18/12/2019
Redação do Diário da Saúde
O óvulo tem um papel ativo na fertilização, ao contrário do que a ciência propunha até agora.
[Imagem: Claudia M. Rival et al. - 10.1038/s41467-019-12406-z]
[Imagem: Claudia M. Rival et al. - 10.1038/s41467-019-12406-z]
Espermatozoide ativo e óvulo passivo, certo? Não
Uma descoberta inesperada sobre a fertilização humana revelou novas
informações sobre como o esperma e o óvulo se fundem e pode ter
implicações importantes para os casais que lutam contra a infertilidade -
além de eventualmente permitir o desenvolvimento de um futuro contraceptivo masculino.
A descoberta reformula o papel do óvulo no processo de fertilização
descrito em todos os livros texto. A noção tradicional do óvulo como
parceiro passivo para a entrada do espermatozoide está descartada.
Em vez disso, descobriram os pesquisadores, existem agentes
moleculares na superfície do óvulo que se ligam a uma substância
correspondente no esperma para facilitar a fusão dos dois.
"A biologia do ensino médio nos ensinou uma versão da fertilização
muito centrada no esperma. E agora está muito claro que é um processo
dinâmico em que o esperma e o óvulo estão igualmente e ativamente
envolvidos no objetivo biológico final de obter a fertilização," disse o
professor Kodi Ravichandran, da Universidade da Virgínia (EUA).
Fosfatidilserina
A equipe estava estudando como o esperma imaturo passa por estágios
de desenvolvimento nos testículos. Eles então notaram algo incomum:
Alguns espermatozoides imaturos que pareciam estar morrendo não estavam
de fato morrendo - eles estavam vivos e saudáveis.
Esses espermatozoides tinham um marcador molecular em sua superfície
sugerindo que se tratava de uma célula moribunda, e esse marcador ficava
mais forte à medida que o esperma amadurecia.
"Isso inicialmente não fez sentido," disse o pesquisador Jeffrey
Lysiak. "Tivemos que fazer um bocado de experimentos para mostrar que,
de fato, eram espermatozoides vivos e móveis."
Um composto presente na raiz do dente-de-leão pode funcionar como um anticoncepcional masculino.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
O que a equipe descobriu é que esse marcador no espermatozoide, a
fosfatidilserina (FS), que geralmente diz ao corpo para remover as
células em processo de morte, é usado de maneira diferente e de maneira
importante durante a fertilização. A fosfatidilserina normalmente é
mantida no interior das células até sua morte, mas também é exposta
deliberadamente na superfície do esperma saudável e vivo.
Enquanto isso, o óvulo expressa parceiros proteicos que envolvem
específica e ativamente a FS (fosfatidilserina) no esperma. Esse
reconhecimento baseado em FS, juntamente com outras interações, promove a
fusão do espermatozoide com o óvulo. De fato, mascarar a FS no esperma,
ou impedir que os receptores do óvulo reconheçam o esperma, bloqueou a
fertilização com bastante eficiência.
Reprodução assistida e anticoncepcional masculino
Esta descoberta tem várias implicações intrigantes.
Primeiro, para os casais que lutam contra a infertilidade. Os médicos
poderão no futuro tentar aumentar a exposição da FS sobre o
espermatozoide para melhorar a chance de concepção. Também se poderia
examinar o esperma de um homem antes da fertilização in vitro
para selecionar espermatozoides com maior probabilidade de resultar em
gravidez. Isso pode ajudar a evitar a necessidade de várias tentativas e
reduzir o custo da reprodução assistida.
Segundo, os pesquisadores acreditam que encontrar uma maneira de
mascarar a fosfatidilserina na cabeça do esperma pode ser uma forma
potencial de contracepção. "É uma possibilidade muito provável," afirmou
Ravichandran. "Bloqueamos a fosfatidilserina por três ou quatro
maneiras diferentes [em pratos de laboratório], e estamos agradavelmente
surpresos com o quão bem isso bloqueia a fusão entre espermatozoide e
óvulo".
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