terça-feira, 31 de agosto de 2021

Por que está havendo uma estagflação a nível mundial?

Basicamente, a estagflação atual é reflexo das mudanças climáticas e da pandemia da Covid-19 - as quais contribuiram para diminuir a OFERTA mundial de bens ou de mercadorias, causando uma inflação mundial.

Violência contra os indígenas

Cristina Serra

Cristina Serra é paraense, jornalista e escritora. É autora dos livros “Tragédia em Mariana - a história do maior desastre ambiental do Brasil” e “A Mata Atlântica e o Mico-Leão-Dourado - uma história de conservação”.

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Cristina Serra

O marco temporal é uma desonra para quem acredita que o Brasil pode ser um país decente

O Supremo Tribunal Federal retoma nesta semana, finalmente (!), o julgamento de controvérsia que precisa ser pacificada para que os povos indígenas tenham segurança jurídica sobre a posse de seus territórios.

O cerne da discussão é o chamado marco temporal, conceito que reconhece apenas o direito às terras ocupadas pelos indígenas até a data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. O marco temporal distorce o texto constitucional e ignora histórico secular de agressões contra os povos originários, banidos de suas terras, caçados e mortos como animais.

No livro “Subvertendo a Gramática e Outras Crônicas Socioambientais”, Márcio Santilli, ex-presidente da Funai e ativo participante do processo constituinte, conta como se chegou à expressão consagrada no “Capítulo dos Índios”. Sob pressão de lobbies pesados, como o das mineradoras, os constituintes não saíam do impasse sobre a definição do direito dos indígenas à terra. Alguns defendiam “terras ocupadas”. Outros preferiam “terras permanentemente ocupadas”.

Santilli procurou o então senador Jarbas Passarinho, ex-ministro da ditadura e líder da direita na constituinte. Foi ele que resolveu o dilema, ao criar a fórmula de “terras tradicionalmente ocupadas”. “A ambiguidade da palavra ‘tradicionalmente’ foi um ovo de Colombo, admitindo uma leitura antropológica —‘conforme a tradição’— e outra cronológica —‘por tempo suficiente para serem tradicionais’”, analisa Santilli. Era um tempo em que adversários construíam consensos com um mínimo de lealdade para que o país avançasse.

A tese do marco temporal é retrocesso civilizacional, que só beneficia criminosos: grileiros, desmatadores, garimpeiros, o agronegócio predatório. Contra o poder econômico de megacorporações, os indígenas estão mais uma vez em Brasília, em vigília de resistência. A admissão do marco temporal seria uma violência contra eles e uma desonra para quem ainda acredita que o Brasil pode ser um país decente.

 

CHARGE

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'No dia em que a mulher tiver dinheiro, vai transar com quem quiser'

Folhajus

Especialista em crimes sexuais, Luiza Eluf defende independência financeira contra submissão feminina

A advogada Luiza Nagib Eluf, 66, não vê outra solução. “No dia que a mulher tiver dinheiro, vai transar com o homem que ela quiser”, diz a defensora de mulheres que acusam o médium João de Deus e o cardiologista Nabil Ghorayeb de crimes sexuais negados pelos dois.

Hoje ex-promotora, ela ingressou no Ministério Público em 1983, décadas antes de o Brasil ganhar as leis Maria da Penha e do Feminicídio. Especializou-se no tema, como brinca, antes de virar modinha, escrevendo livros como “Crimes contra os Costumes e Assédio Sexual” (1999).

Para Eluf, depender financeiramente de um homem é o pior que pode acontecer com a outra metade da população. “É preciso tomar cuidado para não acreditar no ‘eu a sustento, querida’. Mulher tem que ganhar bem, tem que ganhar muito. Não pode se satisfazer com o dinheiro que paga a manicure.”

A advogada criminal e escritora Luiza Nagib Eluf é uma mulher de 66 anos, branca, com cabelos castanhos na altura dos ombros. Usa batom e blusa vermelha, com uma gola rolê preta por baixo e um colar e brincos de pérolas. Na foto ela olha séria para a câmera, ao fundo uma parede branca e um quadro, desfocado, com uma moldura dourada
A advogada criminal e escritora Luiza Nagib Eluf - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Em entrevista à Folha, a advogada fala sobre o impacto do #MeToo Brasil, versão nacional do movimento que expôs assediadores mundo afora, sobre crimes envolvendo nomes célebres, como o de Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana condenado por ter estuprado pacientes. Seu caso, segundo ela, ajudou o Judiciário a acordar para o tema.

Temos visto chegarem às manchetes assédios cometidos por homens ricos e influentes. Por quê? Eles estão sendo mais denunciados. Antigamente, a mulher ficava muito intimidada. Se denunciava, sobrava para ela no final da história. Ela sofre o assédio, o estupro, o espancamento e aí, quando vai reportar, a autoridade culpa a vítima pelo que ela sofreu. O patriarcado é assim. Tudo errado é a mulher que faz. São seres, vamos dizer, inferiores. Em São Paulo, começamos mais nitidamente a lutar contra esse tipo de conduta no caso Roger Abdelmassih.

Por que esse foi um divisor de águas? Antes, algumas denúncias não eram consideradas situação que merecesse o acionamento da Justiça. Porque mulher era uma coisa não pensante, um ser completamente retardado mental na visão do patriarcado. Era comum uma moça fazer uma denúncia e isso se voltar contra ela, e não contra o agressor. Foi-se perdendo o ânimo de denunciar. Com o Roger, o Ministério Público resolveu pegar o caso com unhas e dentes.

Havia resistência no próprio Judiciário? Sempre aquela tendência de culpar a mulher pela agressão que sofreu. Vamos falar de outro crime que não seja sexual. Digamos que a mulher foi assaltada. Eu mesma passei por essa situação. Já era promotora e fui trabalhar numa comarca no interior de São Paulo. Naquele tempo eles gostavam de judiar da mulherada porque achavam que era uma coisa que depreciava a carreira. “Se for pondo mulher, daqui a pouco ninguém mais vai levar a sério”, diziam. Eu era obrigada a ouvir essas coisas.

Além de ser mulher, eu ainda cometi o pecado de ter dois filhos para criar. Meu filho [que ficava em São Paulo] começou a ter síndrome de abstinência da mãe. Ele tinha três anos. Tomei um ônibus e voltei com ele. A coisa já pegou mal. “Tá vendo, a gente fala que não é para ter mulher.”

Na volta, meu filho começou a correr dentro do ônibus. Um passageiro espertalhão subtraiu minha bolsa e uma frasqueira —eu tinha ido a um casamento, tinha umas joias nela. O policial falou: “E a senhora larga assim [a frasqueira] e vai atrás do filho?”. Percebi: a culpa é minha. Pratiquei um ato de distração, de idiotismo, porque estava tendo que cuidar do meu filho.

Graças a Deus sempre tive clareza de que isso é montado pelo patriarcado para destruir as mulheres. Quanto mais eles me irritavam com isso, mais eu escrevia.

Muita gente acha que o patriarcado é só um chavão feminista. Pode explicar o termo? É um sistema no qual o homem domina a mulher e faz dela o que ele quer. Não estou lendo no dicionário, estou apenas dizendo o que sinto que é esse patriarcado que a gente vive até hoje. Mas melhorou bastante.

A sra. advoga para mulheres que relataram abusos de João de Deus. Que componente a religião acrescenta na relação entre vítima e criminoso? É uma relação de dominação pelo extrassensorial. Coloca a mulher em posição ainda mais difícil. Além de o sujeito ser mais forte fisicamente, ele ainda é João de Deus. Ou seja, ele se considera Deus. Muitas das pessoas que foram a Abadiânia achavam que ele era um deus, que ele curava, que tinha poderes.

Quantas vítimas foram até a senhora? Por volta de 15 mulheres. Elas se dirigiram ao meu escritório e muitas delas contaram cenas de horror. Choraram demais. Ele abusava de moças que estavam querendo salvar a mãe, o pai. Em geral, as moças que estuprou não estavam lá em busca de socorro para si. Ele se aproveitava disso, era um homem grosseiro. Em alguns casos repetiu o estupro uma, duas, três vezes.

 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

The Economist: Mudanças climáticas vão trocar cultivos de lugar no mundo

Isso resultará em ganhos para algumas pessoas, mas em perdas para a maioria; alguns países, como a Rússia, já se mostram dispostos a capitalizar em cima do aquecimento global

The Economist

30 de agosto de 2021 | 11h00

Tom Eisenhauer recorda-se de dirigir por Manitoba, uma província no centro do Canadá, mais de uma década atrás, cercado por cultivos peculiares de regiões frias, como trigo, ervilha e canola (colza). Os densos campos de alimentos como milho e soja, que são mais lucrativos, eram poucos e dispersos. Essa paisagem está muito diferente agora. Mais de 5,3 mil quilômetros quadrados da região foram semeados com soja e outros cerca de 1,5 mil, com milho.

A empresa de Eisenhauer, a Bonnefield Financial, espera se beneficiar das maneiras como as mudanças climáticas estão transformando a agricultura canadense. A empresa compra terras e arrenda as propriedades para agricultores, em Manitoba e outras regiões do país. Sua aposta é que o clima mais quente elevará constantemente o valor das terras, ao permitir que agricultores dos lugares onde investe cultivem produtos mais valiosos do que os preferidos tradicionalmente. 

Ela está longe de ser a única empresa apostando nisso. As mudanças climáticas poderiam produzir uma cornucópia de possibilidades em terras anteriormente congeladas em improdutivas. E também poderia prejudicar enormemente regiões que produzem alimentos para milhões de pessoas.

Trigo / Canadá
Colheita de trigo na província de Manitoba, na região central do Canadá. Foto: Shannon VanRaes/Reuters - 28/8/2020

A quantidade de espaço usado para produção agrícola tem aumentado ao longo dos séculos. Desde 1700, áreas cobertas por cultivos e pastagens aumentaram em cinco vezes. A maior parte do crescimento ocorreu na primeira metade do século 20. A partir da década de 1960, o uso indiscriminado de fertilizantes químicos, o desenvolvimento de variedades mais produtivas de grãos e arroz, juntamente com acesso mais fácil a irrigação, pesticidas e maquinário, possibilitaram que agricultores aproveitassem muito mais os campos que já possuíam. Em décadas recentes, tecnologias como edição genética e melhorias em processamento de dados ajudaram a aumentar ainda mais as colheitas.

A elevação global das temperaturas que começou perto do fim do século 20 diminuiu os aumentos de produtividade, mas não os impediu. Um estudo recente de pesquisadores da Universidade Cornell calcula que, desde 1971, as mudanças climáticas ocasionadas pela atividade humana desaceleraram em cerca de um quinto o aumento da produtividade agrícola.

O “contravento" causado pelas mudanças climáticas soprará com cada vez mais força, afirma Ariel Ortiz-Bobea, um dos autores do estudo. Sua pesquisa constatou que a vulnerabilidade da produtividade agrícola aumenta à mesma medida que a temperatura do planeta. Em outras palavras, cada fração adicional de grau à temperatura será mais prejudicial à produção de alimentos do que a elevação anterior. 

Isso é má notícia especialmente para produtores de alimentos de lugares como os trópicos, que já são quentes. Outro estudo prevê que, a cada grau de aumento na temperatura global, a produção de milho cai 7,4%, a de trigo, 6%, e a de arroz, 3,2%. Esses três alimentos fornecem cerca de dois terços de todas as calorias que os humanos consomem.

Nas próximas décadas, haverá mais bocas para alimentar. O Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde, um grupo americano de pesquisas, prevê que a população mundial crescerá de atuais 7,8 bilhões de pessoas para 9,7 bilhões em 2064 (depois disso, deverá cair). Crescentes classes médias em muitos países em desenvolvimento estão exigindo variedade cada vez maior de alimentos, e mais quantidade.

Daí a importância das mudanças que o aquecimento global leva às áreas agricultáveis. A expansão da zona tropical alterará os padrões de chuvas nas zona subtropicais. O derretimento especialmente rápido das regiões polares está abrindo ao mesmo passo novas terras em latitudes altas. Regiões do norte da América e da China estão se aquecendo pelo menos duas vezes mais rapidamente do que a média global. E, como a experiência de Eisenhauer em Manitoba pode atestar, os cultivos já estão se aproximando dos polos, como resposta.

Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado na revista Nature, em 2020, constatou alterações notáveis na distribuição de vários cultivos que dependem de chuva entre 1973 e 2012, enquanto agricultores começavam a tomar decisões diferentes a respeito de que cultivos deveriam ser plantados em cada lugar. A produção de milho, por exemplo, se espalhou do sudeste dos EUA para o norte do meio-oeste do país. O trigo se deslocou tão substancialmente para o norte, com a ajuda de métodos de irrigação, que ultrapassou essa tendência causada pelo aquecimento: os lugares mais quentes onde o trigo é cultivado hoje são mais frios do que os lugares mais quentes que era cultivado em 1975.

Grãos de soja fornecem 65% de toda proteína consumida pelas criações de animais. O cultivo desses grãos-maravilha avançou tanto para o norte quanto para o sul, enquanto novas variedades e outros avanços permitiram que se expandisse em regiões tropicais. As regiões produtoras de arroz na China têm se expandido para o norte desde 1949. Cultivos de uvas vinícolas e outras frutas também migraram para o norte.

Eisenhauer afirma que investidores estão se voltando cada vez mais para terras canadenses como uma proteção contra riscos climáticos que eles encontram em outros lugares. Martin Davies, da Westchester, uma grande firma de investimentos agrícolas, afirma que tem visto tendências similares em muitas partes do mundo.

Manitoba, Canadá
A província de Manitoba, no Canadá, está passando por uma mudança no perfil das lavouras por causa do aquecimento global. Foto: Shannon VanRaes/Reuters - 20/8/2020

Um banquete itinerante?

Investidores mais corajosos enxergam oportunidades em terras que atualmente não sustentam nenhum tipo de agricultura. No momento, somente cerca de um terço das regiões boreais do globo - um bioma caracterizado por florestas de coníferas que cobrem vastas faixas de terra ao sul do Círculo Polar Ártico - atingem temperaturas quentes o suficiente para cultivos de cereais dos mais robustos, como aveia e cevada. Essa dimensão pode se expandir para três quartos até 2099, de acordo com um estudo publicado em 2018 na revista Scientific Reports. A faixa de terras boreais capazes de sustentar agricultura poderia aumentar de 8% para 41% na Suécia - e de 51% para 83% na Finlândia.

Esforços para cultivar essas regiões deixarão alarmadas pessoas que valorizam as florestas boreais intocadas. E derrubar essas florestas e arar o solo que jaz abaixo delas emitirá carbono. Mas os efeitos climáticos são mais complexos do que podem parecer. Florestas boreais absorvem mais calor do sol do que campos de cultivos, porque terras cobertas de neve refletem a luz de volta ao espaço (nas florestas, a neve fica sob as árvores e não recebe tanta luz). O fato de que derrubar florestas boreais pode não agravar as mudanças climáticas, porém, não diz nada a respeito da medida em que isso pode afetar a biodiversidade, serviços ecossistêmicos ou as vidas de pessoas que vivem nas florestas, especialmente indígenas.

Alguns países já se mostram dispostos a capitalizar em cima das mudanças climáticas. O governo da Rússia qualifica a elevação das temperaturas como um trunfo há muito tempo. O presidente Vladimir Putin gabou-se em certa oportunidade a respeito do aquecimento possibilitar aos russos gastar menos dinheiro em casacos de pele e cultivar mais grãos. Em 2020, um “plano de ação nacional” a respeito de mudanças climáticas delineou as maneiras que o país poderia “se valer das vantagens” do fenômeno, incluindo na expansão da agricultura. A Rússia é o maior produtor mundial de trigo desde 2015, principalmente em razão da elevação nas temperaturas.

O governo da Rússia começou a arrendar milhares de quilômetros quadrados de terra no extremo leste do país para investidores chineses, sul-coreanos e japoneses. Grande parte dessas terras, improdutivas anteriormente, agora é usada para cultivar soja. A maior parte da produção é importada pela China, o que ajuda o país a reduzir sua dependência de importações dos EUA. Sergei Levin, vice-ministro russo da Agricultura, previu que as exportações de soja produzida nas terras do extremo leste de seu país alcançarão US$ 600 milhões até 2024. Isso representaria quase cinco vezes o valor de 2017. O governo de Terra Nova e Labrador, uma província no nordeste do Canadá, também está tentando promover a expansão da agricultura a regiões cobertas por florestas.

Há outra maneira, além das altas temperaturas, pela qual as mudanças provocadas pela humanidade na atmosfera poderiam ajudar projetos desse tipo avançar. O dióxido de carbono não é apenas um gás de efeito estufa; é também a matéria-prima da fotossíntese que alimenta e faz crescer as plantas. Para a maioria dos vegetais, se tudo mais for constante, mais dióxido de carbono significa maior crescimento. O acúmulo de dióxido de carbono ao longo do século passado ocasionou um “esverdeamento global” claramente mensurável, enquanto as plantas que mais se beneficiam de níveis maiores de dióxido de carbono se proliferaram. Esse efeito pode ajudar a aumentar o rendimento de cultivos. Mas não é puramente benéfico. Colheitas maiores podem ser menos nutritivas.

Além disso, as mudanças climáticas alterarão os padrões de chuva. Isso não beneficiará necessariamente o aumento dos cultivos em regiões boreais. Muitas áreas cujo clima está ficando ameno o suficiente para a agricultura podem acabar sem água suficiente, pelo menos para a irrigação intensiva. Outras podem acabar com água demais. Os produtos agrícolas não são os únicos organismos cujo alcance se expande com o aumento das temperaturas: pestes e patógenos, que com frequência são eliminados por invernos frios, também se espalham. O solo também é um fator importante. Os de melhor qualidade ocorrem mais comumente em latitudes mais baixas, não no extremo norte.

Conforto frio

Algumas das novas terras agricultáveis emergem próximo a sistemas agrícolas já estabelecidos. Mas, por exemplo, transformar regiões remotas da Sibéria - onde grande parte da infraestrutura está afundando ou foi arruinada em razão do derretimento do permafrost - será um processo lento e caro. Fazendas na nova fronteira agrícola também terão de atrair e acomodar muitos trabalhadores. Os empreendimentos terão de depender cada vez mais de migrantes estrangeiros, uma ideia que desagrada eleitores em muitos países ricos.

No conjunto, a expansão boreal das terras agricultáveis não avançará muito na direção de mitigar os danos que as mudanças climáticas poderão provocar na agricultura. As sociedades que se beneficiarão disso já são ricas, em sua maioria. Países pobres, muito mais dependentes do lucro das exportações agrícolas, sofrerão.

Uma gama muito mais abrangente de adaptações será necessária para que os alimentos continuem tão abundantes, variados e acessíveis como hoje. Isso incluirá esforços para ajudar os cultivos a suportar temperaturas mais altas, por exemplo por meio de cruzamentos genéticos inteligentes e avanços em irrigação e na proteção contra mau tempo. Países ricos e pobres deveriam priorizar políticas para diminuir o desperdício de comida (a Agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura estima que mais de um terço de todos alimentos produzidos é desperdiçado). A alternativa a isso é um mundo com mais fome e mais desigual do que no momento - e do que poderia ser no futuro. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

 

domingo, 29 de agosto de 2021

Sobremesas com gelatina

 

28 ago 2021 
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Quando se trata de sobremesas práticas, logo vem à mente a saborosa gelatina. Uma opção doce que agrada a criançada e até os adultos. O melhor de tudo é que por ser uma iguaria versátil, dá para usá-la em várias receitas.

Aqui no Guia da Cozinha temos combinações deliciosas de sobremesas com gelatina para todos os gostos. Tem opções que vão desde uma saborosa ganache de chocolate com gelatina de maracujá até uma torta de morango com gelatina espelhada. Demais, né?

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Confira a nossa lista e aproveite para surpreender a família no final de semana!

Brigadeiro cremoso com gelatina de maracujá

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 30 min (+3h de geladeira)

Rendimento: 6 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 1 envelope de gelatina em pó sabor maracujá
  • 1 xícara (chá) de leite condensado
  • 2 colheres (sopa) de margarina
  • 5 colheres (sopa) de chocolate em pó
  • 1/2 xícara (chá) de creme de leite
  • Raspas de chocolate ao leite para decorar

Modo de preparo

Prepare a gelatina conforme as instruções da embalagem e divida entre tacinhas pequenas, completando até metade. Leve à geladeira por 2 horas ou até firmar. Leve uma panela ao fogo baixo com o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó, mexendo sempre até engrossar. Desligue, deixe amornar e misture com o creme de leite. Divida nas tacinhas sobre a gelatina e volte à geladeira por mais 1 hora. Retire, decore com raspas de chocolate e sirva em seguida.

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Pavê de gelatina de abacaxi com coco

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h (+6h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 1 lata de abacaxi em calda picado
  • 1 pacote de gelatina em pó sabor abacaxi
  • 1 e 1/2 pacote de biscoito champanhe (225g)
  • Coco ralado em flocos para decorar

Creme de coco

  • 1 lata de leite condensado
  • 1 xícara (chá) de leite
  • 1 gema peneirada
  • 1 colher (chá) de maisena
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 100g de coco ralado em flocos
  • 1 envelope de gelatina em pó sem sabor
  • 5 colheres (sopa) de água
  • 1 caixa de creme de leite (200g)

Modo de preparo

Reserve 1/2 xícara (chá) do abacaxi picado e espalhe o restante no fundo de um refratário médio alto. Dissolva a gelatina de abacaxi conforme as instruções da embalagem e espalhe sobre o abacaxi no refratário. Leve à geladeira por 4 horas. Leve uma panela ao fogo médio com o leite condensado, o leite, a gema, a maisena, a manteiga e o coco, mexendo até engrossar.

No creme ainda quente, misture a gelatina sem sabor dissolvida na água conforme as instruções da embalagem. Misture o creme de leite e deixe esfriar. No refratário sobre a camada de gelatina, intercale camadas de creme e de biscoito umedecido na calda do abacaxi, terminando em creme. Leve à geladeira por 2 horas. Decore com o abacaxi reservado, com coco e sirva.

Bolo gelado de gelatina

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
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Tempo: 1h30 (+4h de geladeira)

Rendimento: 10 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 6 ovos (gemas e claras separadas)
  • 4 colheres (sopa) de margarina
  • 2 xícaras (chá) de leite
  • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo
  • 1 e 1/2 xícara (chá) de amido de milho
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó químico
  • Margarina e farinha de trigo para untar
  • 1 envelope de gelatina em pó sabor morango
  • 1 envelope de gelatina em pó sabor limão
  • 2 xícaras (chá) de açúcar
  • 1 envelope de gelatina em pó sabor abacaxi
  • Coco ralado para passar

Modo de preparo

Na batedeira, bata as gemas e a margarina por 4 minutos. Adicione o açúcar e bata mais um pouco para misturar. Intercale o leite com os ingredientes secos peneirados, sem parar de bater. Por último, adicione o fermento, as claras batidas em neve e misture com uma colher. Despeje em uma fôrma de 25cm x 35cm untada e enfarinhada e leve ao forno médio (180ºC), reaquecido, por 40 minutos. Deixe esfriar e corte em quadrados. Prepare cada gelatina separadamente conforme as instruções da embalagem. Deixe esfriar. Passe cada pedaço de bolo pela gelatina, alternando os sabores. Passe pelo coco ralado e embrulhe em papel-alumínio. Leve à geladeira por 4 horas antes de servir.

Torta de frutas com gelatina

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h20 (+5h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 1 e 1/2 pacote de biscoito maisena triturado (300g)
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • 2 claras
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 xícara (chá) de leite
  • 200ml de água quente
  • 1 gema
  • 1 colher (sopa) de maisena
  • 1 colher (café) de essência de baunilha
  • 6 morangos pequenos
  • 4 pêssegos em calda fatiados
  • 12 uvas Crimsom
  • 1/2 caixa de gelatina em pó sabor morango
  • 1/2 caixa de gelatina em pó sabor maracujá
  • 200ml de água fria
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Modo de preparo

Misture o biscoito maisena, a manteiga e as claras até formar uma massa homogênea como uma farofa úmida e forre o fundo e laterais de uma fôrma de aro removível canelada de 24cm de diâmetro. Leve ao forno alto, preaquecido, por 10 minutos ou até firmar. Deixe esfriar. Leve uma panela ao fogo médio com o leite condensado, o leite, a gema, a maisena e a essência, mexendo sempre até engrossar e desgrudar do fundo da panela. Deixe amornar e espalhe sobre a massa, alisando. Arrume as frutas sobre o creme e leve à geladeira por 1 hora. Dissolva as gelatinas misturadas na água quente e misture com a água fria. Delicadamente, espalhe sobre as frutas e leve à geladeira por 4 horas ou até firmar. Desenforme e sirva.

Mosaico de gelatina com leite em pó

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h30 (+3h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 1 caixa de gelatina em pó sabor morango
  • 1 caixa de gelatina em pó sabor limão
  • 1 caixa de gelatina em pó sabor tangerina
  • 1 caixa de gelatina em pó sabor uva
  • 1 caixa de gelatina em pó sabor abacaxi
  • 5 xícaras (chá) de água quente
  • 5 xícaras (chá) de água gelada

Mousse de leite em pó

  • 1 xícara (chá) de açúcar
  • 1 xícara (chá) de água quente
  • 1 xícara (chá) de leite em pó
  • 1 envelope de gelatina em pó sem sabor
  • 3 colheres (sopa) de água
  • 1 lata de creme de leite (300g)
  • Cerejas em calda para decorar
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Modo de preparo

Dissolva a gelatina de morango em 1 xícara (chá) de água quente e em seguida misture 1 xícara (chá) de água gelada. Despeje em um refratário médio e leve à geladeira por 1 hora ou até firmar. Repita o procedimento com os outros sabores de gelatina e leve à geladeira. Para a mousse de leite em pó, no liquidificador, coloque o açúcar, a água quente, o leite em pó e bata por 10 minutos. Hidrate a gelatina na água, dissolva em banho-maria e acrescente à mistura do liquidificador. Adicione o creme de leite e bata por 5 minutos. Assim que firmar, corte as gelatinas em cubos. Coloque 1/3 da mousse em um refratário médio e alto, distribua as gelatinas em cubos e despeje o restante da mousse. Leve à geladeira por 2 horas ou até firmar. Sirva em seguida decorada com cerejas.

Mousse de gelatina colorida

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
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Tempo: 1h (+3h20 de geladeira)

Rendimento: 20 unidades

Dificuldade: Fácil

Ingredientes

  • 1 envelope de gelatina em pó sabor uva
  • 600ml de água fervente
  • 1 xícara (chá) de creme de leite
  • 1 xícara (chá) de leite condensado
  • 1 envelope de gelatina em pó sabor limão
  • 1 envelope de gelatina em pó sabor morango

Creme

  • 1/2 lata de leite condensado
  • 1/2 lata de creme de leite
  • 1 colher (sopa) de gelatina em pó sem sabor incolor
  • 3 colheres (sopa) de água

Modo de preparo

Dissolva a gelatina de uva em 200ml de água fervente e bata no liquidificador com 1/3 do creme de leite e 1/3 do leite condensado. Distribua em taças ou copinhos individuais. Leve à geladeira por 40 minutos. Prepare o creme, batendo no liquidificador o leite condensado, o creme de leite e a gelatina sem sabor hidratada na água e dissolvida em banho-maria. Coloque metade do creme sobre a gelatina de uva e volte à geladeira por mais 40 minutos.

Prepare a gelatina de limão da mesma maneira que fez com a gelatina de uva e faça uma camada sobre o creme. Volte à geladeira por 40 minutos. Cubra com o creme restante e volte à geladeira por 40 minutos. Prepare a gelatina de morango usando o mesmo procedimento das anteriores e finalize os copinhos. Leve à geladeira por mais 40 minutos. Sirva.

 Torta de pudim e gelatina com morango

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Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
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Tempo: 1h (+6h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 1 pacote de biscoito maisena triturado (200g)
  • 3 colheres (sopa) de margarina
  • 1 clara

Recheio

  • 1 lata de leite condensado
  • 2 xícaras (chá) de leite
  • 4 gemas
  • 1 colher (sopa) de maisena

Cobertura

  • 1 caixa de morangos cortados ao meio (300g)
  • 1 caixa de gelatina em pó sabor morango (30g)
  • 200ml de água quente
  • 200ml de água gelada

Modo de preparo

Em uma tigela, misture o biscoito, a margarina e a clara até formar uma farofa úmida. Espalhe no fundo e lateral em uma fôrma de 20cm de diâmetro de aro removível, apertando com os dedos. Leve ao forno médio, preaquecido, por 8 minutos ou até firmar. Retire e reserve. Para o recheio, bata no liquidificador todos os ingredientes por 1 minuto. Despeje em uma panela e leve ao fogo médio, mexendo até engrossar. Deixe esfriar, espalhe sobre a massa e leve à geladeira por 2 horas. Arrume os morangos sobre o recheio e reserve. Dissolva a gelatina de morango na água quente e misture com a água gelada. Despeje cuidadosamente sobre os morangos e leve à geladeira por 4 horas ou até firmar. Desenforme e sirva.

Guia da Cozinha

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Goiabada: receitas doces e deliciosas para se fazer

22 ago 2021
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
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A goiabada é uma iguaria tipicamente caipira e ganhou os corações de vários estados brasileiros. O formato tradicional do doce chamado de "goiabada cascão" é composto por água, goiaba e açúcar e geralmente apresentado na forma de tijolo. Mas já imaginou ir além do doce e preparar receitas muito saborosas com a goiabada? Separamos 7 opções que vão impressionar no sabor e deixar os fãs de goiabada ainda mais apaixonados pelo doce. Confira!

Bom-bocado com calda de goiabada

Foto: Guia da Cozinha
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Tempo: 1h

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Rendimento: 10 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 3 xícaras (chá) de açúcar
  • 2 xícaras (chá) de leite
  • 2 vidros de leite de coco (400ml)
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 2 colheres (sopa) de fubá
  • 2 colheres (sopa) de farinha de trigo
  • 4 ovos
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó
  • Margarina e farinha de trigo para untar

Calda

2/3 de xícara (chá) de goiabada em cubos

1/2 xícara (chá) de água

2 colheres (sopa) de cachaça

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Modo de preparo

 Bata todos os ingredientes do bom-bocado no liquidificador e coloque em uma fôrma untada e enfarinhada. Leve ao forno por 30 minutos. Retire e reserve. Para a calda, em uma panela, leve ao fogo baixo a goiabada, a água e a cachaça até derreter. Regue o bom-bocado e sirva em seguida.

Pão doce de goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h30 (+30min de descanso)

Rendimento: 15 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 30g de fermento biológico
  • 3 colheres (sopa) de açúcar
  • 1 colher (chá) de sal
  • 2 xícaras (chá) de água morna
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • 2 ovos
  • 3 colheres (sopa) de leite em pó
  • 1 colher (sopa) de essência de baunilha
  • 5 xícaras (chá) de farinha de trigo
  • 2 xícaras (chá) de goiabada em cubos
  • 1 gema para pincelar
  • Margarina e farinha de trigo para untar

Modo de preparo

Em uma tigela, coloque o fermento, o açúcar, o sal e misture bem até virar um líquido. Acrescente a água, a manteiga, os ovos, o leite em pó e a baunilha. Junte a farinha aos poucos, sovando a massa até desgrudar das mãos. Deixe crescer por 30 minutos ou até dobrar de volume. Divida a massa em 2 partes e abra cada uma com um rolo. Espalhe a goiabada, enrole como rocambole e corte em fatias grossas. Arrume uma ao lado da outra, coloque em 2 fôrmas de buraco no meio de 26cm de diâmetro untadas e enfarinhadas e pincele a gema. Leve ao forno médio, preaquecido, por 35 minutos ou até assar e dourar levemente. Retire do forno e desenforme.

Beliscão de goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
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Tempo: 1h (+20min de geladeira)

Rendimento: 20 unidades

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 3 xícaras (chá) de farinha de trigo (aproximadamente)
  • 1/2 xícara (chá) de açúcar
  • 3/4 de xícara (chá) de manteiga
  • 2 ovos
  • 5 colheres (sopa) de água gelada (aproximadamente)
  • 1 xícara (chá) de goiabada cascão em cubos
  • Açúcar de confeiteiro para polvilhar

Modo de preparo

Em uma tigela, misture a farinha com a manteiga e o açúcar até formar uma farofa. Adicione os ovos e misture. Adicione a água, aos poucos, até formar uma massa lisa e homogênea.

Se necessário, pingue mais água. Embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por 20 minutos. Abra a massa com um rolo e, com um cortador de biscoitos, corte círculos de 5cm.

Coloque um cubo de goiabada no centro de cada círculo e una as pontas sobre ele, dando um leve beliscão. Coloque em uma fôrma e leve ao forno médio, preaquecido, por 20 minutos. Polvilhe com açúcar de confeiteiro e sirva.

Bolo de fubá cremoso com calda de goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 50min

Rendimento: 10 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 4 ovos
  • 3 e 1/2 xícaras (chá) de leite
  • 2 xícaras (chá) de açúcar
  • 1 xícara (chá) de farinha de trigo
  • 1/2 xícara (chá) de óleo
  • 1 xícara (chá) de queijo parmesão ralado
  • 1/2 xícara (chá) de coco ralado
  • 2 xícaras (chá) de fubá
  • 1 colher (sopa) de fermento em pó
  • Margarina e farinha de trigo para untar e enfarinhar
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Cobertura

  • 1 xícara (chá) de goiabada em cubos
  • 1/2 xícara (chá) de água

Modo de preparo

No liquidificador, bata os ovos, o leite, o açúcar, a farinha, o óleo, o parmesão e o coco até homogeneizar. Despeje em uma tigela e misture o fubá e o fermento com uma colher. Despeje em uma fôrma de 25cm x 35cm untada e enfarinhada, e leve ao forno médio, preaquecido, por 35 minutos ou até firmar levemente. Deixe amornar. Leve os ingredientes da cobertura ao fogo baixo até dissolver. Espalhe sobre o bolo e sirva em pedaços.

Rocambole de milho com goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 6 ovos (claras e gemas separadas)
  • 1 colher (chá) de sal
  • 6 colheres (sopa) de açúcar
  • 3 colheres (sopa) de fubá
  • 4 colheres (sopa) de farinha de trigo
  • Margarina para untar
  • Goiabada cremosa para decorar

Recheio

  • 1 xícara (chá) de goiabada cremosa
  • 1/2 xícara (chá) de creme de leite

Modo de preparo

Na batedeira, bata as claras em neve e, sem parar de bater, adicione as gemas, uma a uma, e o sal.

Alterne o açúcar e as farinhas, batendo a cada adição até homogeneizar. Transfira para uma fôrma de 35cm x 45cm forrada com papel-manteiga untado.

Leve ao forno médio, preaquecido por 20 minutos ou até firmar, sem deixar dourar.

Desenforme sobre um pano de prato limpo e úmido, retire o papel-manteiga e enrole como rocambole com o pano.

Deixe amornar, desenrole, espalhe os ingredientes do recheio misturados e enrole como rocambole. Decore com a goiabada cremosa e sirva.

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Pamonha cremosa com goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h (+2h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes

  • 12 espigas de milho verde
  • 1 litro de leite
  • 1 e 1/2 xícara (chá) de açúcar
  • Goiabada em cubos para decorar
  • 1 colher (chá) de margarina
  • 1 pitada de sal
  • 2 xícaras (chá) de goiabada cremosa

Modo de preparo

Retire os grãos de milho da espiga com uma faca afiada rente ao sabugo e bata com o leite no liquidificador. Passe por uma peneira, apertando bem. Despeje o líquido em uma panela, junte o açúcar, a margarina, o sal e leve ao fogo médio, mexendo por 20 minutos ou até engrossar e ficar brilhante. Transfira para um refratário médio, deixe esfriar e leve à geladeira por 2 horas. Cubra com a goiabada cremosa, decore com goiabada em cubos e sirva.

Pudim de queijo com goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h10 (+4h de geladeira)

Rendimento: 8 porções

Dificuldade: fácil

Ingredientes 

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  • 1 lata de leite condensado
  • 1 e 1/2 xícara (chá) de leite
  • 4 ovos
  • 1 xícara (chá) de cream cheese
  • Manteiga e açúcar para untar
  • 1/2 xícara (chá) de queijo parmesão ralado
  • 2 colheres (sopa) de maisena

Calda

  • 200g de goiabada picada
  • 1/2 xícara (chá) de água

Modo de preparo

No liquidificador, bata os ovos, o leite condensado, o leite, o cream cheese, o queijo parmesão e a maisena por 2 minutos. Despeje em uma fôrma de buraco no meio grande, untada com manteiga e polvilhada com açúcar. Leve ao forno médio, preaquecido, em banho-maria, por 45 minutos ou até firmar e dourar. Retire, deixe esfriar e leve à geladeira por 4 horas. Para a calda, leve ao fogo médio a goiabada e a água, mexendo até dissolver e formar uma mistura homogênea. Desligue e deixe esfriar. Desenforme o pudim, regue com a calda de goiabada e sirva em seguida.

Docinho de queijo com goiabada

Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha
Foto: Guia da Cozinha

Tempo: 1h

Rendimento: 50 unidades

Dificuldade: fácil

Ingredientes 

  • 2 latas de leite condensado
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • 1 colher (sopa) de leite em pó
  • 1 e 1/2 xícara (chá) de queijo de minas ralado (meia cura)
  • Margarina para untar
  • 2 xícaras (chá) de goiabada em cubos
  • Açúcar cristal a gosto para decorar

Modo de preparo

Leve uma panela ao fogo médio com o leite condensado, a manteiga e o leite em pó por 5 minutos ou até engrossar, mexendo. Retire, deixe amornar e adicione o queijo. Despeje em um prato e deixe esfriar. Abra pequenas porções da massa nas mãos untadas, divida a goiabada entre elas e feche, modelando bolinhas. Passe por açúcar cristal, coloque em forminhas de papel e sirva.

Guia da Cozinha

 

China testa limites do capitalismo em busca da 'prosperidade comum'

Techs grandes demais e desigualdade fazem Pequim sacrificar interesse das empresas


A China está matando suas galinhas dos ovos de ouro? Essa tem sido a reação de muitos diante de um vendaval regulatório que se abateu sobre vários setores da economia chinesa a partir de julho.

Empresas do país, especialmente de tecnologia, perderam mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado, em função, sobretudo, das novas políticas.

O que levaria Pequim a, digamos, atirar no próprio pé? A puxar o tapete de empresas até agora tratadas como queridinhas nacionais? Para muitos, a resposta parece fácil: o Partido Comunista quer mais controle sobre a economia, quer rédeas mais curtas especialmente para o setor de tecnologia.

Prédio da empresa chinesa de transporte Didi, uma das big techs que entrou na mira do Partido Comunista Chinês - Jason Lee/Reuters

A explicação não é incorreta, mas é certamente incompleta. Para cada intervenção regulatória há uma lógica –com a qual pode-se ou não concordar, claro.

Com a nova filosofia, a China testa os limites do capitalismo. As autoridades parecem à vontade para sacrificar os interesses das empresas em troca de outros objetivos estratégicos —inclusive demandas da sociedade. Aos exemplos:

Começo com um caso de novembro de 2020, mas que representa o sinal dos novos tempos. Para Pequim, o Ant Group representava um risco ao sistema financeiro chinês, por exemplo, ao poder oferecer empréstimos aos mais de 700 milhões de usuários das suas plataformas.

É certo que Jack Ma incomodou ao criticar autoridades, mas a preocupação com o ambiente regulatório frouxo das fintechs não era um detalhe do episódio. O que seria o maior IPO da história nunca aconteceu.

Uma vítima recente da regulação chinesa foi a indústria de ensino extracurricular, que vinha em ritmo de expansão desenfreada. Sem limites, a indústria distorce o sistema educacional a favor de quem pode pagar, prejudicando a mobilidade social e alimentando a sensação de injustiça.

Além disso, os custos altos de educação jogam contra o interesse do governo de que os chineses tenham mais filhos. Com as regras recém-adotadas, as empresas que não quebraram, minguaram.

Na esteira do episódio do Ant Group, outras plataformas digitais também viraram alvo das autoridades. Tornaram-se grandes demais, contam com dados demais, dificultam excessivamente a vida de concorrentes e podem prejudicar usuários. As medidas das autoridades contra a Didi, gigante do transporte por aplicativo, fizeram suas ações derreter.

Outro caso? Os chineses são obcecados por comércio eletrônico e entregas rápidas, compram café por aplicativo e recebem a bebida quente em casa. Compram até mesmo picolé online. Mas a pressão sobre os entregadores da empresa Meituan, por exemplo, passou dos limites, e o governo resolveu agir.

A última novidade chama-se “prosperidade comum”. Com o conceito, o governo, preocupado com a concentração de riqueza, sinaliza que algo virá, como mais impostos sobre fortunas e propriedade.

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Um dia depois de a expressão ser incorporada ao léxico dos mandarins, a gigante de tecnologia Tencent anunciou um fundo de US$ 7,7 bilhões para projetos de prosperidade comum. Temendo a fúria regulatória do governo, empresas apressam-se para causar boa impressão. Responsabilidade social corporativa com características chinesas.

Em grande medida, os problemas da China são experimentados mundo afora. Os nomes das empresas mudam, mas temas como big techs grandes demais e crescimento da desigualdade preocupam em muitos países. Pequim, no entanto, tem mais margem de ação e parece disposta a agir.

Não há nenhuma garantia de que essas experiências darão certo. Elas podem afastar investidores, desencorajar o espírito empreendedor chinês, aumentar custos e inviabilizar negócios.

No entanto, se a nova filosofia tornar os chineses mais satisfeitos com seu governo e, ao mesmo tempo, corrigir distorções econômicas, o montante trilhardário perdido pelas empresas será visto por Pequim como troco.

 

CHARGE

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"Prazer entre homens é prática comum entre os talibãs"

Para os fundamentalistas, a mulher tem como papel gerar e criar filhos, e afinidade existe apenas entre o sexo masculino, afirma o jornalista Lourival Sant’Anna, que mergulhou no universo do Talibã no Afeganistão.

Talibãs vigiam posto de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em agosto de 2021

Talibãs vigiam posto de fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão, em agosto de 2021

Escritor e analista internacional da CNN Brasil, Lourival Sant’Anna conhece bem o universo do Talibã. Ele foi o único jornalista brasileiro, e um dos únicos ocidentais, a entrar no Afeganistão e entrevistar líderes do grupo fundamentalista islâmico – que agora volta ao poder – logo após o atentado de 11 de Setembro, nos Estados Unidos, em 2001.

No Afeganistão, que visitou em três ocasiões, o jornalista desvendou aspectos pouco conhecidos da cultura dos talibãs. Descobriu, por exemplo, que o prazer sexual entre homens é algo disseminado entre os radicais islâmicos. Uma prática cercada de silêncio e contradições: "Como eles são casados, e têm filhos, na sua própria visão eles não são homossexuais", diz Lourival.

Autor de quatro livros – entre eles, Viagem ao Mundo dos Taleban, sobre a arriscada cobertura no Afeganistão e Paquistão, em 2001 – Lourival é um atento observador do papel que as mulheres exercem no país, onde elas são "propriedades dos homens delas". Para ele, a aversão dos talibãs às mulheres  tem raízes culturais profundas: "A mulher tem um papel de geração e criação dos filhos. Mas não existe afinidade entre marido e mulher. Afinidade é entre os homens."

Lourival Sant'Anna

Lourival Sant'Anna: "Talibãs estão muito dentro da sociedade afegã, é muito difícil fugir deles"

Na entrevista a seguir à DW Brasil, o jornalista analisa os possíveis desdobramentos da recente tomada de poder pelos talibãs. Ele acredita que não se pode descartar que o país "volte a ser um porto seguro para guerrilheiros e terroristas"  e que tudo vai depender da relação com países como China, Paquistão e Estados Unidos. Mas diz que os talibãs seguem uma pauta puramente local: "Eles procuram não ter inimigos externos."

Em contato com deputados, pesquisadores e funcionários de ONGs que continuam em Cabul, Lourival relata que essas pessoas se sentem abandonadas, e estão com muito medo. "A vida delas estava totalmente dependente da presença americana, mas elas não percebiam isso." Algumas se esconderam em casa, outras ainda tentam fugir. Mas os talibãs são "muito capilares", e "é muito difícil fugir deles", diz.

Para o jornalista, uma coisa é certa: apesar de a negociação para a retirada das tropas internacionais do Afeganistão ter sido feita entre o ex-presidente americano, Donald Trump, e o Talibã, o alto preço da decisão será debitado na conta do atual presidente, Joe Biden. 

DW Brasil: As mulheres são tradicionalmente oprimidas e relegadas a um papel secundário sob o domínio dos talibãs. Como explicar essa aversão e hostilidade contra elas?

Lourival Sant’Anna: As mulheres têm, tradicionalmente, um papel secundário na sociedade Pashtun, que é a etnia predominante entre os talibãs, algo cultural. Além disso, a primeira geração dos talibãs cresceu separada das mulheres. Eles eram órfãos e filhos de refugiados da guerra contra a União Soviética, entre 1979 e 1989, e cresceram do lado paquistanês da fronteira. Muitos foram viver em internatos religiosos, onde foram abrigados, acolhidos, alimentados. Ali, receberiam uma profissão – a de mulá. 

Nessas escolas – talibã significa estudante –, eles ficavam separados das meninas, num ambiente dominado pela relação homossexual entre os professores e os alunos, algo que também é tradicional, sobretudo nas regiões mais isoladas do sul do Afeganistão, em que o prazer muitas vezes acontece entre homens adultos e adolescentes, meninos.

Nesse contexto, a mulher tem um papel de geração e criação dos filhos. Mas não existe muita intimidade entre marido e mulher, não existe afinidade. Afinidade é entre os homens. E nesses internatos religiosos – eles passavam o tempo todo lá –, eles cresceram separados das mulheres e recebendo a doutrinação wuhabita, da Arábia Saudita, que financia algumas dessas escolas. 

Lourival Sant'Anna com seu intérprete Iqbal Afridi, em Spin Boldak, na província afegã de Kandahar, em outubro de 2001

Lourival Sant'Anna com seu intérprete Iqbal Afridi, em Spin Boldak, na província afegã de Kandahar, em outubro de 2001

E quando eles foram para o Afeganistão, eles continuaram com essa prática homossexual?

Quando eles invadiram o Afeganistão, eles mantiveram essa prática. Só que isso não é chamado de homossexualidade – sou eu que estou chamando. Eu até evito essa palavra, eu tento falar mais "o prazer entre os homens". Porque eles não veem dessa forma. Como eles são casados, e têm filhos, na sua própria visão eles não são homossexuais. Eles não cometem, assim, esse "pecado". Porque eles consideram que não se casar, não ter filhos, é um pecado, e é proibido pelo islã. Mas como eles cumprem essa "obrigação religiosa", digamos, não se veem como homossexuais. Aliás, eles punem, castigam duramente os homossexuais. 

E como explicar essa perseguição contra a comunidade LGBTQ? Não seria uma contradição? 

Sim, mas eles não veem dessa forma. Primeiro, porque dificilmente eles falam sobre isso. Eles apenas praticam, em silêncio. Não diria que chega a ser um tabu, porque eles flertam com os homens, são explicitamente sedutores. E não são só os talibãs. Os mujahedin, que lutaram contra os soviéticos, também tinham essa prática. Eles desfilavam com os tanques soviéticos, que tinham confiscado depois da guerra, maquiavam e desfilavam com os meninos, exibidos como troféus. Assim como os talibãs, que raptam as meninas para casar, os mujahedin raptavam os meninos também. Os talibãs, que eu saiba, nunca tiveram essa prática de raptar meninos. O que eles fazem – que é uma coisa prevista dentro de uma certa interpretação do islã –, é obrigar as famílias a entregar as meninas para eles casarem. E eles se casam formalmente. Mas é contra a vontade da menina – portanto, na nossa visão, é um estupro. 

No seu livro Viagem ao Mundo dos Taleban, você relata como descobriu que o prazer sexual entre homens era algo disseminado na cultura Pashtun. O que chamou a sua atenção para isso, se não é tão visível?

Isso ficou claro na minha entrevista, em outubro de 2001, com três líderes Talibã, em Kandahar. Um deles era um comandante militar, um homem bastante amargo. Ele dizia que eu deveria ser preso – entrei no Afeganistão ilegalmente. Mas o líder civil dizia: "Não entregamos o Bin Laden para os EUA porque ele é nosso hóspede. Então, precisamos tratá-lo bem como hóspede" (falando de mim). No final, olhando e piscando várias vezes para mim, ele disse: "Você fica aqui com a gente", e riu. Eu respondi: "Não, se eu ficar não poderei enviar a minha reportagem". Ao sair do Afeganistão, meu intérprete, um amigo que estava nos hospedando, e o irmão dele, começaram a rir de mim, e a fazer piadas. Eu estava com a roupa de afegão, de barba, sujo. Tomei banho, fiz a barba, coloquei minhas roupas ocidentais, e fui pra sala. Aí eles deram uma gargalhada: "Ah, se o fulano visse você assim...". Eram meus amigos, né? Aí a gente começou a conversar, e eles me contaram muita coisa sobre isso. Eles viviam ali. A fronteira é totalmente porosa, é o mundo dos Pashtun – não existe Afeganistão e Paquistão. Já foi até chamado de "Pashtunistão". É como se fosse um país ali. Eles se conhecem muito, e tinham conversas íntimas sobre essas questões com os talibãs.

A negociação para a retirada das tropas internacionais foi feita entre o ex-presidente americano, Donald Trump, e os talibãs. Mas tudo indica que o alto preço dessa decisão recairá sobre o atual presidente Joe Biden. Isso ficará como uma mácula no legado de Biden?

Sim, já ficou. E, com certeza, toda aquela vantagem competitiva, politicamente falando, que o Biden tinha como um presidente que colocou os direitos humanos no topo da agenda da política externa, tudo isso fica muito prejudicado. E agora a gente tem que pensar no que o Biden fará para compensar essa perda. Como ele vai lidar com o Talibã. Poderá haver um endurecimento muito grande com o Talibã, que por sua vez poderá ter consequências. É por isso que não se pode descartar que aquilo volte a ser um porto seguro para guerrilheiros e terroristas. 

Você ainda mantém contato com afegãos que estão no país nesse momento? Que tipo de relato tem chegado até você?

Sim. As pessoas que atuam na área de direitos das mulheres, de direitos humanos, estão absolutamente apavoradas. Elas pedem pelo amor de Deus para não mencionarmos mais os nomes delas. Dizem que estão sendo perseguidas. São deputados, e pessoas que atuam em ONGs, e também pesquisadores. A vida delas estava totalmente dependente da presença americana. Nem elas percebiam isso. Depois de 20 anos, elas começaram a acreditar que o Afeganistão teria um futuro como um país mais livre. Então, elas estão em estado de choque. Tudo em que acreditavam caiu por terra. Elas estão se sentindo abandonadas, e com muito medo. Algumas estão escondidas em casa, ou se esconderam em outros lugares. Mas no Afeganistão não existem segredos. Três quartos do país são rurais – e esse último quarto, que é urbano, tem uma cultura rural. Embora Cabul tenha 6 milhões de habitantes, todo mundo observa todo mundo, todos os movimentos. Não existe privacidade. E os talibãs são muito capilares. Eles estão muito dentro da sociedade, é muito difícil fugir deles. 

Durante os 20 anos de presença das forças ocidentais, uma nova geração de mulheres foi criada com acesso à educação e ao mercado de trabalho. Algumas ousaram até protestar nas ruas agora. Mas o risco é grande. Acha que elas continuarão a resistir?

Tenho falado com uma deputada, e percebi que o humor dela mudou em poucos dias. No início da semana passada, ela falava: "Vamos continuar lutando pelos direitos das mulheres." Hoje, ela só diz: "Eles estão me perseguindo, não posso falar." E ela é uma deputada. São 69 deputadas na Câmara de 249 cadeiras. Havia uma cota de 27,7% para as mulheres. E, às vezes, elas superavam essa cota, conseguiam mais cadeiras do que o mínimo. Agora, quando o Talibã diz que elas vão poder estudar, trabalhar dentro dos limites do islã – a leitura que eles fazem do islã –, acredito que eles se referem a elas poderem estudar religião para ensinar para os filhos, talvez. Imagino algum trabalho que a gente chama por aqui de agente de saúde, professora de religião, algo assim. Mas essa é a melhor das hipóteses. E já seria um grande progresso em relação ao período de 1996 a 2001.

Porque, para elas, esse foi um período de invisibilidade total...

Pois é, elas não saíam de casa. Elas não iam para a escola. Porque eles se alfabetizam no Alcorão – isso é muito comum entre os países muçulmanos. Você alfabetiza em árabe, repetindo versões do Alcorão. Elas não tinham nem isso, não eram letradas. Na época do Talibã, você não via mulheres na rua. Elas passavam rapidamente, eram vultos de burca. Mas, nos anos 60 e 70, quando houve uma influência da esquerda no Afeganistão, elas adquiriram mais espaço dentro da sociedade. Quando os talibãs tomaram então o poder, havia médicas, professoras, e até uma juíza afegã. 

Você fez três visitas ao país – em 2001, 2004 e 2009. Você chegou a tentar entrevistar mulheres?

Sim, fiz algumas tentativas. Numa delas, pedi para o meu guia para entrevistar mulheres, e ele disse: "Isso é muito perigoso, isso não dá." E ele já tinha estado comigo em lugares ultra-arriscados na guerra (risos). Teimoso, fui pelo menos tentar fazer umas fotos, e acho que poderia ter sido linchado se ele não tivesse intervindo. Eles não aceitam. As mulheres são propriedades dos homens delas – marido, filho, pai. Nada pode ser feito com elas por alguém que não seja uma dessas pessoas. Por exemplo, digamos que a esposa esteja doente. E os amigos queiram saber como ela está. Aí, um amigo fala assim: "Como está a família?" E o outro amigo responde: "Ah, está melhor." Porque você não pode perguntar diretamente sobre a mulher do outro. E eles não falam o nome da mulher. Eles chamam de "mãe do fulano", quando tem filho. Antes de ter filho, eles falam algo como "ei".

Lourival Sant'Anna em Tora Bora, no Afeganistão, em 2004

Lourival Sant'Anna em Tora Bora, no Afeganistão, em 2004

Existe diferença entre os talibãs que assumiram o poder agora e a primeira geração, que cresceu nas escolas religiosas do Paquistão? 

Aquela primeira geração realmente não conhecia o Afeganistão. Eles cresceram no Paquistão, e começaram a ocupar o Afeganistão a partir de 1993. Uma parte dessa segunda geração também é originária do Paquistão. Inclusive o Haibatullah Akhundzada, considerado o líder do Talibã, foi professor e pregador em uma mesquita no sudoeste do Paquistão. Mas uma parte desses talibãs foi recrutada no Afeganistão mesmo. Então, é uma mistura desses dois grupos. Eles continuam com a mesma visão ideológica. E é uma pauta puramente local, nacional – assim como acontece com a Al-Qaeda. Ao contrário do "Estado Islâmico", que tem uma pauta transnacional, internacional. Eles procuram não ter inimigos externos. E é isso que eles estão tentando de novo agora. Porque eles só querem formar aquele país ali, aquele emirado islâmico, e ter boas relações com o resto do mundo.

Eles estão numa posição mais confortável agora?

Eles estão com um domínio muito maior do que tiveram entre 1996 e 2001. O exército afegão agora está mais bem equipado do que naquele período. Quando os talibãs tomaram o equipamento russo que o exército tinha, ele já estava mais sucateado. Agora é mais moderno. O desafio deles é atrair a participação dos oficiais afegãos treinados para utilizar esse equipamento. É isso que eles estão tentando fazer. Os oficiais têm medo, mas acho que eles vão conseguir. Os afegãos são muito propensos a fazer acordos. Tem um ditado no Afeganistão que diz assim: "Você não pode comprar um afegão, mas você pode alugar". Eles sempre fizeram muito acordo. Tanto que, quando os talibãs conquistaram o país, não teve muita resistência dos mujahedin. Quando eles entenderam a força dos talibãs, eles foram fazendo acordos. Os afegãos são muito pragmáticos. Não existe um Estado-nação. Na verdade, o Afeganistão não existe. Não existe um país ali. Existem grupos locais. Morrer por quê? Para quê? Pelo país? Isso não faz sentido para eles. Eles podem até morrer pela terra, pela família. Mas não por um Estado-nação. Isso não existe. 

Você acredita que os talibãs vão realmente impedir que o Afeganistão se torne um paraíso para grupos terroristas que poderão até agir na Europa?

Depende dos outros países. Vamos lembrar que a Al Qaeda entrou no Afeganistão porque foi apresentada pelo serviço secreto paquistanês ao Talibã. Eles não se conheciam. O Bin Laden se transferiu para lá vindo do Sudão, e treinou os seus homens na fronteira com o Paquistão. Mas isso dividiu a cúpula do Talibã. Hoje, o Talibã considera que pagou um preço muito alto por uma briga que não era dele. E que o correto é não permitir terroristas dentro do Afeganistão que tenham pautas externas. Então, eles fizeram esse compromisso com a China. No mês passado, teve a reunião do (Abdul) Gahni Baradar, que vai ser agora o presidente do Afeganistão, com o chanceler chinês. Já a Rússia está observando. A Rússia tem trauma, porque os chechenos são veteranos do Afeganistão. Foi lá que eles treinaram, aprenderam a lutar contra os soviéticos, os russos. E depois fizeram a independência da Chechênia. Mas a Rússia está inclinada a acreditar na promessa, e está dando passos na direção de reconhecer o Talibã. Agora, por que eu digo que depende de outros países? Porque o Afeganistão é completamente dependente economicamente da comunidade internacional. E está, sobretudo, nas mãos da China e do Paquistão.

E como ficaria em relação aos Estados Unidos?

Pode haver um cenário no qual, por exemplo, Biden considere que, para recuperar a credibilidade, ele tenha que assumir uma posição muito dura no plano econômico e político, no sentido de isolar e tentar asfixiar o Talibã. E também cobrar muito da China por essa aliança. Assim, o Talibã poderia permitir, de forma não explícita, a atuação de grupos que causassem problemas para a segurança dos americanos – principalmente fora dos EUA, na própria região. Como atentados para tentar conter essa hostilidade americana. Mas a intenção deles é não provocar problemas com outros países. Eles ainda estão tentando ter boas relações com a União Europeia, com os Estados Unidos. Mas, à medida que vão implementando suas políticas com relação às mulheres, aos homossexuais, aos que foram funcionários do governo anterior, e aos que trabalharam com as Forças Armadas americanas, essas portas vão se fechando.      

Qual deve ser o papel do Paquistão nesse xadrez geopolítico?

O Talibã foi criado pelos paquistaneses para evitar que o Afeganistão tivesse um governo amigável à Índia. Por isso, também existe o Talibã paquistanês – para ameaçar a Índia. O Paquistão abriga grupos terroristas islâmicos para fazer frente ao poderio da Índia, por causa da disputa pela Caxemira. E pode ser que eles precisem prestar esse tipo de serviço ao Paquistão, pode acontecer isso. Principalmente, um terrorismo contra a Índia. Esse é um cenário possível.

Existe ainda uma tentativa de resistência no Afeganistão. Diante desse ambiente tribal, com várias etnias, existe a possibilidade de uma nova guerra civil?

Não, guerra civil não. A fratura na sociedade é tribal, em primeiro lugar. Porque existe uma ideologia no mundo muçulmano que diz que a oposição ao governante é "fitna" (intriga), por isso seria um pecado. Isso vem do tempo do profeta Maomé. Ele ensinou que o mestre é escolhido por Deus. Então, você tem que aceitar quem está no poder. Porque isso, [a oposição] enfraquece o povo contra os inimigos. Mas o que fica são essas divisões tribais e étnicas. E, no caso, a resistência que está acontecendo nesse momento vem dos tajiques, que são o povo lá no Vale do Panjshir. Historicamente, no Afeganistão houve conflitos muito curtos. Porque eles rapidamente entendem quem está mais forte e se alinham. São sobreviventes. Todos os impérios invadiram o Afeganistão, e eles aprenderam a se entender. E a natureza é muito dura lá, tem muito deserto, muita montanha. Os pashtuns dizem que Deus criou a Terra e sobraram umas pedras, umas rochas, aí ele jogou ali e criou o Afeganistão. Mas é o país mais lindo do mundo. Uma coisa maravilhosa, com pessoas lindas e paisagens lunares.