Ciência
Alterações genéticas que garantam vida melhor para as
pessoas podem ser moralmente aceitáveis desde que não elevem
discriminação e divisão social, afirma painel ético britânico.
Estudos afirmam que a principal tecnologia de edição genética, a CRISPR/Cas9, pode ter efeitos indesejados
Melhorar os genes de bebês ainda não nascidos deveria ser permitido
do ponto de vista ético, afirmou nesta segunda-feira (16/07) um painel
de médicos de uma fundação britânica que se ocupa com questões de
bioética.Novas tecnologias que permitem a médicos editar o DNA de um embrião para reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças na fase adulta são proibidas em vários países.
Mas o Conselho Nuffield de Bioética afirmou que alterações genéticas que garantam uma vida melhor para as pessoas podem ser moralmente aceitáveis desde que não aumentem a discriminação e a divisão social.
"O uso potencial da edição de genomas para influenciar características de gerações futuras não é por si só inaceitável", disse a presidente do painel, Karen Yeung, uma professora de lei e ética na Universidade de Birmingham University. "Não há motivos para simplesmente descartá-la."
O painel não defendeu uma mudança na legislação britânica, mas que sejam feitas pesquisas sobre a segurança e os efeitos da tecnologia, também na sociedade, bem como um amplo debate.
Opositores da edição genética afirmam que ela poderá levar à criação de pessoas que teriam vantagens genéticas injustas sobre os outros, o que ampliaria as desigualdades sociais.
Um dos principais opositores no Reino Unido, o cientista David King, afirmou que as posições do Conselho Nuffield levariam à criação de "bebês sob medida", para os quais os pais poderiam escolher as características genéticas. "Precisamos de uma proibição internacional para a criação de bebês geneticamente editados", afirmou.
O debate ocorre na sequência de um alerta de que a mais promissora tecnologia de edição genética, a CRISPR/Cas9, pode ser mais perigosa do que se pensava.
Cientistas que testaram a tecnologia em células humanas e de camundongo concluíram que ela frequentemente leva a mutações genéticas não desejadas, afirmou um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Biotechnology.
"Descobrimos que mudanças no DNA foram seriamente subestimadas até agora", disse o cientista britânico Allan Bradley, um dos autores do estudo.
Outro estudo, publicado no mês passado, sugere que a CRISPR/Cas9 pode elevar o risco de câncer em algumas células.
AS/rtr/af
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