Agora, são 29 os procedimentos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais oferecidos pelo sistema público de saúde.
12 mar 2018
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou hoje (12) 10 novas práticas
de medicina integrativa e complementar. Agora, são 29 os procedimentos
terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais oferecidos pelo
sistema público de saúde.
O ato de incorporação foi assinado pelo ministro da Saúde, Ricardo
Barros, na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Práticas
Integrativas e Complementares e Saúde Pública. O encontro é promovido
pelo Ministério da Saúde, em conjunto com o terceiro Congresso
Internacional de Ayurveda, e vai até quinta-feira (15) no RioCentro, na
Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo o ministro, agora o Brasil lidera a oferta de modalidades
integrativas na saúde pública, com 5 milhões de usuários em 9.350
estabelecimentos de 3.173 municípios. De acordo com Barros, tais
práticas são investimentos em prevenção de saúde, para que as pessoas
não fiquem doentes, e evitar que os problemas delas se agravem, que
sejam internadas e que se operem, o que gera custos para o sistema e
tira qualidade de vida do cidadão. "Somos, agora, o país que oferece o
maior número de práticas integrativas disponíveis na atenção básica. O
SUS financia esse trabalho com a transferência para os municípios, e nós
passamos então a caminhar um pouco na direção do fazer e não cuidar da
doença", disse o ministro.
Ridardo Barros explicou que a incorporação das terapias chamadas de
alternativas ao SUS baseou-se em evidências científicas e na tradição.
"Estamos falando de medicina tradicional: ao longo de milênios, essas
coisas deram certo. A maioria dos medicamentos é baseada no princípio
ativo dessas plantas. Antes, tomava-se um chá de determinada planta e
hoje toma-se um comprimindo de uma substância extraída daquela planta, o
que faz exatamente o mesmo efeito."
Desde 2006, já eram oferecidos pelo SUS os tratamentos de acupuntura,
homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo. No ano passado,
foram incluídas 14 práticas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança
circular, meditação, musicoterapia, naturoterapia, osteopatia,
quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária
integrativa e ioga. Agora, somam-se à lista a apiterapia, aromaterapia,
bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia,
hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais.
O ministro destaca que, no ano passado, foram 1,4 milhão de
atendimentos individuais. A maioria foi de acupuntura, com 707 mil
atendimentos. Depois, vieram medicina tradicional chinesa, com 151 mil
sessões de tai chi chan e liangong, auriculoteriapia, com 142 mil
procedimentos, e ioga, com 35 mil sessões.
Segundo Ricardo Barros, o Congresso Internacional de Práticas
Integrativas e Complementares e Saúde Pública vai debater formas de
ampliar as práticas de medicina integrais e complementares no SUS e
levar as terapias aos municípios. "Este é o desafio. Primeiro, estamos
consolidando a oferta do serviço, permitindo que as estruturas de
atenção básica implantem esses serviços e coloquem à disposição das
pessoas. Agora é fazer a divulgação e o engajamento dos cidadãos na
prevenção, que não é a nossa cultura. Se você vai à China, a cada 50
metros, tem uma casa de massagem. Aqui, a cada 50 metros, tem uma
farmácia. Essa é a mudança que precisa ser alcançada", afirmou.
Na oportunidade, Barros assinou também a incorporação no organograma do
Ministério da Saúde da Coordenação de Práticas Integrativas e
Complementares, cujo titular será Daniel Amado. O ministro lançou ainda o
glossário temático e o manual de boas práticas para as terapias
integrativas no SUS.
Opas elogia sistema brasileiro
O encontro sobre medicina complementar atraiu cerca de 5 mil pessoas,
que se inscreveram em diversos países. Na mesa de abertura, a diretora
da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Étienne, elogiou o
sistema de saúde brasileiro, considerando-o um modelo que "causa inveja
ao mundo", por ser baseado nos direitos humanos e no acesso de toda a
população.
Sobre as terapias integrativas, Carissa ressaltou a necessidade de
preservar tais conhecimentos, que são passados de geração em geração.
"Devemos reconhecer as pessoas que fazem com que essas práticas de saúde
permaneçam vivas e que passem de geração para geração", disse a
representante da Opas. Os recursos necessários para garantir uma vida
saudável e produtiva existem, acrescentou Carissa. "É nossa
responsabilidade descobrir como presentear todos os nossos irmãos e
irmãs com esse conhecimento."
Na abertura do congresso, houve apresentações de dança indiana e de índios guaranis.
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