Quantas dimensões você conhece? Para a maioria das
pessoas, são três: altura, largura e profundidade. Mas, para físicos de
todo o mundo, o número pode ser muito maior.
Além das três já citadas, o tempo é considerado uma quarta
dimensão. E não para por aí. Físicos estão trabalhando para comprovar a
existência de uma quinta dimensão.
O que é uma dimensão?
“Você precisa entrar na mentalidade dos físicos para
entender a que eles se referem quando falam a palavra ‘dimensão’. Nós
tendemos a acreditar que uma outra dimensão é um lugar aonde você vai e é
possuído por criaturas estranhas. Uma dimensão é simplesmente uma
direção no espaço. Neste momento, nós conhecemos três, que poderíamos
chamar de ‘para cima-para baixo’, ‘para a esquerda e para a direita’ e
”para a frente e para trás’”, explica o físico Sean Carroll, do
Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Carrol acredita que existem diversas dimensões e que elas
estão “escondidas”, podendo ser muito pequenas ou muito grandes, o que
nos impede de enxergá-las. Mas, afinal, porque muita gente acredita que
existam outras dimensões?
“Uma razão muito convincente é que realmente não
entendemos por que a força da gravidade é muito mais fraca do que as
outras forças fundamentais que experimentamos. Se eu te der um ímã de
geladeira e uma chave qualquer, o ímã levantará a chave com muita
facilidade. A força magnética desse pequeno ímã supera a força da
gravidade da Terra, que é enorme, que puxa a chave na direção oposta”,
explica a física de partículas Rakhi Mahbubani, em entrevista à BBC Brasil.
Para a especialista, o que sabemos hoje é uma questão de perspectiva.
“Imagine um canal estreito e comprido, com barcos de
diferentes tamanhos navegando nele. Se você tem um navio de cruzeiro
enorme que ocupa quase toda a largura, você só pode se mover ao longo do
canal, você não tem a possibilidade de se mover dos lados, na largura,
então a partir da perspectiva daquele cruzeiro o canal tem apenas uma
dimensão. Se o que você tem é um veleiro, você pode ziguezaguear. Do
ponto de vista do veleiro, o canal tem duas dimensões. Já se você viajar
em um submarino, você experimentaria tanto o comprimento quanto a
largura e também a profundidade. A partir dessa perspectiva, o mesmo
canal tem três dimensões”, detalha.
Mahbubani conta que há uma hipótese que defende que a
gravidade, assim como acontece com os submarinos, pode apresentar
dimensões adicionais. “Ela se dissipa nessas outras dimensões e é por
isso que sentimos que ela é muito fraca”, aponta a especialista.
Mais dimensões
A ideia de que existam dimensões adicionais não é nova.
Ela data de 1854, quando o matemático alemão Bernhardt Riemann mostrou
que poderiam existir mais de três dimensões na geometria. Com a mesma
ideia, o matemático britânico Charles Howard Hinton, projetou um cubo de
quatro dimensões, que recebeu o nome de tesserato.
Ela também apareceu em obras de Oscar Wilde, Marcel Proust
e HG Wells e inspirou até mesmo artistas como Picasso, que buscou
mostrar mais dimensões em sua arte.
Até hoje, ninguém foi capaz de provar a existência de mais
dimensões. Essa é a proposta do CERN E, o Centro Europeu de Pesquisa
Nuclear.
Partículas
Para atingir o objetivo, os cientistas precisam descobrir
uma maneira de encontrar as menores partículas fundamentais do universo.
Uma das opções é o uso de um acelerador de partículas chamado de Grande
Colisor de Hádrons, que dispara as partículas em uma velocidade
extremamente alta – quase a da luz.
A ideia é que, quando os prótons colidem, eles conseguem criar outros tipos de partículas, incluindo, em probabilidade, uma nova partícula, apelidada de gráviton.
Grávitons
Fundamentos da física quântica explicam que cada força
possui uma partícula específica que a transporta, como a luz
transportada por fótons. A teoria então sugere que os grávitons sejam os
responsáveis por transportar a gravidade.
Por enquanto, tudo não passa de
suposição. “Se nós não as vemos, isso não significa que elas não estão
lá, mas que nossos experimentos ainda não são bons o suficiente. Se
continuarmos tentando, vamos achar algum dia”, diz Carrol.
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