(Bloomberg) -- Primeiro, foi o Japão. Depois, a Europa. Agora,
investidores fazem uma avaliação global em busca do próximo surto de
inflação estagnada e queda dos retornos.
O mal-estar da “japanificação“ se espalhou este ano, resultado de uma
quantidade recorde de títulos de rendimento negativo. A flexibilização
quantitativa (QE, na sigla em inglês) e a política monetária de juros
baixos na Europa resultaram em retornos estandardizados para os títulos
da região - às custas dos lucros dos bancos e das economias para
aposentadoria. Muitos dizem que o período atual lembra a década perdida
do Japão.
É um flagelo que ameaça se espalhar ainda mais - talvez até para os
Estados Unidos. A maior economia do mundo pode precisar apenas de um
deslize para cair em recessão e sucumbir ao retorno zero, diz Jan Loeys,
consultor sênior de estratégia de investimento de longo prazo do
JPMorgan Chase.
Embora os fortes dados do mercado de trabalho na semana passada
tenham diminuído o receio de uma iminente desaceleração nos EUA, a curva
de rendimento do país já sinalizou que uma recessão está em formação.
Se isso acontecer, o Federal Reserve poderia imitar os bancos centrais
do Japão e da zona do euro, reduzindo as taxas para zero e
reintroduzindo o QE, de acordo com Loeys.
Acrescente o risco de um impasse político nos EUA e um excesso de
poupança global, e “ficaremos perto do rendimento zero de títulos por
anos”, disse.
É improvável que o Fed e o Banco Central Europeu tomem medidas após
as reuniões desta semana. Para o Fed, será uma oportunidade de defender o
status quo após três cortes dos juros este ano.
“Os bancos centrais não têm escolha a não ser apoiar os ativos de
risco e os preços dos ativos até que a expansão fiscal seja possível”,
disse Richard Hodges, da Nomura Asset Management. As apostas atreladas à
japanificação dos títulos periféricos da Europa este ano o ajudaram a
superar 98% dos pares.
Na Itália, o risco político pouco fez para deter a previsão de
investidores de rendimento de 0% no próximo ano, em meio à expectativa
de outro corte de juros pelo BCE. Enquanto isso, o mercado de títulos da
Grécia, que enfrentou juros de 44% há sete anos, agora opera com taxas
de apenas 1,5%.
Rendimentos negativos e injeção de capital do BCE ajudaram a aliviar o
estresse dos países mais frágeis da zona do euro, mas também
dificultaram a obtenção de lucro pelos bancos. As economias para pensões
também estão em risco, gerando uma onda de críticas.
“O verdadeiro problema está na
Europa - eles estão espirrando e estamos pegando a gripe”, disse Chris
Rands, gestor da Nikko Asset Management, em Sydney, que administra US$
224 bilhões no mundo todo.
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