O Segredo • 28 de abril de 2018
Estamos tão acostumados a reagir por impulso, quando alguém nos
machuca, que acabamos envenenando o nosso dia ou, às vezes, a nossa
vida. Este conto budista nos mostra que muitas vezes nossa felicidade
pode depender da nossa capacidade de ignorar aqueles que nos prejudicam.
Quantas vezes nos sentimos ofendidos, tristes, irritados com o
comportamento dos outros? Estas reações são comuns e fazem parte do
comportamento normal do ser humano. O problema surge quando os
sentimentos negativos começam a aflorar e acabam nos desgastando.
Aprender a ignorar uma pessoa tóxica não é simples, mas envolve uma
profunda mudança de atitude. Devemos aprender a abrir a mente e a ver as
coisas sob um outro ponto de vista. Nesse sentido, falaremos da “aceitação radical”, uma técnica desenvolvida pela psicóloga Marsha M. Linehan da Universidade de Washington.
Obviamente, o homem não acreditou no
que ouviu, ele se sentiu comovido e angustiado. Ele não conseguia
explicar o que tinha acontecido. Ele foi acometido por um tremor por
todo o corpo e seu suor molhou os lençóis onde dormiu. Em sua vida,
nunca havia conhecido um homem com um carisma tão forte. O Buda
modificou todos os seus pensamentos e todo o seu modo de viver e de
agir.
Na manhã seguinte, o homem voltou ao mestre e jogou-se aos seus pés. Então o Buda voltou-se para Ananda:
– Você viu? Esse homem voltou para me
dizer algo. Esse gesto de tocar meus pés é a maneira dele de me dizer
algo que não poderia ser explicado em palavras.
O homem olhou para o Buda e disse:
– Perdoe-me pelo que fiz a você ontem.
O mestre respondeu que não havia nada para perdoá-lo e explicou-lhe:
– Como o fluxo do Ganges faz com que
suas águas nunca sejam as mesmas, então nenhum homem é o mesmo de antes.
Eu não sou a mesma pessoa com a qual você esteve ontem. E nem mesmo
aquele que me cuspiu está agora aqui. Não vejo ninguém tão bravo quanto
ele. Agora você não é mais o mesmo homem de ontem, você não está fazendo
nada comigo, então não há nada de que eu possa perdoá-lo. As duas
pessoas, o homem que cuspiu e o homem que recebeu o cuspe, já não estão
mais aqui. Então, agora vamos falar de outra coisa.
Originalmente publicado em: Green Me
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Segredo: dislentev / 123RF Imagens
Do que se trata a aceitação radical?
Trata-se de aceitar algo sem julgamentos. Vamos dar um exemplo: quando alguém nos irrita com suas palavras ou com seus gestos, é porque nós mesmos esperamos determinados comportamentos daquele alguém, e rejeitamos um comportamento diverso daquele que tínhamos imaginado. Segundo Linehan, essa rejeição alimenta a frustração, o ressentimento, o ódio ou a tristeza e, ao contrário, quando se pratica a aceitação radical, aceita-se simplesmente o que quer que tenha acontecido, sem entrar no julgamento do mérito. A distância psicológica cria uma espécie de escudo e garante que, em uma ou em outra situação, não sejamos emocionalmente prejudicados.O CONTO BUDISTA: Para ser feliz, é preciso ignorar
Dizem que uma vez, um homem se aproximou de Buda e, sem dizer uma palavra, cuspiu em seu rosto. Seus discípulos ficaram muito bravos. Ananda, o discípulo mais próximo, perguntou a Buda: – Dê-me permissão para dar a este homem o que ele merece! Buda enxugou-se calmamente e respondeu a Ananda: – Não. Vou falar eu com ele. E juntando as palmas das mãos em sinal de reverência, Buda disse ao homem: – Obrigado. Com seu gesto, você permitiu que eu visse que a raiva me abandonou. Estou extremamente agradecido. Seu gesto também mostrou que Ananda e os outros discípulos ainda são assaltados pela raiva. Obrigado! Somos muito gratos!O que Buda nos ensina com essa história?
A pessoa sincera e justa não tem motivos para reagir às ofensas porque estas provêm da imagem que uma mente distorcida pode ter, e não da realidade dos fatos. Então, se alguém se comportar mal com você, não deixe sua atitude alterar seu equilíbrio psicológico. Isso só prejudica você e a quem você dá muita importância. Buda então nos ensina que as coisas podem mudar rapidamente, e também que devemos ter inteligência para compreender isso. Às vezes, passam-se meses antes das desculpas chegarem (se é que chegam), mas o mestre nos diz que não há motivo para levar a mal algo que, por ser passado, no presente já não existe mais.Originalmente publicado em: Green Me
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Segredo: dislentev / 123RF Imagens
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