Redação do Diário da Saúde
O acesso global à internet pode ser uma faca de dois gumes: além das bolhas de informação que isolam os usuários entre aqueles que pensam de forma parecida, os especialistas têm-se preocupado em como juntar liberdade de expressão, mídias sociais e verdade, principalmente porque as notícias falsas circulam 70% mais que as verdadeiras na internet.
[Imagem: Juandavo/Wikimedia]
[Imagem: Juandavo/Wikimedia]
O mundo a um toque de distância
O uso da internet pode produzir alterações agudas e sustentadas em
áreas específicas da cognição, que podem refletir mudanças no cérebro,
afetando nossas capacidades de atenção, processos de memória e
interações sociais.
Esta é a conclusão de uma revisão dos artigos científicos sobre o assunto que acaba de ser publicada na World Psychiatry, uma das principais revistas de pesquisa psiquiátrica do mundo.
As principais hipóteses sobre como a internet pode alterar processos
cognitivos e a medida em que essas hipóteses são fundamentadas pelas
descobertas mais recentes da pesquisa clínica, psiquiátrica e de
neuroimagem, foram analisadas por uma equipe internacional de
pesquisadores, da Universidade de Sydney (Austrália), Universidade de
Harvard (EUA), Kings College, Universidade de Oxford e Universidade de
Manchester (Reino Unido).
"As principais conclusões deste relatório são que os altos níveis de
uso da internet podem realmente afetar várias funções do cérebro. Por
exemplo, o fluxo ilimitado de alertas e notificações da internet nos
incentiva a manter constantemente uma atenção dividida - que, por sua
vez, pode diminuir nossa capacidade de manter a concentração em uma única tarefa.
"Além disso, o mundo on-line agora nos apresenta um recurso
excepcionalmente grande e constantemente acessível para fatos e
informações, que nunca está a mais do que alguns toques de distância.
"Dado que agora temos a maior parte da informação factual do mundo
literalmente ao nosso alcance, isso parece ter o potencial de começar a
mudar as maneiras pelas quais armazenamos, e até valorizamos, fatos e
conhecimentos na sociedade e no cérebro," disse o Dr. Joseph Firth,
coordenador da equipe.
Jovens e crianças
A introdução recente e a adoção generalizada dessas tecnologias
on-line, juntamente com as mídias sociais, também são motivo de
preocupação para alguns professores e pais. Diretrizes de 2018 da
Organização Mundial da Saúde recomendam que as crianças pequenas (de 2 a
5 anos) sejam expostas a no máximo uma hora por dia de tempo de tela.
No entanto, o relatório também descobriu que a grande maioria das pesquisas que examinam os efeitos da internet no cérebro
foi realizada em adultos - e, portanto, mais pesquisas são necessárias
para determinar os benefícios e desvantagens do uso da internet em
jovens e crianças.
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