Novo exame promete ser menos
invasivo e mais seguro do que os procedimentos disponíveis atualmente, além de
ter menor custo
Estima-se
que em 2018 mais de 68 mil novos casos de câncer de próstata deverão surgir,
segundo o Inca
Uma nova
técnica para detectar o câncer de próstata foi desenvolvida pela Universidade
de Dundee, na Escócia, e promete ser não invasiva e mais barata que os
procedimentos já usados para o diagnóstico atualmente.
Segundo
os cientistas que participaram da criação do método, o exame que investiga o
câncer de próstata é altamente preciso e confiável e utiliza um processo de
ultra-som chamado elastografia por onda de cisalhamento (SWE, na sigla em
inglês) para detectar tumores de próstata.
A
novidade é importante para ajudar a identificar corretamente os casos de
câncer, que só esse ano deve chegar a 68.220 no Brasil, de acordo com a
estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Isso significa que 31,7% dos
homens terão a doença.
"O
diagnóstico atual de câncer de próstata é extremamente ineficiente, levando a
tratamentos desnecessários para muitos pacientes", afirmou o líder da equipe
da Universidade de Dundee, Professor Ghulam Nabi ao The Guardian.
"Nosso
novo método é muito mais preciso e também nos permite identificar a diferença
entre tecido canceroso e benigno na próstata sem a necessidade de cirurgia
invasiva".
Exames atuais
A
próstata é uma pequena glândula no sistema reprodutor masculino e tem
normalmente a forma e tamanho de uma noz. Os métodos atuais para determinar se
uma próstata se tornou cancerosa incluem um exame físico (conhecido como exame
retal digital ou DRE), exames de ressonância magnética, uma biópsia ou testes
para determinar os níveis do antígeno químico específico da próstata (PSA) no
sangue.
No
entanto, cada uma das técnicas carrega problemas. Resultados de PSA podem não
ser confiáveis, um toque retal não é tão bom para identificar quais são os
cânceres benignos e quais precisam de tratamento, exames de ressonância
magnética nem sempre podem dar uma resposta definitiva, e uma biópsia acarreta
um risco de infecção e é cara.
Já o novo
método visa contornar os problemas, visando a próstata com ultra-som. O tecido
canceroso é mais rígido que o tecido normal, de modo que as ondas de
cisalhamento diminuem à medida que passam por um tumor.
"Temos
sido capazes de mostrar uma grande diferença nos resultados entre nossa
tecnologia e as técnicas existentes, como a ressonância magnética",
acrescentou Nabi.
“A
técnica detectou cânceres que a ressonância magnética não revelou. Agora
podemos ver com muito mais precisão que tecido é canceroso, onde está e que
nível de tratamento ele precisa. Este é um passo significativo em frente.”
Novo procedimento
Para
testar a técnica, foram estudados cerca de 200 pacientes. "Agora
precisamos usar isso em uma escala mais ampla para construir mais dados, mas há
claramente o potencial para realmente mudar a maneira como gerenciamos o câncer
de próstata", afirmou Nabi.
A
tecnologia SWE já é usada no diagnóstico de câncer de mama e doenças do fígado.
No entanto, para torná-lo aplicável ao câncer de próstata, uma sonda especial
teve de ser desenvolvida pela equipe.
"A
técnica agora precisa ser testada em um número muito maior de homens para
confirmar o quão bem ela pode detectar os cânceres agressivos, ao mesmo tempo
em que elimina aqueles que não têm câncer de próstata", disse Simon
Grieveson, diretor de pesquisa da Prostate. Cancer UK, que financiou o projeto
Dundee (com apoio da Fundação Movember).
"Com
uma média de um homem morrendo a cada 45 minutos de câncer de próstata no Reino
Unido, a necessidade de um teste mais confiável que possa identificar formas
perigosas da doença mais cedo é maior do que nunca".
Nos
últimos anos, várias celebridades revelaram que foram diagnosticadas com câncer
de próstata e participaram de campanhas para aumentar a conscientização sobre a
doença, incluindo Michael Parkinson, Ian McKellen e, mais recentemente, Stephen
Fry, o comediante e ex-reitor de Dundee. Universidade, que este ano descreveu
como ele fez uma cirurgia para lidar com um tumor de próstata.
"Este
avanço vem em um momento em que o câncer de próstata está sendo empurrado para
a frente da nossa consciência no Reino Unido, não só por causa da tendência
preocupante para cima em sua prevalência", disse Fry. “Por isso, é
duplamente excitante ouvir as novas técnicas em diagnóstico por imagem.
Câncer de próstata
Um dos
maiores problemas do câncer de próstata é que ele só tem chances reais de
cura se diagnosticado na fase inicial, quando ainda não apresenta sintomas. Por
isso, é de extrema importância que o homem faça o acompanhamento médico para
realização do exame do toque retal e a medição dos níveis do PSA, Antígeno
Prostático Específico, substância produzida pelas células da glândula
prostática - que são os procedimentos disponíveis até o momento.
A doença
é silenciosa, mais um motivo para dificultar o diagnóstico, mas quando
apresenta sintomas, eles podem ser sangramento na via urinaria e dor. Quando
isso acontece, geralmente o tumor já está em fase avançada.
Enquanto
os homens em geral devem iniciar os exames periódicos a partir dos 50 anos,
aqueles com histórico familiar, negros e obesos devem começar com 45, já que,
estatisticamente, têm uma incidência maior de câncer de próstata.
O
problema também é mais prevalente nas populações que ingerem uma quantidade
maior de gordura animal. “A população americana tem mais câncer de próstata do
que a japonesa. E um dado interessante é que, quando o japonês migra para os
Estados Unidos, a segunda geração acaba tendo a mesma incidência da doença da
população americana, porque essa geração adquire os costumes alimentares dos
Estados Unidos.”
Tratamento
Primeiro,
o especialista avalia o grau de agressividade do câncer. Caso seja pouco
agressivo, o paciente passará apenas por um acompanhamento chamado vigilância
ativa, sem nenhum tipo de tratamento específico, que só deve ocorrer se o tumor
progredir.
Já os
tipos de câncer de próstata mais agressivos exigem a cirurgia para a remoção da
próstata e a radioterapia, que é um tratamento que foca na região onde está o
tumor.
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