sábado, 31 de março de 2018

Que supremo é este?

Os ministros transmitem à sociedade a mensagem de que a lei são eles, que decidem desta ou daquela forma porque podem ou porque querem.


Foi-se o tempo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) era a ermida da Constituição e das leis, o fiel depositário da confiança da Nação de que naquela Corte está fincada a última e intransponível barreira contra o arbítrio, os arranjos de ocasião e todas as demais ameaças à democracia. Não se quer dizer, é evidente, que o STF deveria ser um escravo da opinião pública e que a simpatia dos cidadãos seja, por si só, um objetivo a ser perseguido. O apreço da sociedade à Corte é corolário de um conjunto de decisões lá tomadas em harmonia com o ordenamento jurídico e sua própria jurisprudência. Mas não é isto que se tem visto nestes tempos estranhos.
Na escalada de absurdos que têm marcado o comportamento da atual composição da Corte Suprema, o mais novo degrau foi superado pelo ministro Dias Toffoli. Com apenas um despacho, o ministro realizou a proeza de derrubar uma decisão soberana do Senado e, ao mesmo tempo, enxovalhar a Lei da Ficha Limpa. Como se trata de uma lei de iniciativa popular, não é exagero dizer que Dias Toffoli zombou de um legítimo anseio da sociedade que, democraticamente, foi acolhido pelo Congresso Nacional.
Por meio de uma ação de reclamação constitucional, da qual o ministro Dias Toffoli é relator, o ex-senador Demóstenes Torres, ainda procurador do Ministério Público de Goiás, requereu ao STF a sustação dos efeitos da Resolução 20 do Senado, que em 2012 cassou o seu mandato por quebra de decoro parlamentar e suspeita de uso do cargo para defender os interesses do empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira. Como efeito imediato da cassação, ele perdeu os direitos políticos até 2027.
A reclamação baseia-se em uma decisão do próprio STF que considerou nulas as escutas telefônicas feitas durante as Operações Vegas e Montecarlo, que investigaram o envolvimento de Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos de azar e corrupção. Assim, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no âmbito do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ao qual Demóstenes Torres foi submetido também foi anulado.
Ao acionar o Supremo, o ex-senador pretendia, a um só tempo, obter liminar que lhe devolvesse o mandato até 2019, quando se encerraria, e sustar sua inelegibilidade. 
Talvez inspirado pela decisão esdrúxula de seu colega de Corte Ricardo Lewandowski, que ao presidir o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff a julgou indigna de permanecer no cargo, mas não a impediu de tentar obter outros mandatos eletivos, mantendo seus direitos políticos ao arrepio do que diz a Constituição, Dias Toffoli negou o pedido de Demóstenes Torres para voltar ao Senado, mas suspendeu sua inelegibilidade. Assim, o ex-senador não é mais considerado um “ficha-suja” e pode concorrer nas eleições de outubro, quando pretende obter nova vaga no Senado.
O espantoso na decisão do ministro Dias Toffoli é que, ao mesmo tempo que reconhece a legitimidade do processo político no Senado, se arvora, em seguida, em tutor de decisões de outro Poder, papel que não lhe é conferido pela Carta Magna. “Entendo que no caso (da cassação do mandato) se aplica a jurisprudência reiterada desta Suprema Corte acerca da independência entre as instâncias (penal e política) para afirmar a legitimidade da instauração do processo pelo Senado Federal antes de finalizado o processo penal”, diz o ministro em decisão liminar.
A “urgência” da decisão se deve ao prazo para que Demóstenes Torres possa se desincompatibilizar do cargo de procurador do Ministério Público de Goiás a tempo de se filiar a um partido e pleitear o novo mandato eletivo. Esta foi a razão da liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli, que ignorou solenemente o fato de que a cassação de um mandato eletivo é acompanhada pela perda dos direitos políticos do parlamentar cassado.
Diante de mais um flagrante desrespeito à lei, a pergunta se impõe: que Supremo é este? Ao decidirem assim, os ministros transmitem à sociedade a mensagem de que a lei são eles, que decidem desta ou daquela forma porque podem e porque querem.

sexta-feira, 30 de março de 2018

19 tipos de terapias psicológicas


Tipos de terapias psicológicas
Existem muitos tipos de terapias psicológicas, mas deixando de lado suas diferentes perspectivas, focos e teorias originais, todas buscam um mesmo objetivo, uma mesma meta terapêutica: facilitar a mudança para o bem-estar. Assim, ao invés de se perguntar qual destas estratégias psicológicas é a melhor ou a pior, deveríamos nos perguntar primeiro do que é que precisamos.
Em muitas ocasiões, quando uma pessoa toma consciência de que deve ir a um psicólogo, segue mantendo ideias errôneas sobre o que são as terapias psicológicas. Com frequência tem-se em mente a clássica cena de um paciente deitado em uma poltrona (divã) com o terapeuta por trás, anotando.
A clássica imagem da psicanálise segue pesando muito no inconsciente coletivo. Logo, é comum que muitas pessoas não saibam, ainda, que existem diferentes técnicas, métodos e escolas psicológicas. Assim, é comum a clássica pergunta de “qual é a melhor?” Por isso, antes de cair no erro de enfatizar uma terapia acima de qualquer outra, devemos esclarecer alguns pontos.
“Mesmo quando ela não é completamente alcançável, nos tornamos melhores ao tentar perseguir uma meta mais alta.”
– Viktor Frankl-
Cada modelo utiliza uma série de técnicas distintas que se ajustarão melhor a algumas pessoas e a outras não. Por outro lado, tampouco podemos nos esquecer de que muitas delas focam um tipo de objetivo determinado que outras não costumam trabalhar. Logo, é importante ter sempre em mente qual é o propósito geral no qual coincidem todas as terapias psicológicas.
O próprio termo “terapia” provém do grego “therapeutikós” e significa “aquele que cuida de outra pessoa”. Agora, quem cuida é um profissional treinado e capacitado para tal finalidade, através de uma série de estudos e práticas. Seu propósito não é exatamente “cuidar”, e sim facilitar estratégias adequadas e ferramentas para que as pessoas possam, por si só, alcançar o equilíbrio e o bem-estar.
Estamos diante de um processo ativo e pró-ativo entre duas ou mais pessoas. É uma relação de trabalho intensa, dura às vezes, uma viagem de descobertas, de criatividade e de dinâmicas interpessoais onde não vale ficar quieto, onde o terapeuta não se limita a dar conselhos ou diretrizes sobre o que seu paciente ou cliente está obrigado a fazer. Assim como nos explica Richard Lazarus, “o objetivo da terapia é ensinar a ver os problemas como desafios, e não como ameaças”.
Mulher com o cabelo comprido no rosto

Tipos de terapias psicológicas

Problemas emocionais, medos, traumas, crises pessoais, problemas de relacionamento, transtornos infantis… O motivo que nos move a buscar um psicoterapeuta pode ser variado, no entanto, nunca é demais conhecer as diferentes estratégias terapêuticas que temos ao nosso alcance.
Todas elas, se forem realizadas por profissionais competentes, capacitados e bem formados, podem ser efetivas. Sabemos que como pacientes ou clientes, devemos assumir um papel ativo e, por outro lado, é necessário saber qual foco cada terapia psicológica utiliza para intuir se esse enquadramento terapêutico pode se ajustar às nossas características e necessidades.
Veja agora quais são as principais terapias psicológicas e o que elas podem nos oferecer.

A. Terapias Cognitivo-Comportamentais

As terapias cognitivo-comportamentais se baseiam em compreender a forma como as pessoas pensam (foco cognitivo) e o modo como se comportam (foco comportamental). O objetivo deste foco é nos ensinar que a mudança é possível, mas que para consegui-la devemos aprender primeiro a melhorar nossos pensamentos, atitudes e comportamentos.
  • Neste tipo de terapia, o especialista buscará identificar os problemas do paciente, servindo de guia para a mudança dos padrões de pensamento disfuncionais.
  • Para conseguir, faz-se uma análise funcional do comportamento com a finalidade de averiguar quais são os comportamentos “desadaptados”.
  • Uma vez identificados, o terapeuta cognitivo-comportamental utilizará diversas técnicas para treinar a pessoa na resolução de problemas, no treinamento de habilidades, na reestruturação cognitiva, etc.
A terapia cognitivo-comportamental é muito eficaz no tratamento de depressões, fobias, transtornos de ansiedade, processos traumáticos…
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Por outro lado, dentro das terapias cognitivo-comportamentais estão incluídas outras linhas terapêuticas que é importante conhecer.

1. Terapia de aceitação e compromisso

  • A terapia de aceitação e compromisso é eficaz na abordagem da depressão.
  • Seu objetivo é treinar a flexibilidade psicológica para melhorar o foco de nossos pensamentos e favorecer a mudança.
  • São utilizados uma série de exercícios práticos para reconhecer o problema emocional, ver o efeito que têm sobre nossos pensamentos e comportamentos, e assumir assim um compromisso real e pleno com nós mesmos.

2. Terapia comportamental

  • A terapia comportamental é útil no tratamento de fobias e vícios.
  • A terapia comportamental, como o próprio nome indica, busca nos fazer ver nossos comportamentos aprendidos ou condicionados, para entender o impacto que eles podem ter em nossas vidas.
  • Uma vez identificados, o objetivo é claro: nos ajudar a “desaprender” para nos “recondicionar” para ações e comportamentos mais saudáveis e integradores.

3. Terapia analítico-cognitiva

  • Muito útil em tratamentos breves e pontuais (se baseia em doze sessões) para melhorar determinados comportamentos, pensamentos distorcidos, problemas de comportamento…
  • Costuma ser implementada nas áreas de saúde mental de muitos hospitais.
  • A terapia analítica cognitiva une a terapia cognitiva com a psicologia analítica.
  • O objetivo é ajudar o paciente a compreender por que pensa como pensa ou por que se comporta daquele modo. Desta forma, facilita diversas técnicas de enfrentamento para que o paciente coloque a mudança em andamento.

4. A Terapia Racional Emotiva Comportamental

  • A terapia racional emotiva comportamental de Albert Ellis é útil para o tratamento da ira, da ansiedade, das frustrações, da fobia social, da timidez e das disfunções sexuais.
  • Seu objetivo é resolver problemas emocionais e comportamentais por meio de um foco mais direto, mais filosófico e empírico.
  • Utiliza-se a razão e a racionalidade para que a pessoa consiga tomar consciência de suas emoções, assim como dos pensamentos destrutivos e limitantes. Aqueles que, com frequência, estão em um plano mais inconsciente ou automático e que a própria pessoa não costuma identificar por si só.
  • Mais tarde, o psicoterapeuta facilita estratégias para que o paciente faça uso de pensamentos mais construtivos.
Homem com pensamentos mirabolantes

B. Terapias psicanalíticas e psicodinâmicas

Uma das terapias psicológicas mais conhecidas é sem dúvidas a que responde ao modelo teórico que Sigmund Freud criou quase um século atrás. Apesar de que por si só traga imagens tão próximas e familiares para a população no geral, é necessário conhecer quais são suas dinâmicas, seus princípios e objetivos antes de escolher iniciar uma terapia dentro deste enquadramento.
Veja algumas de suas características:
  • A terapia psicanalítica parte do princípio de que os seres humanos manifestam uma série de conflitos inconscientes que se originam em nosso passado, especialmente na infância.
  • Grande parte de nossos problemas são o resultado de impulsos instintivos mal reprimidos no inconsciente.
  • A finalidade do psicanalista é facilitar que todos estes conflitos inconscientes ascendam para o mundo consciente. Para isso, fará uso da catarse emocional ou da hipnose, facilitando a possibilidade de identificá-los, desnudando os mecanismos de defesa que a maioria utiliza para se esquivar do problema original.
Estas seriam as principais terapias psicológicas que se enquadram dentro deste foco.
“As emoções não expressadas nunca morrem. São enterradas vivas e saem mais tarde das piores formas.”
– Sigmund Freud –

5. A terapia psicanalítica

  • A terapia psicanalítica é útil para tratar traumas de infância, fobias e depressões.
  • Esta terapia explora, assim como indicamos, a mente inconsciente e como esta influencia nossos pensamentos e comportamentos.
  • Centra seus esforços principalmente em analisar experiências da infância, tentando identificar como estes fatos pontuais impactaram a vida da pessoa.
  • Este tipo de terapia costuma se alongar por muito tempo.
Terapia com psicólogo

6. Terapia interpessoal dinâmica

A terapia interpessoal dinâmica nos ajuda a melhorar as relações com os demais.
  • É limitada no tempo e nos permite entender determinados vínculos problemáticos que possamos estar mantendo com certas pessoas.

7. A terapia junguiana

A terapia junguiana ou a análise de Jung é outro dos tipos de terapias psicológicas especialmente úteis para tratar os vícios, a depressão e a ansiedadee inclusive para favorecer o próprio crescimento pessoal.
  • O objetivo de Carl Jung era de se aprofundar no inconsciente da pessoa através de arquétipos inscritos em nossos sonhos e inclusive em nossas experiências artísticas.
  • Este tipo de terapia se baseia na conversa entre o terapeuta e o paciente onde se busca estabelecer entre ambos uma relação de confiança, de igualdade, apoio e colaboração.
  • São feitas análises dos sonhos, provas de associações de palavras e atividades criativas onde podemos nos autoexpressar.

C. Terapias humanistas

As terapias humanistas são novas. É um foco muito apreciado, útil e um dos preferidos pelos profissionais e pessoas em geral, pela grande amplitude de técnicas que utiliza e as estratégias terapêuticas nas quais se baseia.
O precursor deste foco foi Carl Rogers. Já falamos em mais de uma ocasião deste grande especialista no comportamento humano, que buscou acima de tudo trazer o otimismo para a psicoterapia, favorecer nosso crescimento pessoal e nos aproximar da mudança para alcançar assim nosso máximo potencial humano.
Estas seriam algumas características deste tipo de uma das terapias psicológicas mais usadas na atualidade.
  • Ao invés de se aprofundar em nossos sentimentos ou traumas, a terapia humanista se preocupa mais em nos facilitar alternativas para estes estados. Nos capacita para sermos agentes ativos de nossas mudanças.
  • Busca nos oferecer também uma visão mais esperançosa de nós mesmos. Os terapeutas humanistas acreditam na bondade do ser humano, no bem-estar e na saúde como tendência natural. Assim, o propósito é nos ajudar a deixar de lado os “desvios” que às vezes nos afastam do ponto mágico de equilíbrio para encontrar o autêntico sentido de nossas vidas.
  • No modelo humanista valoriza-se o presente como momento perfeito para resolver os problemas. O passado, diferentemente do que acontece na psicanálise, deixa de ter tanta importância.
Carl Rogers

8. Terapia existencial

  • A terapia existencial nos ajuda a encontrar um sentido, um propósito vital. Ela faz isso ao nos convidar a refletir sobre a própria existência.
  • Nos ajuda a assumir responsabilidades e novos desafios pessoais para alcançarmos o sucesso.
  • Entende as dificuldades emocionais, os conflitos internos e nossos medos como pedras que são como obstáculos no caminho para nossas metas.
  • Os terapeutas existenciais nos oferecem estratégias para viver de um modo mais autêntico, buscando significados para nossas vidas e deixando de lado o superficial. Ou pelo menos tentando.

9. Terapia Gestalt

O objetivo da terapia Gestalt é trabalhar nossa autoconsciência para que possamos resolver nossos problemas com maior segurança. O objetivo dos procedimentos que usa é deixarmos de lado as angústias vitais, alcançar a liberdade pessoal e adquirir a determinação suficiente para alcançar nosso máximo potencial.
  • A terapia Gestalt foi desenvolvida no final dos anos 40 por Fritz Perls. Assumia, por exemplo, que cada pessoa é um todo, onde um pensamento, uma sensação, uma emoção ou uma ação não poderiam se dar de forma isolada.
  • O terapeuta procurará sempre que seus clientes se sintam cômodos, que sejam participantes em todo momento para poder ver suas próprias resistências e serem plenamente conscientes da importância de suas emoções, pensamentos, ideias, lembranças…
  • São usadas técnicas criativas que facilitam o autodescobrimento.
  • Incentiva-se também que os clientes tenham uma responsabilidade consigo mesmos e com a própria sociedade. 

10. Terapia Centrada no Cliente

  • A terapia centrada no cliente nos ajudará a entender nossas necessidades para potencializar nosso crescimento pessoal.
  • Estamos diante de uma das terapias psicológicas mais interessantes dentro desta áreas, onde o terapeuta humanista nos ajudará, antes de tudo, a esclarecer as necessidades, a potencializar os valores que nos identificam, a facilitar nossa aceitação e a trabalhar nossas forças.
  • Logo, é importante lembrar que estamos diante de um tipo de terapia não direta: o próprio cliente, e não o terapeuta, é que tem o peso de grande parte do processo terapêutico.
  • Durante todo o processo primam três aspectos fundamentais: empatia, aceitação positiva incondicional e autenticidade.
Tipos de terapias psicológicas

11. Terapia Breve Centrada em Soluções

  • Como o próprio nome indica, a terapia breve centrada em soluções é limitada no tempo e busca mudar algum tipo de pensamento disfuncional, melhorar a relação entre casais ou famílias ou ajudar o cliente a encontrar seu equilíbrio emocional e social.
  • Assim, ao invés de focar as fraquezas e limitações da pessoa, a terapia centrada em soluções busca potencializar nossas forças e nossas possibilidades para nos ajudar a avançar.
  • A terapia se baseia em uma série de perguntas onde se facilita o processo de reflexão e autoconhecimento.

12. Análise transacional

  • A análise transacional é uma terapia muito efetiva para melhorar o bem-estar psicológico e facilitar a reestruturação e a mudança pessoal.
  • Este foco é muito utilizado em hospitais psiquiátricos para o tratamento de diversos transtornos.
  • Fundada por Eric Berne no fim da década de 1950, a terapia ou análise transacional se baseia na teoria de que cada pessoa tem três estados de ego: pai, adulto e criança.
  • O propósito do terapeuta é nos ajudar a fazer uso de uma personalidade mais integradora com base nas transições psicológicas. Assim, por exemplo, o adulto representa a áreas mais racional, a criança se vincula com o espontâneo, e o pai ao normativo e ao ético…

13. A psicologia transpessoal

A psicologia transpessoal é um foco desenvolvido por Abraham Maslow na década de 1960. Seu objetivo é nos ajudar a descobrir o autêntico sentido de nossas vidas, resolvendo necessidades em função da hierarquia que marque precisamente este sentido.
Este ramo da psicologia enfatiza aspectos como a consciência, a espiritualidade, o conhecimento interior profundo, a compaixão, a fraternidade universal…
O terapeuta adquire aqui um papel muito concreto. Deve ter uma mentalidade aberta, grande respeito, inocência e capacidade para se maravilhar. Deve mostrar ao seu cliente que tudo o que diz, que tudo o que lhe comunica, é novo e valioso. Assim, a metodologia utilizada para impulsionar este processo terapêutico tão singular é uma combinação de tradições espirituais, onde é comum que se faça uso de alguma destas dinâmicas:
  • Ioga.
  • Escrita criativa.
  • Visualizações guiadas.
  • Meditação.
  • “Encontro” com nossa criança interior.
  • Arte simbólica.
Mulher meditando

D. Terapias artísticas

É bem possível que, dentro dos diferentes tipos de terapias psicológicas, passe despercebido para o grande público este tipo de enfoque catártico e libertador. Assim como indicamos no início, quando buscamos algum tipo de estratégia terapêutica, é muito importante identificar o que queremos e quais mecanismos terapêuticos podem combinar mais conosco.
A expressão artística é um canal, um universo de possibilidades para dar forma as nossas emoções, para liberá-las, para favorecer o autodescobrimento e uma abordagem diferente para muitos de nossos problemas.
Veja quais tipos de terapias artísticas temos ao nosso alcance.

13. Psicoterapia artística

A arteterapia ou a psicoterapia artística utiliza ferramentas como as telas, a pintura ou a argila para que as pessoas possam expressar seus universos internos. Deste modo, exteriorizam problemas e conflitos que mais tarde podem ser abordados de outras formas. O bom deste tipo de ajuda é que oferece uma forma de expressão ao paciente que talvez seja muito mais natural para ele, possibilitando que diga mais e que guarde menos.

14. Dramaterapia

  • Este tipo de terapia faz uso da arte dramática para conferir alívio e favorecer a integração física e emocional.
  • Faz uso de improvisos teatrais ou de roteiros específicos para que a pessoa se aprofunde em seu universo pessoal, melhore suas habilidades sociais e adquira maior segurança.

15. Musicoterapia

A musicoterapia é um tipo de terapia criativa muito versátil, muito intensa e também curadora. As mudanças são quase imediatas, e isso é algo que se pode ver com muita frequência em pacientes com transtornos de espectro autista, com demências ou ansiedade. A pessoa responde rapidamente e experimenta toda uma corrente de emoções e sensações.
Mulher idosa ouvindo música

E. Outros tipos de terapias psicológicas

Assim como podemos ver, grande parte das terapias psicológicas podem ser enquadradas em quatro focos muito claros. No entanto, ao nosso alcance temos muito mais opções que vale a pena conhecer.

 16. Terapia sistêmica

A terapia familiar ou terapia sistêmica é muito útil em grupos de pessoas unidas por um vínculo familiar. O objetivo é melhorar a própria relação, o estilo comunicativo e a interação às vezes complexa que embaça a coesão deste grupo de pessoas.
No geral, a terapia se concentra principalmente no “paciente índice”, ou seja, na pessoa que apresenta algum transtorno clínico ou comportamento problemático.

17. Terapia interpessoal

  • A terapia interpessoal é uma disciplina terapêutica que busca melhorar a qualidade de nossas interações e estilos de comunicação.
  • A crença fundamental da terapia interpessoal é de que muitos de nossos sintomas psicológicos são fruto dessas interações às vezes complexas, nocivas ou ambivalentes que nos geram uma alta ansiedade. Às vezes nossa própria incapacidade para interagir melhor com os demais intensifica estes estados. 
O objetivo é, portanto, nos oferecer ferramentas para melhorar estes aspectos.

18. Terapia psicossexual

Na terapia psicossexual, o bom profissional nos ajudará explorar, refletir e analisar de forma aberta e sincera nossos problemas sexuais. Muitas vezes, por trás deles existem muitos bloqueios emocionais no relacionamento que é necessário resolver.

19. O psicodrama

É possível que muitos tenham escutado falar do psicodrama de Jacob Levy Moreno. Ainda mais, pode ser que tenham praticado alguma dinâmica nos ambiente de trabalho.
  • Estamos diante de um tipo de psicoterapia de grupo onde se aplica a expressão dramática, a peça teatral ou o movimento do corpo. Falamos de ferramentas terapêuticas para melhorar assim nossa relação com os demais e nossa segurança pessoal.
  • É um convite muito enriquecedor para a espontaneidade que costuma dar bons resultados nas dinâmicas de grupo.
Tipo de terapia por meio da dança
Para concluir, devemos adicionar que existem, sem dúvidas, muitas outras terapias psicológicas. No entanto, as que estão aqui mostradas são as mais utilizadas, as que maiores benefícios propiciam e as que melhores respostas podem nos oferecer em um dado momento. Não tenha dúvidas em realizar qualquer um destes tipos de terapias psicológicas se em um dado momento você precisar delas. Todos temos direito de nos sentirmos melhor, de desfrutarmos de um maior bem-estar e de crescermos como pessoas.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Todo trabalho é digno e deve ser recompensado dignamente

Você deve já ter pensado: um lixeiro é um trabalhador de baixa qualificação e merece receber um baixo salário. O que você não deve ter notado é sua importância para o bom funcionamento das cidades. Ora, suponhamos que todos os lixeiros fossem demitidos. O que aconteceria logo em seguida? Proliferariam o mau cheiro e o aspecto visual horroroso, bem como o surgimento de doenças de ordem sanitárias. Nesta situação, as cidades ficariam insalubres e muito perigosas para se morar. A qualidade de vida de suas populações seria seriamente afetada, levando ao retorno da população ao campo e fechamento de postos de trabalhos urbanos. Notou que todo trabalho é importante, independentemente de seu nível de qualificação ou complexidade?

Mudanças no clima e superexploração de recursos deixam Norte do Chile sem água

Jornal do Brasil
As mudanças climáticas e os modelos produtivos agrícola e minerador, com uso intensivo de água, deixaram o norte do Chile em uma situação de extrema vulnerabilidade, alerta um informe divulgado nesta terça-feira com motivo da Semana da Água que é realizada em Santiago.
Esta "Radiografia da Água: Brecha e Risco Hídrico no Chile", elaborada pela Fundação Chile, oferece um retrato atual do recurso hídrico.
Chile é um dos 30 países que terão maior risco hídrico no mundo em 2025. Só em 2015, esteve entre os 10 com maior gasto associado a desastres, com 3,1 bilhões de dólares, dos quais mais de 45% foram destinados a cobrir situações de escassez de água.
Atualmente, a brecha da água, ou seja, os recursos disponíveis (em rios, águas subterrâneas e a armazenada no solo ou vegetação) menos o que se consome é de 82,6 m3/segundo, mas se a tendência atual for mantida será de 149 m3/s em 2030, alerta o relatório.
Das 101 bacias existentes no país só 25 contavam com dados suficientes e comparáveis, apontam os autores. Nove destes rios estão submetidos a tal estresse que 40% ou mais da água disponível é consumida.
Os rios da zona norte, como San José, Loa, Socompa, Salado, Los Choros e Quilimarí, descem praticamente secos, com quantidades de água situadas em torno a 0,01 e 1 m3/segundo, em contraste com os 3.480 m3/s dos rios nas regiões de Aysén e Magallanes, no sul.
Em rios como Los Choros (Coquimbo, norte) ou La Ligua (Valparaíso) a magnitude da brecha é de 824% e de 129%, respectivamente, o que significa que o consumo esgotou as bacias e que as águas subterrâneas estão secando.
Se o aumento de temperaturas e a falta de chuvas que afeta o país continuarem, parece impossível que os setores agrícola e energético possam sustentar a produção atual.

"Nunca rejeite seus filhos, mesmo que sejam transgêneros"

Primeira transgênero a ancorar telejornal no Paquistão, jornalista defende mais direitos para comunidade trans e maior apoio de familiares.

28 mar 2018 

Rejeitada pela própria família quando ainda estava na escola, a paquistanesa Marvia Malik, de 21 anos, estudou jornalismo, financiando seus estudos trabalhando como modelo. Ela foi escolhida pela TV Kohenoor como a primeira apresentadora de telejornal trans do Paquistão.
Marvia Malik: "Espero que minha escolha possa motivar outras pessoas trans a trabalhar duro"
Marvia Malik: "Espero que minha escolha possa motivar outras pessoas trans a trabalhar duro"
Foto: DW / Deutsche Welle
Em entrevista à Deutsche Welle, Malik afirma que, durante sua carreira, foi vítima de provocações e assédios constantes e que sua vida teria sido mais fácil se tivesse recebido o apoio familiar.
"Quero transmitir esta mensagem a todos os pais: nunca rejeite seus filhos, mesmo que sejam transgêneros. Ame-os, eduque-os e apoie-os. Se você aceitá-los, a sociedade também os aceitará", diz.
DW: Parabéns por se tornar a primeira transgênero a apresentar notícias no Paquistão. Como a notícia foi recebida em seu país?
Marvia Malik: A resposta foi esmagadora e acolhedora. Estava esperando uma reação normal, mas as respostas e comentários que estou recebendo dos espectadores paquistaneses e de pessoas ao redor do mundo são extraordinários. Estou muito contente por receber tanto amor de todos. Muitos jornalistas paquistaneses também me enviaram mensagens de congratulações.
DW: Junaid Ansari, dono da TV Kohenoor, disse em entrevista recente que o canal escolheu você por seu trabalho e que isso não tinha nada a ver com seu gênero. Mas, obviamente, você não pode se livrar da imagem de uma apresentadora de TV transgênero. Como você se sente ao ser rotulada?
Marvia Malik: Eu venho lutando pelos direitos da comunidade trans há muito tempo e talvez tenha que conviver com esse rótulo. Isso é apenas um começo. Se me oferecerem uma posição no governo, estou disposta a aceitá-la, pois isso me dará a oportunidade de contribuir para o bem-estar de minha comunidade, que enfrenta muitos problemas no Paquistão.
DW: Como você vê a situação da comunidade transgênero no Paquistão?
Marvia Malik: Pessoas trans enfrentam discriminação no Paquistão e não são acolhidas pela sociedade. Queremos ser aceitos como cidadãos iguais. Temos o direito ao emprego e de herdar propriedades.
Também deve haver uma cota de emprego para nossa comunidade. No Paquistão, há uma reserva parlamentar de assentos para minorias religiosas e mulheres. Eu reivindico que o governo nos reserve cadeiras tanto na câmara alta quanto na câmara baixa do Parlamento. Isso deveria acontecer antes das próximas eleições gerais deste ano.
DW: Você estudou jornalismo e também trabalhou como modelo. Que dificuldades você enfrentou em sua carreira?
Marvia Malik: Lutei muito para ser aceita. Minha família rompeu comigo quando estava na escola, então tive que trabalhar num salão de moda para financiar meus estudos. Trabalhei como modelo, me formei em jornalismo e consegui um emprego na TV Kohenoor, depois de passar três meses como estagiária lá.
A parte triste da história é que as pessoas [em geral] nunca me apoiaram. Eu nunca recebi o respeito que a sociedade normalmente dá a homens e mulheres. Fui vítima de provocações e assédios constantes.
Acho que as coisas teriam sido mais fáceis para mim se eu tivesse recebido apoio da minha família. Quero transmitir esta mensagem a todos os pais: nunca rejeite seus filhos, mesmo que sejam transgêneros. Ame-os, eduque-os e apoie-os. Se você aceitá-los, a sociedade também os aceitará, e eles contribuirão para o progresso do país.
Pessoas transgêneros geralmente acabam trabalhando na indústria do entretenimento. Têm que trabalhar como dançarinas ou mesmo como prostitutas porque suas famílias as abandonam.
DW: Você acha que, como âncora, você poderá ajudar a sua comunidade?
Marvia Malik: Eu sou otimista. Lutaremos até conseguir nossos direitos fundamentais. Espero que minha escolha possa motivar outras pessoas trans a trabalhar duro. A comunidade transgênero no Paquistão deve se unir por seus direitos.
Marvia Malik é a primeira apresentadora de notícias transgênero do Paquistão. Ela é formada em jornalismo e trabalhou como modelo.

Aumento do uso de antibióticos ameaça a saúde mundial

Jornal do Brasil
O consumo global de antibióticos aumentou em 65% entre 2000 e 2015, impulsionado pelo uso explosivo em países de renda média e baixa, mas que representa uma ameaça à saúde global - apontam os pesquisadores.
Em seu relatório, os especialistas ressaltam que "a resistência aos antibióticos, impulsionada pelo consumo de antibióticos, é uma ameaça crescente à saúde global".
Publicado na segunda-feira (26) na revista americana Proceedings of National Academy of Sciences (PNAS), este estudo, baseado em parte em projeções, alerta: "O consumo global total de antibióticos em 2015 foi estimado em 42,3 bilhões de doses diárias".
Nos 76 países estudados, a absorção de antibióticos aumentou de 21,1 bilhões de doses diárias, em 2000, para 34,8 bilhões, em 2015.
Correlacionado com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o nível de consumo de antibióticos aumentou particularmente nos países de renda média e baixa (LMIC): +114% em 16 anos, chegando a 24,5 bilhões doses diárias determinadas.
Para o pesquisador Eili Klein, do Center for Disease Dynamics, Economics & Policy e um dos autores do estudo, esse aumento significa "um melhor acesso aos medicamentos necessários em países com muitas doenças que podem ser tratadas com eficácia com antibióticos".
Mas o pesquisador alerta: "À medida que mais e mais países obtiverem acesso a essas drogas, essas taxas (de consumo) aumentarão (...), o que levará a taxas mais altas de resistência a antibióticos".
Mas essa resistência bacteriana é responsável por 700.000 mortes por ano em todo o mundo, segundo um grupo de especialistas internacionais formado em 2014 no Reino Unido.
- 77% de aumento -
O consumo é menor em países de alta renda (HIC), com 10,3 bilhões de doses diárias. E, entre 2000 e 2015, o aumento foi de apenas 6%.
A taxa de consumo por mil habitantes e por ano continua muito maior em países de alta renda. Mas em 16 anos, essa taxa aumentou em 77% para os países de renda média e baixa, enquanto diminuiu em 4% para os países ricos.
Alguns países LMIC ultrapassaram a taxa de consumo de antibióticos de países de alta renda.
Em 2015, Turquia, Tunísia, Argélia e Romênia estavam entre os seis países com as maiores taxas de uso de antibióticos, enquanto em 2000 os cinco principais países eram de alta renda.
Outro exemplo, em 16 anos, o consumo de antibióticos dobrou na Índia, aumentou 79% na China, e 65%, no Paquistão. Esses três países são os maiores usuários de antibióticos entre os países LMIC.
No sentido contrário, o aumento foi marginal nos três países líderes do consumo em nações de alta renda, Estados Unidos, França e Itália, explica o estudo.
- Saúde da humanidade -
Os pesquisadores alertam para o futuro: "As projeções de consumo global de antibióticos em 2030, presumindo nenhuma mudança política, são até 200% superior aos 42 bilhões de doses diárias em 2015".
"Eliminar esta utilização inútil (de antibióticos) deve ser uma primeira etapa e uma prioridade para cada país", disse Eili Klein à AFP.
Cerca de "30% da utilização nos países de alta renda é inadequada", ressaltam, acrescentando que o consumo considerável de antibióticos em alguns países LMIC sugere igualmente que um uso inapropriado é real.
A resistência aos antibióticos poderia causar dez milhões de mortes por ano até 2050, aponta um estudo britânico recente.
A saúde da humanidade poderá depender os ornitorrincos. Este animal, que vive na Austrália, é um dos raros mamíferos que coloca ovo. Uma equipe australiana descobriu recentemente que uma proteína no leite materno do ornitorrinco poderia ter virtudes terapêuticas para o humano.

segunda-feira, 26 de março de 2018

PROFECIA BÍBLICA

Lendo a Bíblia, descobri uma profecia divina nela. Está localizada em Mateus 10: 34-36 . O que está escrito lá parece um absurdo, dito por Jesus. Mas é linguagem simbólica. Não vou revelar o seu significado. Vou propor-lhes  um desafio: torrem seus cérebros para desvendarem a charada, ok?

Cientista adverte: colapso da civilização nas próximas décadas é inevitável

Depois da entrevista de Paul Ehrlich ao jornal The Guardian sobre possíveis consequências trágicas da superpopulação e poluição crescente do nosso planeta, a Sputnik Internacional conversou com o famoso biólogo quanto aos problemas evidentes.
Segundo Paul Ehrlich, o colapso da civilização é inevitável nas próximas décadas, e pode ser iniciado devido a vários fatores.
"Pode ser causado por guerra nuclear, por secas e inundações que causariam fome massiva, pela destruição da bolha de endividamento, por desordens políticas ou por uma maior desigualdade econômica, por guerras comerciais, pelo terrorismo, bem como pela combinação de vários fatores", afirmou o cientista na entrevista à Sputnik Internacional.
Para ele, previsões negativas estão intimamente ligadas ao excesso populacional e de consumo. Paul Ehrlich está seguro que estes dois fatores vão empurrar nossa civilização ao abismo.
"O problema principal corresponde à destruição dos sistemas de suporte de vida devido ao crescimento do consumo, sendo [crescimento] fruto do aumento da população e do consumo per capita. Várias desigualdades, sejam elas de gênero, raciais e religiosas, diminuem as chances de pessoas prestarem ajuda necessária para evitar o colapso", argumenta.
De acordo com Ehrlich, a situação já se deteriorou muito depois de 50 anos da publicação do seu livro The Population Bomb (Bomba Demográfica).
"A população foi duplicada em quantidade, as mudança climáticas são ainda mais notáveis e isso já traz problemas. Em breve, nos oceanos haverá mais plástico do que peixe; hormônios sintéticos estão contaminando a Terra de um extremo ao outro, e se mostram ser principal causa da diminuição do número de espermatozoides em todo o mundo. Quase metade da fauna foi exterminada na maior extinção dos últimos 66 milhões de anos", relata o biólogo.
De acordo com o biólogo, as chances de uma guerra mundial nuclear vir a exterminar a nossa civilização são "maiores do que em qualquer período da Guerra Fria, com exceção da Crise dos mísseis de Cuba".
Apesar das advertências de que pessoas estão ameaçando à vida terrestre, governos e comunidade internacional ainda não conseguiram reduzir a ameaça. Ehrlich acredita que haja motivos para não resolução.
Por exemplo, "o buraco da educação em disciplinas básicas, em especial entre economistas e políticos que consideram o crescimento econômico cura de todas as doenças, sendo ele [crescimento econômico] doença principal", opina o analista, acrescentando que o papel-chave é desempenhado pelos traços negativos do ser humano tais como "avidez, tolice e arrogância".
Respondendo à questão sobre quais medidas devem ser aplicadas para melhorar a situação, o cientista respondeu ser importante "garantir a contracepção através de todos os meios modernos e apoiar abortos", "garantir direitos iguais tanto para mulheres como para homens", "acabar com a discriminação racial e religiosa para que as pessoas se sintam livres para resolver dilemas humanos", bem como "redistribuir riquezas".
Foram vendidas cerca de dois milhões de cópias do best-seller Bomba Demográfica, que foi escrito juntamente com sua esposa Anne em 1968. A obra foi traduzida em muitos idiomas.
No livro é destacado que "centenas de milhões de pessoas vão morrer de fome" nos anos 70, contudo, segundo declarou o cientista, este desfecho trágico foi prevenido pela revolução agrária.
Em maio de 2018, a obra completará 50 anos, o autor continua comprometido com suas previsões. Apesar de algumas suposições e alguns prazos não terem sido verdadeiros, Ehrlich tem absoluta certeza que a ideia geral do seu livro corresponde à realidade.

domingo, 25 de março de 2018

O impacto destruidor do aquecimento global no Alasca

Um dos efeitos mais profundos da mudança climática está em andamento em solo americano - com consequências não só para a fauna, flora e moradores locais, mas para o planeta.

25 mar 2018 

Vladimir Romanovsky atravessa a densa floresta de coníferas com facilidade. Não para ou diminui o passo nem sequer para se equilibrar diante do musgo macio que cobre o permafrost - superfície que permanece congelada nas regiões polares.
É um dia quente de julho, e o cientista está procurando uma caixa que ele e sua equipe deixaram no solo. Ela está escondida cerca de 10 quilômetros ao norte do Instituto de Geofísica da Universidade do Alasca, em Fairbanks, onde Romanovsky é professor de geofísica e responsável pelo Laboratório de Permafrost.
O recipiente, coberto por galhos de árvores, contém um coletor de dados conectado a um termômetro, instalado abaixo do solo para medir a temperatura do permafrost em diferentes profundidades.
O permafrost é qualquer material terrestre que permaneça a 0°C ou abaixo dessa temperatura por pelo menos dois anos consecutivos.
Vladimir Romanovsky coleta registros de temperatura abaixo do solo da floresta | Foto: Anthony Rhoades
Vladimir Romanovsky coleta registros de temperatura abaixo do solo da floresta | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
Romanovsky conecta então seu laptop ao coletor de dados para transferir os registros de temperatura desta localidade, chamada Goldstream 3, que mais tarde serão adicionados a um banco de dados online, acessível tanto para cientistas quanto para qualquer pessoa interessada.
"O permafrost é definido com base na temperatura. Esse é o parâmetro que caracteriza a sua estabilidade", explica o professor.
Quando a temperatura do permafrost é inferior a 0°C, por exemplo, - 6°C, ele é considerado estável, o que significa que vai demorar muito para mudar ou descongelar. Já se está perto de 0°C, é classificado como vulnerável.
Todo verão, a porção de solo que cobre o permafrost, chamada de camada ativa, derrete - e congela de novo no inverno seguinte.
Em Goldstream 3, naquele dia de julho (verão no hemisfério norte), o derretimento chegava a 50 cm de profundidade.
Solo escuro indica a presença de carbono orgânico acumulado | Foto: Anthony Rhoades
Solo escuro indica a presença de carbono orgânico acumulado | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
À medida que a Terra aquece e as temperaturas aumentam no verão, o degelo está se expandindo e ficando mais profundo, fazendo com que o permafrost fique menos estável.
Se o derretimento continuar, haverá consequências profundas para o Alasca e para o mundo. Cerca de 90% do Estado é coberto por permafrost, o que significa que vilarejos inteiros precisarão ser realojados, conforme as fundações dos edifícios e as estradas desmoronarem.
E se o permafrost liberar o carbono acumulado e retido há milênios dentro dele, poderá acelerar o aquecimento do planeta - muito além da nossa capacidade de controlá-lo.

Estado de vulnerabilidade

À medida que o permafrost derrete, casas, estradas, aeroportos e outras infraestruturas construídas sobre o solo congelado podem rachar e até mesmo ruir.
"Estamos vendo mais serviços de manutenção em estradas que passam sobre o permafrost", diz Jeff Currey, engenheiro de materiais do Departamento de Transportes Públicos do Alasca.
"Um dos nossos superintendentes de manutenção contou recentemente que sua equipe está tendo que remendar certos trechos das rodovias com mais frequência do que há 10 ou 20 anos. "
Da mesma forma, as infraestruturas construídas no subsolo - para atender os serviços de utilidade pública, por exemplo - estão sendo afetadas, conforme as temperaturas aumentam.
"Em Point Lay, na costa noroeste do Alasca, por exemplo, eles estão tendo todos os tipos de problema com as redes de água e esgoto no solo de permafrost", afirma William Schnabel, diretor do Centro de Pesquisa de Água e Meio Ambiente da Universidade do Alasca.
Leituras feitas a partir de sensores no solo indicam mudanças significativas em andamento | Foto: Anthony Rhoades
Leituras feitas a partir de sensores no solo indicam mudanças significativas em andamento | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
A preocupação é ainda maior para aqueles que vivem em áreas rurais, que não dispõem de fundos suficientes para combater os efeitos do derretimento do permafrost.
Para esses moradores, não são apenas os edifícios que estão ruindo, o que é comum agora, mas também o abastecimento de água.
Muitas vezes, quando o permafrost derrete ao lado de um lago usado por um vilarejo como fonte de água, há uma fenda e ocorre um dreno lateral.
"Geralmente, é necessária uma infraestrutura bem cara para tirar água de um lago, levar para uma vila e armazená-la. E todos os componentes desta infraestrutura são vulneráveis ao degelo do permafrost", diz Romanovsky.
Se um vilarejo depende de um lago afetado para conseguir água, os membros da comunidade têm de levar sua infraestrutura e, às vezes, a vila inteira para outro lago, o que pode custar muito dinheiro.
De acordo com uma análise realizada pelo órgão de pesquisas geológicas americano US Geological Survey, aldeias como Kivalina, no noroeste do Alasca, terão que se mudar nos próximos 10 anos.
"Mas estimativas sugerem que o custo desta mudança seria de cerca de US$ 200 milhões por cada vila de 300 pessoas", explica Romanovsky.
Chegar a uma quantia como essa só seria possível com o financiamento do governo federal - mas não há garantias de que uma nova localização também não seria afetada.
"Acredito que agora existam 70 vilas que realmente precisam ser realojadas em decorrência do derretimento do permafrost", avalia.
"Mas transferir os vilarejos para outra área no permafrost é muito difícil de garantir por uns 30 anos. E o governo federal não quer pagar por algo que precisará pagar novamente."
Vladimir Romanovsky no Laboratório de Permafrost, da Universidade do Alasca, em Fairbanks | Foto: Anthony Rhoades
Vladimir Romanovsky no Laboratório de Permafrost, da Universidade do Alasca, em Fairbanks | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
Além disso, é possível que a construção de assentamentos no permafrost também possa agravar o problema no Alasca.
"Quando você pensa em água e esgoto, você precisa mantê-los sem congelar. E, no caso do permafrost, você tem que mantê-lo congelado", diz Schnabel.
"Ou seja, vai correr água relativamente quente pelo permafrost e haverá alguma dissipação de calor lá."
Do mesmo jeito, quando uma estrada é construída, parte da vegetação que cobre o permafrost é removida para que a rodovia seja pavimentada com asfalto, o que aumenta a quantidade de radiação solar absorvida.
Por isso, embora os serviços de manutenção tenham aumentado, nem todos os problemas relacionados à infraestrutura podem ser atribuídos à mudança climática.

Freezer cheio de carbono

O Alasca, está, sem dúvida na linha de frente das mudanças climáticas, mas as questões relacionadas ao permafrost vão além da "última fronteira selvagem", como é conhecido. O derretimento do material afetará outros 48 estados americanos, localizados abaixo dele, assim como todo o planeta.
De acordo com Romanovsky, metade do estado e 90% do permafrost do interior do Alasca vão descongelar se houver um aumento médio global de 2°C na temperatura.
Isso é especialmente preocupante porque uma enorme quantidade de carbono orgânico é sequestrada no permafrost e na camada ativa que se sobrepõe a ele.
Uma vez que não há calor suficiente no solo congelado para ajudar os micro-organismos a decompor a vegetação morta, a matéria orgânica foi se acumulando durante milhares de anos no permafrost.
Algumas análises estimam que a quantidade de carbono no permafrost equivale a mais de duas vezes a de dióxido de carbono na atmosfera.
"Se mantivermos o curso atual, é bem provável que até 2100 uma parte significativa do permafrost, nos cinco metros superiores, descongele. E, com ele, toda a matéria orgânica que está atualmente retida ali", diz Kevin Schaefer, pesquisador do National Snow and Ice Data Center da Universidade do Colorado.
No Parque Nacional Denali, o aumento da temperatura começou a afetar a vida selvagem | Foto: Anthony Rhoades
No Parque Nacional Denali, o aumento da temperatura começou a afetar a vida selvagem | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
"Isso significaria uma liberação de dióxido de carbono e metano, que aumentaria o aquecimento devido à queima de combustíveis fósseis."
Em artigo publicado em 2012 na revista científica Nature, Schaefer e seus colegas sugerem que os eventos de aquecimento súbito ocorridos anteriormente foram essencialmente desencadeados pela liberação de dióxido de carbono e metano do permafrost há cerca de 50 milhões de anos na Antártida.
E as projeções não parecem otimistas: "Teoricamente, se esse carbono for liberado para a atmosfera, a quantidade de CO2 será três vezes maior do que a que está lá (na atmosfera) agora", diz Romanovsky.
Desta forma, há uma genuína retroalimentação, uma vez que aquecimento aumenta em decorrência da queima de combustíveis fósseis.
Mas, apesar do fato de o aquecimento estar acelerando, os efeitos da retroalimentação serão graduais, levando tempo para serem sentidos.
"É um feedback muito lento", diz Schaefer.
"Imagine tentar conduzir um navio a vapor com o remo de uma canoa, esse é o tipo de feedback que estamos falando", compara.
Infelizmente, uma vez que o permafrost começa a derreter, é difícil congelá-lo novamente - pelo menos enquanto estivermos vivos. Além disso, a partir do momento que material sai do solo e vai para a atmosfera, não existe uma maneira fácil de enviar esse carbono de volta ao chão.
"A única maneira de fazer isso seria baixar a temperatura global e congelar de novo o permafrost, o que significaria que você estaria removendo o dióxido de carbono da atmosfera", diz Schaefer.
Segundo Romanovsky, os modelos climáticos mostram que os atuais compromissos intergovernamentais para reduzir o aquecimento global - conforme estabelecido no Acordo de Paris - podem não ser suficientes.
Em artigo publicado em 2016 na revista Nature Climate Change, a pesquisadora Sarah Chadburn e seus colegas estimam que, mesmo que o clima fosse estabilizado, conforme acordado pelos 196 países em 2015, "a área de permafrost seria eventualmente reduzida em mais de 40%".
No entanto, após o anúncio do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, em junho do ano passado, é de se esperar uma perda ainda maior de permafrost no horizonte.

O jogo de culpa

O Alasca é um Estado conservador politicamente, então quem está de fora pode supor que seus moradores rejeitam a ideia do aquecimento global. Mas a realidade é mais complexa.
Uma pesquisa realizada no início deste ano pelo Alaska Dispatch News, com um total de 750 participantes, mostrou que mais de 70% da população local está preocupada com os efeitos da mudança climática.
"No Alasca, a quem você perguntar, vai responder 'sim, há aquecimento'", afirma Romanovsky.
"Quanto mais para o norte você for, especialmente no noroeste, mais forte é esse sentimento. Porque está acontecendo, você consegue ver. Claro, a questão sobre de quem é a responsabilidade depende das crenças políticas."
No Parque Nacional Denali, a guarda florestal Anna Moore testemunhou como o aquecimento pode afetar em pouco tempo a vida selvagem.
Ela reparou que a lebre do ártico, que muda a cor da pele de acordo com as estações do ano para se camuflar, parece não estar acompanhando mais as mudanças, como resultado do aumento da temperatura, o que a deixa mais exposta a predadores.
A lebre do ártico está tendo dificuldade para se camuflar, conforme a neve derrete, diz guarda florestal | Foto: Getty Images
A lebre do ártico está tendo dificuldade para se camuflar, conforme a neve derrete, diz guarda florestal | Foto: Getty Images
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
"No inverno, eles ficam brancos", diz Moore.
"À medida que está ficando mais quente, a neve está derretendo mais rápido, mas seus corpos são aclimatados a certas mudanças de temperatura e, portanto, mesmo que a neve já esteja derretendo, eles continuam brancos - e correndo perigo por causa dos predadores."
Moore acrescenta que, apesar de acreditar nas mudanças climáticas e estar observando seus efeitos na fauna e flora do parque, ela considera isso um resultado tanto das atividades humanas quanto de um ciclo natural.
Ashley Tench, sua colega, compartilha o mesmo sentimento:
"Eu concordo com ela (em) como isso é em parte feito pelo homem, mas é também natural."
Por isso, Tench não acredita que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris faça diferença no clima.
Mas nem todo mundo no Alasca tem essa opinião. Para Bill Beaudoin, mergulhador e educador aposentado, que agora é proprietário de uma pensão em Fairbanks, é óbvio que os humanos são culpados e que devemos trabalhar para reverter os efeitos de nossas ações.
"Acredito que o Acordo de Paris era necessário ", diz ele.
"Na verdade, eu não achava (que era) suficiente. Há um país, a Nicarágua, que não assinou o acordo porque achou que não era forte o suficiente. Eu ficaria provavelmente ao lado da Nicarágua nesta questão", acrescenta.
‘O Acordo de Paris era necessário. Na verdade, eu não achava (que era) suficiente’, afirma Bill Beaudoin, morador do Alasca | Foto: Anthony Rhoades
‘O Acordo de Paris era necessário. Na verdade, eu não achava (que era) suficiente’, afirma Bill Beaudoin, morador do Alasca | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
Mas não importa quem seja o culpado pelo aquecimento e o consequente derretimento do permafrost. A população do Alasca está, em sua maioria, preocupada com seu futuro.
"As pessoas estão preocupadas, porque, claro, não existe seguro para derretimento do permafrost", diz Romanovsky.
"Os seguros não estão cobrindo os danos causados pelo permafrost, assim como por terremotos na Califórnia."

Em busca do carbono

De volta a Goldstream 3, Romanovsky observou que a 50 cm de profundidade, a temperatura do solo era de - 0,04°C. Em um metro, chegava a - 0,23 °C.
Na última vez que tinha verificado os dados, em março, a temperatura a um metro do solo era de -1,1°C.
Ele pega sua pá e faz um buraco no chão para observar o solo e checar se há presença de carbono. A superfície mais escura indica carbono orgânico acumulado.
Quanto mais ele cava, mais frio fica o solo. Ele escava tanto até que sua pá toca o permafrost - e aparentemente ele não pode ir além.
Pesquisadores do Instituto Geofísico da Universidade do Alasca estão monitorando mudanças de temperatura no longo prazo | Foto: Anthony Rhoades
Pesquisadores do Instituto Geofísico da Universidade do Alasca estão monitorando mudanças de temperatura no longo prazo | Foto: Anthony Rhoades
Foto: BBCBrasil.com
Romanovsky força um pouco mais e consegue desenterrar um pedaço do permafrost - do tamanho de uma pequena moeda. Segundos após segurar o solo congelado entre os dedos, ele derrete como se fosse um cubo de gelo.
Ele devolve a terra removida de volta ao buraco, desconecta seu laptop do coletor de dados, fecha a caixa, cobre novamente com galhos de árvore e se prepara para voltar.
Em uma semana, ele vai se deslocar para o norte do Estado para registrar a temperatura em outras áreas, acrescentando mais informações a uma das bases de dados de permafrost mais abrangentes do mundo.
Enquanto isso, pouco a pouco, o Alasca vai derretendo - e o que vem pela frente não se sabe. O certo é que o grande degelo mudará para sempre a paisagem como é hoje - e provavelmente o planeta e seus habitantes.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Como acabar com a prisão de ventre

Primeiro, coma meio abacate de manhã. Deve-se revezar o consumo de abacate com o consumo de mamão e ameixa - e, consumindo um, não precisa consumir o outro.
Segundo, coma fibras presentes em frutas, legumes e folhagens.
Terceiro, tome bastante água.
Pronto! Intestino funcionando otimamente.

Declínio da biodiversidade em todo o planeta ameaça bem-estar da humanidade

A biodiversidade em todo o mundo está em forte declínio, em um processo de perda que atinge todas as regiões do planeta. Isso reduz a capacidade da natureza de contribuir para o bem-estar da humanidade, afetando as economias, os meios de subsistência, a segurança alimentar.
Esse é o alerta de quatro relatórios lançados nesta sexta-feira, 23, pelo IPBES, uma plataforma intergovernamental que reúne mais de 500 cientistas para avaliar o estado do conhecimento sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.
O trabalho analisou a situação em todas as regiões do planeta (com exceção dos polos e oceanos) e observou que, com a exceção de alguns casos, a degradação é generalizada, provocada por redução de habitats, super exploração e uso insustentável dos recursos naturais, poluição da terra, do ar e do solo, aumento em número e em grau de impacto de espécies invasoras, além das mudanças climáticas.
Para as Américas, por exemplo, o trabalho estima em mais de US$ 24 trilhões por ano o valor econômico das contribuições da natureza terrestre para as pessoas - o equivalente ao PIB de toda região. Mas 65% dessas contribuições, alertam os pesquisadores, estão em declínio. E 21% estão diminuindo fortemente. Não foram feitas análises específicas por país.
Segundo o trabalho, essa perda ocorre de várias formas. Boa parte da áreas úmidas, por exemplo, está sendo transformada pela expansão da agricultura e da urbanização. A biodiversidade marinha, em especial à relacionada com recifes de corais e mangues, tem sofrido grandes perdas nas últimas décadas, o que reduz a oferta de alimento e meios de subsistência para populações costeiras.
A região das Américas, que abrigam sete dos 17 países mais biodiversos do mundo e têm algumas das mais extensas áreas selvagens do planeta, foi considerada a que tem a maior capacidade em todo o planeta de produzir materiais naturais que podem ser consumido pelos seres humanos. Segundo o levantamento, as América contêm 40% da capacidade dos ecossistemas mundiais de ter essa produção, ao passo que abriga somente 13% da população humana global.
"Essa capacidade resulta em três vezes mais recursos fornecidos pela natureza per capita nas Américas do que os disponíveis para um cidadão global médio. Esses recursos contribuem de forma essencial para a segurança alimentar, segurança hídrica e segurança energética, bem como para o fornecimento de contribuições reguladoras como polinização, regulação climática e qualidade do ar, além de contribuições não materiais como saúde física e mental e 'continuidade cultural'", aponta o estudo.
Este é, porém, um quadro que está sob forte ameaça. De acordo com o relatório, a maior parte dos países usa a natureza de modo mais intensivo que a média global, excedendo sua capacidade de se recuperar. Os 13% da população mundial que vivem na região são responsáveis por 22,8% da "pegada ecológica" global - ou seja, o quanto de impacto a humanidade causa sobre os recursos da Terra.
E a tendência, se o uso dos recursos continuar no mesmo nível, é que a degradação só vai piorar, em decorrência de um outro fator: as mudanças climáticas. A expectativa é que o clima possa afetar negativamente a biodiversidade até 2050 tão fortemente quanto hoje impactam as pressões impostas pelas mudanças no uso da terra.
De acordo com o estudo, hoje, em média, as populações de espécies na região são cerca de 31% menores do que eram antes da chegada dos europeus às Américas. Com os efeitos crescentes da mudança climática adicionados aos outros fatores, essa perda é projetada para atingir 40% até 2050.
O relatório lembra que cerca de 25% das 14 mil espécies que vivem nas Américas são consideradas pelo União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) como em alto risco de extinção.
Dos grupos de espécies endêmicas avaliados quanto ao risco de extinção, mais da metade das espécies no Caribe, mais de 40% na Mesoamérica e quase um quarto na América do Norte e na América do Sul estão sob alto risco, aponta o estudo.
Fonte: Estadão Conteúdo

Os maiores animais terrestres já se encontrariam em perigo

Agência AFP
Felinos, ursos, lobos, zebras, rinocerontes, elefantes, girafas, hipopótamos, símios... A maioria das 101 espécies de grandes herbívoros e carnívoros terrestres estão em perigo, e algumas já estão condenadas à extinção.
Segundo a definição mais aceita, a "megafauna" terrestre inclui os carnívoros de ao menos 15 quilos e os grandes herbívoros de mais de 100 quilos, isto é, um total de 101 espécies. 
Para a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), três quintos desses animais emblemáticos estão ameaçados, com mais de uma dezena de espécies em "perigo crítico" ou "extintas em estado selvagem". 
"Os cientistas especialistas em conservação se dedicarão em breve a escrever necrológicos para espécies ou subespécies da megafauna à medida que desaparecem do planeta", lamenta Bill Ripple, da Universidade de Oregon, autor principal de um documento assinado em dezembro por mais de 15.000 de seus colegas para alertar o mundo inteiro.
O último exemplo do perigo que enfrentam essas espécies ocorreu esta semana, quando o último rinoceronte branco do norte macho morreu aos 45 anos em um zoológico do Quênia. 
- 'Diante nossos olhos' -
Para alguns cientistas, o adax, um antílope do Saara, também está "condenado à extinção". Outros acreditam que o gorila-do-oriente, caçado por sua carne, "está a um passo" de desaparecer, como os orangotangos de Bornéu e Sumatra.
Outros animais fascinantes, em maior número e que a cada ano atraem milhões de turistas para a África, também estão em perigo.
As populações de leões, rinocerontes e guepardos caíram mais de 90% durante o século passado. O número de girafas, classificadas como "vulneráveis", diminuiu 40% em 30 anos. E 30% dos ursos polares poderiam desaparecer até meados do século XXI.
"É muito possível que vejamos como esses gigantes são apagados na natureza durante nossa vida, diante de nossos olhos", explica a diretora da IUCN, Inger Andersen.
Os cientistas concordam que começou uma nova "extinção em massa", em que espécies de todo tipo e tamanhos desaparecem 100 vezes mais rápido que em tempos normais.
A Terra viveu, até o momento, cinco extinções em massa, a última delas dos dinossauros, que remonta a 66 milhões de anos atrás.
Hoje, a megafauna é vítima de múltiplos riscos vinculados à expansão humana, à perda de seu habitat por culpa da caça furtiva, a conflitos pela pecuária e, no caso do urso polar, às mudanças climáticas.
- "Savana silenciosa" -
"A primeira ameaça que a fauna da África enfrenta é que a comemos", diz Paul Funston, diretor do programa de defesa dos leões da ONG Panthera. Uma situação descrita em algumas zonas como "a síndrome da savana silenciosa".
"Algumas zonas protegidas parecem totalmente intactas, as florestas, as aves, as abelhas, tudo está lá. Mas os grandes mamíferos desapareceram porque foram comidos", explica Funston, que aponta o aumento da população no continente.
Apesar do triste contraste, os defensores do meio ambiente não perdem a esperança e permitiram que certas espécies se recuperassem.
Mas essas pessoas devem ser realistas, assegura Michael Knight, que dirige o grupo da IUCN que se encarrega dos rinocerontes africanos.
"A África já não corresponde ao sonho de países abertos nos que correm animais selvagens", insiste. E em 50 anos, "os desafios serão 10 ou talvez 50 vezes mais difíceis".
Para Paul Funston, a solução virá de investimentos estratégicos em parques nacionais, já que vários estudos apontam o vínculo entre o dinheiro investido por quilômetro quadrado e a taxa de sobrevivência das espécies protegidas.
"Estamos quase prontos para a seleção", explica. "Para os leões, está feito, identificamos 14 zonas-chaves onde o dinheiro deve se concentrar".
Mas "necessitamos nos afastar urgentemente de um enfoque por espécie", afirma o especialista.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Mudanças climáticas causarão catástrofe migratória, alerta Banco Mundial

Agência AFP
Os "migrantes climáticos", que fogem de uma agricultura devastada, da falta de água doce ou do aumento do nível do mar, poderão chegar a 143 milhões em 2050, segundo um estudo elaborado pelo Banco Mundial.
No total, o drama pode afetar cerca de 17 milhões de pessoas na América Latina, 86 milhões na África subsaariana e 40 milhões no sul da Ásia se não forem adotadas medidas concretas imediatamente, aponta o documento do organismo multilateral divulgado nesta segunda-feira.
O estudo é o primeiro documento do Banco Mundial que se concentra no deslocamento de comunidades inteiras diretamente ligado aos efeitos das mudanças climáticas.
As três regiões consideradas no estudo representam 55% da população dos países em desenvolvimento.
Na apresentação do estudo, a vice-diretora do Banco Mundial, Kristalina Georgieva, indicou que as mudanças climáticas se tornaram um "motor de migração" ao obrigar famílias e até comunidades inteiras a se deslocar para lugares viáveis para a subsistência.
"A cada dia as mudanças climáticas se transformam em uma ameaça econômica, social e existencial mais forte", acrescentou.
Este cenário, disse, pode ser constatado "nas cidades que enfrentam crises de água sem precedentes, nas regiões costeiras que experimentam tempestades altamente destrutivas e nas regiões agrícolas que já não conseguem produzir cultivos essenciais".
O estudo destaca que esse enorme contingente de deslocados pelos efeitos das mudanças climáticas se somaria às milhões de pessoas que já se encontram na necessidade de emigrar por causas políticas, econômicas ou sociais.
O informe se baseou em três estudos de caso. Um deles, possivelmente o mais urgente, se dedica a Bangladesh, onde poderia ser gerado o maior número de "migrantes climáticos" em comparação com qualquer outra região do mundo até 2050.
Outro caso é o da Etiópia, que poderia experimentar um crescimento demográfico de até 85% neste período, e onde as emigrações aumentarão exponencialmente devido à diminuição das colheitas.
Preocupação com a América Central
O estudo dedica uma parte ao México e à América Central, onde poderia haver entre 1,4 e 2,1 milhões de migrantes devido às mudanças climáticas, que se deslocariam para as zonas que já estão mais densamente povoadas.
De acordo com os especialistas do organismo, a região do México e América Central "pode enfrentar um aumento dramático da migração por questões climáticas no final do século", fundamentalmente pelo agravamento na disponibilidade de água.
Nesse cenário, as zonas receptoras de parte importante desse movimento migratório seriam "o planalto central do México e as terras altas da Guatemala".
Isto porque "as pessoas abandonariam as áreas baixas e mais calorosas nesses dois países para se mover em direção a áreas elevadas que sejam climaticamente mais favoráveis", apontou o estudo.
De acordo com as projeções dos peritos do banco, isto faria com que a população urbana nessa região passasse de cerca de 90 milhões de pessoas em 2010 a cerca de 140 milhões em 2050.
Um quadro igualmente preocupante é traçado pelo estudo para a África subsaariana, onde se projeta um alarmante crescimento demográfico e capacidades agrícolas declinantes.
A população da África subsaariana, estimada em quase um bilhão de pessoas atualmente, poderia chegar a 2,7 bilhões até 2060, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O desafio, alerta o organismo, será encontrar um mecanismo para impedir que esta migração provocada pelas mudanças climáticas se transforme em uma crise humanitária.
Na visão dos especialistas, o número de deslocados poderia diminuir em até 80% se o poder político agir em "várias frentes" com esse objetivo.
Entre as medidas, o estudo destaca a redução das emissões de gases de efeito estufa, o aumento dos investimentos para compreender o processo da migração interna e a incorporação das comunidades deslocadas a planos de desenvolvimento.
No estudo, os especialistas desenvolveram três cenários: um "pessimista", marcado por um volume elevado de emissões de gases de efeito estufa; um "respeitoso do meio ambiente" e um terceiro que contemple programas de desenvolvimento sustentável.

domingo, 18 de março de 2018

Aprendendo com o melhor sistema educacional do mundo

Ao longo desta semana, especialistas de Singapura estarão formando professores de matemática e ciências da rede municipal de Joinville (SC), podendo trazer impactos importantes para o desempenho escolar de 50 mil estudantes. Trata-se de uma iniciativa pioneira, resultado de uma parceria envolvendo o Instituto Ayrton Senna, o movimento Santa Catarina pela Educação, as Federações das Indústrias e do Comércio de Santa Catarina (FIESC e Fecomércio), a Agência Comercial do Governo de Singapura no Brasil (International Enterprise Singapore), o Instituto Nacional de Educação (NIE, na sigla em inglês) de Singapura e a Rede Municipal de Educação de Joinville.
Tudo começou em maio do ano passado, durante uma missão internacional a Singapura no âmbito do movimento Santa Catarina pela Educação. Durante o período, foi possível conhecer o trabalho do NIE, que tem a responsabilidade de formar os professores daquele país. Singapura encontra-se hoje no topo do ranking mundial do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA, na sigla em inglês) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O país ficou em primeiro lugar nas três disciplinas avaliadas: ciências, matemática e leitura, com notas muita acima dos demais países mais bem colocados no PISA, como Japão e Hong Kong.
Na visita que fiz ao NIE, perguntei ao Prof. Lee Sing Kong, ex-diretor da instituição e um dos líderes da reforma educacional daquele país – falecido há pouco menos de um ano e a quem dedico este artigo –, o porquê deste 1° lugar. Ele foi direto: “Nós não preparamos nossos alunos para se saírem bem no PISA, ou em qualquer outro sistema de avaliação. Nós formamos nossos alunos para a vida”.
Tudo em Singapura gira em torno do binômio meritocracia e relevância, por isso coloca a educação como uma prioridade nacional, não só em termos de investimentos, mas também no valor social na figura do próprio professor. Ser professor em Singapura é sinônimo de prestígio. A qualidade da oferta da educação pode ser aferida pelo desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e pela cultura de ter políticas públicas baseadas em evidências. A formação dos professores é estritamente alinhada com as necessidades de uma Educação para o Século XXI, com foco no desenvolvimento de habilidades socioemocionais – importante pilar da Educação Integral.
No contexto desta iniciativa, vale ainda ressaltar que não obstante as técnicas e metodologias de ensino terem sido desenvolvidas em Singapura, o conteúdo desta formação em ciências e matemática tem como base o referencial curricular da rede de ensino de Joinville e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Assim, tal iniciativa se traduz na firme esperança de trazer para o Brasil o que há de melhor na educação mundial, na perspectiva de que, num futuro não muito distante, o país possa oferecer um ensino de qualidade para todas as nossas crianças.