segunda-feira, 3 de maio de 2021

A revolução monetária na Ásia vai virar o mundo pelo avesso

O maior impacto inicial será a redução significativa do dólar nas transações comerciais e financeiras mundiais
Desdobramento natural da digitalização crescente do mundo, o dinheiro virtual facilitará a vida de bilhões de pessoas

Muito mais do que a crise de 2008, a quarta revolução monetária em andamento na Ásia vai virar o mundo pelo avesso, 2.650 anos depois da criação das moedas na Grécia (ou na Turquia), 1.060 anos após o surgimento das cédulas de dinheiro na China, 76 anos após o acordo de Bretton Woods e menos de quatro décadas desde o "boom" das transações eletrônicas. O maior impacto inicial dessa revolução, liderada pela China 5G, será a redução significativa do dólar nas transações comerciais e financeiras mundiais, e não a substituição virtual do dinheiro-papel. O que também explica a postura dos Estados Unidos em relação à China nos últimos anos.

Desdobramento natural da digitalização crescente do mundo, o dinheiro virtual facilitará a vida de bilhões de pessoas, e provavelmente complicará a da parcela de um bilhão de pessoas idosas no mundo – a maioria delas na Ásia, em especial na China, Japão e Índia, coincidentemente os três países que estão saindo na frente na virtualização de suas moedas, com "pilotos" que devem confirmar o esperado: será fácil implantar essa mudança em Shanghai, Beijing, Shenzen, Tóquio, Mumbai e Délhi, nas quais o grau de digitalização da sociedade já é elevadíssimo. E será bem difícil nas cidades do interior e áreas rurais, onde "o tempo anda devagar", é baixo o acesso a computadores e internet, e há percentuais elevados de pessoas idosas e analfabetas digitais.

Ainda é muito cedo para se saber todas as vantagens e desvantagens do dinheiro virtual. Espera-se que com ele acabem o dinheiro falso – um grande problema na China – e o custo da impressão e distribuição nacional das cédulas de papel. Imagina-se que o governo chinês terá total controle sobre as transações, por ser emitido pelo seu Banco Central – com isso, prevê-se maiores dificuldades para atividades ilegais. Também é o Banco Central que comanda no Japão o "piloto" do Yen digital, até março de 2022, quando então avaliarão a continuidade ou não do experimento, e na Índia, do projeto que está sendo elaborado com a mesma finalidade.

 

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