03/05/2022
[Imagem: David Wishart et al. - 10.3390/metabo12020154]
Teorias sobre origem do câncer
Quase todas as teorias sobre as causas do câncer que surgiram até hoje podem ser classificadas em três grupos principais.
A primeira é o câncer como uma doença genética, com foco no genoma, o conjunto de instruções genéticas com as quais cada um de nós nasce.
A segunda é o câncer como doença ambiental, com foco na exposição, ou expossoma, que inclui tudo o que nosso corpo está exposto ao longo de sua vida.
A terceira é o câncer como doença metabólica, com foco no metaboloma, todos os subprodutos químicos do processo de metabolismo.
A perspectiva metabólica não teve muita pesquisa até agora, mas está ganhando o interesse de mais cientistas, que estão começando a entender o papel do metaboloma no câncer.
Acontece que genoma, expossoma e metaboloma operam juntos em um ciclo de retroalimentação à medida que o câncer se desenvolve e se espalha.
De acordo com os dados, os cânceres hereditários representam apenas 5 a 10 por cento de todos os cânceres. Os outros 90 a 95 por cento são iniciados por fatores no expossoma, que por sua vez desencadeiam mutações genéticas.
"O câncer é genético, mas frequentemente a mutação em si não é suficiente. À medida que o câncer se desenvolve e se espalha no corpo, ele cria seu próprio ambiente e introduz certos metabólitos. Torna-se uma doença autoalimentada. E é onde o câncer como uma desordem metabólica torna-se realmente importante," resumem os doutores David Wishart e Daniel Cicero, da Universidade de Alberta (Canadá).
[Imagem: David Wishart et al. - 10.3390/metabo12020154]
Câncer é evitável
Toda esta questão está longe de ser uma mera questão acadêmica: Essencialmente, o que esta visão holística afirma é que o câncer não é inevitável.
O que os dois pesquisadores estão defendendo é uma combinação das pesquisas genéticas, ambientais e metabólicas, o que pode oferecer uma visão mais ampla que pode ajudar os cientistas a entender e tratar melhor o câncer. E eles não estão sozinhos: É o segundo alerta em poucas semanas sobre a necessidade de uma nova abordagem para lidar com o câncer.
De fato, a perspectiva multiômica, na qual genoma, expossoma e metaboloma são considerados em uníssono quando se pensa em câncer, está se mostrando promissora para encontrar tratamentos e superar as limitações de olhar para apenas um desses fatores.
Por exemplo, explicou Wishart, os pesquisadores que se concentram apenas na perspectiva genética estão procurando abordar mutações específicas. O problema é que existem cerca de 1.000 genes que podem se tornar cancerosos quando mutados, e normalmente são necessárias pelo menos duas mutações diferentes nessas células para que o câncer cresça. Isso significa que há um milhão de pares de mutações em potencial e "torna-se sem esperança" tentar diminuir as possibilidades ao buscar novos tratamentos.
Mas, ao considerar o câncer do ponto de vista metabólico, existem apenas quatro tipos metabólicos principais, disse Wishart. Em vez de tentar encontrar um plano de tratamento combinado para uma mutação específica entre um milhão, determinar o tipo metabólico do câncer do paciente pode orientar imediatamente os médicos na decisão sobre o melhor tratamento para o câncer específico.
"Se entendermos as causas do câncer, então podemos começar a destacar as causas conhecidas, os problemas de estilo de vida que introduzem ou aumentam nosso risco," disse ele. "Do lado da prevenção, mudar nosso metabolismo por meio de ajustes no estilo de vida fará uma enorme diferença na incidência do câncer."
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