quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Disputa comercial EUA-China prejudica empresas européias

ECONOMIA

Companhias da UE com negócios na China afirmam que sucessivos aumentos nas tarifas de importação de ambos os países têm efeitos negativos sobre cadeias globais de abastecimento. Comissão Europeia propõe reforma da OMC.
    
Navios de carga são abastecidos no porto de Qingdao, no leste da China
Navios de carga são abastecidos no porto de Qingdao, no leste da China
O agravamento da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China traz prejuízos às empresas da Europa e interrompe cadeias globais de abastecimento, afirmou nesta terça-feira (18/09) a Câmara de Comércio da União Europeia na China.
Em um levantamento realizado pelo órgão, 54% de seus membros afirmaram que veem negativamente as tarifas impostas pelos EUA, enquanto 43% pensam o mesmo das sobretaxas chinesas sobre produtos americanos.
As conclusões do estudo foram anunciadas logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenar a imposição de novas tarifas de 10% sobre o equivalente a 200 bilhões de dólares em produtos importados da China a partir de 24 de setembro, aumentando para 25% no dia 1º de janeiro.
Pequim já anunciou que vai reagir, imponto novas tarifas sobre o equivalente a 60 bilhões de dólares em importações americanas. Nos últimos meses, os dois países impuseram um ao outro encargos sobre produtos no valor de 50 bilhões de dólares.
As tarifas impostas mutuamente pelas duas maiores economias do globo estão desacelerando o crescimento econômico, reduzindo empregos e atrasando as atualizações nas cadeias de produção, aponta o estudo da Câmara Europeia. Entre os entrevistados pela pesquisa, 17% acreditam que elas geram atrasos em futuros investimentos ou na expansão dos mercados.
"Os efeitos da guerra comercial EUA-China sobre as empresas europeias na China são significativamente e majoritariamente negativos", disse Mats Harborn, presidente da Câmara Europeia.
O setor de negócios da Europa compartilha das preocupações americanas em relação às políticas e práticas comerciais da China. Entretanto, "continuar no caminhão do aumento de tarifas é algo extremamente perigoso", alerta Harborn.
A Câmara de Comércio da União Europeia na China é mais uma entre várias vozes que expressam preocupação com a disputa comercial, que fez com que o mercado de ações chinês sofresse as piores quedas desde 2014.
UE sugere reforma na OMC
A Comissão Europeia divulgou nesta terça-feira propostas para reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC), que permitiriam corrigir as distorções de mercado causadas pela China e desencorajar os EUA a abandonar a instituição.
"O mundo mudou, e a OMC, não. Está mais do que na hora de agir para fazer com que o sistema esteja apto a lidar com os desafios atuais da economia global e trabalhar para todos novamente. A UE deve ter papel de liderança nesse processo", afirmou a comissária do bloco europeu para o comércio, Cecilia Malmström.
A Comissão Europeia sugere uma atualização nas regras internacionais de comércio, o reforço do poder de monitoramento da OMC e a busca por meios para superar os entraves ao sistema de resolução de disputas da entidade.
No mês passado, Trump ameaçou retirar seu país da OMC, o que poderia, potencialmente, minar as fundações da economia moderna atual, que os EUA ajudaram a estabelecer.
Malmström considerou "lamentável" o mais recente aumento de tarifas por parte dos EUA, e disse que a UE discorda das estratégias adotadas por Trump. "Guerras comerciais não são positivas e não são fáceis de ganhar", disse.
Autoridades de comércio dos EUA, UE e Japão se reunirão na próxima semana para tentar aliviar de alguma forma as tensões comerciais.
RC/dpa/ap/rtr
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