segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Sentir-se amado, otimista ou feliz na adolescência garante saúde melhor na vida adulta


  

20/01/2023

Redação do Diário da Saúde
Sentir-se amado, otimista ou feliz na adolescência garante saúde melhor na vida adulta
Vida emocional saudável na adolescência garante saúde cardiometabólica na idade adulta.
[Imagem: American Heart Association]

Ativos emocionais

Vários estudos já demonstraram que algumas facetas psicológicas do bem-estar mental - como o otimismo e a felicidade - são fatores modificáveis relacionados a uma melhor saúde cardiometabólica ao longo do tempo.

A maior parte dessas pesquisas tem sido realizada entre adultos mais velhos, que são mais propensos a terem problemas cardiovasculares.

Por isso Farah Qureshi e colegas da Universidade Johns Hopkins (EUA) decidiram estudar o mesmo mecanismo no início da vida, para ver como o bem-estar psicológico pode ser usado como uma medida mais ampla da saúde cardiometabólica - eles incluíram no estudo também indicadores de níveis de açúcar no sangue e inflamação.

"Neste estudo, queríamos mudar o paradigma da saúde pública além do foco tradicional nos défices, para um que se concentre na construção de recursos," justificou o pesquisador.

Os adolescentes que relataram sentir otimismo, felicidade, elevada autoestima, ter um senso de pertencimento e sentirem-se amados e desejados, apresentaram a maior probabilidade de chegar aos 30 anos com boa saúde cardiometabólica, em comparação com adolescentes com níveis mais baixos desses ativos positivos de saúde mental.

E a associação mostrou-se especialmente forte entre os jovens negros.

"Nós aprendemos muito nas últimas décadas sobre o impacto da discriminação e outros riscos sociais enfrentados por jovens de cor que podem explicar suas taxas elevadas de doenças cardiometabólicas. Entretanto, deu-se muito menos atenção aos pontos inerentemente fortes que eles possuem e que podem ser aproveitados para promover a equidade na saúde," disse Qureshi.

Resultados

A análise descobriu o seguinte:

  • No geral, 55% dos jovens não têm ou têm apenas um ativo positivo de saúde mental, enquanto 29% tinham dois a três ativos e 16% tinham quatro a cinco ativos.
  • Como jovens adultos, 12% dos participantes mantiveram a saúde cardiometabólica ao longo do tempo, e os jovens brancos foram mais propensos a manter uma boa saúde mais tarde na vida, em comparação com os jovens negros ou latinos.
  • Adolescentes com quatro a cinco ativos positivos de saúde mental tiveram 69% mais chances de manter uma saúde cardiometabólica positiva quando adultos jovens.
  • Houve um efeito cumulativo, com cada recurso adicional de saúde mental conferindo uma probabilidade 12% maior de saúde cardiometabólica positiva.
  • Embora os ativos psicológicos tenham sido considerados protetores em todos os grupos raciais e étnicos, os maiores benefícios à saúde foram observados entre os jovens negros. Adolescentes negros também relataram ter ativos de saúde mental mais positivos do que jovens de qualquer outro grupo racial ou étnico.
  • Apesar de os adolescentes negros terem mais ativos e obterem deles mais benefícios para a saúde, as disparidades raciais na saúde cardiometabólica ainda eram aparentes na idade adulta: Indivíduos negros foram os menos propensos a manter uma boa saúde cardiometabólica ao longo do tempo.

"Para a juventude negra - que enfrenta inúmeras barreiras para alcançar e manter a saúde cardiometabólica ideal na idade adulta - não ter esses recursos adicionais de saúde mental faz uma grande diferença. Este trabalho sugere que os investimentos iniciais na saúde mental da juventude podem ser uma nova fronteira crítica no avanço de equidade em saúde cardiometabólica," concluiu Qureshi.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário