Redação do Diário da Saúde
As religiões têm um "ingrediente secreto" que faz pessoas felizes, mas um senso de conexão com a natureza e todos os demais seres vivos parece ter um papel ainda mais importante.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]
Unicidade
As pessoas que acreditam na unicidade - a ideia de que tudo no mundo está conectado e é interdependente - têm maior satisfação com a vida do que aquelas que não acreditam nessa totalidade imanente, independentemente de pertencerem a uma religião ou não.
"O sentimento de estar em harmonia com um princípio divino, a vida, o mundo, outras pessoas ou mesmo atividades, tem sido discutido em várias tradições religiosas, como também em uma ampla variedade de pesquisas científicas de diferentes disciplinas. Os resultados deste estudo revelam um significativo efeito positivo das crenças unicistas sobre a satisfação com a vida, mesmo descontando as [diferenças das] crenças religiosas," disse Laura Marie Edinger-Schons, da Universidade de Mannheim (Alemanha).
A equipe de Schons realizou duas pesquisas envolvendo quase 75.000 pessoas na Alemanha. Na primeira, mais de 7.000 participantes, recrutados como parte de um projeto de cooperação entre a universidade e uma empresa, responderam uma série de declarações destinadas a medir sua crença na unicidade (por exemplo, "Eu acredito que tudo no mundo é baseado em um princípio comum" ou "Tudo no mundo é interdependente e influenciado pelo outro"). Eles também responderam a itens que medem outros conceitos associados à unicidade, como a conexão social, a conexão com a natureza e a empatia, assim como a satisfação com a vida.
Os resultados mostraram que pessoas com escores mais altos em uma escala que mede a visão individual da unicidade também relatam uma satisfação com a vida significativamente maior.
Para determinar se os escores de unicidade seriam variáveis ao longo do tempo ou se seriam um construto mais fixo, a mesma pesquisa foi administrada ao mesmo grupo de pessoas seis semanas depois. Embora pouco mais de 3.000 dos voluntários iniciais tenham respondido ao novo contato, os resultados mostraram que as crenças sobre a unicidade não haviam mudado significativamente e, portanto, parecem ser estáveis ao longo do tempo.
"Obviamente, as crenças unicistas são mais do que um sentimento ou humor específico relacionado a uma situação," disse a pesquisadora. "Elas parecem representar uma atitude geral em relação à vida".
Satisfação com a vida e religião
Em uma segunda pesquisa, envolvendo mais de 67 mil pessoas, a equipe analisou se as crenças unicistas poderiam explicar a satisfação com a vida dos indivíduos mais do que o efeito da religião. Muito já se pesquisou sobre a associação entre religião e satisfação com a vida, mas Schons se perguntou se não poderia haver outra coisa operando nessa associação - especificamente, sua hipótese era que crenças unicistas poderiam explicar a satisfação das pessoas com a vida ainda melhor do que a religião.
Embora os escores de unicidade tenham variado por religião (os muçulmanos apresentaram o maior escore mediano, enquanto os ateus apresentaram os mais baixos), eles se mostraram preditores muito melhores da satisfação de vida do que as crenças religiosas de cada indivíduo.
"Eu não achei surpreendente que os ateus tivessem os níveis mais baixos de crenças na unicidade na amostra, mas o que me surpreendeu foi que as crenças da unicidade eram realmente diferentes em várias afiliações religiosas, com os muçulmanos tendo os níveis mais altos," disse ela. "Além disso, quando as crenças na unidade foram levadas em conta, muitos dos efeitos positivos da afiliação religiosa na satisfação com a vida desapareceram."
Prática para a Unicidade
Muitas pessoas hoje praticam ioga, meditação, esportes de ação e outras atividades que visam alcançar um estado de unidade ou fluxo.
Schons acredita que essa é uma boa técnica, já que o fortalecimento da crença mais geral na unicidade de tudo tem o potencial de melhorar a vida das pessoas e pode até ser mais eficaz do que as crenças e práticas religiosas tradicionais.
Como todos os participantes eram da Alemanha, a pesquisadora ressalta que não está claro se esse efeito se traduziria em residentes de outros países e sugere que mais pesquisas sejam feitas em outras partes do mundo.
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