domingo, 29 de dezembro de 2019

CÃO não abandona seu dono que vive em situação de rua e dorme abraçado com ele

4min. de leitura


Você tem alguma história especial com o seu cão que lhe mostrou o quanto o ama e é leal a você? Provavelmente todos nós temos.

A amizade dos cães é celebrada por pessoas do mundo inteiro. Eles são um dos maiores exemplos de que humanos e animais podem se dar e crescer mutuamente, num ambiente de amor e reciprocidade.
Os cães são muito amados e valorizados por nós, porque são verdadeiros companheiros, não se importam com luxos ou riquezas, apenas querem estar ao nosso lado e compartilhar a vida conosco. O máximo que nos pedem é carinho e alimento, e a sua pureza encanta o nosso coração.
Uma foto que viralizou nas redes sociais transmite melhor do que qualquer palavra o amor e o companheirismo dos cães. Um morador de rua, que vive em extrema vulnerabilidade e dependência de outras pessoas, estava deitado, dormindo na rua, com o seu cachorro do lado.


Certamente o vínculo desse homem com o seu cão é único. Apesar de não poder oferecer-lhe tudo de que gostaria, ele pode oferecer a sua companhia e o pouco que tem, e em troca recebe tudo o que há de mais valoroso no mundo: amor incondicional, empatia e companheirismo.
Esse homem, que com certeza é ignorado por muitas pessoa que só enxergam a sua condição física e social, é visto como o mundo de seu cãozinho, que está ao seu lado disposto a fazer-lhe companhia, sem se importar com status ou um bom lugar para viver.

A amizade que vem do cão certamente ajuda esse homem a ganhar forças, superar os julgamentos e os olhares maldosos, e lhe traz esperança. O laço que os une vai muito além do material, é uma conexão de alma, e o amor faz com que eles sempre avancem, dia após dia.
Todos nós precisamos de amor, cuidado e carinho. Não importa onde vivamos ou quanto dinheiro tenhamos, todos podemos ser transformados pelo poder da amizade e, muitas vezes, os animais são os nossos melhores exemplos de lealdade.
Essa imagem tem uma força muito grande, ela mostra que, mesmo nas situações mais adversas, podemos ter força para seguir caminhando quando temos ao lado um companheiro fiel, que faz questão de mostrar-nos que nos ama e está ao nosso lado em todos os momentos.

Esse homem pode ser pobre, não ter dinheiro, mas tem uma das maiores riquezas da vida: a amizade de um cão, e esse amor pode ajudá-lo a recomeçar sua história.

Que todos nós aprendamos, a cada dia, a ser como os cães, e valorizemos os nossos relacionamentos, não por interesse, mas por amor e companheirismo.
Linda história, não é mesmo? Se você também se emocionou e conhece por si mesmo a lealdade dos cães, deixe um comentário abaixo e compartilhe o texto em suas redes sociais!

Texto escrito com exclusividade para o site O Segredo. É proibida a divulgação deste material em páginas comerciais, seja em forma de texto, vídeo ou imagem, mesmo com os devidos créditos. Direitos autorais das imagens utilizadas no texto: reprodução.



As MENTIRAS que a direita britânica (conservadores) usou para vencer as eleições em 2019


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Conservador venceu após uma campanha repleta de falsidades e gafes, algo que tornou habitual até mesmo na democracia mais antiga do mundo. Pode o jornalismo rigoroso nos proteger da mentira?

No último dia 13, após a vitória dos conservadores, o primeiro-ministro Boris Johnson proclamou que um “terremoto” político deixava o caminho aberto para o Brexit.
No último dia 13, após a vitória dos conservadores, o primeiro-ministro Boris Johnson proclamou que um “terremoto” político deixava o caminho aberto para o Brexit.Daniel Leal-Olivas (AFP / Getty Images)   
A campanha eleitoral de Boris Johnson e do Partido Conservador no Reino Unido revela como será a nova normalidade política. E não é nada bonita. Apesar de chegarem às eleições com uma vantagem de 12 pontos percentuais, um orçamento mais alto e tendo como rival o Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn, o líder da oposição mais impopular desde que as pesquisas surgiram, Johnson e os conservadores recorreram com excessiva frequência a práticas de campanha enganosas e declarações falsas, tratando de evitar o jornalismo independente. Não é um fato isolado, mas um exemplo de como se configuram as campanhas eleitorais de um partido político convencional da classe dominante que governa em uma democracia liberal antiga. O que ocorreu no Reino Unido pode ocorrer em qualquer parte.
Uma pequena seleção de episódios da campanha ilustra o problema.
Comecemos com práticas eleitorais enganosas. Um vídeo publicado na conta oficial do Twitter do Partido Conservador foi manipulado para insinuar que o trabalhista Keith Starmer era incapaz de responder a uma pergunta simples sobre o Brexit. Durante um debate pela TV entre Johnson e Corbyn, outra conta do Partido Conservador foi rebatizada de FactcheckUK [verificador de fatos Reino Unido], uma jogada que o próprio Twitter considerou como uma tentativa de confundir a opinião pública. Talvez de maneira ainda mais perniciosa ― porque é mais difícil de detectar ―, quase 90% dos anúncios publicitários que o partido começou a publicar no Facebook no começo de dezembro já tinham sido tachados como enganosos ou falsos pelo Full Fact, um verificador de dados independente.
O ministro conservador de Relações Exteriores, Dominic Raab, rejeitou as críticas ao FactcheckUK, respondendo à BBC que “ninguém está nem aí para o toma-lá-dá-cá das redes sociais”. Mas está claro que essa não é a opinião da sede central conservadora, cujos estrategistas de campanha se deleitam com a atenção gerada por essas polêmicas. Um deles declarava ao The Financial Times: “O vídeo de Starmer teve três milhões de visitas, acertou em cheio. Pôs sobre a mesa a essência da mensagem”. Claramente, muitos desses incidentes foram maquinados deliberadamente para reforçar a mensagem eleitoral ou distrair a atenção de outros debates.
Mas as declarações falsas não se limitam ao ruído das redes sociais.
Vejamos o assunto que tem definido a política e as eleições britânicas: o Brexit. Com sua promessa constante de torná-lo realidade, poderíamos pensar que o primeiro-ministro explicaria com clareza o que ele vai significar. Mas nos enganamos. Durante uma reunião com empresários na Irlanda do Norte, Johnson afirmou que “não haverá papelada, controles nem barreiras de nenhum tipo” depois do Brexit, e que as empresas norte-irlandesas poderão “acessar sem restrições” a exportação de produtos para a Grã-Bretanha. Entretanto, a avaliação oficial que seu Governo faz do Acordo de Retirada negociado com a União Europeia contradiz estas afirmações.
Em 21 de novembro, o Partido Conservador proibiu que o jornal ‘Daily Mirror’, de tendência esquerdista, tivesse acesso ao seu ônibus eleitoral.
Em 21 de novembro, o Partido Conservador proibiu que o jornal ‘Daily Mirror’, de tendência esquerdista, tivesse acesso ao seu ônibus eleitoral. DANIEL SORABJI ((AFP/GETTY))
Ou consideremos a questão das ameaças externas à integridade da democracia britânica. Em um comício organizado em Teesside, um membro do público perguntou a Johnson por que o Governo está retendo o dossiê preparado pela comissão parlamentar de inteligência e segurança sobre a ingerência russa nas eleições e referendos do Reino Unido. O primeiro-ministro respondeu: “Que eu tenha visto, não há absolutamente nenhuma prova de ingerência russa nos processos democráticos britânicos”. Mas, como assinalava a verificação de dados feita pelo Channel 4, em 2017, quando era ministro de Relações Exteriores, Johnson desafiou seu homólogo russo, Serguei Lavrov, fazendo essa mesma afirmação, e salientando: “É muito importante que vocês reconheçam […] os esforços russos de se intrometerem nas nossas eleições, no nosso referendo”. Parece que isso já não é tão importante.
Também são numerosas as tentativas de evitar o escrutínio independente dos jornalistas.
Johnson e seu Partido Conservador tinham pouco tempo para entrevistas de verdade a jornalistas de verdade, mas pareciam perfeitamente à vontade participando de práticas eleitorais enganosas nas redes sociais e em comícios. Por outro lado, confiavam em assessores e fontes anônimas para tentar guiar a cobertura informativa ou distrair a atenção de outros debates, como quando colaboradores conservadores afirmaram falsamente numa sessão informativa que um dos assessores do secretário de Saúde, Matt Hancock, tinha “levado um soco na cara”, dado pelo que eles denominaram de “um capanga” trabalhista, uma frase repetida nos títulos tanto por jornais de direita, como MailOnline, The Sun e The Express, quanto por destacados jornalistas políticos da BBC e ITV ― antes que aparecesse um vídeo demonstrando que na verdade esse assessor se chocou com o braço de um manifestante.
O primeiro-ministro e os membros de sua equipe eleitoral parecem menos cômodos com o escrutínio jornalístico. Em uma jogada qualificada pela Sociedade de Editores como “inquietante” e “inaceitável e incompatível com o princípio de liberdade dos meios de comunicação”, em 21 de novembro o Partido Conservador vetou no seu ônibus de campanha a presença do Daily Mirror, um jornal de esquerda que chega a mais de meio milhão de lares e cujo site é visitado por mais de 11 milhões de pessoas diariamente. Foi o único grande jornal nacional excluído da viagem. Johnson se negou igualmente a participar do debate do Channel 4 sobre o clima (foi substituído por uma escultura de gelo) e a ser entrevistado por Andrew Neil (jornalista da BBC que anteriormente havia entrevistado os líderes trabalhista e liberal democrata); agarrou e guardou no bolso o celular de um jornalista de televisão que tentou lhe mostrar a foto de um menino de quatro anos, Jack Williment-Barr, deitado no chão do hospital central de Leeds (uma notícia publicada inicialmente pelo Yorkshire Evening Post), e, finalmente, quando um repórter de televisão insistiu em entrevistá-lo na véspera das eleições, escondeu-se numa câmara frigorífica.
Quase 90% dos anúncios que o partido publicou no Facebook eram enganosos, segundo o verificador Full Fact
Esta é só uma pequena seleção das práticas eleitorais enganosas, das falsidades e das tentativas de evitar o escrutínio independente em que os conservadores incorreram durante estas eleições.
É importante ressaltar que não são os únicos. Tanto o Partido Trabalhista como o Liberal Democrata têm seus próprios problemas, como documentaram verificadores de dados e jornalistas independentes.
A diferença reside em que o Partido Conservador parece se basear mais em afirmações enganosas ou falsas que qualquer outra das principais agremiações; Boris Johnson contou mais mentiras que os candidatos rivais a primeiro-ministro e, o essencial, o Partido Conservador é um partido que governa faz tempo, e agora ganhou as eleições sobre a base de uma campanha eleitoral profundamente preocupante e corrosiva. Segundo a pesquisa que realizamos no Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, 55% dos cidadãos britânicos expressavam em 2018 a preocupação com a propaganda política em que se inventam ou falseiam dados para defender um programa determinado. Podemos só imaginar o que pensarão os cidadãos depois de eleições como estas.
Pode o jornalismo nos proteger desta nova normalidade política? Embora alguns meios de informação tenham repercutido as mensagens partidárias sem questioná-las, ou recorrido à falsa equivalência do morno “este disse isto/aquele disse aquilo”, os verificadores de dados e os jornalistas são também a principal razão graças à qual conhecemos as práticas eleitorais enganosas e as falsidades transmitidas por meios digitais nestas eleições. Só 42% dos cidadãos britânicos acredita que os meios de comunicação vigiam e fiscalizam o que os poderosos e as grandes empresas fazem. Mas, apesar de tudo, é exatamente isso o que muitos jornalistas continuam fazendo.
James Mitchinson, diretor editorial das publicações do JPI Media em Yorkshire que noticiaram o caso do menino Jack Williment-Barr no pronto-socorro, escreveu uma carta a um leitor que, apoiando-se em alegações anônimas de falsidade publicadas no Facebook e repercutidas por alguns especialistas, famosos e cidadãos comuns, questionava a veracidade da notícia. “Como é irresponsável ― e imprudente ― aceitar a palavra de uma pessoa e dá-la como certa”, dizia. “Verificamos imediatamente com o hospital a veracidade da notícia. Isto não é nada de mais, aliás, é jornalismo comum”. Verificadores de dados do Full Fact e de outras organizações comprovam incansavelmente as afirmações dos políticos. Imaginemos como seria o panorama sem estes jornalistas, que ou apuram a informação cotidiana que Mitchinson chama de “jornalismo comum”, ou empregam meios digitais para verificar dados em tempo real durante toda a campanha eleitoral.
Em última instância, o que importa aqui não é só que os conservadores ganhassem com uma vantagem de 11 pontos percentuais sobre os trabalhistas, aproximadamente a mesma que tinham quando as eleições foram convocadas, e com um percentual de votos que só superava em 1% o obtido por Theresa May em 2017. As consequências desta campanha eleitoral britânica deprimente, ruidosa e frequentemente enganosa vão muito além deste pequeno país insular com seu problema separatista e suas difíceis relações com vizinhos maiores. Se esse é o comportamento do Partido Conservador britânico com uma sólida vantagem nas pesquisas ― um dos partidos políticos com mais sucesso eleitoral em todo o mundo, e que opera em um país com um setor informativo plural, com uma elevada liberdade dos meios de comunicação e com uma história longa e ininterrupta de democracia parlamentar ―, o que podemos esperar de partidos que enfrentam campanhas eleitorais muito renhidas, menos comprometidos com as normas e regras do jogo habituais, ou que operam em países com instituições mais frágeis?
Não podemos agir como se as práticas eleitorais desse tipo fossem exclusivas de insurretos, populistas e candidatos irados e com poucas chances, como o esquerdista Movimento 5 Stelle na Itália, o direitista Alternative für Deutschland na Alemanha e Donald Trump nos Estados Unidos. As campanhas políticas se regem por regras formais e normas informais. As regras formais são as estabelecidas pelos Governos (no Reino Unido, do Partido Conservador) e, portanto, em última instância, por quem ganha as eleições (também o Partido Conservador). As normas informais se definem pelo que políticos e cidadãos consideram como condutas aceitáveis. Em todo mundo, as regras formais, em especial para as campanhas na Internet, continuam sendo brandas, e os ganhadores não têm interesse em torná-las mais rígidas. E os limites das normas informais estão se ampliando drasticamente, cada vez mais, a partir do seio do establishment político.
Se o Partido Conservador se comporta assim, o que podemos esperar em países com instituições mais frágeis?
Pode ser que Alexander Boris de Pfeffel Johnson tenha o cabelo desgrenhado, mas é uma figura da elite de pura cepa, educado em Eton e Oxford, um político de carreira que é membro do Parlamento há quase 20 anos, foi prefeito de Londres e ministro de Relações Exteriores, e agora é primeiro-ministro. O Partido Conservador que ele lidera é a própria definição de um partido convencional, e ele foi eleito líder desse partido por uma clara maioria tanto de parlamentares como de afiliados de base. O que quer que represente não é uma aberração, e sim o atual Partido Conservador. De forma consciente e sistemática, eles adotaram práticas eleitorais enganosas. E ganharam.
Tudo isto tem um preço, que é a erosão da confiança tanto nas instituições como nos indivíduos. A julgar pela pesquisa mais recente do Ipsos MORI, feita pouco antes das eleições, Johnson assumirá o cargo sendo o primeiro-ministro mais impopular em quase 40 anos, com uma taxa de aprovação líquida de -14 (outros mandatos desventurados começaram muito melhor: +16 de Gordon Brown e +35 de Theresa May). Mas outros partidos, no Reino Unido e em outros países, prestarão atenção na vitória dos conservadores, e o perigo está em que os imitem na crença de que isto também os ajudará a ganhar.
Nossa única esperança é que o jornalismo possa nos ajudar a nos proteger dos piores excessos desta nova normalidade política, porque quem ganha eleições deste modo não nos protegerá.

Os países bálticos, a grande 'LAVANDERIA' DE DINHEIRO russo na UE

Europol e outras organizações apontam a fragilidade dessas antigas repúblicas soviéticas após um escândalo que revelou a lavagem de mais de 200 bilhões de euros só na Estônia    


Dois operários retiram o cartaz do Danske Bank na filial de Tallin (Estônia), em 5 de outubro de 2019.
Dois operários retiram o cartaz do Danske Bank na filial de Tallin (Estônia), em 5 de outubro de 2019.Peti Kollanyi (Bloomberg)
Estônia, Letônia e Lituânia eram parte da União Soviética (URSS) até seu colapso, em 1991. Em seus portos atracavam submarinos soviéticos, suas florestas escondiam usinas nucleares, e em seus hotéis à beira do mar Báltico veraneava a cúpula do Partido Comunista. Treze anos depois, quando a decadência engolia tudo, estas três repúblicas passaram a integrar a União Europeia (UE). Com esta guinada para o Ocidente, afastaram-se do passado comunista, mas neste ano de 2019 a sombra da Rússia voltou a se estender sobre as repúblicas bálticas —especialmente a Estônia—, desta vez para transformá-las em cenário do maior caso já revelado de lavagem de dinheiro russo na Europa. Uma máquina que deu aparência legal a mais de 200 bilhões de euros (906 bilhões de reais) através de filiais de bancos nórdicos. “É imenso”, afirma Maira Martini, pesquisadora da ONG Transparência Internacional (TI), em uma conversa telefônica sobre o caso. A cifra representa mais de sete vezes o PIB da Estônia.
Uma fraude gigantesca que em 25 de setembro levou meia centena de policiais e voluntários a revirarem as florestas ao redor de Pirita, na periferia de Tallin, a capital estoniana. Eles buscavam um dos banqueiros mais relevantes do país (de 1,3 milhão de habitantes), desaparecido 48 horas antes. Aivar Rehe, de 56 anos, tinha saído dois dias antes de sua casa sem carteira nem celular. Nunca mais retornou, e naquela fria manhã de outono a polícia encontrou seu cadáver nas imediações de sua casa, sem sinais de violência. O fato —tratado como um suicídio, e sobre o qual as autoridades decidiram não abrir uma investigação— chocou o país e foi noticiado na mídia internacional. Por que tanta expectativa?
Rehe era o presidente da filial do banco dinamarquês Danske Bank na Estônia e virou uma peça fundamental, talvez a última, para lançar luz sobre o maior escândalo de lavagem de dinheiro russo na UE. “A filial [do Danske Bank] operava uma carteira enorme de cidadãos não residentes [estrangeiros] que realizavam um volume considerável de pagamentos”, afirma um relatório da TI de agosto de 2018, no qual estima em 35% os lucros da filial geradas majoritariamente por clientes russos apenas em 2012. “Isto deveria ter chamado a atenção das autoridades supervisoras”, mas “o banco nunca fez o trabalho de denunciar a origem suspeita das transações”, aponta Martini, autora do relatório.

A polícia busca o corpo de Rehe em 24 de setembro de 2019, na periferia de Tallin.
A polícia busca o corpo de Rehe em 24 de setembro de 2019, na periferia de Tallin.
Apesar das várias investigações da ONG centradas na corrupção, não houve levantamentos oficiais até 2018, ano em que o Danske Bank se viu obrigado a admitir que entre 2007 e 2015 foram feitas “transações suspeitas” para suas filiais na Estônia num valor total de 200 bilhões de euros. Uma quantia equivalente ao PIB da Nova Zelândia ou do Qatar. Rehe, numa entrevista meses antes de morrer, disse se sentir “responsável”, mas não chegou a ser indiciado. “O banco claramente não cumpriu sua responsabilidade. É decepcionante e inaceitável”, afirmou o presidente da instituição, Ole Andersen, em um comunicado de setembro de 2018. A entidade reconheceu também que “não há dúvida de que os problemas relacionados com a filial estoniana foram muito maiores do que o previsto”.
Diante dessa confissão por parte do Danske Bank, as autoridades estonianas e dinamarquesas (e inclusive as da UE e dos EUA) iniciaram suas próprias investigações, que provocaram a demissão do Thomas Borgen, então à frente da instituição com sede em Copenhague. Também renunciaram outros nove diretores. “Está claro que o Danske Bank não cumpriu sua responsabilidade no caso de uma possível lavagem de dinheiro na Estônia. Lamento profundamente o ocorrido”, afirmou o executivo em um sóbrio comunicado, no qual admitiu sua “responsabilidade” e afirmou ter a certeza de que “o correto” era pedir demissão. O banco perdeu a metade do seu valor de mercado em apenas um mês, entre fevereiro e março de 2018.

Aivar Rehe, diretor da filial estoniana do Danske Bank, em março de 2019.
Aivar Rehe, diretor da filial estoniana do Danske Bank, em março de 2019.
O Projeto de Denúncia da Corrupção e do Crime Organizado (OCCRP, na sigla em inglês), a organização que revelou o escândalo e que tem grande penetração no Leste Europeu, fez uma investigação que mostrou como o dinheiro entra nestas lavanderias “através de um conjunto de companhias-fantasmas criadas na Rússia, que existem só no papel e cuja propriedade não pode ser rastreada”. Como aqui não se aplica o sigilo bancário, as instituições “têm a obrigação de conhecer e identificar a procedência do dinheiro que entra em suas contas”, acrescenta Martini. No caso do Danske Bank, seus dirigentes em Tallin pareciam estar “cegos” e não transmitiram os indícios sobre a origem suspeita do dinheiro ao supervisor nacional, insiste. Contatado várias vezes, Kilvar Kessler, o supervisor bancário estoniano, recusou-se a falar com este jornal.
São quatro os bancos nórdicos envolvidos em casos de lavagem de dinheiro de procedência duvidosa nos países bálticos
A gigantesca bola de neve da lavagem de dinheiro foi crescendo até salpicar também a Suécia. Brigitte Bonnesen, presidenta do Swedbank, apresentou sua demissão há alguns meses por outro caso de lavagem de dinheiro russo nas suas filiais bálticas, estimado em 5,5 bilhões de euros (24,9 bilhões de reais), o que provocou uma desvalorização de 38% nas ações da entidade, segundo a Bloomberg. E em 27 de novembro outro banco sueco, o SEB Bank, admitiu em um relatório citado pela imprensa nórdica que em sua filial na Estônia lavou 26 bilhões de euros (117,8 bilhões de reais) entre 2005 e 2017. Por causa dos rumores que cercaram essa última investigação, as ações do SEB Bank caíram 10%. Junto ao Nordea, que soma cerca de 700 milhões de euros (3,17 bilhões de reais) supostamente lavados, já são quatro os bancos nórdicos utilizados como lavanderias de dinheiro russo de procedência duvidosa nos países bálticos.
“Alguns países na área do Báltico são muito vulneráveis à lavagem de dinheiro, especialmente procedente da Rússia”, advertia em um comunicado em janeiro passado Pedro Felicio, então especialista do Europol em lavagem de capitais. A pessoa que lidera agora as investigações da polícia europeia sobre esse tipo de delito não quis conceder entrevista ao EL PAÍS.
O passado soviético, a proximidade com a Rússia e o conhecimento difundido do idioma são as chaves para que os bálticos estejam na primeira linha da lavagem de dinheiro russo na Europa
Os especialistas concordam que o passado soviético destas repúblicas, sua proximidade geográfica —apenas 300 quilômetros separam Tallin de São Petersburgo—, o uso e conhecimento difundido do idioma russo (20% e 25% da população da Estônia e Letônia o falam, respectivamente) são algumas das chaves para que os países bálticos estejam na primeira linha da lavagem de dinheiro russo na Europa.
Outra chave é que a lavagem de dinheiro começou justamente nos anos posteriores à entrada destes países na UE, em 2004. Naquele momento, “os bálticos tinham menos experiência e uns sistemas de controle muito mais brandos que os demais membros da UE, e os fraudadores aproveitaram” durante mais de uma década, explica Martini. Era uma oportunidade para possíveis estelionatários ou delinquentes ligados à Rússia, que ainda tinha muita influência em nível político e econômico sobre as três repúblicas bálticas.
A Bloomberg estima que desde que se tornaram independentes da URSS, em 1991, 800 bilhões de euros foram lavados nas três repúblicas bálticas
O fluxo de dinheiro ilegal procedente da Rússia não é novo. A Bloomberg assinala no último número da sua publicação QuickTake (julho-dezembro 2019) que desde o colapso da URSS a quantia de dinheiro de “origem duvidosa” que saiu da Rússia chega a 800 bilhões de euros, um pouco menos que o PIB anual dos Países Baixos. Mas o uso de bancos nórdicos para lavar capital representa uma novidade para as autoridades da UE.
Embora ninguém tenha sido julgado ou preso até o momento, o escândalo chamou a atenção em Bruxelas e Frankfurt, sede do Banco Central Europeu, abrindo um debate sobre a necessidade de melhorar os controles para identificar e conter de maneira conjunta os crimes econômicos, especialmente a lavagem de dinheiro.
A UE não tem um órgão dedicado a detectar as fraudes. O que há é um supervisor centrado em manter a estabilidade dos bancos. Assim, quase toda a responsabilidade por possíveis fraudes recai sobre os supervisores bancários nacionais, o que dificulta investigações que exigem uma coordenação de vários países. Prova disso é que as autoridades dinamarquesas e estonianas continuam acusando-se mutuamente pelo escândalo, enquanto a investigação continua aberta.

Outros esquemas fraudulentos

Desde que entrou na UE e passou a se submeter a um controle mais rigoroso, a Letônia e a Lituânia também sofreram graves casos de lavagem de dinheiro russo através de seus bancos, ou de filiais de bancos estrangeiros em seu território. No caso da Lituânia, o esquema da fraude (conhecida como Troika Laundriomat) era parecido com o da Estônia, mas envolvia outras companhias intermediárias e também o dono do UKIO Bankas. “Agora ele está sendo perseguido pelas autoridades do país, mas segundo algumas informações jornalísticas encontra-se foragido na Rússia”, revela Maira Martini, especialista da Transparência Internacional. “O UKIO Bankas tinha uma maior carteira de clientes não residentes [estrangeiros] em comparação com seu tamanho”, afirma. Algo que é claramente suspeito.
Na Letônia, o esquema de lavagem de dinheiro era diferente do da Estônia porque quase sempre envolvia um cidadão ou uma empresa da Moldávia, segundo o OCCRP. “Muitos bancos não faziam seu trabalho [de averiguar a origem dos depósitos]. Mas parece que agora puseram ordem e reforçaram o sistema supervisor [da Lituânia]”, conclui Martini.

Torcidas ANTIFASCISTAS se multiplicam nas arquibancadas do futebol brasileiro

Desde que o presidente Jair Bolsonaro ganhou espaço na política, vários coletivos foram criados por torcedores de futebol com o objetivo de barrar o fascismo fora e dentro dos estádios

Torcida antifascista do Internacional de Porto Alegre.
Torcida antifascista do Internacional de Porto Alegre.Reprodução (Facebook/InterAntifascista)    
Desde o surgimento das primeiras organizações políticas antifascistas, que datam do período em que Benito Mussolini foi eleito primeiro-ministro da Itália em 1922, o fascismo e o posicionamento político de combate aos ideais de extrema direita caminham juntos. No futebol, a democracia corinthiana floresceu quando pedia mais direitos em tempos de ditadura, na mesma década em que os sindicatos trabalhistas ingleses compuseram parte do hooliganismo como forma de contestar as medidas autoritárias adotadas pela governante Margaret Thatcher. Era de se esperar que a ascensão e eleição de Jair Bolsonaro, político de discurso ultradireitista e de relação próxima com o futebol, motivasse também o crescimento de grupos de torcedores antifascistas nas arquibancadas brasileiras durante os últimos anos.
Há cerca de 60 torcidas de futebol antifascistas representando clubes brasileiros de todas as regiões, de acordo com pesquisa virtual feita pela reportagem. Elas não se consideram torcidas organizadas —algumas sequer conseguem estar presentes dentro do estádio—, mas são coletivos que usam seu clube de futebol com pano de fundo para trazer discussões políticas com um viés contra homofobia, racismo, machismo e capitalismo. Entre todo o escopo, nove clubes brasileiros tiveram os representantes antifascistas analisados: Internacional, Athletico Paranaense, Palmeiras, Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Santa Cruz, Paysandu e Ferroviário do Ceará.

Mais informações

Com exceção da Ultras Resistência Coral, torcida do Ferroviário, que foi criada em 2005 e ostenta o título de torcida antifascista mais antiga do Brasil, todos os outros movimentos foram fundados a partir de 2014, ano em que Bolsonaro foi eleito o deputado mais votado do Rio de Janeiro e já anunciou que seria candidato à Presidência no pleito seguinte. A maior torcida é a do Inter, com 115 integrantes, enquanto a menor, do Flu, disse ter oito. Uma média de 25% das torcidas é composta por mulheres, enquanto a média de idade dos membros fica em torno dos 28 anos. Os dados, levantados até o mês de setembro de 2019, são vistos como surpreendentes pelo antropólogo do esporte José Paulo Florenzano: “Trata-se de um agrupamento cuja experiência de vida permite combinar esporte e política de forma mais consciente. E também é um dado revelador de espaço conquistado pelas mulheres na arquibancada”, afirma o professor da PUC-SP, ressaltando que a representatividade feminina nesses agrupamentos é maior do que em outros núcleos das torcidas de futebol brasileiras.
A forma como as torcidas trazem a discussão antifascista varia conforme a realidade. Em Porto Alegre, os colorados da Inter Antifascista pressionaram a diretoria de seu time com manifestações por um ingresso mais barato, ação feita com o intuito de apoiar O Povo do Clube, um movimento institucional de torcedores do clube gaúcho que alcançou relevância dentro da política colorada e foi bem-sucedido nesta demanda. Graças à diminuição do preço, o coletivo antifascista consegue estar presente no setor mais popular do Beira-Rio, ao lado da Guarda Popular, uma das organizadas. “Quando queremos ficar juntos, nos reunimos no setor sem cadeiras, que só é acessível para nós porque nos mobilizamos”, conta o coletivo. Os gaúchos, assim como os outros movimentos, preferem não se identificarem. A escolha é motivada pelo receio em se expor para grupos que usem da violência para confrontar os antifascistas.
Fora do estádio, os torcedores do Inter realizam ações com movimentos negros, feministas e pelos direitos dos trabalhadores. Os torcedores participam dos protestos realizados pelo Quilombo Lemos, espaço urbano em Porto Alegre ocupado por negros que sofre ações de reintegração de posse movidas por um asilo franciscano vizinho. A atuação é semelhante à da Palmeiras Antifascista, que também se preocupa com a militância fora dos jogos e faz atividades nas regiões afastadas do centro de São Paulo para “plantar a semente do antifascismo", como um campeonato de futebol organizado no bairro do Grajaú recentemente junto com a Coringão Antifa, coletivo do maior rival. Dentro do estádio, os palmeirenses levam faixas em homenagem a Marielle Franco, aos jogadores negros da história do Palmeiras e contra a privatização do Pacaembu, pautas que evidenciam o combate ao machismo, racismo e mercantilização do futebol. “São formas de fazer um trabalho de base, porque colocar nome difícil e palavras de ordem não vai funcionar. Precisamos usar a mediação para convencer as pessoas”, afirma a torcida.
Palmeirenses também dizem confrontar torcedores nas arquibancadas quando avaliam que o comportamento é racista, machista ou homofóbico. A torcida, inclusive, surgiu em 2014 quando os idealizadores “começaram a sentir mais a presença de fascistas nas arquibancadas”, sendo o estopim da fundação uma discussão nas arquibancadas de um jogo do Palmeiras com um torcedor que vestia a camisa da Irriducibili, torcida do time italiano Lazio abertamente fascista.
Integrantes da Palmeiras Antifascista protestam contra a privatização do Pacaembu durante jogo do Palmeiras.
Integrantes da Palmeiras Antifascista protestam contra a privatização do Pacaembu durante jogo do Palmeiras.Reprodução (Facebook/palmeirasantifascista)
No Rio de Janeiro, Fluminense Antifascista e Esquerda Vascaína são duas referências entre as torcidas de futebol de esquerda. Os tricolores são os únicos entre os coletivos consultados que buscam uma aproximação com partidos políticos. “Não queremos ser partidarizados, mas não podemos ficar de fora do debate sobre clube-empresa ou preço do ingresso do Maracanã. Por isso o eixo burocrático é importantíssimo”, justificam os torcedores. No estádio São Januário, os vascaínos relatam ameaças vindas de parte da maior torcida organizada do clube, a Força Jovem, quando colaram adesivos em jogos do Vasco a favor do candidato Fernando Haddad durante o segundo turno das Eleições. Nenhuma agressão foi concretizada. A Esquerda Vascaína foi a única das torcidas que fechou apoio a outro candidato além do presidenciável petista no duelo contra Bolsonaro; no caso, eles também anunciaram voto em Tarcísio Motta, candidato vascaíno pelo PSOL ao Governo do Rio de Janeiro que acabou em terceiro lugar no primeiro turno. Ambas se juntaram nos protestos #EleNão, onde o objetivo era repudiar a candidatura de extrema-direita de Bolsonaro, durante o períodolo eleitoral de 2018.
Com o intuito de ter influência na política tricolor, a Flu Antifascista enviou no começo do ano uma carta ao atual presidente, Mário Bittencourt, exigindo um reforço do futebol feminino do clube e mais ações sociais vindas da instituição, além de outros compromissos. Os torcedores dizem que Bittencourt concordou com os pedidos escritos, mas que ainda “é cedo para avaliar”. A proximidade dos torcedores com o lado institucional do clube é algo desejável também pelos vascaínos, que buscam através dos sócios ter influência nas eleições para presidente e conselho do Vasco. No geral, os antifascistas possuem relações distantes e neutras com torcidas organizadas, marcadas por episódios específicos como o envolvendo Esquerda Vascaína e Força Jovem. A proximidade é muito maior entre as torcidas antifas, mesmo sendo de clubes rivais. “Antes de sermos palmeirenses, somos antifascistas”, resume um integrante da Palmeiras.
Como as datas de criação evidenciam, o fenômeno que envolve esses coletivos é recente e, por isso, a articulação vai pouco além dos limites geográficos e os torcedores não se mostram consolidados como torcidas de futebol ou coletivos políticos. “Para muita gente de fora, parece que não agimos porque não damos publicidade”, opinam os tricolores. Ainda assim, uma nota de repúdio ao Bolsonaro publicada no Facebook repercute mais do que ações das torcidas fora e dentro dos estádios, o que traz a ideia de que a militância está mais no campo virtual do que no real. “Temos as dificuldades em estar mais presentes fisicamente, por conta do ingresso, das burocracias e do receio do enfrentamento. Mas precisamos contornar isso e sair da bolha”, confessam palmeirenses. “É necessária uma frente nacional maior, do tamanho da tarefa que temos pela frente. Não vamos conseguir discutir tudo sozinhos”, explicam os representantes colorados, que também preferem não se identificar.

sábado, 28 de dezembro de 2019

Encontro de MENTES e CORPOS...

Se você gostou de uma mente, tem que obrigatoriamente aceitar o que vem junto: O CORPO

É um brinde... brinde com ele, ok?

Jesus veio nos libertar das religiões?

Logo depois surgiu uma Igreja misógina que continua tristemente viva dois mil anos mais tarde e pela qual o revolucionário papa Francisco luta para devolvê-la o sopro de liberdade


Pode parecer um paradoxo, mas existe um consenso entre o biblistas mais abertos de hoje em defender que o profeta judeu, Jesus de Nazaré, veio, mais do que criar uma nova religião das cinzas do velho judaísmo, para abolir todas as religiões consideradas por ele como amarras que impedem viver em plena liberdade de espírito nosso encontro com o mistério.
Ao ponto de que hoje é dado como certo que a chamada religião católica e cristã, com sua estrutura oficial, suas hierarquias e sua exclusão da mulher do altar, não foi fundada por Jesus. É mais uma elaboração teórica de Paulo de Tarso, que de primeiro perseguidor dos cristãos, aos que arrancava de suas casas para condená-los à morte por apedrejamento e depois dos judeus, se autoproclamou o teórico da teologia da cruz e do pecado.
Os fatos e a doutrina de Jesus em sua breve carreira de apóstolo itinerante que “não tinha onde deitar a cabeça”, casa e família fora do pequeno grupo de discípulos e de mulheres que o seguiram em suas andanças anunciando que um Novo Reino estava chegando, intrigaram importantes fariseus e intelectuais como Nicodemos que teve a curiosidade de se encontrar com o Mestre para saber em primeira pessoa qual era esse novo reino que anunciava. Pediu assim para se encontrar com ele, às escondidas, de noite. O diálogo entre ambos é conhecido e enigmático.
Jesus era um bom israelita que praticava a lei de Moisés, mas ainda dentro de sua fé foi um iconoclasta que já atacava preceitos chave do judaísmo como o respeito ao sábado. Jesus lhes dizia que o homem e suas necessidades estão acima de todas as leis. E provocava os discípulos a quebrar o preceito do sábado se era questão de salvar uma vida e de se alimentar quando se estava com fome.
Quando iniciou sua pregação, aquele profeta do impossível imediatamente deixou entender que recusava as disputas bizantinas entre os seguidores das religiões oficiais já que a verdadeira religião é a que tem o homem e suas exigências mais profundas como centro de todos os interesses e acima de todas as leis.
Jesus, em um gesto de protesto contra os que em nome de Deus exploravam a boa fé dos judeus simples que se endividavam para comprar os animais para sacrificá-los no altar de Deus, entrou na sacralidade do Templo de Jerusalém e começou a derrubar as mesas dos vendedores de animais aos sacrifícios. Jesus não foi diplomático. Após comparar o Templo sagrado com um “covil de ladrões” onde os mais pobres eram explorados, saiu de lá e pouco depois foi procurado no Monte das Oliveiras, onde se encontrava com seus discípulos. Foi levado a julgamento, condenado e crucificado.
Foram numerosos os gestos de protesto de Jesus contra os que instrumentalizavam a religião para enriquecer pessoalmente. E era taxativo com os que iniciavam uma disputa para provar que seu Deus era melhor do que o de seu vizinho. Uma manhã encontrou uma mulher samaritana na beirada de um poço. Começaram uma conversa que escandalizou os apóstolos ao verem ele, judeu, na rua, conversando sozinho com uma mulher. Os samaritanos eram considerados inimigos do judaísmo e tinham até seu templo para prestar culto a Deus. Jesus foi firme com ela fazendo-a ver que todas aquelas discussões eram inúteis. “Chegará o dia em que os crentes em Deus não oferecerão sacrifícios nesse templo e em qualquer outro. O farão em espírito e em verdade”, disse à mulher que já havia tido cinco maridos.
Foi lá que Jesus deu o primeiro golpe mortal contra os templos, igrejas e catedrais que erigiriam em seu nome. Para Jesus, o melhor templo para adorar e dar graças a Deus é o próprio coração, e a natureza como tal sem necessidade de se levantar templos e igrejas, menos ainda luxuosos e faraônicas. Exaltava a liberdade dos lírios do campo e dos pássaros do céu que não tinham que se preocupar em como se vestir e se alimentar. A natureza se encarregava disso. Eram metáforas que Jesus usava a favor da liberdade de espírito.
De fato, as primeiras comunidades cristãs que foram sendo criadas após a morte de Jesus sabiam muito bem que Deus era adorado em “espírito e em verdade”, em qualquer lugar, já que todo o universo é o grande templo de Deus. E assim as primeiras reuniões dos cristãos, pobres e ricos juntos, que colocavam sobre a mesa o pouco ou muito que tinham, eram suas próprias casas, principalmente as das mulheres que no primeiro século do cristianismo eram as principais líderes do novo movimento revolucionário.

Não seja movido a DINHEIRO: seja movido a AMOR

O dinheiro atrai COBIÇA... o amor atrai RESPEITO: Respeite-se, ame-se, meu caro!

Não gosto de ATEUS e CRENTES ALIENADOS..

...................................... ENSOBERBAMENTO x IGNORÂNCIA...................................

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Por que muitos enfoques INFANTIS neste blog?

Você deve estar pensando: este cara é a favor da proibição do aborto, não é mesmo?
Ora, muitíssimo longe disso, apenas quero chamar a atenção para a importância redobrada de se cuidar dos aspectos iniciais de uma vida: o BÁSICO sempre será mais importante do que o DERIVADO. Assim, equilibrando o início fatalmente se atingirá o equilíbrio no meio e no final.
Finalmente, quanto à questão específica do aborto, só pessoas idiotas ou representantes dos interesses dos ricos podem ser contrárias à disponibilização de um instrumento de EMERGÊNCIA que, no final das contas, garantirá a vida... mas não uma vida qualquer... mas a vida PUJANTE, COMPLETA, PLENA, FELIZ: uma QUALIDADE e não uma quantidade apenas... um SUJEITO... e não apenas mais um número no mundo... e não apenas mais um SOFREDOR no mundo!!!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

A rima diz tudo...

O que há de novo na DESIGUALDADE ECONÔMICA?






Crise financeira de 2008 reanimou as denúncias contra o capitalismo




Moisés Naím, O Estado de S.Paulo
03 de junho de 2019 |

“Sou capitalista e até eu penso que o capitalismo está mal”, disse há pouco tempo Ray Dalio, fundador do Bridgewater, um dos maiores fundos privados investimento do mundo. Segundo a revista Forbes, Dalio é o número 60 da lista dos mais ricos do planeta. “Se o capitalismo não evoluir, vai desaparecer”, acrescentou. 
Jame Dimon é o chefe do gigantesco banco JPMorganChase e também anda preocupado com a saúde do capitalismo. Dimon, cujo salário anual no ano passado foi de US$ 30 milhões, afirma que “graças ao capitalismo, milhões de pessoas saíram da pobreza, mas isso não quer dizer que o capitalismo não tenha defeitos, que não esteja deixando muita gente para trás ou que não deva ser melhorado”. 
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Empresários, cujos interesses estão muito ligados ao capitalismo, o estão criticando tão ferozmente quanto os mais agressivos críticos da esquerda, mas ao contrário destes, querem consertá-lo
Empresários, cujos interesses estão muito ligados ao capitalismo, o estão criticando tão ferozmente quanto os mais agressivos críticos da esquerda, mas ao contrário destes, querem consertá-lo Foto: Don Emmert / AFP
Isso não é novo. As denúncias contra o capitalismo e a desigualdade que gera são mais velhas que Karl Marx. O novo é que os titãs da indústria, cujos interesses estão muito ligados ao capitalismo, o estão criticando tão ferozmente quanto os mais agressivos críticos da esquerda. Os empresários querem consertá-lo, enquanto os críticos mais radicais da esquerda querem substituí-lo.
Obviamente, os grandes empresários não são os únicos que fazem críticas ao capitalismo. Segundo pesquisa Gallup, a porcentagem de americanos entre 18 e 29 anos que têm uma opinião favorável do capitalismo caiu de 68% em 2010 para 45%, e hoje 51% dessa faixa têm uma opinião positiva do socialismo. Isso também é novidade. 
Essas preocupações também existem no mundo acadêmico. Paul Collier, por exemplo, é um renomado economista e professor da Universidade de Oxford e no ano passado publicou um livro intitulado O Futuro do Capitalismo. No livro ele adverte que “o capitalismo moderno tem o potencial de elevar todos a um nível de prosperidade sem precedentes, mas atualmente está em bancarrota moral e vai caminhando para uma tragédia”. 
As críticas ao capitalismo são muitas e variadas e a maioria é muito antiga. A mais comum é que o capitalismo condena as grandes massas à pobreza e concentra a riqueza nas mãos de uma pequena elite. 
Essa crítica havia se atenuado graças ao êxito que tiveram países como China, Índia e outros em reduzir a pobreza. Isso ocorreu em grande medida devido à adoção de politicas de liberalização econômica que estimularam o crescimento, o emprego e aumentaram a renda. Assim surgiu a maior classe média da história da humanidade, claramente um fato inédito. 
Mas a crise financeira de 2008 trouxe de volta as preocupações com a desigualdade e reanimou as denúncias contra o capitalismo. Enquanto para países como Brasil e África do Sul a desigualdade econômica havia sido a regra, para outros significava o retorno a uma dolorosa realidade que se acreditava superada. Vários países europeus e os Estados Unidos se uniram ao grupo de nações que viram aumentar a desigualdade entre seus habitantes. 
Com as recentes erupções de populismo e instabilidade política generalizou-se a ideia de que é urgente reduzir a desigualdade econômica. Mas a concordância sobre a necessidade de intervir não veio acompanhada de uma concordância sobre como fazer isso. A falta de consenso quanto ao que fazer tem muito a ver com diferenças de opinião acerca dessa desigualdade. 
Para Donald Trump, não há dúvida: as importações da China e os imigrantes ilegais são a causa do sofrimento econômico dos americanos que deixaram de se beneficiar com o sonho americano. Isso não é verdade. Todos os estudos mostram que as novas tecnologias que destroem postos de trabalho e mantêm baixos os salários são uma importante causa de desigualdade. Uma variante dessa teoria é que um crescente número de setores industriais está dominado por um pequeno número de empresas bem-sucedidas e de grande tamanho cujas estratégias de negócios inibe o aumento de salários e o crescimento econômico. 
Nos Estados Unidos, com frequência se assinala o peso econômico desproporcional, e a consequente influência política, que adquiriram o setor financeiro e o de saúde. Para os economistas da Escola de Paris, “a desigualdade econômica é principalmente causada pela desigual propriedade do capital tanto privado quanto público”.
Essas generalizações são enganadoras. As causas do aumento da desigualdade na Índia são diferentes das dos Estados Unidos e as da Rússia são diferentes das do Chile ou da China. Em alguns países, a causa mais importante da desigualdade é a corrupção; em outros, não. 
É possível também que estejamos pensando em batalhas do século passado e que os novos desafios requeiram novas ideias. O impacto da inteligência artificial na desigualdade ainda é incerto, mas tudo indica que será enorme. E essa novidade pode tornar obsoletas todas nossas ideias sobre as causas da desigualdade e suas consequências. Tudo será novo. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ
* MOISÉS NAÍM É ESCRITOR VENEZUELANO E MEMBRO DO CARNEGIE ENDOWMENT EM WASHINGTON 

Os deserdados do capitalismo são a base social do AUTORITARISMO

Mais de 1,2 milhão de pessoas se mobilizaram nas ruas de Santiago (Foto: Carlos Figueroa)
Mais de 1,2 milhão de pessoas se mobilizaram nas ruas de Santiago (Foto: Carlos Figueroa)

O quadro comum da crise democrática é marcado pelo esvaziamento da democracia representativa

Nos momentos de crise, e na antessala das rupturas históricas, setores ponderáveis das grandes massas desorganizadas e da chamada classe média tendem a procurar porto seguro para sua insegurança. O medo diante das dúvidas relativas ao futuro, quando o presente começa a ruir sob seus pés, estimula o apelo ao conservadorismo que lhes chega pelas mais diversas vias, todas elas conduzindo ao retrocesso político. Não é outra a lição das primeiras décadas do século passado. A violência da sociedade de classes que mais atinge as populações das periferias urbanas, ceifando jovens pobres, em sua maioria negros, extrai dessas massas desamparadas o que elas carregam de mais retrógrado. Os banidos pelo neoliberalismo, arcaísmo que no entanto prevalece entre nós, dão corpo e alma às forças do atraso e do autoritarismo, na busca da fantasia da segurança. Os deserdados do capitalismo são a base social do autoritarismo, e assim se dão as mãos oprimidos e opressores, pois o autoritarismo é o instrumento mediante o qual, na crise, a classe dominante conserva o poder.
As circunstâncias brasileiras pouco têm de especificidade, inserindo-se no quadro geral de retrocesso político que domina as democracias ocidentais, cujos espaços institucionais não são mais suficientes para a representação dos conflitos, que crescem na medida em que mais se afirmam as políticas neoliberais que, celeremente, vão derrogando o Estado do bem-estar engendrado pela social-democracia europeia para fazer face aos avanços do socialismo no pós 2ª Guerra Mundial.
O quadro comum da crise democrática é marcado pelo esvaziamento da democracia representativa, com o declínio dos direitos políticos e das liberdades civis e a crise de legitimidade das instituições republicanas ocidentais. Causa e efeito ao mesmo tempo, destaca-se a falência dos partidos políticos, os quais, na sua grande maioria, em quase todo o mundo e entre nós, foram reduzidos ao simples papel de siglas sem capacidade de mobilização social significativa.
Os fatos recentes, as verdadeiras irrupções sociais que unem, na revolta, o velho continente e a América do Sul – França, Espanha (e de certa forma o Reino Unido do Brexit) ao lado de Colômbia, Equador, Chile e Bolívia – desconheceram os partidos políticos, à esquerda e à direita, e não produziram novas lideranças populares, nem mesmo lideranças empresariais, políticas ou religiosas, pondo em questão a sustentabilidade de suas conquistas.

Boris Johnson, o vitorioso premier britânico, é descrito pela The Economist como chefe do “governo mais impopular já registrado”, mas seu oponente, o líder trabalhista Jeremy Corbyn, é apontado, na mesma matéria, como o “líder mais impopular da oposição”, chefiando um partido trabalhista “cada vez mais sem identificação com os trabalhadores”.
A quase falência da ordem partidária – nesse sentido as eleições brasileiras de 2018 oferecem um bom campo de estudo – não é, porém, um fato isolado, pois é preciso considerar a retração das instituições da sociedade civil, o recuo do movimento social e de suas organizações, e, certamente o quadro mais preocupante, a crise de representação, responsável pela anomia do movimento sindical brasileiro.
Entre nós, e em quase todo o mundo, a crise da representação tem funcionado como trampolim para o avanço das ações, das políticas e do pensamento de direita e de extrema-direita, galvanizando governos e avançando sobre segmentos populares tradicionais na sustentação do discurso trabalhista e de esquerda de um modo geral.
Hoje, na Europa, são reconhecidos como de direita ou extrema-direita os governos da França, da Inglaterra, da Hungria, da Polônia, da Áustria e de quase todos os Estados do antigo Leste europeu. O gabinete conservador de Angela Merkel, em final de vigência, pode ser substituído por um governo de extrema-direita, e Itália e Espanha (esta às voltas com os pleitos separatistas) vivem frágil equilíbrio após a derrota da direita nas últimas eleições parlamentares. De direita é o governo da maior potência do mundo e na direita, qualquer que seja o resultado das eleições, permanecerá o governo de Israel, enclave dos EUA no Oriente.
Dado precioso na recente e acachapante derrota do Partido Trabalhista inglês – o pior desempenho desde 1935! – é o avanço dos conservadores sobre a classe operária e redutos tradicionais da esquerda inglesa, refazendo os passos da vitória de Donald Trump ao garimpar votos em colégios democratas. Esse movimento, aliás, já havia sido a base das vitórias de Ronald Reagan e Margareth Tatcher. A propósito, deve-se a Steve Bannon, um dos mentores do bolsonarismo, a afirmação segundo a qual o trumpismo transformou “o Partido Republicano num partido da classe trabalhadora” americana.
Para uma ilustração doméstica, lembremos a eleição de Bolsonaro, para a qual foi decisiva a conquista de setores consideráveis da classe média e das grandes massas, setores que, em sua maioria, ainda o acompanham no apoio ao governo.

O desafio com o qual o processo histórico põe em xeque os partidos se aplica de forma ainda mais contundente para a ordem sindical. O fim da fábrica moderna e a introdução da robótica e de outras conquistas da tecnologia no processo produtivo, liberando a mão de obra (processo crescente e inevitável), reduzem a massa trabalhadora e por consequência a força política e estratégica dos sindicatos. Este é o preço arguido pela modernidade. Mas, de outra parte, agravando a crise sindical, o arcaísmo do neoliberalismo, de par com o desemprego massivo, libera um novo lupemproletariado, ou subproletariado, um precariado formando exércitos de reserva, trabalhadores “por conta própria” sem vínculo empregatício, sem vida sindical, trabalhadores de aplicativos, uberistas e similares, determinando, de uma forma ou de outra, a expansão do número de trabalhadores atuando na informalidade, o que significa menos trabalhadores em fábricas e empresas e escritórios e mais trabalhadores nas ruas, mais motoristas autônomos, mais ambulantes, mais entregadores em motocicletas, bicicletas e patinetes. Ou seja, um exército disperso nas cidades, sem tradição de vínculo sindical ou associativo.
Entre nós a crise do sindicalismo foi agravada, ao lado de outros fatores estruturais e políticos adstritos à vida sindical, pela reforma trabalhista e pelo fim da contribuição sindical, e poderá ser ainda mais atacada se o governo conseguir, como pretende, pôr fim à unicidade sindical.
O fato objetivo é que, apenas a um ano das reformas, nada menos do que 1,552 milhão de trabalhadores deixaram de ser sindicalizados, como revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do IBGE. A taxa de sindicalizados é de 12,5% do total de trabalhadores brasileiros (92,333 milhões), o menor indicador desde 2012, quando teve início a série histórica.
A tendência, em curso, na vigência da globalização capitalista e do neoliberalismo, é a precarização das condições de trabalho, desafiando partidos e sindicatos, o que passa a exigir das lideranças políticas e sindicais a invenção de novas formas de organização e de ação política, que requer a participação da cidadania nas mais diversas frentes de luta, a começar pela resistência ao bolsonarismo em suas diversas expressões, seja o autoritarismo político, seja o projeto neoliberal de desconstrução do Estado nacional.
Isso implica compreender que o país mudou – e mudou a correlação de forças – e que precisamos mudar para poder acompanhar, na vanguarda, o processo histórico.
Leia mais em www.ramaral.org

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

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Cientista político, ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB. Autor de "Socialismo, Morte e Ressurreição" (Editora Vozes).