De acordo com a CNI, 65% das fábricas da indústria geral que usam matérias-primas importadas não conseguem tudo o que necessitam, mesmo pagando mais caro; na indústria da construção, porcentual é de 79%
09 de abril de 2021
BRASÍLIA - As fábricas brasileiras continuam com dificuldades na aquisição de matérias-primas para sustentar a retomada da produção. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria, mais de 70% das firmas seguem com problemas para conseguir insumos no mercado e a maior parte delas só espera uma melhora no segundo semestre deste ano.
Como mostrou o Estadão/Broadcast em outubro, a indústria brasileira já enfrentava esse gargalo desde o terceiro trimestre do ano passado. Pouco mudou desde então. O porcentual de fábricas da indústria geral com problemas na aquisição de matérias-primas passou de 75% para 73%. Na indústria da construção, a parcela se manteve em 72%.
A crise da falta de insumos é independente do preço desses materiais. De acordo com a CNI, 65% das fábricas da indústria geral que usam matérias-primas importadas não conseguem tudo o que necessitam, mesmo pagando mais caro. Na indústria da construção, esse porcentual é de 79% dentre aquelas que trazem insumos do exterior.
A CNI destaca que as expectativas de normalização das cadeias produtivas nacionais foram frustradas. Em novembro do ano passado, 51% das empresas da indústria geral e 49% das firmas da indústria da construção esperavam o retorno ao normal no fornecimento de insumos já no primeiro trimestre de 2021.
Agora, 37% da indústria geral espera uma melhora no segundo trimestre e outros 33% já mudaram suas expectativas para o terceiro trimestre do ano. Na indústria da construção, esses porcentuais são de 33% e 38%, respectivamente. Para 14% da indústria geral e 5% da indústria da construção, a normalização só virá em 2022.
Apesar dos problemas nas compras de insumos se manterem, a parcela de indústrias com dificuldades em atender a quantidade de encomendas dos clientes diminuiu. Na indústria geral, o porcentual passou de 54% para 45%. Já na indústria da construção, apenas oscilou de 31% para 30%.
“Essa desestruturação das cadeias produtivas ainda é resultado das enormes incertezas que a economia atravessou na primeira onda. A compra de insumos pelas empresas foi cancelada e os estoques foram reduzidos, um movimento que atingiu praticamente todas as empresas das cadeias de produção A rápida retomada da economia no segundo semestre de 2020 não foi acompanhada no mesmo ritmo por todas as empresas, o que gerou dificuldades nos diversos elos da cadeia”, avaliou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário