Chantelle Otten é uma premiada psicossexóloga apaixonada por ajudar as pessoas a se sentirem melhor com a saúde, a autoestima, a comunicação e a educação sexuais.
Ter prazer no sexo é maravilhoso. Além disso, a prática sexual regular, a sós ou com parceiros, pode trazer uma série de benefícios para a saúde, incluindo a liberação de hormônios que melhoram o humor e a ligação com o parceiro sexual.
Com a idade, a vida sexual vai mudando. Em outras palavras, basta observar que as relações sexuais que você tem hoje em dia são totalmente diferentes das vivenciadas na adolescência e próximo dos 20 anos, certo? E as experiências futuras também serão diferentes das atuais. Isso vai se transformando de acordo com papéis sociais, níveis de estresse, possíveis filhos, emoções e, é claro, mudanças físicas.
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Para quem tem uma vulva, ao se aproximar da menopausa, a vagina realmente diminui e se torna mais estreita. As paredes vaginais ficam um pouco mais finas e a lubrificação diminui. Já para quem tem um pênis, as chances de ter disfunção erétil aumentam com a idade, e o pênis pode ficar mais mole. Quer dizer então que, quando envelhecemos, não temos mais aptidão para o sexo? De jeito nenhum. Na verdade, muitas pessoas afirmam que o sexo melhora com a idade.
Para quem está na casa dos 20
Os 20 anos são uma idade voltada à experimentação sexual. Nesse período com mais acesso a uma educação sexual sem preconceitos, é possível tomar decisões independentes sobre como conduzir a própria vida sexual. A pessoa pode aprender com o autoprazer e as fantasias sexuais e tem a oportunidade de experimentar o sexo com diferentes parceiros de forma segura.
Esse período também traz oportunidades de experimentar o sexo com foco no prazer, em oposição ao sexo voltado a um propósito. O que isso significa? Basicamente, o sexo voltado a um propósito é orientado por um objetivo, por exemplo, ter um orgasmo, uma penetração ou um filho. Eu gosto de ensinar as pessoas sobre a educação sexual voltada ao prazer porque, realmente, o tempo da vida delas dedicado ao sexo com propósito é curto. Sendo assim, é útil aprender sobre a educação voltada ao prazer desde cedo, para que essas habilidades possam ser aproveitadas nos anos seguintes.
Muito se aprende sobre orgasmos, controle, consentimento e orientação sexual na casa dos 20 (e posteriormente), mas lembre-se de que nunca é tarde para aprender mais sobre a própria sexualidade. Acredito que seja um ótimo período de crescimento e de compreensão sobre o que cada um gosta e não gosta de fazer na cama. Para muitos, também é um momento de viajar para diversos países (depois da vacina, claro!) e aprender sobre a paixão em diferentes culturas e com diferentes parceiros.
A época dos 20 anos é também um ótimo momento para resolver qualquer desafio ligado à sexualidade, como dores nas relações sexuais, o que pode ser um caso de vaginismo, ou ejaculação precoce.
Para quem está na casa dos 30
Na casa dos 30 anos, normalmente a vida sexual — e a vida em geral — começam a ser transformadas por novas prioridades, como carreira, família e gravidez. Nessa época, é importante priorizar a vida sexual e reservar momentos para ela. Isso porque ela pode ficar em segundo plano, enquanto deveria receber atenção prioritária, uma vez que a vida é curta. Sexo é bom e saudável, além de fortalecer a conexão entre os parceiros. O sexo é vital para manter a intimidade e, aos trinta anos, pode ser menos "espontâneo", mais "responsivo". O desejo sexual responsivo é aquele que se manifesta em resposta à estimulação, ou seja, alguma coisa sensual acontece e o corpo responde. Então, ao planejar uma noite de sexo com um parceiro e um pedir para que o outro acaricie a parte interna de suas coxas, o corpo pode reagir expressando: "Uau, isso é bom, vamos continuar!".
Também é interessante que, solteiras ou acompanhadas, as pessoas são um pouco mais bem resolvidas com os próprios corpos nessa época da vida. Há mais amor-próprio e domínio sobre a beleza do corpo, com mais ênfase na atenção erótica dada a todo o mapa corporal em vez de somente aos órgãos genitais. Isso significa estar aberto a pelos corporais, beijar a celulite das coxas, aceitar as imperfeições da pele e aprender mais sobre zonas erógenas que não se resumam aos seios, à vulva e ao pênis.
Esse também é um ótimo momento para conhecer as linguagens do amor, com ênfase em como demonstrar para pessoas especiais que elas são amadas da forma como querem ser amadas, não como o outro deseja expressar esse amor em uma relação.
As cinco categorias incluem:
Palavras de afirmação;
Atos de serviço;
Presentes;
Tempo de qualidade;
Toque físico
Apesar de todas essas linguagens serem importantes, as pessoas normalmente dão mais valor a uma ou duas delas. Uma boa ideia é fazer um teste das linguagens do amor com parceiros amorosos (ou sozinho) para entender as necessidades de cada um no amor e na intimidade.
Seria negligente não mencionar uma parte muito importante dos 30 anos. Para quem toma essa decisão, a gravidez e o parto são momentos de transformação da sexualidade. No que diz respeito à vida sexual, a gravidez, o parto e a criação dos filhos podem exercer uma enorme influência, assim como a exaustão. A atenção erótica geralmente é voltada para o outro, então, é importante tentar reservar algum tempo para o autoprazer ou para algumas "rapidinhas" com o parceiro.
Para quem está na casa dos 40
Nessa idade, é possível que os filhos ainda sejam pequenos, gerando algumas dificuldades com a privacidade. Apesar disso, as pessoas na faixa dos 40 anos tendem a ter mais confiança sexual por já conhecerem bem seus próprios corpos e preferências. Além do mais, aos 40, as pessoas tendem a saber o que querem e como pedir isso.
Esse é um ótimo momento de reavaliação do eu sexual. Você gosta do que está fazendo na cama? Você precisa testar novas atividades e intensidades? Você tem energia emocional e física para dar um novo foco às técnicas de autoprazer e ter mais excitação? Isso inclui novos brinquedos, fantasias e, quem sabe, mais parceiros sexuais, no caso de relações não monogâmicas.
A minha sugestão é que os 40 anos sejam dedicados à renovação da vida sexual e à exploração das opções do erotismo para apimentá-la.
Nos últimos anos da faixa dos 40, podem surgir desafios ligados à perimenopausa ou à capacidade de manter a ereção, mas é possível lidar com tudo isso contando com uma equipe de médicos especializados, endocrinologistas e sexólogos.
Para quem está na casa dos 50
Ao alcançar os 50 anos, as pessoas que têm ovários podem enfrentar novos desafios com a menopausa. Normalmente, ela ocorre entre os 45 e 55 anos e pode gerar uma queda nos níveis de estrogênio e progesterona, causando ondas de calor, dificuldades para dormir e secura vaginal. Todos esses fatores podem impactar a sexualidade.
Esses desafios podem ser enfrentados com terapias de reposição hormonal para quem quiser e puder realizá-las. Terapias alternativas e bons lubrificantes também podem ajudar.
Aqueles que têm um pênis podem começar a senti-lo um pouco mais mole aos 50 anos, o que também pode ser tratado com auxílio de medicação.
No entanto, nesse período, as práticas sexuais sem penetração tornam-se mais importantes, com um direcionamento do eros à criatividade sexual. Há uma adaptação e uma acomodação entre parceiros, saúde física, saúde mental e vários outros efeitos. As pessoas nessa fase podem dedicar mais tempo para explorar com calma o sexo direcionado ao prazer sem medo de engravidar. Mas as DSTs ainda são predominantes, portanto, segurança em primeiro lugar.
Dos 60 em diante
Esse é um tempo de prazer, em que as pessoas fazem sexo por diversão, proximidade e experimentação. Assista a filmes pornô, fique nu, trabalhe a intimidade e comunique-se sobre o que você gosta e não gosta. Eu tenho vários pacientes entre 80 e 90 anos que estão ainda se divertindo bastante sexualmente. As pressões relacionadas à imagem corporal tendem a diminuir e muitos só querem rir um pouco e ficar juntos nus. É uma fase muito bonita.
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