[Imagem: Debra Van Egeren et al. - 10.1016/j.stem.2021.02.001]
Mutação original do câncer
Não há fator de risco mais forte para o câncer do que a idade - no momento do diagnóstico, a idade média dos pacientes em todos os tipos de câncer é de 66 anos.
Aquele momento, entretanto, é o culminar de anos de crescimento clandestino do tumor, e a resposta a uma pergunta importante até agora permaneceu indefinida: Quando surge um câncer pela primeira vez?
Surpreendentemente, pelo menos em alguns casos, a mutação original causadora do câncer pode ter surgido 40 anos antes do diagnóstico.
Pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard acabam de reconstruir pela primeira vez a história evolutiva das células cancerosas em dois pacientes, traçando a linha do tempo da mutação que causou a doença até uma célula de origem.
Em um paciente de 63 anos de idade, a mutação geradora do câncer ocorreu quando ele tinha 19 anos; em um paciente de 34 anos, ela ocorreu por volta dos 9 anos.
"Para esses dois pacientes, foi quase como se tivessem uma doença infantil que levou décadas e décadas para se manifestar, o que foi extremamente surpreendente," disse o professor Sahand Hormoz.
"Eu penso que nosso estudo nos obriga a perguntar: Quando o câncer começa e quando termina a saúde?" continuou Hormoz. "Cada vez mais parece que é um continuum sem limites claros, o que levanta outra questão: Quando devemos procurar pelo câncer?"
Falsos positivos pela vida toda
Em busca de caminhos de ação, em vista desta nova descoberta, os pesquisadores acreditam que o caminho a percorrer pode ser desenvolver tecnologias para identificar a presença de mutações raras causadoras de câncer atualmente difíceis de detectar.
E a equipe já está trabalhando no desenvolvimento de tecnologias de detecção precoce, reconstruindo as histórias de um grande número de células cancerosas e investigando por que as mutações de alguns pacientes nunca progridem para o câncer completo, mas outras sim.
"Mesmo se pudermos detectar mutações causadoras de câncer precocemente, o desafio é prever quais pacientes estão em risco de desenvolver a doença e quais não estão," reconhece Hormoz. "Olhar para o passado pode nos dizer algo sobre o futuro, e acho que análises históricas como as que conduzimos podem nos dar novos insights sobre como poderíamos diagnosticar e intervir."
Este é um assunto delicado e controverso, uma vez que um alarme preventivo significaria que a pessoa passaria a vida toda esperando por um câncer que poderá nunca se desenvolver. Além disso, o câncer não é causado apenas pela genética.
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