(Bloomberg) -- Este ano pode ser um dos piores da história para
trabalhadores do setor automotivo global, que sente o impacto da menor
demanda e da profunda transformação da tecnologia de veículos. Daimler e
Audi anunciaram quase 20 mil demissões em uma semana.
No total, as montadoras devem cortar mais de 80 mil empregos nos
próximos anos, segundo dados compilados pela Bloomberg News. Embora as
demissões estejam concentradas na Alemanha, nos EUA e no Reino Unido, as
economias de crescimento acelerado não estão imunes, e as montadoras
também encolhem operações nessas regiões.
Montadoras alemãs se unem à General Motors, Ford e Nissan na grande
onda de demissões anunciadas nos últimos 12 meses. O conflito comercial e
tarifas aumentam os custos e paralisam investimentos de montadoras, que
reavaliam a força de trabalho na era da eletrificação, direção autônoma
e serviços sob demanda.
A indústria automobilística global deve produzir 88,8 milhões de
carros e caminhões leves este ano, uma queda de quase 6% na comparação
anual, segundo a consultoria IHS Markit. O grupo de lobby alemão VDA
disse na quarta-feira que o declínio deve continuar no ano que vem, com a
previsão de entregas globais de 78,9 milhões de veículos, o nível mais
baixo desde 2015.
O ritmo de cortes de empregos na Alemanha, sede da Mercedes-Benz,
Porsche e BMW, deve ser “mais pronunciado em 2020”, disse o presidente
da VDA, Bernhard Mattes, em conferência de imprensa em Berlim,
acrescentando que apenas a mudança tecnológica pode levar à perda de 70
mil empregos na próxima década.
“Uma mudança estrutural fundamental com investimentos enormemente
altos em um momento de deterioração da dinâmica do mercado - muitas
sentem a tensão”, disse Mattes.
As demissões também acontecem na China, que emprega o maior número de
pessoas no setor e enfrenta queda das vendas. A startup de veículos
elétricos NIO, com prejuízo de bilhões de dólares e ações em queda livre
na Bolsa de Nova York, havia demitido cerca de 20% da força de trabalho
até o fim de setembro, com o corte de mais de 2 mil empregos.
“A persistente desaceleração nos mercados globais continuará afetando
as margens e os lucros das montadoras, que já foram afetados pelo
aumento dos gastos em P&D para tecnologia de direção autônoma”,
disse Gillian Davis, analista da Bloomberg Intelligence. “Muitas
montadoras estão agora focadas em planos de corte de custos para evitar a
erosão das margens.”
--Com a colaboração de Keith Naughton, Gabrielle Coppola, Craig Trudell, Cécile Daurat, Chris Reiter e Kristie Pladson.
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