A informação foi divulgada num relatório publicado hoje.
As
alterações climáticas colocam em risco metade das espécies vegetais e
animais de ecossistemas importantes como a Amazónia, o sudoeste da
Austrália e as florestas de miombo da África austral, segundo um estudo
hoje divulgado.
O estudo, das
universidades de East Anglia (Reino Unido) e James Cook (Austrália) e da
organização não governamental internacional World Wide Fund for Nature
(WWF), é publicado hoje na revista Climatic Change, a poucos dias da
"Hora do Planeta" (a 24 de março, o maior evento ambiental do mundo).
A
investigação conclui que se as emissões de dióxido de carbono não forem
controladas, metade das espécies de animais e plantas de áreas naturais
do mundo, como a Amazónia ou as ilhas Galápagos, podem extinguir-se até
ao fim do século. E que mesmo que se consiga evitar a subida da
temperatura global a perda de espécies pode chegar a 25%.
Os
investigadores examinaram o impacto das alterações climáticas em quase
80.000 espécies de plantas e animais de áreas ricas em biodiversidade e
vida selvagem. Cada área estudada foi escolhida pela sua singularidade e
pela variedade de plantas e animais que contem.
E
concluíram que as florestas de miombo, o maior bioma da África Austral e
Central que abrange oito países (Angola e Moçambique incluídos), o
sudoeste da Austrália e a Amazónia serão as áreas mais afetadas.
Com
um aumento médio da temperatura global em 4,5 graus celsius as
florestas de miombo na África do Sul perderiam até 90% dos anfíbios, 86%
das aves e 80% dos mamíferos, a Amazónia perderia 69% das espécies de
plantas e no sudoeste australiano 89% dos anfíbios seriam extintos.
O
aumento das temperaturas médias e a precipitação mais errática podem
reduzir as chuvas no Mediterrâneo, em Madagáscar e no Cerrado-Pantanal
da Argentina, dizem também os investigadores, acrescentando que os
elefantes africanos terão menos água disponível, que 96% das áreas de
reprodução dos tigres de Sundarbans (região entre a Índia e o
Bangladesh, na Baia de Bengala) podem ficar submersas, e que a população
de tartarugas marinhas também diminuirá.
"A
nossa investigação quantificou os benefícios de limitar o aquecimento
global a dois graus célsius no que respeita a espécies de 35 das mais
ricas áreas em vida selvagem do mundo. Estudamos 80 mil espécies de
plantas, mamíferos, aves, repteis e anfíbios e descobrimos que 50% das
espécies podiam perder-se nessas áreas sem uma política climática. No
entanto, se o aquecimento global for limitado a dois graus acima dos
níveis pré-industriais, a perda pode reduzir-se para 25%", disse a
investigadora principal, Rachel Warren, do Centro Tyndall de
Investigação das Alterações Climáticas, Universidade East Anglia, em
Norwich, Inglaterra.
Em
24 de março milhões de pessoas reúnem-se na iniciativa Hora do Planeta,
para mostrar o compromisso de reduzir as emissões globais de gases com
efeito de estufa.
Na vida dos
nossos filhos, alerta Tanya Steele, da WWF, locais da Amazónia ou as
ilhas Galápagos podem tornar-se irreconhecíveis, "com metade das
espécies que aí vivem a serem extintas pelas alterações climáticas
causadas pelo homem".
E
depois, diz ainda, animais icónicos do mundo, como o tigre siberiano ou o
rinoceronte-de-java, estão em risco de desaparecer, além de dezenas de
milhar de plantas e pequenas criaturas que são as bases da vida na
Terra.
Consulte aqui o estudo completo
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