domingo, 17 de novembro de 2019

A (IN) EFICIÊNCIA CAPITALISTA

A "direita" adora criticar o "viés ideológico" da "esquerda", como se não tivesse também o seu. Um deles, justamente, é o da propaganda da eficiência à toda prova do capitalismo (sistema caracterizado fundamentalmente pela concentração de renda). Ora, a pressão da concorrência do mercado tende, de fato, a promover um bom nível de eficiência capitalista. Mas este é apenas o aspecto inicial. E, o que vem no final, como efeito colateral da renda concentrada, é simplesmente escondido: a geração de crises de superprodução as quais, geram a subutilização de recursos - capital e trabalho -, verdadeira ineficiência econômica.

Então, como migrar de uma situação capitalista (com concentração de renda) para uma socialista (com otimização da distribuição de renda)? Basicamente, a migração tem que ter dois pilares: baixa fertilidade das mulheres (planejamento familiar de longa data) e tributação progressiva que incida principalmente sobre o patrimônio.
Mas, ainda resta definir o nível ideal da repartição entre consumo e investimento - o nível equilibrado ou sustentável. Pois bem, a resposta pode ser obtida analisando-se qualquer economia avançada econômica e socialmente - com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Assim, peguemos a economia australiana, por exemplo. E, o que ela nos mostra? Mostra que a MÉDIA considerada de 58 anos de análise dessa economia (1960-2018) apresenta um percentual de consumo da ordem de 72% do PIB, enquanto o percentual do investimento é da ordem de 28% do PIB - resultando, virtuosamente, em uma sequencia de 25 anos de crescimento econômico ininterruptos ou sustentados na atualidade (vale dizer, a partir da existência do EQUILÍBRIO dinâmico entre a produção e o consumo).

Concluindo: quem entende de macroeconomia - e não é apenas um homem de negócios, como o senhor Trump, quem tem cobrado do FED a adoção de juros negativos para aumentar a competitividade da economia norte-americana... esquecendo-se da importantíssima questão de que juros baixíssimos são maus alocadores econômicos e tendem a alavancar demais a produção, gerando mais à frente um desequilíbrio ou crise de superprodução - sabe muito bem que a proporção ideal entre produção e consumo deve ser buscada caso a "direita" queira perder o medo de buscar o socialismo de mercado e, assim, criar uma economia pujante (respeitadas as exigências ecológicas) e livre de qualquer viés ideológico ou de qualquer ineficiência.

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