As empresas precisam promover uma cultura em que os trabalhadores sintam
que podem usar as políticas de pessoal sem que suas carreiras sejam
penalizadas.
O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal não é uma questão exclusiva das mulheres, nem mesmo se focarmos naquelas que são mães - também os homens, e até aqueles que não têm filhos, podem sofrer quando sentem que a cultura do seu local de trabalho não oferece um suporte ao que é considerado familiar.
Em outras palavras, os impactos negativos de um tipo de cultura no local de trabalho que vê o lado familiar e pessoal como potencial causador de problemas e conflitos têm o potencial de afetar todos os funcionários.
Quando os funcionários acham que suas carreiras serão afetadas quando se afastarem do trabalho por motivos familiares ou pessoais eles têm menor satisfação no trabalho e experimentam mais transtornos na vida profissional.
Além disso, é mais provável que desejem deixar seus empregos, afirmam pesquisadores das universidades de Michigan e Estadual da Califórnia (EUA).
"Isso ressalta a necessidade de reformar as estruturas de trabalho que ameaçam penalizar os funcionários por tentarem equilibrar o trabalho e a vida doméstica - independentemente de essas vidas incluírem ou não crianças," disse a professora Erin Cech.
Norma do trabalhador ideal
A intenção de Erin Cech era compreender o que se convencionou chamar de "norma do trabalhador ideal" - uma crença que muitos empregadores têm de que os indivíduos devam se dedicar integralmente à empresa, estando disponíveis para trabalhar em tempo integral até a aposentadoria e com poucas interrupções por "problemas de família".
Os pesquisadores testaram a tendência de flexibilidade no local de trabalho usando uma amostra nacionalmente representativa de mais de 2.700 trabalhadores, metade homens e metade mulheres, que deram relatos sobre satisfação na empresa, engajamento, se levam trabalho para casa e intenções de rotatividade. Questões específicas abordavam especificamente se os trabalhadores sentiam que poderiam pedir folga por razões pessoais ou familiares e ainda progredir em seus cargos ou carreiras.
Quase 40% acreditam que os funcionários dificilmente conseguem progredir no trabalho quando pedem folga - e um número significativo dos entrevistados parece falar com conhecimento de causa, já que muitos eram cuidadores ou usavam um horário de trabalho flexível por questões familiares.
É cada vez mais comum que as pessoas esqueçam de si mesmas no trabalho. Para elas, o conselho é: Não misture seu emprego com sua vida fora dele.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
As pessoas normalmente acham que apenas mulheres e mães enfrentam problemas de trabalho e família, e precisam de uma agenda mais flexível, como trabalho à distância, trabalho de meio período ou compartilhamento de trabalho.
"A sociedade acredita que são as mulheres que carregam o peso das culturas de trabalho hostis, quando na verdade elas afetam todos os gêneros," disse a pesquisadora Lindsey Trimble O'Connor.
Essa cultura de falta de flexibilidade, acrescenta ela, deixa os funcionários com pouco controle sobre sua agenda, se sentindo sem apoio de suas empresas, ou infelizes, sabendo que os empregadores podem estar discriminando aqueles que lidam com responsabilidades pessoais.
O que as organizações podem fazer? Não é suficiente que elas tenham políticas sobre a vida profissional e pessoal somente "nos livros." As empresas precisam promover uma cultura em que os trabalhadores sintam que podem usar essas políticas sem que suas carreiras sejam penalizadas, afirmam os pesquisadores.
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