Enquanto micro e pequenas empresas geraram 73 mil postos em outubro, médias e grandes ficaram com saldo negativo de 2 mil postos, segundo levantamento do Sebrae com dados do Caged
Mateus Apud
30 de novembro de 2019
30 de novembro de 2019
No
lugar das contratações de profissionais no atacado nas grandes
corporações, as micro e pequenas empresas fizeram um trabalho de
formiguinha ágil e preciso no mercado de trabalho neste ano. As chamadas MPES foram as únicas responsáveis pela criação de vagas com carteira assinada
no mês de outubro e as que mais contribuíram no ano para aplacar a alta
taxa de desemprego no País, que chega a 11,6% e atinge 12,4 milhões de
brasileiros.
Segundo levantamento feito pelo Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as micro e pequenas empresas
criaram 73.398 postos de trabalho com carteira assinada (CLT) em
outubro, o melhor resultado dos últimos cinco anos. Enquanto isso, as
médias e grandes corporações registraram saldo negativo de 2.119
empregos – mais demitiram do que contrataram. O mesmo aconteceu na
administração pública, que dispensou 427 trabalhadores.
Os dados gerais do Caged,
divulgados na semana passada, mostravam justamente que o País teve um
saldo final de 70,8 mil empregos com carteira assinada em outubro, o
melhor resultado para o mês desde 2017.
Ao longo do ano, as micro e pequenas empresas abriram 752,4 mil vagas em todo o Brasil, 10 vezes o saldo de empregos
registrado pelas médias e grandes corporações. Segundo o presidente do
Sebrae, Carlos Melles, a proximidade com o Natal também ajudou a aquecer
as contratações, principalmente no comércio e nos serviços.
No mês de outubro, os micro e pequenos negócios do comércio lideraram a geração de empregos,
sendo responsáveis por 32,5 mil novas vagas. Esse é o setor em que as
médias e grandes empresas vão melhor também, tendo gerado 11,4 mil
vagas.
Já
no setor de serviços, enquanto as pequenas criaram 22,8 mil ocupações,
as médias e grandes corporações tiveram uma baixa de 3,6 mil vagas.
Os
pequenos negócios da construção civil e da indústria de transformação
também se destacaram contratando, respectivamente, 10,9 mil e 10,5 mil
empregados. E o pior setor para os médios e grandes empreendimentos foi a
agropecuária, com 4,1 mil demissões.
Carreira na pequena empresa
De
acordo com dados do setor de estratégia da Catho, site de classificados
de empregos, entre 2017 e 2018 as micro e pequenas empresas foram
responsáveis por um aumento de 12% em anúncios de vagas na plataforma,
enquanto grandes empresas registraram crescimento de 6% no mesmo
período.
Segundo a diretora de Operações B2B e B2C da
empresa, Regina Botter, o profissional que queira seguir carreira em uma
pequena empresa vai encontrar um ambiente de trabalho diferente do da
grande corporação.
“De modo geral, uma pequena empresa tende a ser mais informal e possuir menos níveis hierárquicos.
O profissional que desejar se inserir nesse modelo de empresa irá
encontrar funções mais fragmentadas, exigindo que esse tenha
versatilidade em exercer diversos tipos de atividades e conhecimentos em
outras áreas”, diz ela.
A diretora destaca que é importante o profissional ter claro seu próprio plano de carreira,
pois as oportunidades de crescimento são diferentes dependendo do porte
da empresa. “De modo geral, a tendência é que em determinado momento
ele procure uma empresa de grande porte. Porém, se o auge de sua
carreira for alcançar um patamar de grande expertise, isso não se
apoiará necessariamente no porte de empresa, reforçando mais uma vez a
necessidade desse profissional ter em mente como quer construir sua
carreira.”
Em relação à preparação que o funcionário deve ter para atuar em uma MPE, ela conta que as qualificações
devem ser as mesmas, visto que o profissional será cobrado da mesma
forma em relação ao cargo, independentemente do tamanho da empresa. “A
preparação está muito mais ligada à área de atuação e à senioridade da
função do que ao porte da empresa, seja ela pequena, média ou grande.”
O
proprietário da HotBass Som e Acessórios Automotivos, Fernando Caminsk
Júnior, concorda. Em sua empresa, que funciona com dois funcionários na
zona leste de São Paulo, a baixa oferta de profissionais experts no tipo
de serviço que ele presta determina o vaivém de funcionários. “Todo dia
eu entro em sites e aplicativos para procurar candidatos.”
De acordo com o empreendedor, o aquecimento desse mercado de serviços
é notado em outras lojas de instalação de som e acessórios automotivos.
“No nosso grupo do Whatsapp ou Facebook, chove gente querendo
contratar, porque todo mundo na área precisa.”
* Estagiário sob a supervisão do editor de Economia, Alexandre Calais
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