terça-feira, 24 de julho de 2018

A cidade do futuro já está em construção

THIAGO COPETTI/ESPECIAL/JC Uma nova e impressionante cidade está sendo construída a cerca de 100 km de distância de Pequim. O termo "nova" não se refere apenas ao fato de ser uma cidade realmente criada do zero. Já em obras, e celebrada desde agora como a cidade do milênio, a Nova Área de Xiongan é, de acordo com governos de diferentes países, a mais perfeita visão do que devem ser as cidades do futuro. Além de recursos de dezenas de empresas e do governo Xi Jinping, participam do projeto investidores, profissionais e governos do Reino Unidos, Itália e Singapura, entre outros. As obras não se destinam a erguer, entre Pequim e Tianjin, uma simples e pequena cidade ou uma vila futurística na província de Hebei. A cidade inteligente e sustentável é de um tamanho surpreendente: terá, entre áreas construídas e naturais, 1,7 mil quilômetros quadrados (maior do que a cidade de São Paulo, com cerca de 1,5 mil quilômetros quadrados). E antes que digam que o projeto é visionário demais e que não sairá do papel, vale ressaltar que Xi Jinping não está sozinho nesta empreitada. Definitivamente, não é nenhum delírio futurista - tanto que foi atestado como maior projeto atualmente em construção no mundo pela embaixadora do Reino Unido na China, Barbara Woodward, em evento na semana passada, em Pequim. E as obras já começaram. "Não é por nada que esta cidade inteligente está recendo bilhões em recursos de investidores de Canary Wharf (centro financeiro de Londres). Será, com certeza, um exemplo e piloto para projetos futuros de smart cities em diferentes nações", elogiou a diplomata britânica. E por que a cidade é chamada de inteligente e sustentável? Vamos começar por algumas das informações mais simbólicas. Primeiro porque será abastecida com 100% de energia renovável e nenhum carro que consuma combustíveis fósseis poderá circular por ali. O segundo dado que revela a "inteligência" da cidade é que toda ela está sendo construída com um planejamento em círculos de interesse/necessidades. Por exemplo: os moradores terão acesso a tudo que for prioridade a uma distância máxima percorrida a pé de até 15 minutos, o que inclui escolas, serviços de saúde e centros comerciais. Com isso, se evitará grandes deslocamentos. Neste trajeto máximo de 15 minutos também haverá parques e grandes áreas de lazer. O verde, por sinal, predominará na cidade. Dos 1,7 mil quilômetros quadrados de área total, 70% será de áreas verdes e água (leia-se Lago Bayiangdian, um dos maiores da China). E, apesar da presença do grande lago, para preservá-lo, a cidade toda terá sistemas de captação de água da chuva (das ruas aos prédios). A cidade também terá conexão de internet de altíssima velocidade e um sistema de "Big Data", grande conjunto de dados armazenados, que irá gerenciar automaticamente toda a área urbana, como energia, transporte e segurança pública. A nova cidade é parte fundamental de recente plano urbanístico aprovado pelo governo, que determinou que a capital chinesa, hoje com cerca de 21,5 milhões de habitantes, não ultrapasse 23 milhões. Mesmo com elevado número de habitantes, porém, vale ressaltar que o trânsito em Pequim flui muito melhor do que em cidades com São Paulo e até mesmo Porto Alegre. A meta de controle é justamente manter a qualidade. De acordo com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, serão deslocados para lá serviços que não são essenciais para a administração pública, como parte do setor financeiro, universidades, centros de pesquisa empresariais e outros. Para isso, Pequim terá uma conexão (física) de alta velocidade com a cidade da nova Era, com é chamado o projeto. "Teremos um trem que alcançará 150 quilômetros por hora, ligando Pequim à Nova Área de Xiongan em 20 minutos", ressaltou Wang Yi. Quando tudo isso estará pronto? Em um futuro não muito distante: a meta é ter boa parte concluída até 2025 e praticamente tudo pronto em 2035. Na metade do século 21 a cidade que marcará este século já será uma realidade plena, assegurou Wang Yi. Como tudo isso será possível? Com recursos pesados do governo da China, de empresas e de outros países. A estimativa extraoficial, feita pelo banco Morgan Stanley, é que a Nova Área de Xiongan mobilize até US$ 379 bilhões em suas primeiras etapas. Veja mais detalhes do projeto e assista abaixo ao vídeo que apresentou o projeto à comunidade internacional. Tecnologia, urbanismo e sustentabilidade em 1,7 mil quilômetros quadrados A meta é ter uma cidade com interação humana-ambiental harmoniosa. Uma das prioridades é a proteção ecológica. Dos 1,7 mil quilômetros quadrados, a área total de terreno de construção será de aproximadamente 530 quilômetros quadrados. Cerca de 10% das terras da nova área estarão sob proteção permanente e densidade populacional não será superior a 10 mil pessoas por quilômetro quadrado. A ideia é ter um novo padrão para o desenvolvimento urbano-rural. O governo ressalta que o trabalho de restauração ecológica será iniciado no lago Baiyangdian, incluindo a recuperação da área do lago em 360 quilômetros quadrados. A atual poluição será tratada e a taxa de cobertura florestal aumentará de 11% para 40% (o projeto prevê 8 milhões de árvores na cidade). A nova área também terá como foco o desenvolvimento coordenado da economia real, inovação tecnológica, finanças e recursos humanos. Entre as indústrias que para lá estão migrando há empresas de inteligência artificial, biotecnologia, desenvolvimento de novos materiais e agricultura ecológica. - Jornal do Comércio (https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/2018/06/colunas/conexao_china/630811-a-cidade-do-futuro-ja-esta-em-construcao.html)

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