segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

PEQUENOS NEGÓCIOS geram mais empregos do que grandes empresas

Enquanto micro e pequenas empresas geraram 73 mil postos em outubro, médias e grandes ficaram com saldo negativo de 2 mil postos, segundo levantamento do Sebrae com dados do Caged

Mateus Apud 
 
30 de novembro de 2019 
No lugar das contratações de profissionais no atacado nas grandes corporações, as micro e pequenas empresas fizeram um trabalho de formiguinha ágil e preciso no mercado de trabalho neste ano. As chamadas MPES foram as únicas responsáveis pela criação de vagas com carteira assinada no mês de outubro e as que mais contribuíram no ano para aplacar a alta taxa de desemprego no País, que chega a 11,6% e atinge 12,4 milhões de brasileiros.
Segundo levantamento feito pelo Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as micro e pequenas empresas criaram 73.398 postos de trabalho com carteira assinada (CLT) em outubro, o melhor resultado dos últimos cinco anos. Enquanto isso, as médias e grandes corporações registraram saldo negativo de 2.119 empregos – mais demitiram do que contrataram. O mesmo aconteceu na administração pública, que dispensou 427 trabalhadores.
Os dados gerais do Caged, divulgados na semana passada, mostravam justamente que o País teve um saldo final de 70,8 mil empregos com carteira assinada em outubro, o melhor resultado para o mês desde 2017.
Ao longo do ano, as micro e pequenas empresas abriram 752,4 mil vagas em todo o Brasil, 10 vezes o saldo de empregos registrado pelas médias e grandes corporações. Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a proximidade com o Natal também ajudou a aquecer as contratações, principalmente no comércio e nos serviços.
No mês de outubro, os micro e pequenos negócios do comércio lideraram a geração de empregos, sendo responsáveis por 32,5 mil novas vagas. Esse é o setor em que as médias e grandes empresas vão melhor também, tendo gerado 11,4 mil vagas.
Kelson Santos, que foi contratado neste ano pela HotBass Som e Acessórios, pequena empresa de São Paulo. Foto: Werther Santana/Estadão
Já no setor de serviços, enquanto as pequenas criaram 22,8 mil ocupações, as médias e grandes corporações tiveram uma baixa de 3,6 mil vagas.
Os pequenos negócios da construção civil e da indústria de transformação também se destacaram contratando, respectivamente, 10,9 mil e 10,5 mil empregados. E o pior setor para os médios e grandes empreendimentos foi a agropecuária, com 4,1 mil demissões.

Carreira na pequena empresa

De acordo com dados do setor de estratégia da Catho, site de classificados de empregos, entre 2017 e 2018 as micro e pequenas empresas foram responsáveis por um aumento de 12% em anúncios de vagas na plataforma, enquanto grandes empresas registraram crescimento de 6% no mesmo período.
Segundo a diretora de Operações B2B e B2C da empresa, Regina Botter, o profissional que queira seguir carreira em uma pequena empresa vai encontrar um ambiente de trabalho diferente do da grande corporação.
“De modo geral, uma pequena empresa tende a ser mais informal e possuir menos níveis hierárquicos. O profissional que desejar se inserir nesse modelo de empresa irá encontrar funções mais fragmentadas, exigindo que esse tenha versatilidade em exercer diversos tipos de atividades e conhecimentos em outras áreas”, diz ela.
A diretora destaca que é importante o profissional ter claro seu próprio plano de carreira, pois as oportunidades de crescimento são diferentes dependendo do porte da empresa. “De modo geral, a tendência é que em determinado momento ele procure uma empresa de grande porte. Porém, se o auge de sua carreira for alcançar um patamar de grande expertise, isso não se apoiará necessariamente no porte de empresa, reforçando mais uma vez a necessidade desse profissional ter em mente como quer construir sua carreira.”
Em relação à preparação que o funcionário deve ter para atuar em uma MPE, ela conta que as qualificações devem ser as mesmas, visto que o profissional será cobrado da mesma forma em relação ao cargo, independentemente do tamanho da empresa. “A preparação está muito mais ligada à área de atuação e à senioridade da função do que ao porte da empresa, seja ela pequena, média ou grande.”
O proprietário da HotBass Som e Acessórios Automotivos, Fernando Caminsk Júnior, concorda. Em sua empresa, que funciona com dois funcionários na zona leste de São Paulo, a baixa oferta de profissionais experts no tipo de serviço que ele presta determina o vaivém de funcionários. “Todo dia eu entro em sites e aplicativos para procurar candidatos.”
De acordo com o empreendedor, o aquecimento desse mercado de serviços é notado em outras lojas de instalação de som e acessórios automotivos. “No nosso grupo do Whatsapp ou Facebook, chove gente querendo contratar, porque todo mundo na área precisa.”
* Estagiário sob a supervisão do editor de Economia, Alexandre Calais

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