Rochas podem ajudar na luta contra o aquecimento global
Geólogo da Universidade Columbia passou mais de 20 anos estudando rochas de Omã
Henry Fountain,
The New York Times
08 Maio 2018 | 10h15
08 Maio 2018 | 10h15
IBRA, OMÃ- Neste
canto da Península Arábica, os picos escarpados são mais do que um
simples cenário. Algumas dessas rochas trabalham duro, reagindo
naturalmente com o dióxido de carbono da atmosfera e transformando o
elemento em pedra.
Veias de minerais de carbonato branco correm através de lajes de rocha escura, como a gordura que margeia um bife. Cientistas afirmam que, se fosse possível dominar este fenômeno natural, chamado de mineralização de carbono, acelerando-o e aplicando-o com baixo custo e em larga escala, isso poderia ajudar a combater as mudanças climáticas. As rochas poderiam remover da atmosfera bilhões de toneladas do dióxido de carbono - que concentra calor - emitidas pela humanidade desde o início da Era Industrial.
Esse processo garantiria que o gás ficasse fora da atmosfera definitivamente. “Minerais carbonatados sólidos não circulam pelo ar”, afirmou Peter B. Kelemen, geólogo do Observatório Geológico Lamont-Doherty, da Universidade Columbia, em Nova York, que tem estudado essas rochas.
A captura e o armazenamento do dióxido de carbono têm atraído um crescente interesse. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que a aplicação desse tipo de tecnologia é essencial para combater o aquecimento global. Mas há atualmente menos de 20 projetos em larga escala desse tipo em operação ao redor do mundo - e eles evitam emissões de CO2 em processos industriais. O que Kelemen e outros têm em mente é retirar da atmosfera o dióxido de carbono que já foi emitido, com a intenção de estabilizar ou reverter a crescente concentração de CO2 no ar.
Muitos pesquisadores descartam a possibilidade de capturar o elemento diretamente na atmosfera, pois consideram isso impraticável.
Mas, na Islândia, uma empresa de energia está injetando
pequenas quantidades de dióxido de carbono em rochas vulcânicas,
mineralizando o elemento. Pesquisadores holandeses sugeriram que rochas
esmagadas poderiam ser espalhadas ao longo de costas marítimas para
capturar CO2. E cientistas no Canadá e na África do Sul estão estudando
maneiras de utilizar dejetos de mineração para essa mesma função. “Não
há dúvida que teremos de remover dióxido de carbono da atmosfera”,
afirmou Roger Aines, que desenvolve tecnologias de manejo de carbono no
Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia.
Há poucos lugares no mundo mais adequados para esse estudo do que Omã. As formações rochosas por aqui são constituídas grandemente de uma rocha chamada peridotito, que se forma normalmente quilômetros abaixo da superfície terrestre.
Quando as rochas são expostas ao ar ou à água, afirmou Kelemen, elas funcionam como uma bateria gigante, com grande potencial químico. Ele disse que as rochas daqui são tão grandes que, se fosse possível utilizá-las plenamente, elas poderiam armazenar o equivalente a centenas de anos de emissões de CO2.
Ele afirmou que, de maneira mais realista, Omã poderia armazenar anualmente pelo menos 1 bilhão de toneladas de CO2 (atualmente, as emissões mundiais de dióxido de carbono chegam a 40 bilhões de toneladas ao ano). Formações rochosas similares - e menores - ocorrem no Norte da Califórnia, em Papua-Nova Guiné e na Albânia.
Kelemen veio a Omã pela primeira vez nos anos 90. Ele havia reparado nos veios de carbono, mas pensou que deveriam ter milhões de anos. Em 2007, porém, ele datou os compostos de carbono. Quase todos tinham menos de 50 mil anos, o que indicou que o processo de mineralização ocorria muito mais rapidamente do que se pensava.
Desde então, ele tem estudado maneiras de dominar e reproduzir o processo. O desafio é realizá-lo muito mais rapidamente do que a natureza, em larga escala e sob um custo suficientemente baixo, para torná-lo acessível.
Talvez a maneira mais simples de utilizar as rochas seria moê-las e espalhá-las, para expô-las ao ar. Mas a operação necessária teria de ser feita em larga escala - e, além de ser caríssimo realizá-la, ela devastaria paisagens e produziria enormes emissões de CO2.
Então, alguns pesquisadores se perguntam: por que não utilizamos rochas que já foram extraídas e esmigalhadas para outras funções? Essas rochas são encontradas em grandes quantidades em operações de mineração de todo o mundo - nos dejetos restantes dos processos de extração mineral.
Gregory Dipple, pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, está trabalhando com várias empresas mineradoras, estudando maneiras de tornar o processo natural mais eficiente. O objetivo seria capturar ao menos CO2 o suficiente para neutralizar as emissões de uma mina.
Evelyn Mervine, que trabalha para a De Beers, a maior mineradora de diamantes do mundo, está estudando uma abordagem similar, e espera realizar testes no ano que vem.
“De uma perspectiva científica, não consideramos que isso seria difícil ou custoso: nós podemos neutralizar nossas emissões de carbono”, afirmou ela. “E, na indústria mineradora, isso é extraordinário.”
Veias de minerais de carbonato branco correm através de lajes de rocha escura, como a gordura que margeia um bife. Cientistas afirmam que, se fosse possível dominar este fenômeno natural, chamado de mineralização de carbono, acelerando-o e aplicando-o com baixo custo e em larga escala, isso poderia ajudar a combater as mudanças climáticas. As rochas poderiam remover da atmosfera bilhões de toneladas do dióxido de carbono - que concentra calor - emitidas pela humanidade desde o início da Era Industrial.
Esse processo garantiria que o gás ficasse fora da atmosfera definitivamente. “Minerais carbonatados sólidos não circulam pelo ar”, afirmou Peter B. Kelemen, geólogo do Observatório Geológico Lamont-Doherty, da Universidade Columbia, em Nova York, que tem estudado essas rochas.
A captura e o armazenamento do dióxido de carbono têm atraído um crescente interesse. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que a aplicação desse tipo de tecnologia é essencial para combater o aquecimento global. Mas há atualmente menos de 20 projetos em larga escala desse tipo em operação ao redor do mundo - e eles evitam emissões de CO2 em processos industriais. O que Kelemen e outros têm em mente é retirar da atmosfera o dióxido de carbono que já foi emitido, com a intenção de estabilizar ou reverter a crescente concentração de CO2 no ar.
Muitos pesquisadores descartam a possibilidade de capturar o elemento diretamente na atmosfera, pois consideram isso impraticável.
Há poucos lugares no mundo mais adequados para esse estudo do que Omã. As formações rochosas por aqui são constituídas grandemente de uma rocha chamada peridotito, que se forma normalmente quilômetros abaixo da superfície terrestre.
Quando as rochas são expostas ao ar ou à água, afirmou Kelemen, elas funcionam como uma bateria gigante, com grande potencial químico. Ele disse que as rochas daqui são tão grandes que, se fosse possível utilizá-las plenamente, elas poderiam armazenar o equivalente a centenas de anos de emissões de CO2.
Ele afirmou que, de maneira mais realista, Omã poderia armazenar anualmente pelo menos 1 bilhão de toneladas de CO2 (atualmente, as emissões mundiais de dióxido de carbono chegam a 40 bilhões de toneladas ao ano). Formações rochosas similares - e menores - ocorrem no Norte da Califórnia, em Papua-Nova Guiné e na Albânia.
Kelemen veio a Omã pela primeira vez nos anos 90. Ele havia reparado nos veios de carbono, mas pensou que deveriam ter milhões de anos. Em 2007, porém, ele datou os compostos de carbono. Quase todos tinham menos de 50 mil anos, o que indicou que o processo de mineralização ocorria muito mais rapidamente do que se pensava.
Desde então, ele tem estudado maneiras de dominar e reproduzir o processo. O desafio é realizá-lo muito mais rapidamente do que a natureza, em larga escala e sob um custo suficientemente baixo, para torná-lo acessível.
Talvez a maneira mais simples de utilizar as rochas seria moê-las e espalhá-las, para expô-las ao ar. Mas a operação necessária teria de ser feita em larga escala - e, além de ser caríssimo realizá-la, ela devastaria paisagens e produziria enormes emissões de CO2.
Então, alguns pesquisadores se perguntam: por que não utilizamos rochas que já foram extraídas e esmigalhadas para outras funções? Essas rochas são encontradas em grandes quantidades em operações de mineração de todo o mundo - nos dejetos restantes dos processos de extração mineral.
Gregory Dipple, pesquisador da Universidade da Colúmbia Britânica, está trabalhando com várias empresas mineradoras, estudando maneiras de tornar o processo natural mais eficiente. O objetivo seria capturar ao menos CO2 o suficiente para neutralizar as emissões de uma mina.
Evelyn Mervine, que trabalha para a De Beers, a maior mineradora de diamantes do mundo, está estudando uma abordagem similar, e espera realizar testes no ano que vem.
“De uma perspectiva científica, não consideramos que isso seria difícil ou custoso: nós podemos neutralizar nossas emissões de carbono”, afirmou ela. “E, na indústria mineradora, isso é extraordinário.”
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