O Banco Central Europeu (BCE) alertou sobre possíveis efeitos
colaterais de sua política monetária ultra-acomodatícia, ao destacar
que anos de medidas de estímulos destinadas a impulsionar a economia da
zona do euro estão contribuindo para a deterioração da estabilidade
financeira.
Segundo relatório bianual sobre estabilidade financeira
publicado pelo BCE nesta quarta-feira, juros baixos sustentam a
atividade econômica, mas também têm incentivado excessiva tomada de
riscos por instituições financeiras não bancárias e em alguns mercados
imobiliários.
“Embora o ambiente de taxas de juros baixas sustente a
economia de modo geral, também notamos um aumento na tomada de riscos, o
que exige monitoração constante e de perto,” afirmou em comunicado o
vice-presidente do BCE, Luis de Guindos.
Em setembro, o BCE anunciou um amplo pacote de estímulos
monetários, que incluiu o primeiro corte de juros desde 2016 e a
retomada de seu programa de compras de ativos – conhecido como QE – a
partir do início de novembro, numa tentativa de impulsionar o
crescimento e a inflação na zona do euro.
No relatório de hoje, o BCE identificou quatro
vulnerabilidades principais para a estabilidade financeira da zona do
euro: a precificação incorreta de alguns ativos financeiros; o alto
endividamento público e privado em vários países; a menor capacidade de
intermediação dos bancos, em função de uma perspectiva de lucratividade
contida; e o aumento da tomada de riscos no setor financeiro não
bancário.
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