sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Cientistas estudaram a "aura" que nos envolve

Por
 ZAP
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Cada um de nós está envolvido por uma “nuvem invisível” ou “aura” povoada por produtos químicos, fungos, bactérias e outras coisas. Uma nova pesquisa oferece uma visão por dentro dessa nuvem.
“Temos medido coisas como a poluição do ar em uma ampla escala, mas nunca ninguém mediu essa exposição biológica e química em nível pessoal”, afirmou Michael Snyder, geneticista da Universidade de Stanford. “Ninguém realmente sabe quão vasta é a exposição humana ou que tipo de coisas estão lá”, acrescentou.
Para descobrir o que acontece nessa “aura” ou nessa ”nuvem” que nos cerca, Snyder e equipe projetaram um pequeno dispositivo, do tamanho de um baralho de cartas, para monitorar o ar. Ao longo de dois anos, 15 voluntários usaram esse dispositivo preso ao braço.
A pesquisa, publicada no dia 20 de setembro na revista Cell, serviu-se do dispositivo criado para aspirar o ar circundante na órbita do voluntário.
Tudo o que o dispositivo inalou – bactérias, vírus, substâncias químicas, fungos e todo outro tipo de partículas – foi extraído e o DNA e RNA das partículas foi sequenciado, quimicamente perfilado e catalogado em um banco de dados personalizado.
O próprio Michael Snyder amarrou o dispositivo durante dois anos para, no final da experiência, a equipe poder recolher a maior quantidade de dados possível. Passados dois anos, a equipe recolheu 70 bilhões de leituras.
“Reunimos dados isolados suficientes de bactérias, vírus e fungos, e para decodificar na totalidade as exposições ambientais, construímos um banco de dados de mais de 40 mil espécies”, afirmou Chao Jiang, um dos membros da equipe.
Segundo os dados recolhidos, os participantes voluntários do projeto passaram seu tempo em cerca de 50 locais diferentes na área de São Francisco e habitando o mesmo espaço por longos períodos de tempo, as assinaturas pessoais da exposição revelaram dados diferentes.
“Parece que, mesmo com deslocamentos muito curtos, temos perfis de exposição ou assinaturas muito diferentes”, contou Snyder, acrescentando que “todos nós temos nossa própria nuvem de microbiomas que vamos liberando”.
O que compõe a nuvem de cada pessoa é, naturalmente, variável, mas inclui um grande número de traços da própria nuvem microbiana, além de outros aspectos como fungos e partículas que passam do ambiente exterior – animais domésticos, produtos químicos, plantas entre outros.
Os pesquisadores reconhecerem que isso é apenas o começo de uma pesquisa e, no estudo, apenas três elementos usaram o dispositivo de maneira extensiva, criando um limite para a confiança dos resultados obtidos até o momento.
Contudo, a quantidade de dados expostos a partir dessa técnica mostra que há uma enorme quantidade de informação que podemos aprender com o estudo da nossa própria “nuvem”.
Os pesquisadores disseram ainda que, caso a tecnologia fosse mais acessível, o dispositivo poderia se tornar uma importante ferramenta de diagnóstico para a saúde.
“Queremos medir mais pessoas em ambientes mais diversos“, afirmou Snyder. “Queremos simplificar a tecnologia, idealmente ao ponto de qualquer pessoa poder medir suas próprias exposições – algo como um smartwatchdetector de nuvens“.
Apesar de ser ainda cedo para a pesquisa retirar grandes conclusões, uma nova era de transformações na saúde poderia estar surgindo – um novo paradigma que, além de analisar os aspectos internos do corpo humano, estuda o aspecto mais exterior: a nuvem pessoal de cada um.
“Durante anos temos sequenciado os genomas das pessoas, testado o sangue e a urina, analisado os micróbios nos intestinos, tudo para entender como essas coisas afetam a saúde humana”, contou Snyder ao Wire.
“Mas tudo isso é relacionado com o que está no interior do corpo. A única grande coisa que não temos perguntado é: a que estamos expostos?”, acrescentou.
Ciberia // ZAP

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