PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - "Homem não tem peito, mas tem mamadeira",
diz a psicanalista Vera Iaconelli. Especializada em atender mães, pais,
gestantes e casais em crise, a colunista da Folha de S.Paulo afirma que
tem visto cada vez mais um tipo muito específico no consultório:
"Mulheres que se autodiagnosticam com depressão pós-parto e percebem que
louco não é elas, mas o mundo".
O mundo louco, de mães que tentam ser super-heroínas e pais que ainda não descobriram seu lugar, foi o norte de sua conferência na Casa Folha, na tarde deste sábado (28), parte da programação da Flip.
Iaconelli substituiu a escritora e roteirista Tati Bernardi, que não pôde viajar para Paraty por razões pessoais. Os motivos foram tornados públicos logo no começo da conversa: ela está amamentando a filha de seis meses e não queria se ausentar.
"Ser profissional e mãe de um bebê envolve escolhas e perdas", disse a psicanalista, comentando o caso. "A Tati, como artista, ilustra isso de um jeito muito simpático nos textos dela."
Os textos em questão fazem parte de "Homem-Objeto e Outras Coisas Sobre Ser Mulher" (ed. Companhia das Letras), obra em que Tati, também colunista da Folha de S.Paulo, aborda casamento, maternidade e novos papéis masculinos e femininos, mote da fala de Iaconelli.
O momento atual, segundo a psicanalista, é de "curva de rio". "Muitas mulheres querem ter bebês e amam seus bebês, mas percebem que com isso ganham e perdem coisas diferentes. Esses imperativos podem levar a grandes ressentimentos."
Também pesam na conta as cobranças de outras mulheres, insufladas por redes sociais e promessas de que a maternidade é um paraíso. "Cada mulher tem uma experiência, algumas odiando a gestação ou a amamentação".
Nem buscar a utopia. "Há uma aspiração de que se pode criar filhos sem traumas, mas seres humanos criam seres humanos. E humanos são falhas em série."
Outro traço que Iaconelli diz ver muito no consultório é o paradoxo da mãe super-heroína. "É aquela que não abre mão do seu heroísmo", descreve. "Quando o trabalho virou realização para a mulher, elas passaram a exigir dedicação dos homens à figura de pai. Mas quando o filho passa a ser cuidado pelo pai, elas se ressentem."
Na conversa mediada por Fernanda Mena, repórter especial da Folha de S.Paulo, Iaconelli também tratou do que chamou de "patrulha das palavras", muitas vezes acirradas por grupos de pressão, e que, segundo ela, atrapalham a definição dos novos papéis do homem e da mulher.
"Estamos num processo de mudança de mentalidade. E essa transição é algo que temos que fazer juntos, e não contra. Há homens que querem acompanhar a agenda das mulheres."
No mundo masculino, entretanto, ela diz não encontrar uma agenda específica. "Os homens estão acuados. Estão vindo na nossa cola, mas ainda não acharam o seu lugar."
O mundo louco, de mães que tentam ser super-heroínas e pais que ainda não descobriram seu lugar, foi o norte de sua conferência na Casa Folha, na tarde deste sábado (28), parte da programação da Flip.
Iaconelli substituiu a escritora e roteirista Tati Bernardi, que não pôde viajar para Paraty por razões pessoais. Os motivos foram tornados públicos logo no começo da conversa: ela está amamentando a filha de seis meses e não queria se ausentar.
"Ser profissional e mãe de um bebê envolve escolhas e perdas", disse a psicanalista, comentando o caso. "A Tati, como artista, ilustra isso de um jeito muito simpático nos textos dela."
Os textos em questão fazem parte de "Homem-Objeto e Outras Coisas Sobre Ser Mulher" (ed. Companhia das Letras), obra em que Tati, também colunista da Folha de S.Paulo, aborda casamento, maternidade e novos papéis masculinos e femininos, mote da fala de Iaconelli.
O momento atual, segundo a psicanalista, é de "curva de rio". "Muitas mulheres querem ter bebês e amam seus bebês, mas percebem que com isso ganham e perdem coisas diferentes. Esses imperativos podem levar a grandes ressentimentos."
Também pesam na conta as cobranças de outras mulheres, insufladas por redes sociais e promessas de que a maternidade é um paraíso. "Cada mulher tem uma experiência, algumas odiando a gestação ou a amamentação".
Nem buscar a utopia. "Há uma aspiração de que se pode criar filhos sem traumas, mas seres humanos criam seres humanos. E humanos são falhas em série."
Outro traço que Iaconelli diz ver muito no consultório é o paradoxo da mãe super-heroína. "É aquela que não abre mão do seu heroísmo", descreve. "Quando o trabalho virou realização para a mulher, elas passaram a exigir dedicação dos homens à figura de pai. Mas quando o filho passa a ser cuidado pelo pai, elas se ressentem."
Na conversa mediada por Fernanda Mena, repórter especial da Folha de S.Paulo, Iaconelli também tratou do que chamou de "patrulha das palavras", muitas vezes acirradas por grupos de pressão, e que, segundo ela, atrapalham a definição dos novos papéis do homem e da mulher.
"Estamos num processo de mudança de mentalidade. E essa transição é algo que temos que fazer juntos, e não contra. Há homens que querem acompanhar a agenda das mulheres."
No mundo masculino, entretanto, ela diz não encontrar uma agenda específica. "Os homens estão acuados. Estão vindo na nossa cola, mas ainda não acharam o seu lugar."
Nenhum comentário:
Postar um comentário