Leia este texto do nosso especialista em Ásia, Milton Pomar. Um aviso: a leitura é perturbadora. Mas essencial
A divulgação recente da Avaliação 2018 do Programa Internacional de Estudantes (PISA), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico,
realizado com estudantes de 15 anos de idade, em 79 países, parece ter
surpreendido mais pelo primeiro lugar da China, do que pela permanência
do Brasil entre os últimos (desde quando iniciou o PISA, em 2000), de
acordo com o publicado sobre o assunto. O assustador é que essa
distância entre o desenvolvimento do Brasil e o dos países asiáticos,
China à frente, é confirmada por vários indicadores, que expressam os
resultados dos investimentos – e cortes em investimentos, no caso do
Brasil – realizados em Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Desenvolvimento que se traduz não apenas nos PIBs de muitos trilhões de dólares da China, Japão, Índia, Coreia do Sul etc, e nos trilhões de dólares obtidos com exportações desses países – principalmente na tecnologia presente no que vendem: 18% do total comercializado no mundo em 2018 foram produtos de alta tecnologia, segundo o estudo “World Development Indicators” do Banco Mundial. Nesse estudo recente, o desempenho por regiões não deixa margem para dúvidas de quem está muito à frente: Leste e o Sul da Ásia, 39,7% das exportações mundiais de produtos de alta tecnologia em 2018; a Europa e a Ásia Central, 15,4%; a América do Norte, 15,7%; a América Latina, 14,3%; e o Norte da África e Oriente Médio, 8%. Outro parâmetro tecnológico significativo é o acesso ao 5G nos anos 2020: segundo previsão da Ericsson, até 2025, mais de 70% das unidades ficarão na Ásia.
Dois registros, proporcionados pela Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) dizem muito sobre o que estamos analisando aqui: em 1994, em um raio-x sobre o desempenho de estudantes em relação à economia de cada país, o Brasil apareceu em último, entre mais de 100 nações analisadas, e a China em primeiro lugar; e em 2017, na relação dos maiores investidores em Pesquisa & Desenvolvimento do mundo, os países asiáticos lideram, logo atrás dos Estados Unidos (US$ 543 bilhões): China (US$ 496 bilhões), Japão (US$ 176 bilhões), Alemanha (US$ 127 bilhões), Coreia (US$ 90 bilhões), França (US$ 63 bilhões), Índia (US$ 50 bilhões), Reino Unido (US$ 47,8 bilhões), Rússia (US$ 42,3 bilhões) e Brasil (US$ 39,9 bilhões).
Enquanto a China avança em todas as áreas, em algumas o Brasil consegue regredir, a exemplo da Inovação: no ranking do Índice Mundial 2019, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, de 2018 para 2019, a China passou do 17º lugar para o 14º, e o Brasil recuou, do 64º para o 66º. No caso das patentes triádicas (registradas simultaneamente na Europa, Japão e EUA), a progressão dos dois países, publicada no Factbook 2014 da OCDE, também é muito distinta: a China saiu do 22º lugar, em 1999, para o 14º em 2006, e o 7º em 2011, e o Brasil do 27º, para o 26º, e o 25º. Outra área na qual a Ásia se distanciou bastante do Brasil é a de estudantes nos Estados Unidos: em 2018/2019, havia no país 369 mil da China, 202 mil da Índia, 52 mil da Coreia do Sul e menos de 30 mil do Brasil.
Mas a que realmente mais revela sobre o futuro do Brasil, em contraste com o da China, é a pesquisa da Varkey Foundation, realizada em 35 países, e divulgada há um ano, sobre o respeito a quem trabalha na Educação. Nela, novamente o Brasil e a China estão em polos opostos: é no outro lado do mundo que os professores são mais respeitados, e é aqui que eles são menos respeitados. E a falta de respeito se traduz, de acordo com a pesquisa, em baixos salários, más condições de trabalho, e em desestímulo dos jovens com a profissão de ensinar, comprometendo assim a qualidade do ensino atual e futura.
Esse é o estado da arte, às vésperas dos anos 2020. Caminhando célere para o seu “Made in China 2025”, para a consolidação do “Belt and Road Initiative” e inovando com o recém-lançado “Revitalizar o Rural”, o desenvolvimento educacional, científico, tecnológico e em inovação da China – e de outros países asiáticos – se distanciam de tal forma do nosso que obrigatoriamente nos levam a refletir sobre o futuro do Brasil.
Desenvolvimento que se traduz não apenas nos PIBs de muitos trilhões de dólares da China, Japão, Índia, Coreia do Sul etc, e nos trilhões de dólares obtidos com exportações desses países – principalmente na tecnologia presente no que vendem: 18% do total comercializado no mundo em 2018 foram produtos de alta tecnologia, segundo o estudo “World Development Indicators” do Banco Mundial. Nesse estudo recente, o desempenho por regiões não deixa margem para dúvidas de quem está muito à frente: Leste e o Sul da Ásia, 39,7% das exportações mundiais de produtos de alta tecnologia em 2018; a Europa e a Ásia Central, 15,4%; a América do Norte, 15,7%; a América Latina, 14,3%; e o Norte da África e Oriente Médio, 8%. Outro parâmetro tecnológico significativo é o acesso ao 5G nos anos 2020: segundo previsão da Ericsson, até 2025, mais de 70% das unidades ficarão na Ásia.
Dois registros, proporcionados pela Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco) dizem muito sobre o que estamos analisando aqui: em 1994, em um raio-x sobre o desempenho de estudantes em relação à economia de cada país, o Brasil apareceu em último, entre mais de 100 nações analisadas, e a China em primeiro lugar; e em 2017, na relação dos maiores investidores em Pesquisa & Desenvolvimento do mundo, os países asiáticos lideram, logo atrás dos Estados Unidos (US$ 543 bilhões): China (US$ 496 bilhões), Japão (US$ 176 bilhões), Alemanha (US$ 127 bilhões), Coreia (US$ 90 bilhões), França (US$ 63 bilhões), Índia (US$ 50 bilhões), Reino Unido (US$ 47,8 bilhões), Rússia (US$ 42,3 bilhões) e Brasil (US$ 39,9 bilhões).
Enquanto a China avança em todas as áreas, em algumas o Brasil consegue regredir, a exemplo da Inovação: no ranking do Índice Mundial 2019, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, de 2018 para 2019, a China passou do 17º lugar para o 14º, e o Brasil recuou, do 64º para o 66º. No caso das patentes triádicas (registradas simultaneamente na Europa, Japão e EUA), a progressão dos dois países, publicada no Factbook 2014 da OCDE, também é muito distinta: a China saiu do 22º lugar, em 1999, para o 14º em 2006, e o 7º em 2011, e o Brasil do 27º, para o 26º, e o 25º. Outra área na qual a Ásia se distanciou bastante do Brasil é a de estudantes nos Estados Unidos: em 2018/2019, havia no país 369 mil da China, 202 mil da Índia, 52 mil da Coreia do Sul e menos de 30 mil do Brasil.
Mas a que realmente mais revela sobre o futuro do Brasil, em contraste com o da China, é a pesquisa da Varkey Foundation, realizada em 35 países, e divulgada há um ano, sobre o respeito a quem trabalha na Educação. Nela, novamente o Brasil e a China estão em polos opostos: é no outro lado do mundo que os professores são mais respeitados, e é aqui que eles são menos respeitados. E a falta de respeito se traduz, de acordo com a pesquisa, em baixos salários, más condições de trabalho, e em desestímulo dos jovens com a profissão de ensinar, comprometendo assim a qualidade do ensino atual e futura.
Esse é o estado da arte, às vésperas dos anos 2020. Caminhando célere para o seu “Made in China 2025”, para a consolidação do “Belt and Road Initiative” e inovando com o recém-lançado “Revitalizar o Rural”, o desenvolvimento educacional, científico, tecnológico e em inovação da China – e de outros países asiáticos – se distanciam de tal forma do nosso que obrigatoriamente nos levam a refletir sobre o futuro do Brasil.
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