influenciam chuvas na Bolívia, no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e até no extremo sul do Chile. A umidade vinda da Amazônia e os rios da região alimentam regiões que geram 70% do PIB da América do Sul.
Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro pode bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água em forma de vapor por dia – mais que o dobro da água usada diariamente por um brasileiro. Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, pode evapotranspirar mais de 1.000 litros por dia, bombeando água e levando chuva para irrigar lavouras, encher rios e as represas que alimentam hidrelétricas no resto do país.
Assim, preservar a Amazônia é essencial para o agronegócio – o mesmo que devasta a floresta –, para a produção de alimentos e para gerar energia no Brasil.
O desmatamento prejudica a evapotranspiração e, por consequência, a rota desses rios, podendo afetar assim o regime de chuvas no restante do país e diversas atividades econômicas. Como resultado do desmatamento, até 65% da Amazônia corre o risco de se transformar em savana ao longo dos próximos 50 anos.
Além disso, o Rio Amazonas é responsável por quase um quinto das águas doces levadas aos oceanos no mundo.
Mudanças climáticas
A Amazônia e as florestas tropicais, que armazenam de 90 bilhões a 140 bilhões de toneladas métricas de carbono, ajudam a estabilizar o clima em todo o mundo. Só a Floresta Amazônica representa 10% de toda a biomassa do planeta.
Já as florestas que foram degradadas ou desmatadas são as maiores fontes de emissões de gases do efeito estufa depois da queima de combustíveis fósseis. Isso porque as florestas saudáveis têm uma imensa capacidade de reter e armazenar carbono, mas o desmatamento para o uso agrícola ou extração de madeira libera gases do efeito estufa para a atmosfera e desestabiliza o clima.
Vale lembrar que 2016 foi o terceiro ano consecutivo a ser considerado o mais quente da história. O Acordo de Paris, cujo objetivo é manter o aquecimento da temperatura média do planeta abaixo de 2°C, passa necessariamente pela preservação de florestas.
Dados da ONU de 2015 mostram o Brasil como um dos dez países que mais emitem gases do efeito estufa no mundo, com 2,48% das emissões. Para cumprir suas metas de redução de emissões dentro do acordo internacional, o Brasil se comprometeu a alcançar, na Amazônia brasileira, o desmatamento ilegal zero até 2030 e a compensação das emissões de gases de efeito de estufa provenientes da supressão legal da vegetação até 2030.
Equilíbrio ambiental
Como a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia possui a maior biodiversidade, com uma em cada dez espécies conhecidas. Também há uma grande quantidade de espécies desconhecidas por cientistas, principalmente nas áreas mais remotas. Assegurar a biodiversidade é importante porque ela garante maior sustentabilidade natural para todas as formas de vida, e ecossistemas saudáveis e diversos podem se recuperar melhor de desastres, como queimadas.
Preservar a biodiversidade amazônica, portanto, quer dizer contribuir para estabilizar outros ecossistemas na região. O recife dos corais da Amazônia, por exemplo, um corredor de biodiversidade entre a foz do Amazonas e o Caribe, é um refúgio para corais ameaçados pelo aquecimento global por estar em uma região mais profunda.
Segundo o biólogo Carlos Eduardo Leite Ferreira, da Universidade Federal Fluminense, esse recife poderá ajudar a repovoar áreas degradadas dos oceanos no futuro, mas petroleiras Total e BP têm planos de explorar petróleo perto da região dos corais da Amazônia, ameaçando assim esse ecossistema.
A biodiversidade também tem sua função na agricultura: áreas agrícolas com florestas preservadas em seu entorno têm maior riqueza de polinizadores, dos quais depende a produção de alimentos, como café, milho e soja.
Produtos da floresta
As espécies da Amazônia também são importantes pelo seu uso para produzir medicamentos, alimentos e outros produtos. Mais de 10 mil espécies de plantas da área possuem princípios ativos para uso medicinal, cosmético e controle biológico de pragas.
Neste ano, uma pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo, mostrou que a planta unha-de-gato, da região Amazônica, além de ser utilizada para tratar artrite e osteoartrose, reduz a fadiga e melhora a qualidade de vida de pacientes em estágio avançado de câncer.
Produtos da floresta são comercializados em todo o Brasil, como açaí, guaraná, frutas tropicais, palmito, fitoterápicos, fitocosméticos, couro vegetal, artesanato de capim dourado e artesanato indígena. Produtos não-madeireiros também têm grande valor de exportação: castanha do Brasil, jarina (o marfim vegetal), rutila e jaborandi (princípios ativos), pau-rosa (essência de perfume), resinas e óleos.
Rio Amazonas

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Rumo à longevidade: você não precisa ficar frágil conforme envelhece

Fragilidade evitável
A fragilidade relacionada à idade pode não ser uma sentença inapelável, mas sim um problema de saúde tratável e evitável, assim como a obesidade, o diabetes e as doenças cardiovasculares.
"A sociedade não está consciente da fragilidade como um problema de saúde evitável e a maioria das pessoas normalmente aceita passivamente esta condição. Felizmente, adotando um estilo de vida adequado e atividades físicas, mentais e sociais adequadas, pode-se prevenir ou retardar o estado de fragilidade," garante o professor Jerzy Sacha, da Universidade de Opole, na Polônia.
A fragilidade engloba uma série de sintomas que muitas pessoas assumem ser apenas uma parte inevitável do envelhecimento, incluindo fadiga, fraqueza muscular, movimentos mais lentos e perda de peso não intencional. A fragilidade também se manifesta como sintomas psicológicos e cognitivos, como o isolamento, a depressão e a dificuldade de pensar tão rápida e claramente quanto antes.
Com o objetivo de melhorar a conscientização do público e dos profissionais de saúde sobre o que realmente pode ser feito para lidar com a situação, Sacha e sua equipe revisaram mais de 100 artigos científicos sobre o reconhecimento, tratamento e prevenção da fragilidade associada à idade,
O que a análise dos estudos revela é que a detecção precoce e o tratamento da fragilidade e da pré-fragilidade podem ajudar muitos idosos a viver vidas mais saudáveis.
Como envelhecer forte e saudável
O conhecimento científico expresso nesses mais de 100 estudos mostra ampla evidência de que a prevalência e o impacto da fragilidade podem ser reduzidos, pelo menos em parte, com algumas medidas simples.
Não surpreendentemente, o exercício físico apropriado para a idade mostrou ser uma das intervenções mais eficazes para ajudar os idosos a permanecerem fisicamente aptos. Um monitoramento cuidadoso do peso corporal e da dieta também é fundamental para garantir que os idosos não sofram desnutrição, o que muitas vezes contribui para a fragilidade.
A socialização é outro aspecto crítico, evitando os sintomas cognitivos e psicológicos da fragilidade. A solidão e a falta de objetivos podem deixar os idosos desmotivados e ociosos, e os programas sociais atuais podem ser melhorados focando nas necessidades intelectuais e sociais, bem como nas físicas.
Os estudos não permitem calcular o quanto essas intervenções podem beneficiar o envelhecimento da população, mas mostram que aumentar a conscientização sobre a questão é um primeiro passo crítico. O reconhecimento, tanto pelos médicos quanto pelos pacientes, da fragilidade como uma condição que pode ser prevenida pode contribuir significativamente para evitar ou retardar o problema.
"As campanhas sociais devem informar a sociedade sobre a fragilidade relacionada com a idade e sugerir estilos de vida adequados para evitar ou retardar essas condições," disse o Dr. Sacha. "As pessoas devem perceber que elas podem mudar seus caminhos inadequados para a senilidade, e que essa mudança na mentalidade é fundamental para preparar as comunidades para uma maior longevidade."
A revisão foi publicada na revista Frontiers in Physiology

Lutar contra as emoções negativas só piora as coisas


Sinta, sem julgamento
Sentir-se mal por perceber que se está sentindo mal pode fazer com que você se sinta ainda pior.
É claro que ninguém está pedindo que você fique feliz por ter-se sentido mal - qualquer que seja o motivo - mas acolher suas próprias emoções negativas, sem críticas, pode fazer você se sentir melhor.
Por outro lado, pressionar a si mesmo para se sentir positivo pode realmente fazer você se sentir pior.
"Nós descobrimos que as pessoas que habitualmente aceitam suas emoções negativas experimentam menos emoções negativas, o que se soma para uma melhor saúde psicológica," resume Iris Mauss, professora de psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
Acúmulo de emoções
As razões para tudo isso ainda são incertas.
No momento, os pesquisadores afirmam só poder especular sobre por que aceitar as próprias emoções negativas pode funcionar como um gatilho para desarmá-las.
"Talvez, se você tiver uma atitude de aceitação em relação às emoções negativas, você não está dando tanta atenção a elas," sugere Mauss. "E talvez, se você estiver constantemente julgando suas emoções, a negatividade pode se acumular".
Não por acaso, analisar as próprias emoções sem julgamento é central em várias técnicas de meditação, incluindo a Meditação da Mente Alerta.
Aceitação emocional
O estudo, publicado no Journal of Personality and Social Psychology, testou a conexão entre aceitação emocional e a saúde psicológica em mais de 1.300 adultos.
Os resultados indicam que as pessoas que normalmente resistem em reconhecer suas emoções mais sombrias, ou a julgá-las com dureza, podem acabar se sentindo mais psicologicamente estressadas.
Em contrapartida, aquelas que geralmente permitem que sentimentos mais sombrios, como tristeza, desapontamento e ressentimento, sigam seu curso, relataram menos sintomas de transtorno do humor do que aquelas que os criticam ou os afastam - um efeito que durou até seis meses, que foi o tempo coberto pelos experimentos.
"Acontece que a forma como abordamos nossas próprias reações emocionais negativas é realmente importante para o nosso bem-estar geral," diz Brett Ford, da Universidade de Toronto (Canadá) e idealizador do estudo. "As pessoas que aceitam essas emoções sem julgar ou tentar mudá-las são capazes de lidar com o estresse com mais sucesso".

O modelo da Nova Zelândia para sair da crise e crescer



Nova Zelândia saiu da crise com quatro grandes mudanças
Em uma situação onde os números estão tão ruins, e a melhora parece ser tão pouca, como acreditar que tudo vai melhorar?
Se você está com essa questão na cabeça, talvez seja hora de olhar para a Nova Zelândia e o seu modelo de crescimento economico.
A Nova Zelândia não caminhava bem no século XX. Apesar de, em 1950, ser o terceiro país no ranking de países com maior PIB per capita do mundo, essa realidade de prosperidade ficou por pouco tempo. Em 1984, o país caiu de terceiro para vigésimo sétimo colocado, e ainda viu sua taxa de desemprego, que sempre ficava na casa dos 4%, chegar em 7.2%.
A crise assolou o país, e não havia nenhum consenso sobre o que devia ser feito para sair do buraco. Mas a toalha não foi jogada.
Eles decidiram o que havia de ser feito e viram o seu país crescer como nunca.
O que a Nova Zelândia fez para sair da crise pode ser resumido em quatro grandes mudanças. São estas:
Demissões e reformulação na contratação de funcionários públicos
Se teve uma coisa em que o governo neozelândes fez bem, foi toda a reforma que ele promoveu no aparato estatal.
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País fez uma seleção a nivel mundial para escolher quem faria parte dos cargos elevados do governo
Segundo Maurice P. McTigue, ex-ministro do país, o primeiro passo deles foi reformular como o dinheiro era repassado aos orgãos públicos. Ao invés de simplesmente repassar o dinheiro, o que o governo da Nova Zelândia fez foi firmar contratos com os líderes de cada orgão do governo, colocando em contrato o que se esperava do trabalho deles.
Além disso, a própria escolha desses líderes ia além da escolha política. A Nova Zelândia fez uma seleção a nivel mundial para escolher quem faria parte dos cargos elevados do governo, tendo os contratos de emprego firmados com a seguinte regra: o funcionário só poderia ser demitido caso não cumprisse com o que foi proposto no contrato.
Apesar de talvez parecer ruim a primeira vista, isso evitou que políticos, no futuro, demitissem os funcionários apenas para colocar os seus “camaradas” no lugar. E como a primeira seleção foi feita com base no comprometimento e produtividade do funcionário, o governo ganhou uma eficiência gigantesca.
Inclusive, eles também promoveram cortes em cargos desnecessários. O Departamento de Transportes, por exemplo, de 5600 empregados foi para 53. E de 17.000 de empregados nos serviços florestais, o número de empregados caiu para 17.
Ou seja, a Nova Zelândia, para começar a fazer sua máquina pública funcionar, atacou dois problemas que atrapalhavam a eficiência do setor público, e teve sucesso em ambas. Está na hora do Brasil fazer algo parecido. Hoje se discute muito o fato de muita gente ser desnecessária no governo, mas precisamos também incentivar o comprometimento com a produtividade daqueles que são necessários.
Reforma nos Impostos e Tributos
Um dos países dos quais tiveram mais sucesso com uma reforma nos impostos foi, sem dúvida, a Nova Zelândia. Eles perceberam que o tamanho da carga tributária simplesmente não correspondia à situação do país, e decidiram uma série de medidas drásticas com foco na redução.
A alíquota máxima do imposto de renda foi de 66% para 33%, enquanto a mínima foi de 38% para 19%. Adicionalmente, o governo definiu a alíquota sobre o consumo para 10% e eliminaram grande parte dos outros impostos, tais como os impostos sobre os ganhos de capital e sobre a propriedade.
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Com menos impostos, criou incentivos para uma redução significativa nas sonegações
O detalhe importante é que, veja, geralmente, quando um país está passando por um problema fiscal, a solução apontada como correta é outra: deve-se aumentar os impostos. É o que vemos sendo cogitado pelo Brasil, por exemplo.
Contrariando o senso comum, a Nova Zelândia fez diferente. E o resultado para ela foi benéfico: aumentou suas receitas em 20%. Com menos impostos, criou incentivos para uma redução significativa nas sonegações.
De acordo com Thiago Nigro , criador do canal O Primo Rico  e entusiasta do Código da Riqueza, aumentar ou reduzir impostos é uma discussão ampla na economia: “Desde o surgimento da Curva de Laffer, onde se argumenta que uma redução de impostos pode levar a um aumento na receita do governo, o debate sobre a carga tributária aumentou bastante. Para vários economistas, um governo adquire uma maior receita quando ele eleva sua carga tributária, mas evidências como as do caso da Nova Zelândia indicam que isso nem sempre é verdade”.
O Código da Riqueza será uma série, em quatro capítulos, totalmente gratuita sobre dinheiro, investimentos, negócios e empreendedorismo e você pode saber mais  clicando aqui.
Se com um aumento de impostos o governo brasileiro não está tendo arrecadações significativas, talvez seja o momento de tentar o contrário e apostar na redução da carga tributária, que, independemente de Curva de Laffer, irá trazer benefícios de longo prazo à economia do país.
Mudar as regulamentações
As regulamentações travavam muito a indústria da Nova Zelândia. As regulações eram dificeis de serem mudadas uma vez que eram implantadas na economia, e, com decisões regulatórias erradas, o mercado era cada vez mais prejudicado.
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Nova Zelândia se tornou o melhor país do mundo para se abrir novos negócios
O governo, então, encontrou uma solução: já que ele não conseguia mudar a regulação em si, mudou os estatutos das quais elas estavam baseadas.
Com isso, o governo promoveu simplificações significantes nas leis e regulações implantadas, e procurou, na medida do possível, fazer com que fosse criado apenas as regulações essenciais e deixasse o mercado livre para interagir e prosperar.
O resultado não podia ser melhor. Segundo um relatório da “Doing Business” de 2014, A Nova Zelândia se tornou o melhor país do mundo para se abrir novos negócios, onde a abertura de uma empresa pode ser feita em menos de 1 dia. Já no Brasil, esse número chega a quase 108 dias.
O Brasil tem uma burocracia gigantesca, que afoga o empreendedor com a sua alta complexidade. Se quisermos ver um país que ajude todos os setores da economia, precisamos lutar para que haja uma simplificação no quadro burocrático de nossas leis.
Com essas mudanças, o brasileiro estará um passo mais próximo de ver o seu país crescendo, e melhor: crescendo com qualidade e estabilidade.

Como a Inteligência Artificial já está mudando salas de aula no Brasil e no mundo

Sistemas são capazes de analisar desempenho de alunos, sugerir conteúdos complementares e orientar educadores; professor não deve ser substituído, mas terá que se preparar para essa realidade, dizem especialistas.


Quando o estudante Anderson dos Santos Andrade, 16, faz o login na plataforma virtual da escola, tem diante de si seu plano de estudos: faltam seis vídeos de biologia para assistir e, depois, completar os exercícios online. Um dos questionários vem com a hashtag #cainaprova, então Anderson sabe que aquele conteúdo ajudará a garantir pontos na nota do bimestre.
A interface mostra também que ele já completou - e acertou - as dez questões de funções trigonométricas da aula mais recente de matemática.
Aluno do 2º ano do ensino médio do Centro Educacional Sesi 415, em Artur Alvim, zona leste de São Paulo, ele e seus 995 colegas de escola usam a plataforma virtual para fazer as atividades indicadas pelos professores, acompanhar o próprio desempenho em cada matéria e classificar os conteúdos pelo seu grau de dificuldade: de "tô de boa" a "não estou entendendo nada".
À medida que Anderson completa as atividades, o sistema identifica, via algoritmos, o quanto ele entendeu de cada matéria - e indica quais aulas deve assistir para sanar suas dúvidas.
Na outra ponta, os professores do Sesi 415 medem o aprendizado de cada aluno e cada turma, passam aulas complementares e fazem a correção automática dos exercícios.
A experiência da escola paulistana é um exemplo de como a Inteligência Artificial pode ser aplicada na educação - uma tendência mundial ainda repleta de desafios e oportunidades.
"Conforme os alunos usam a ferramenta, assistem às aulas e respondem as questões, recebemos os dados e os comparamos a modelos, para entender o que eles aprenderam e quais suas dificuldades", explica à BBC Brasil Leonardo Carvalho, cofundador da Geekie, empresa que é a provedora da plataforma usada pelo Sesi.
Em uma aula de História do Brasil, por exemplo, o professor pode selecionar online as questões que quer desenvolver em classe; pede aos alunos que assistam aos vídeos para se prepararem para a aula e, depois dela, completem os exercícios também via internet.
O professor e seus coordenadores recebem, depois, gráficos indicando o nível de entendimento da turma: qual porcentagem completou os exercícios corretamente e quais foram as principais falhas.
"A Inteligência Artificial no fundo é um conjunto de ferramentas estatísticas que cria mais conhecimento quanto mais os alunos (a utilizarem)", prossegue Carvalho.
"Em uma sala com 50 alunos, o professor não consegue ver (a dúvida exata) de cada um. O programa faz isso de modo escalonado."
O Geekie fornece o sistema atualmente para 600 escolas privadas brasileiras, além da rede Sesi e para algumas escolas públicas, via patrocínio de empresas. A empresa também ofereceu, na rede pública, um game de simulado do Enem, para ajudar os alunos a identificar suas lacunas de aprendizado para o exame vestibular.
"Para essa nova geração, que não tem a cultura da paciência, é útil ver seus resultados rapidamente e saber o que precisa corrigir (no aprendizado)", explica Ana Maria Machado Tonon, diretora do Sesi 415.
"E para nós (professores) é um termômetro sobre o que precisa ser aprimorado ou corrigido no conteúdo, sobre quais alunos fizeram ou não os exercícios. Antes, a gente gastava muito tempo tentando identificar o que estava indo errado."

Experimentos globais

Ao redor do mundo, diferentes projetos estão aplicando a tecnologia e a Inteligência Artificial em busca de avanços no processo de aprendizado.
Na Califórnia, a AltSchool também usa uma plataforma adaptada de ensino para cada aluno, que tem sua "playlist" de vídeos, textos e exames elaborada conforme suas preferências e suas deficiências de ensino.
Na Índia, o programa Mindspark criou um banco de dados ao longo de dez anos, a partir de milhões de avaliações educacionais, para ajudar professores a identificar com precisão - em vez de pela intuição - quais são as necessidades dos alunos.
E, no Reino Unido, a empresa Third Space Learning, em parceria com a Universidade College London, tenta melhorar o aprendizado da matemática com uma tutoria virtual adaptada para cada criança, com base na análise de milhares de horas de aulas prévias.
De softwares inovadores a tablets, muito se tentou em termos de tecnologia em sala de aula, nem sempre com impactos significativos no aprendizado. Agora, com o avanço da Inteligência Artificial, é possível motivar alunos - sobretudo os que têm mais dificuldades - desde que as ferramentas não sirvam de muleta (ou seja, ensinem a criança a andar com as próprias pernas) e desde que não sejam usadas de modo aleatório, diz à BBC Brasil a professora Rose Luckin, que pesquisa o tema na College London e acompanha o Third Space Learning.
"O mais importante é identificar bem qual o problema que a escola está tentando resolver com a tecnologia, e daí usar a Inteligência Artificial no que ela é útil e manter o (ensino) humano no que ele é útil", explica ela.
Computadores, explica ela, são eficazes em analisar dados e identificar padrões - por exemplo, de erros e acertos dos alunos. "Mas não são bons, por exemplo, em entender emoções ou replicar o intelecto e o instinto de um bom professor."
Essa acaba sendo uma questão crucial: segundo Luckin, o ideal é que a tecnologia não substitua o professor, mas sim ajude-o a aperfeiçoar e otimizar suas aulas.
"Pode ser que no futuro haja pressão comercial para substituí-los, mas acho que esse caminho seria equivocado. O ideal é combinar interação humana à tecnológica (na sala de aula)."
No Brasil, o Geekie explica que um dos desafios iniciais foi justamente convencer os professores de que a plataforma não tem a intenção de tomar o lugar do docente.
"É para ajudar o professor e ser um facilitador do aprendizado, que é impossível de ser mecanizado", diz Leonardo Carvalho. "A ideia é dar mais ferramentas para auxiliar a parte que só o professor consegue fazer."

Desafio: capacitar professores

Reside aí, então, o primeiro grande desafio da Inteligência Artificial na educação: a formação de bons professores, capazes de utilizar a tecnologia a seu favor para melhorar a sala de aula.
"A tecnologia não dispensa o professor, mas ele deixa de ser o dono do saber e se torna um mediador", opina Aníbal dos Santos Peça, coordenador pedagógico do Sesi 415. "Seu papel passa a ser ensinar o aluno a ser um bom pesquisador."
Esse pode ser um entrave significativo no Brasil, onde a formação de professores é tida por especialistas como excessivamente teórica e deficitária.
E, em segundo lugar, existe o obstáculo da infraestrutura. O Sesi 415 só conseguiu usar plenamente as ferramentas de Inteligência Artificial no início do ano, quando a região de Artur Alvim, afastada do centro da cidade, finalmente recebeu rede de fibra ótica para internet rápida.
"Há até pouco tempo, algumas de nossas escolas só tinham internet discada", diz Karina de Paula Vezzaro, analista técnico-educacional do Sesi em São Paulo. "Isso impacta muito. A internet no Brasil é cara e ruim."
Segundo dados do Censo Educacional 2016 do Ministério da Educação tabulados pela plataforma QEdu, 68% das 183,3 mil escolas básicas do Brasil têm internet. A banda larga está disponível em 56% delas.
Professor em sala de aula
Professor em sala de aula
Foto: BBCBrasil.com
"A má qualidade da internet móvel ainda é gritante. Mas pouco a pouco a tendência é que esses gargalos sejam superados", opina Ricardo Azambuja Silveira, professor associado do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina e estudioso da Inteligência Artificial.
Para ele, a tendência é de que a tecnologia ajude a democratizar o ensino, mesmo que seu uso seja mais sutil do que imaginemos.
"Às vezes, são tecnologias um pouco invisíveis para usuários finais e que vão sendo incorporadas na rotina (da educação)", diz à BBC Brasil. "Há desde o ensino adaptativo (moldado para cada estudante) até sistemas capazes de recomendar sites confiáveis para estudantes de determinadas áreas. Os moocs (cursos abertos e gratuitos online) também começam a incorporar a análise dos dados de seus usuários (...) para identificar as deficiências dos alunos."

Desafio da democratização

Para Luckin, da Universidade College London, a democratização - ou não - do ensino com a tecnologia é a "pergunta de um milhão de dólares".
"Acho que isso vai depender das escolhas feitas pelos humanos", diz ela. "Temos um deficit mundial de 69 milhões de professores, e a Inteligência Artificial pode ajudar nisso - não substituindo-os, mas provendo tutores e melhorando os professores existentes. Mas ainda temo que os (alunos) mais ricos consigam adquirir essa tecnologia antes e que isso aumente a distância (deles em relação aos mais pobres)."
Análise computadorizada
Análise computadorizada
Foto: BBCBrasil.com
Para Carvalho, do Geekie, um dos potenciais da tecnologia é permitir ao aluno não depender tanto da disponibilidade física do professor. "(O sistema) não é equivalente a ter um professor particular, mas emula esse professor a um custo mais baixo."
É preciso levar em conta, também, os limites da tecnologia - a qual, pelo menos por enquanto, é pouco eficiente em avaliar nuances, como a inteligência emocional dos alunos ou sua capacidade de escrever uma redação.
Tanto que, no Geekie, as redações dos simulados do Enem foram corrigidas manualmente por professores.
"A parte de competências emocionais ainda é uma área inexplorada", explica Carvalho, que também almeja, no futuro, desenvolver sistemas capazes de integrar os diferentes campos de conhecimento do currículo escolar, em vez de apenas analisar os alunos de modo compartimentalizado - em matemática, português, física e assim por diante.
À medida que crescem as possibilidades, será necessário aumentar, também, o discernimento de professores e agentes políticos, opina Rose Luckin.
"A sala de aula mudará drasticamente, e todos precisarão aprender a lidar com isso", diz ela. "Professores terão que ser treinados para decidir quais produtos serão mais eficientes para suas necessidades, e políticos sem informação suficiente podem comprar tecnologias achando que elas resolverão determinados problemas, e talvez elas não resolvam."
De volta ao Sesi 415, na zona leste de São Paulo, a tecnologia tem sido encarada como uma ferramenta para dar mais subsídios aos professores e mais protagonismo aos alunos.
"Não é um remédio (para os problemas do ensino)", diz o coordenador Aníbal Peça. "Ela não soluciona tudo, mas dá velocidade às soluções."