Renato Zilli*
18 de março de 2021
Você sabe a diferença entre fome física e vontade de comer? A fome física é uma necessidade fisiológica do nosso organismo, que nos avisa quando precisamos ingerir nutrientes para recarregar as energias e, é claro, sobreviver. Fome emocional é aquela vontade súbita de ingerir um alimento, normalmente doces e carboidratos, e é mais ligada as emoções, como estresse e ansiedade, do que a necessidade de nutrientes. Saber diferenciar uma fome da outra é fundamental para que possamos manter uma relação harmoniosa com os alimentos e uma vida mais equilibrada.
Se entregar a fome emocional e saciar as vontades súbitas de ingerir comidas gordurosas e cheias de açúcar pode ser muito prejudicial. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática – IBGE, em conjunto com o Ministério da Saúde, revelou que o percentual de pessoas obesas em idade adulta no Brasil dobrou entre os anos de 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%. Neste mesmo período a população adulta com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%.
A obesidade e o excesso de peso são fatores de risco que podem desencadear diversas doenças. Como em qualquer situação onde sua saúde possa estar em perigo, a primeira orientação é sempre buscar uma ajuda especializada. Contudo, existem alguns pontos que podem te ajudar, a saber, se sua fome é física ou emocional.
A fome emocional está relacionada a uma dificuldade em lidar com os sentimentos, tristezas e ansiedades. Para começar a solucionar a situação, o primeiro passo é aceitar que existe um problema e iniciar um processo para “fazer as pazes” consigo mesmo e com os alimentos. Para ajudar nesse processo, existem algumas estratégias muito eficazes.
- Ao sentir a urgência em consumir alimentos calóricos, primeiro respire profundamente por 5 vezes, focando no inspirar e expirar;
- Identifique qual foi o gatilho emocional que desencadeou essa a urgência;
- Tome um copo de água ou coma uma fruta;
- Procure se concentrar no que te faz feliz e te motiva a uma vida saudável, como por exemplo, estar perto das pessoas que são importantes para você;
- Comemore cada vez que conseguir lidar com seus problemas sem descontar as frustrações na comida;
- Busque outras formas de extravasar emoções que te sufocam como praticar atividades físicas ou novos hobbies.
Não há problema em ingerir guloseimas vez ou outra, mas devemos tomar muito cuidado para que este tipo de alimento não se torne uma válvula de escape para problemas do dia a dia, nem uma fonte de consolo para os momentos de tristeza. É preciso aprender a tomar decisões conscientes para não cair em armadilhas que levem a uma compulsão alimentar. E lembre-se, não há vergonha em pedir ajuda, busque apoio na família, amigos e, claro, de um bom profissional. Faça as pazes consigo mesmo e com os alimentos para conquistar uma vida mais saudável e equilibrada.
*Renato Zilli, médico endocrinologista integrante do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
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