Redação do Diário da Saúde
Conforme as grandes redes tentam maximizar seus lucros, o paciente é quem sai perdendo, dizem os pesquisadores.
[Imagem: Duke University/Fuqua School of Business]
[Imagem: Duke University/Fuqua School of Business]
Concentração de mercado
À medida que grandes redes de diálise com fins lucrativos adquiriam
mais de 1.200 pequenos prestadores de serviços nos EUA, de 1998 a 2010,
essas grandes empresas cortaram equipes médicas especializadas,
aumentaram o volume de pacientes por unidade, alteraram os regimes de
medicamentos e adotaram outras práticas que prejudicam a saúde dos
pacientes.
A conclusão é de uma equipe de pesquisadores, das áreas de saúde e economia, das universidades Duke e Brigham Young (EUA).
Paul Eliason e seus colegas examinaram dados de pacientes e
instalações dos Centros de Serviços Medicare e Medicaid (CMS) e
identificaram mudanças específicas na prática depois que as pequenas
clínicas foram adquiridas por grandes empresas. Os enfermeiros altamente
qualificados foram substituídos por técnicos menos qualificados para
reduzir os custos de mão-de-obra, as cargas de pacientes por funcionário
aumentaram e o número de pacientes tratados em cada estação de diálise
cresceu.
"Nossa equipe de pesquisadores pensou que teríamos a mesma
probabilidade de descobrir que, à medida que as cadeias adquiriam
instalações independentes, elas implementariam as melhores práticas do
setor e tudo melhoraria - os custos melhorariam, a eficiência melhoraria
e melhorariam os resultados para os pacientes.
"O lado inverso disso é que, se você é mais agressivo na maximização
de lucros, isso pode ser feitos às expensas dos cuidados com o paciente
e, obviamente, como resultado o paciente sairá perdendo," disse o
professor Ryan McDevitt, da Universidade Duke.
Pior para os pacientes
Segundo os pesquisadores, o resultado dessa concentração de mercado é
que quase 80% dos provedores de diálise nos EUA agora são de
propriedade de grandes empresas com fins lucrativos. As duas maiores
empresas de capital aberto, DaVita e Fresenius, possuem mais de 60% das
instalações de diálise e ganham mais de 90% da receita do setor.
Após a aquisição por cadeias com fins lucrativos, os pacientes
tiveram 4,2% mais chances de serem hospitalizados em um determinado mês,
as taxas de sobrevida caíram até 2,9% e os pacientes tiveram 8,5% menos
chances de receber um transplante de rim ou ser colocado em uma lista
de espera para transplante durante o primeiro ano de diálise.
Os dados também mostram que, depois que grandes empresas adquiriram
fornecedores independentes de diálise, as clínicas mais que dobraram
(aumento de 129%) o uso do medicamento para anemia Epogen®, que o
serviços público de saúde (Medicare) reembolsava a taxas que dão lucro
aos proprietários. Quando o governo mudou o modelo de reembolso do
medicamento, em 2011, e seu uso não era mais lucrativo para os centros
de diálise, o uso do Epogen® diminuiu acentuadamente.
"O Medicare deve trabalhar em conjunto com as autoridades antitruste
para regular essas fusões," disse McDevitt. "Trabalhando isoladamente,
nenhum deles é eficaz. Nossas leis antitruste atuais são focadas na
concorrência do mercado local e, com essas aquisições de instalações
independentes, qualquer instalação é pequena demais para causar impacto
na concentração do mercado local. Elas estão sob o radar das autoridades
antitruste, mas têm um efeito significativo nos resultados para os
pacientes, com os quais o CMS [Medicaid Services] se preocupa. Portanto, ter [Medicare e autoridades antitruste] trabalhando juntos seria a abordagem mais eficaz."
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