sábado, 1 de maio de 2021

Golpes financeiros antigos são replicados com o Pix, alerta o Banco Central

LARISSA GARCIA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Os golpes financeiros normalmente seguem o mesmo roteiro, mas se adaptam à medida que se tornam conhecidos. Nos últimos meses, fraudadores viram no Pix, sistema de pagamentos brasileiro, uma oportunidade de reinventar muitas das armadilhas antigas, que agora são aplicadas com nova roupagem.

Os crimes mais comuns são aqueles que utilizam o Whatsapp da vítima para pedir dinheiro aos seus contatos. Golpistas também podem enviar links falsos para pedir informações sobre o consumidor, inclusive sua senha bancária, ou para simular uma compra.

Para conscientizar o consumidor e alertar sobre golpes que utilizam o Pix, o BC (Banco Central) fez, ao longo desta semana, uma campanha em suas redes sociais. Diversas instituições financeiras participaram da ação.

No encerramento da campanha, nesta sexta-feira (30), a autoridade monetária fez uma live, que está disponível no canal da autarquia no Youtube, para elencar as principais fraudes e dar dicas de como se proteger.

Segundo o BC, os golpes não são fruto de falha de segurança do Pix.

Um exemplo é quando o fraudador se passa por alguma empresa que presta serviços, como de telefonia ou instituição financeira e, por telefone, diz que a pessoa tem um problema de segurança. Em seguida, ele pede que a vítima confirme o código que acabou de enviar por mensagem de texto.

O número, na verdade, é aquele que o Whatsapp envia para autorizar o login do usuário e a vítima acaba dando acesso da sua conta ao golpista. Com isso, ele envia mensagens aos seus contatos pedindo dinheiro pelo Pix.

Para evitar a armadilha, o BC indica que o consumidor ative a verificação em duas etapas, disponível dentro do aplicativo. Assim, o criminoso não poderá acessar a conta apenas com esse código.

"Também é superimportante manter o Whatsapp atualizado. Com a atualização vem novas funcionalidades e também correção de possíveis falhas e de segurança", ressaltou o Caio Moreira, chefe-adjunto do departamento de tecnologia de informação do BC.

Outra forma de aplicar o golpe com o Whatsapp é criar outra conta com a mesma foto de perfil da vítima para abordar seus contatos. Nesse caso, ele diz que teve que mudar de número e pede dinheiro com uma chave Pix.

A autoridade monetária indica que as pessoas habilitem a foto do perfil apenas para os seus contatos para se proteger desse tipo de fraude.

Muitos conseguem enganar consumidores usando links falsos para acessar os dados bancários da vítima ou de compras, que agora utilizam o Pix como pagamento.

Para essas situações, a dica do BC é que a pessoa sempre desconfie de preços muito abaixo do mercado e que não clique em links suspeitos.

Há ainda outros tipos de armadilha, em que o golpista tenta convencer a vítima a transferir dinheiro em troca de ganhos financeiros ou com histórias que mexem com o emocional do consumidor. Novamente, o Pix é utilizado no repasse de recursos.

Quando entram em contato em nome de alguma empresa de telefonia ou banco, mesmo com link falso, golpistas normalmente pedem muitos dados, o que não ocorre quando a empresa de telefonia ou o banco entram em contato.

"É preciso desconfiar se você clica em um link que vai para a página do banco [clonada] e pedem todos os meus dados. Já fiz isso quando abri a conta no banco", afirmou Ricardo Leocadio, representante do grupo de trabalho de segurança do Pix.

"O golpe poderia ser aplicado com outro tipo de transferência ou boleto. Falam no Pix agora porque é a palavra do momento e o sistema mais inovador que temos no sistema financeiro", continuou.

"Indico sempre que a pessoa tenha uma senha forte e indico geradores de senhas, como aplicativos. Navegadores também oferecem essa funcionalidade", disse Alê Borba, analista de segurança do Google, convidado da live.

Carlos Eduardo Brandt, chefe-adjunto do departamento de competição e de estrutura do mercado financeiro do BC, destacou que, caso o consumidor caia no golpe, ele precisa comunicar à polícia e ao banco.

"No Pix temos um mecanismo de segurança que chamamos de marcador antifraude, uma base de dados onde as transações que foram objeto de fraude ficam identificadas e aquela chave fica com essa marcação. Todas as instituições financeiras recebem essa informação. Assim você evita que os golpistas continuem levando outras pessoas", ressaltou.

 

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