“O grande problema com que nos debatemos são as alterações climáticas. Milhões de pessoas vão sofrer se não fizermos alguma coisa.” Foi esta convicção que levou Manuel Reis a fundar uma nova associação de Ambiente, a Agir pelo Planeta – para dar o seu contributo na mudança que se exige.
Um dos objetivos da organização é lutar contra a desinformação, mesmo numa altura em que praticamente só se fala de pandemia. “Temos um vírus maior entre nós: negar as evidências [das alterações climáticas].” O panorama não é o melhor. “Todos os estudos apontam para um subida de três graus. E ficamos todos na mesma? Ficamos à espera de mais um acordo?”
Mesmo os países mais desenvolvidos, que deviam estar a fazer um esforço suplementar para reduzir as emissões, continuam quase como se nada se passasse, acusa. “Quando ouvimos a notícia de que os japoneses vão inaugurar 22 centrais a carvão… Isso polui mais do que Portugal inteiro.”
O problema, acrescenta, é ser o sistema financeiro a impor as regras. Mudar é caro? É mais caro não mudar. “Precisamos de uma revolução a todos os níveis: cultural, económico, mas também político. Se não houver essa revolução, as pessoas no futuro vão pagar muito mais. Manuel Reis recorda a crise de 1929 e as ditaduras e guerra mundial que se lhe seguiu, para sublinhar que as projeções apontam para perdas económicas duas vezes superiores às da Grande Depressão. “Se o sistema ruir, não vai ficar pedra sobre pedra”, alerta.
Justiça social
Um dos passos mais importantes para pôr o mundo no caminho certo é investir na educação, diz o presidente da Agir pelo Planeta. “Devia haver uma grande transformação dos programas curriculares para passar a ideia de que somos só mais um ser entre os outros, e que a natureza não precisa de nós.”
A luta das próximas décadas, no entanto, não é exclusivamente ambiental: a sustentabilidade faz-se de maior igualdade, conclui Manuel Reis. “Enquanto não houver justiça social, não vamos resolver o problema. Aquela pessoa que tem de lutar todos os dias para colocar comida na mesa, essa eu percebo que não pense nas alterações climáticas. O que não compreendo são os que ganham milhões.”
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