Arte: Daniel Caseiro.
Por Almir Felitte
As eleições se aproximam da hora decisiva e, se tem uma coisa que se disputou nesse pleito, para além do próprio cargo da presidência, foi a narrativa. Se do lado de Haddad, no início, apostou-se na esperança de voltarmos aos tempos de maior prosperidade do país na Era Lula, do outro lado, vimos uma tentativa forçada de colar a Bolsonaro a imagem de um candidato antissistema.
Essas duas narrativas positivas (ou seja, de enaltecimento do próprio candidato, não de ataque ao oponente), de certa forma, colaram e protagonizaram toda a disputa. Ao fim dessas eleições, porém, com o desmanche da rede de mentiras criada por Bolsonaro, a sua narrativa dá mostras de que pode estar perdendo força. Mas o próprio histórico do candidato também não o ajuda a sustentar a versão de que ele seria um candidato realmente antissistema.
Aliás, se tem algo que condena Bolsonaro e mostra bem como ele sempre foi apenas mais uma peça de todo o velho mecanismo político brasileiro é o seu histórico como Deputado. Foram cerca de 3 décadas na Câmara, o que, por si só, já levanta a desconfiança de que Bolsonaro é só mais uma velha raposa entre tantas velhas raposas da nossa política. Sua atuação como deputado, porém, não deixa a menor dúvida de que Bolsonaro sempre defendeu os interesses e os privilégios das elites do sistema brasileiro e internacional.
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Nos últimos 10 anos de seu mandato [1], por exemplo, são pouquíssimas as ações realmente relevantes que podem ser encontradas na página de Bolsonaro no Portal da Câmara [2]. Analisando todos os projetos e emendas que ele apresentou nesse período, você não encontrará nada que mudasse as nossas estruturas tributárias, orçamentárias, produtivas, regulatórias, financeiras, agrárias ou urbanas.
E quando digo “NADA”, não é por força de expressão, é NADA mesmo. O candidato que, hoje, se apresenta como antissistema, como o cara que está “contra tudo isso que está aí”, não moveu um dedo pra combater o sistema e toda a estrutura de desigualdades e privilégios que formam o nosso Brasil e que massacram o nosso povo brasileiro.
Nos últimos 10 anos, ao invés de pensar em um novo projeto econômico e social de desenvolvimento para o Brasil, Bolsonaro se ocupou, na Câmara, apenas de atuações que mexessem em questões previdenciárias e trabalhistas de militares, em buscar o aumento de penas para alguns crimes e, principalmente, em tentar facilitar a posse de armas no Brasil.
Nesse meio tempo, ao que tudo indica, ainda se envolveu em questões onde há suspeita de que ele tenha usado o cargo público para interesses particulares. Como no caso em que pediu esclarecimentos sobra a pesca na região de Angra e, dois anos depois, foi pego na mesma região realizando pesca ilegal. Ou no caso do uso de uma funcionária fantasma para interesses privados, a famosa Wal. Só pra finalizar os exemplos, impossível não lembrar do vídeo em que ele é contestado pelo fato de receber auxílio-moradia mesmo tendo imóvel próprio, ao que ele responde que usava o dinheiro para “comer gente”.
Exemplos que mostram bem que, ao invés de combater o sistema, Bolsonaro usou, abusou e se lambuzou do sistema por 3 décadas.
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