21 de novembro de 2019
Por Gisela Monteiro*, doutora em Psicologia Social pela USP, professora universitária, psicoterapeuta, escritora e palestrante
Em tempos de hashtags #somostodosalgumacoisa é importante lembrar
que, na verdade, também somos muito diferentes. E está tudo bem,
principalmente para as crianças, porque elas nascem não se importando
com isso. Conforme crescem é que são lembradas pelos adultos destas
diferenças!
Neste 20 de novembro de 2019, Dia da Consciência Negra, precisamos
lembrar que o preconceito não é algo natural nas pessoas, é aprendido
por imitação, assimilado por meio da socialização e da cultura. Exemplos
são poderosos.
As crianças que têm comportamentos preconceituosos e discriminatórios
provavelmente aprenderam isso dentro de casa, no núcleo de socialização
inicial, que é a família. Elas observam o comportamento dos pais, seja
em relação a raça, credo, cor ou religião e tendem a repetir. A
inferiorização de determinados grupos é uma construção histórica, social
e cultural, por algum motivo, ou melhor, sem nenhuma razão.
O que temos que fazer é ter um comportamento sem qualquer tipo de
preconceito e diferenciação para as crianças aprenderem isso. Mostrar a
importância de respeitar as diferenças é uma lição que deve ser ensinada
desde os primeiros anos de vida.
Não falo apenas sobre sermos racistas, mas temos que pensar também
que podemos ser vítimas de preconceito, diante de tanta subdivisão e
hashtags que circulam na sociedade real e digital.
Então, como falar sobre um assunto tão delicado com as crianças? Seja
clara, direta e objetiva. Use uma linguagem adequada à idade. Fique
atenta a situações sociais nas quais manifestações de racismo aconteçam e
aponte par seu filho, filha.
Esperar que a criança faça pergunta pode ser um caminho, pois algumas
costumam questionar sobre o que as incomoda. Não existe hora certa, não
precisa agendar o papo, aproveite as oportunidades que surgirem em
desenhos, filmes ou na vida cotidiana.
Para perceber se seu filho ou filha está sendo discriminado, os pais
devem ficar atentos em relação a sinais de desconforto, angústia,
mudanças no padrão alimentar ou de sono. Não querer ir para a escola,
por exemplo, pode ser um sinal. Nesse caso, devem perguntar o que está
acontecendo e tentar compreender o que está havendo.
Usar histórias, livros, desenhos, recriar o acontecimento na hora da
explicação podem facilitar a comunicação e o entendimento por parte
deles.
Explique também, que comportamentos discriminatórios são passíveis de
denúncia, porque configuram crime. As crianças devem ser estimuladas a
procurarem adultos de sua confiança para contarem sobre essas situações
caso presenciem.
A escola, lugar valioso para formação das crianças, deve ser o
epicentro da convivência com a diversidade, exemplo de cooperação e
relações sociais amistosas. Escolha uma na qual verifique esse
comportamento entre todos, equipe e alunos.
Não esqueça então, de ser você também um bom exemplo de tolerância e
respeito à diferentes religiões, raças e culturas, passando pelo time de
futebol e estilo musical A variedade é muito mais interessante, provoca
reflexão e enriquecimento de repertório!
*Gisela Monteiro é doutora em Psicologia Social pela USP,
professora universitária, psicoterapeuta, escritora e palestrante.
Idealizadora da plataforma Falatório com Gisela
(www.falatoriocomgisela.com.br), na qual apresenta a Psicologia de forma descomplicada.
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