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quarta-feira, 7 de março de 2018
Universidades abordam aspectos éticos da tecnologia
Professores e pesquisadores atuam no meio acadêmico para atenuar os danos causados pelo chamado 'lado sombrio da tecnologia'
Natasha Singer,
The New York Times
06 Março 2018
PALO ALTO, Califórnia - A profissão da medicina tem uma ética: antes
de qualquer coisa, não causar o mal. O Vale do Silício tem um ethos:
inventar primeiro, pedir perdão depois.
Agora, na esteira de problemas como as notícias falsas, entre
outros que afetam as empresas de tecnologia, as universidades que
ajudaram a produzir alguns dos maiores tecnólogos do Vale do Silício
estão correndo para introduzir na ciência da computação uma moralidade
mais semelhante à da medicina.
Laura
Norén, colaboradora da Universidade de Nova York, disse que um software
pode ser corrigido com uma atualização, mas a "reputação de alguém" é
mais difícil de recuperar. Foto: Sam Hodgson para The New York Times
Nesse semestre, a
Universidade Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT)
estão oferecendo conjuntamente um novo curso a respeito da ética e da
regulamentação da inteligência artificial. A Universidade do Texas, em
Austin, acaba de introduzir um curso chamado "Fundamentos éticos da
ciência da computação", e a ideia é que a matéria se torne obrigatória
para todos os formandos em computação.
Já
na Universidade Stanford, em Palo Alto, coração acadêmico da indústria,
três professores e um pesquisador estão desenvolvendo um curso de ética
da ciência da computação para o ano que vem. A ideia é treinar a
próxima geração de tecnólogos e legisladores para que levem em
consideração as ramificações das inovações (como armas autônomas e
carros que dispensam motorista) antes que tais produtos cheguem ao
mercado.
"Trata-se de identificar questões que sabemos que os formandos
daqui terão de enfrentar nos próximos dois, três, cinco ou 10 anos",
disse Mehran Sahami, professor de ciência da computação em Stanford, que
está participando do desenvolvimento do curso. Ele é renomado no campus
por ter trazido Mark Zuckerberg para uma aula. “A tecnologia não é
neutra", explicou o professor Sahami, que já trabalhou no Google como
cientista de pesquisas.
Os cursos estão surgindo num momento em que as grandes empresas
de tecnologia apresentam dificuldades para lidar com os efeitos
colaterais da mentalidade da indústria: as notícias falsas no Facebook,
os seguidores falsos no Twitter, vídeos infantis inadequados no YouTube.
São o equivalente a um desafio aberto a uma atitude comumente observada
na tecnologia, que deixa a ética de lado como se fosse uma amarra
desnecessária.
"O mínimo que precisamos fazer é ensinar às pessoas que há um
lado sombrio na ideia segundo a qual devemos avançar rapidamente e
quebrar as coisas no processo", disse Laura Norén, bolsista de
pós-doutorado na Universidade de Nova York que está lecionando nesse
semestre um novo curso de ética da ciência dos dados. "Um erro de
software pode ser facilmente corrigido com uma atualização, mas o
estrago feito na reputação de uma pessoa é mais difícil de reparar".
Um dos motivos pelos quais as universidades estão trazendo a
ética na tecnologia para a pauta é a ascensão de poderosas ferramentas
como o aprendizado de máquina: algoritmos de computador que aprendem
tarefas sozinhos por meio da análise de uma imensa quantidade de dados.
Como as ferramentas desse tipo têm o potencial de alterar a sociedade
humana, as universidades estão se apressando para ajudar os estudantes a
entender as possíveis consequências, disse Joi Ito, diretor do
Laboratório de Mídia do MIT.
"Conforme vão surgindo coisas como os veículos autônomos, que
trazem claramente o potencial de beneficiar as pessoas e também de
prejudicá-las, acredito que estão todos correndo para definir um sistema
ético", disse ele.
Karen Levy, professora de ciência da informação da Universidade
Cornell, em Ithaca, Nova York, está ensinando os alunos a pensarem mais
no lado ético das empresas de tecnologia.
"Muitas decisões de grande peso ético estão ligadas àquilo que
uma empresa produz: os produtos que deseja desenvolver, as políticas
adotadas em relação aos dados dos usuários", disse a professora Levy.
Já segundo Jeremy Weinstein, professor de ciência política de
Stanford e um dos envolvidos no curso de ética, "as instituições que
estão gerando a próxima geração de líderes no setor da tecnologia
precisam embarcar nesse trem em conjunto".
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