Um assessor do ex-presidente
americano Bill Clinton disse uma frase que se tornou famosa (“é a economia, estúpido!”)
quando este atravessava uma campanha política e, seguindo o conselho do
assessor (James Carville), acabou ganhando a eleição.
Pena que Keynes não tinha assessor.
Se o tivesse, simplesmente o mesmo diria a ele: “é mais que a política, estúpido!”
Explicando: antes da Grande Depressão dos anos 30 prevalecia a hegemonia da
teoria econômica clássica no mundo capitalista – que, entre outras
recomendações, primava pelo orçamento equilibrado dos governos. Pois bem,
Keynes, diferentemente desta posição, recomendou, para debelar a Grande
Depressão, que se fosse necessário, que os governos pagassem pessoas para
enterrar e desenterrar garrafas – a fim de recuperar a demanda agregada da
economia e acabar com a terrível crise que havia se instalado naquele momento
histórico. O resultado de uma prática gastadora persistente resultou nas crises
endividacionistas que presenciamos em parte importante das economias do mundo
atual (pela sua magnitude relativa).
Há quem argumente que “nenhum
economista de renome profissional ou respeitado pelo público (e isso inclui
Keynes e a maioria de seus seguidores) jamais argumentou que o governo podia
simplesmente iniciar o costume, como estratégia a longo prazo, de emitir
continuamente ‘cheques sem fundos’ a fim de promover prosperidade nacional
permanente.” Ou seja, o que Keynes teria recomendado (déficit público) seria
apenas para as fases de depressão – de forma que nas fases de prosperidade tal
déficit deveria ser combatido em função dos benefícios fiscais gerados pelo
crescimento da economia. Ora, o que Keynes se esqueceu é que, em primeiro
lugar, “o equilíbrio orçamentário exige, mesmo nas melhores condições, certo
grau de dor e sacrifício” (vale dizer, contração do crescimento ou simplesmente
recessão no futuro). Em segundo lugar, Keynes se esqueceu de que “a elaboração
de uma macropolítica coerente e estável é sempre vítima das necessidades
eleitorais” da população (que não admite remédios amargos, tendendo a eleger
políticos “eleitoreiros”, que não resolverão os problemas, atacando-os de
frente, mas apenas os empurrarão para o futuro, numa gravidade cada vez maior).
Mais ainda: o grande defeito de Keynes é que ele não estudou a fundo as causas
das crises, mas apenas recomendou um remédio artificial neutro (que na melhor
das hipóteses dá com uma mão e tira com a outra, ou seja, se o déficit público
for combatido em tempo hábil, gerações futuras pagarão pelo desatolamento de
gerações passadas). Keynes, assim, ignorou as causas do atolamento técnico das
gerações passadas. Aliás, como ele gerou as Grécias da vida, desconfio que ele
não era inglês, mas grego (que cheira a filosofia... econômica... míope).
Eu não sou nenhum economista de renome mas já
descobri quais são as VERDADEIRAS causas das crises. Como crise é um
DESEQUILÍBRIO, tudo começa no mais importante de todos: o desequilíbrio
reprodutivo dos pobres. Outros se seguem, viabilizados pelo já citado
desequilíbrio reprodutivo dos pobres: má
distribuição de renda; geração de subpoupanças (de um lado) e de
superpoupanças (de outro lado); não criação de um organismo internacional que
crie leis também internacionais que proíbam coisas do tipo paraísos fiscais,
subsídios, adoção de moedas estrangeiras como moedas locais, restrição na
aceitação de todas as moedas do mundo como moedas-reserva internacionais,
adoção de câmbio que não seja o flutuante, por exemplo; não universalização da
descriminalização do aborto (por conta da influência de religiões ultraburras);
corrupção; educação e formação profissional precárias; políticas tributárias
concentradoras de renda; etc. Enfim, existem mais subcausas que se originam na
alta fecundidade dos pobres mas, por ora, fiquemos por aqui... e, pelo bem da
humanidade, esqueçamos de Keynes de vez! (apesar de algumas microcontribuições
positivas, suas macrocontribuições são negativas no seu grosso).
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