domingo, 21 de agosto de 2016

COMO ACABAR COM O CAPITALISMO

Em economia, especificamente, a crise é um DESEQUILÍBRIO entre oferta e demanda. Mas o desequilíbrio por baixa oferta/subinvestimento é um problemazinho (geração de inflação e desemprego, por exemplo) frente ao desequilíbrio por grande oferta/superinvestimento (geração de deflação e desemprego também). No primeiro caso, ainda há o incentivo para o investimento; enquanto no segundo caso este incentivo cessa, os preços caem, os consumidores adiam o consumo esperando novas quedas de preços e cria-se um círculo vicioso muito perigoso para o capital e para a economia.
O economista inglês HOBSON já apontava as causas da crise: o excesso de poupança (que adia o consumo e amplia demasiadamente a produção, como faz a economia chinesa, por exemplo); as transformações rápidas (que impedem que um dado investimento seja TOTALMENTE amortizado em unidades de produto vendidas, pois antes que isto aconteça uma nova tecnologia é criada e tal investimento tem que ser abandonado pelo novo, gerando uma certa perda para o empresário que não foi o inovador de ponta da nova tecnologia – e isto constitui um problema para o empresário, digamos, lerdo, e para quem eventualmente o financiou); a impotência da eficiência marginal do capital (na medida em que a queda da taxa de lucro abaixo da taxa de juro não garante o freio setorial dos investimentos – pois a noção de que já se investiu o bastante não impede que novos empresários invistam com o intuito de sair na frente e ocupar o lugar de concorrentes antigos); a excessiva liberdade de ação dos interesses individuais, no sentido de visar somente a acumulação (muitas vezes, a qualquer preço, dada a existência de superpopulação que viabiliza tal acumulação... exagerada!); etc.
E, aprofundando no assunto, o grande responsável pela concentração da renda (que gera os desequilíbrios apontados acima por Hobson) é o descontrole reprodutivo dos pobres/alta fertilidade das famílias pobres. Aliás, as estatísticas elaboradas pelo economista francês Thomas Piketty, que apontam para uma concentração da riqueza no capitalismo, desde o século XVIII até hoje, nada mais é o resultado da constatação do crescimento continuado da população no mundo menos desenvolvido. Infelizmente, Hobson não associou a causa da crise (concentração da renda) à superpopulação – coisa que Thomas Malthus o fez, mas de forma inapropriada ou equivocada. E, aprofundando mais ainda, apontamos que tal concentração da renda ou gera a superprodução de maquinaria e mercadorias, como apontou Hobson, ou o capital fictício/especulativo/parasitário/ocioso, como apontou Marx – ambos responsáveis pela instabilização da economia. Aliás, quanto a este último, divulgou-se recentemente que grandes empresas abertas têm se utilizado da política monetária de juros baixíssimos adotada pelo Banco Central americano (visando a recuperação ou crescimento de tal economia) para recomprar e valorizar suas ações – o que é bom para as empresas, principalmente, porque não implica pagar mais dividendos (que dependem do lucro maior, e não de uma jogada especulativa esperta de tais empresas – que logo acabarão com esta festa quando os juros tiverem que ser aumentados pela autoridade monetária futuramente). Portanto, como apontou Marx, o capitalismo sucumbirá vítima de suas próprias contradições internas (ele apenas não afirmou que isso ocorreria a LONGUÍSSIMO PRAZO), pois os juros não podem ser baixados mais ainda e, no patamar em que estão, são desencadeadores de empréstimos de má qualidade (seja  em termos alocativos ou em termos de se encontrar demanda para uma renda que encontra-se concentrada em poucas mãos, na maiorias dos países do mundo); pois o cassino dos derivativos não aumenta a riqueza do mundo, mas apenas transfere renda de fulano (perdedor da aposta) para beltrano (vencedor da aposta), gerando dificuldades instabilizadoras para a economia; pois o Estados Nacionais já apresentam um endividamento médio de 66,5% do PIB, se considerarmos as 45 maiores economias do mundo – o que torna muito difícil que tais Estados tenham recursos e credibilidade para socorrer empresas privadas  em dificuldades quando da ocorrência da próxima crise financeiro-industrial que certamente ainda ocorrerá (pois a causa da crise, a concentração da renda, só tem aumentado, como mostrou Piketty) – e, talvez, tal crise não esteja tão longe, pois o mercado acionário chinês, da segunda maior economia do mundo, tem apresentado sinais de debilidade ou instabilidade (além do que, se tal economia continuar crescendo para fora, para um mundo em crise endividacionista, vai vender para quem a produção acrescida? Para os marcianos?).
Mas, vamos agora à questão mais importante a ser desenvolvida nesta oportunidade: a forma de se superar o capitalismo. Ora, como apontou Marx, o capitalismo não tem salvação ou saída. Ocorrendo nova crise mundial de grandes proporções, basta que o descontentamento popular resulte na seguinte medida a ser tomada pelas esquerdas inteligentes do mundo: não tocar nas micro, pequenas e médias empresas – mas expropriar/estatizar, num primeiro momento, apenas o GRANDE CAPITAL (para, a seguir, privatizá-lo novamente e utilizar os recursos para abater a dívida pública). Esta é a medida inteligente de força a ser tomada pela esquerda. Assim, o capitalismo (concentração de renda) seria substituído por um neocapitalismo – que chamaremos de socialismo de mercado. Ou ocorre isto ou o próprio capitalismo redistribui a renda espontaneamente e elimina sua contradição ou elemento desestabilizador/autodestruidor. Em suma: Futuramente o capitalismo será extinto e países como a China terão que fazer uma segunda revolução. E não esqueçamos de fazer um agradecimento ao economista inglês Keynes (que não resolveu mas agravou a problemática capitalista) e também de fazer a implementação de uma INTERNACIONAL NATALISTA (controle da natalidade) no mundo – que é a medida que efetivamente protege o trabalhador da exploração e da pobreza e inaugura a nova era (a era do socialismo de mercado, a era da qualidade, a era do paraíso terrestre).

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