“Acordo global” semelhante ao acordo climático de Paris é necessário, recomenda a WWF

“O consumo humano explosivo” causou uma queda maciça na população global de animais selvagens nas últimas décadas, diz o grupo de conservação WWF.
O relatório Living Planet Report da WWF diz que as perdas em espécies de vertebrados – mamíferos, peixes, aves, anfíbios e répteis – tiveram uma média de 60% entre 1970 e 2014. 
“A Terra está perdendo a biodiversidade a uma taxa vista apenas durante as extinções em massa”, acrescenta o documento da WWF.
As taxas atuais de extinção de espécies são agora até mil vezes maiores do que antes do envolvimento humano em ecossistemas animais se tornar um fator. 
Estima-se que a proporção da terra do planeta livre de impactos humanos caia de um quarto para um décimo até 2050. As causas, apontadas pela WWF, são a remoção de habitat, caça, poluição, doenças e mudanças climáticas.
Espécies destacadas pelo relatório que são afetadas pelas atividades humanos incluem elefantes africanos, que diminuíram em número na Tanzânia em 60% em apenas cinco anos entre 2009 e 2014, principalmente devido à caça ilegal de marfim.
Outro caso é o desmatamento em Bornéu, com as plantações de madeira e produção de óleo de palma que levou à perda de 100.000 orangotangos entre 1999 e 2015.
O derretimento do gelo do Ártico, apontando no documento da WWF, deve diminuir em 30% o número de ursos polares até 2050, tornando seus habitats cada vez mais precários. 
O Living Planet Report, publicado a cada dois anos, visa avaliar o estado da vida selvagem do mundo. Além disso, formular políticas a estabelecer novas metas para o desenvolvimento sustentável.

A importância da vida selvagem 

A vida selvagem não é apenas “agradável de se ter”, afirma o relatório. O alerta sobre essa questão está relacionada a saúde humana, os suprimentos de alimentos e remédios, bem como a estabilidade financeira global, todos prejudicados pelo declínio da vida selvagem e da natureza.
De acordo com o estudo, o bem-estar de até 3 bilhões de pessoas que dependem da vida selvagem para comer e trabalhar diminuiu devido à degradação da terra. E os serviços que dependem da natureza valem cerca de US$ 125 trilhões globalmente.
“Do declínio dos orangotangos devido ao desmatamento para o óleo de dendê, ao impacto desastroso das mudanças climáticas nos habitats do Ártico e à poluição plástica que destrói a vida marinha, não podemos continuar com os negócios de sempre”, disse à CNN o diretor executivo do Greenpeace UK, John Sauven, em resposta ao relatório, unindo-se ao WWF em pedir “ação urgente do mundo”.

Acordo global 

O WWF apela para “um novo acordo global para a natureza e as pessoas” semelhante ao acordo de Paris de 2015 para combater as alterações climáticas, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.
“Tomadores de decisão em todos os níveis precisam fazer as escolhas políticas, financeiras e de consumo certas para alcançar a visão de que a humanidade e a natureza prosperam em harmonia em nosso único planeta”, diz o relatório.
Os dados, coletados a partir de estudos revisados ​​por pares, abrangem mais de 16.700 populações pertencentes a 4.000 espécies em todo o mundo.