Regina Pitoscia
22 de novembro de 2019
O
rendimento dos títulos públicos ofertados na plataforma do Tesouro
Direto também encolheu, tanto nos papeis com juros pós-fixados,
atrelados à Selic, como nos prefixados, em que o rendimento é conhecido
no momento da aplicação. E isso por conta de uma expectativa de inflação
mais baixa. Mas o investidor deve estar atento também a duas das
principais características dessa modalidade de investimento para não
perder dinheiro.
A
primeira é a necessidade de permanecer com o dinheiro aplicado no
título comprado via internet durante mais tempo, por vários anos até, se
comparado com outras opções tradicionais de renda fixa, como caderneta e
fundos de investimento.
A segunda, relacionada à
primeira, é que o resgate antecipado de títulos prefixados antes da data
de vencimento leva ao recálculo do rendimento. Essa nova conta, feita
de acordo com condições como juros e valor do título no dia, pode
redundar em rendimento menor que o sinalizado pela taxa de juros
contratada na hora da aplicação.
Esse
cuidado deve ser redobrado em momentos de maior instabilidade no
mercado, com bruscas revisões sobre estimativas de inflação e taxas
futuras de juro. O risco de obter um retorno mais baixo do que o
previsto no título é maior em papeis com juros prefixados, como o
Tesouro Prefixado, que sucedeu à antiga Letra do Tesouro Nacional (LTN).
Outro
título que passa pelo recálculo da remuneração no resgate antes do
vencimento é o Tesouro IPCA, que mescla rendimento indexado ao IPCA,
correspondente à correção monetária pós-fixada, com uma taxa real de
juros prefixada.
O investidor tanto do Tesouro Prefixado quanto do
Tesouro IPCA não precisará preocupar-se com o recálculo do rendimento
e, portanto, de embolsar uma remuneração menor que a prevista, se fizer o
resgate apenas no vencimento do título, quando recebe o capital inicial
aplicado mais os juros pela taxa contratada na hora da aplicação.
Resgate antecipado
Quando
o investidor vende o papel e sai da aplicação no meio do caminho, antes
do prazo final, seu rendimento passa a depender menos da taxa de juro
prevista no título e mais do nível dos juros no mercado futuro no dia do
resgate. São juros que refletem a expectativa futura de juros dos
agentes econômicos e financeiros e podem estar correndo acima ou abaixo
da taxa Selic que baliza os negócios no mercado à vista.
Se, por
algum estresse, incerteza ou insegurança política ou econômica, os juros
futuros negociados em contratos para vencimentos anos adiante estiverem
rodando acima da Selic, os títulos emitidos anteriormente com juro
menor, referenciado na Selic, ficam desvalorizados, pela expectativa de
que títulos de novas emissões virão com juros mais elevados,
possivelmente alinhados com as taxas mais altas do mercado futuro. Uma
perspectiva que parece afastada, no momento, diante da expectativa de
que inflação e juros permaneçam baixos por bom tempo.
O investidor
que antecipar o resgate em um momento de turbulência poderá receber
valor menor que o previsto, porque seu título estará desvalorizado. Um
risco que não existirá se permanecer abraçado ao título até o vencimento
no prazo final, quando receberá o capital aplicado mais o rendimento
proporcionado pela taxa de juros contratada.
Os dois principais
títulos ofertados pela plataforma do Tesouro Direto que oferecem esse
risco em resgates antecipados são o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA,
um papel com rendimento híbrido que combina juro real prefixado e
correção monetária pós-fixada pela variação do IPCA.
Título pós-fixado
Os
títulos com juros pós-fixados não exigem preocupação com o recálculo em
caso de resgate antecipado, já que o rendimento corresponderá à
variação da Selic acumulada até essa data.
Ao fazer o resgate,
contudo, o investidor receberá do Tesouro Nacional, que vai recomprar o
título, um valor menor que o definido para a venda para quem compra o
mesmo título pela internet no Tesouro Direto. O valor menor é um tipo de
deságio que o investidor banca, em favor do Tesouro, por deixar o
título antes do seu vencimento.
Rendimento
Para
ter uma ideia de quanto estão pagando os Títulos do Tesouro, segue
lista dos dez mais rentáveis apontados pelo buscador de investimentos
Yubb esta semana. Todos emitidos pelo Tesouro Nacional, que estão sendo
oferecidos pela Rico Corretora. São aplicações para valores a partir de
R$ 5 mil e pelo prazo de 12 meses.
Tesouro Direto
Papeis de 1 ano
Tipo Rendimento líquido ao ano
Tesouro IPCA 2050 5,71%
Tesouro IPCA 2035 5,63%
Tesouro IPCA 2045 5,63%
Tesouro IPCA 2035 5,41%
T. Prefixado 2029 5,26%
T. Prefixado 2025 5,05%
Tesouro IPCA 2026 4,99%
Tesouro IPCA 2024 4,81%
T. Prefixado 2022 4,12%
Tesouro Selic 2025 3,87%
Fonte:Yubb
Interessante
notar que todas as opções acenam com rentabilidade superior à caderneta
que atualmente está em 3,50% ao ano e pode cair ainda mais em dezembro,
se a Selic for reduzida na próxima reunião do Copom.
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