Pela primeira vez, astrônomos conseguiram ter uma visão aproximada
das explosões que acontecem em um asteroide. Essas explosões são
precipitações de grandes quantidades de poeira e pedaços de rocha, que
são expulsos do asteroide e arremessados ao espaço. E o estudo revela
que essas explosões têm poder de enviar meteoritos em direção à Terra.
Existem mais de 20.000 asteroides considerados próximos da órbita do
nosso planeta. Ao contrário dos cometas (que, à medida que se aproximam
do Sol, deixam um rastro de detritos que podem entrar na nossa
atmosfera), esses asteroides perto de nós parecem inertes. Mas, quando
se trata do espaço, nem tudo é o que parece: há um pequeno número de
asteroides que podem "explodir", arremessando poeira e rocha por aí.
Exemplo disso foi descoberto no início deste ano, quando a NASA divulgou que o asteroide Bennu está lançando seu próprio material no espaço.
Agora, uma equipe de cientistas capturou novas imagens mais próximas
das explosões desse asteroide. Harold Connolly, co-autor do novo estudo publicado na revista Sciencie,
afirma que essa é a primeira vez que se obteve uma visão tão próxima de
um asteroide explosivo em atividade. Connolly também faz parte da
missão OSIRIS-REx, a sonda da NASA que chegou ao Bennu no final de 2018.
Um amontoado de rochas em explosão
O Bennu, descoberto pelo projeto de mapeamento espacial LINEAR em
1999, tem sido bastante observado por oferecer risco de atingir a Terra.
Sua composição ainda é incerta, mas acredita-se que seja basicamente um
de pedras unidas por sua própria gravidade, com bastante espaço vazio
no meio. Também acredita-se que ele é rico em carbono, assim os
meteoritos da classe condritos carbonáceos, que encontramos na Terra.
De acordo com pesquisas, pelo menos três grandes explosões já
aconteceram no Bennu, em janeiro e fevereiro deste ano, cada uma
ejetando cerca de 200 pedaços de rocha de até 10 cm de diâmetro a uma
velocidade máxima de 11,9 km/h. O novo estudo da equipe de Connolly
sugere que explosões de asteroides como este podem arremessar meteoritos
carbonáceos em nosso planeta.
Além disso, os cientistas descobriram seis pedaços de rocha ao redor
de Bennu que eles acreditam terem sido ejetados durante as explosões e
permaneceram ligados ao asteroide por causa da gravidade. Alguns
escaparam da força gravitacional e flutuaram pelo espaço, enquanto
outros acabam voltando à superfície do Bennu, juntando-se novamente ao
amontoado de rochas.
Por que asteroides explodem?
As causas das explosões - ou erupções, como alguns cientistas
descrevem esse fenômeno - ainda são desconhecidas. Mas os estudos
revelaram que essas três explosões ocorreram em locais do asteroide onde
o Sol estava prestes a se pôr, e isso sugere que o aquecimento pode
desempenhar um papel nessas explosões. Considerando que a temperatura da
superfície de Bennu pode variar até 100 graus Celsius a cada 4,3 horas,
faz sentido que as rochas que formam o asteroide não resistam a essas
alterações extremas.
Entre outras hipóteses levantadas, a culpa pode ser da água. É que em
algumas partes do asteroide, há grandes quantidades de minerais que
contém água. Com o calor do Sol, essa água pode evaporar e causar uma
liberação de gás, o que transformaria algumas rochas em uma espécie de
"panela de pressão". Por fim, os pesquisadores sugerem que as explosões
também podem ser causadas pelo impacto de outros meteoritos.
Independente da causa, o estudo
deixa aberta a possibilidade de que todos os asteroides carbonáceos
podem estar ativos, ou seja, todos podem arremessar rocha e poeira no
espaço. Mas ainda há muito para descobrir sobre este assunto, e quando a
OSIRIS-REx retornar à Terra com amostras do Bennu em 2023, saberemos se
essas erupções estão relacionadas à composição do material nos
asteroides.
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