Marcel Camargo • 7 de outubro de 2017
“Conheça todas as
teorias, domine todas
as técnicas, mas, ao
tocar uma alma
humana, seja apenas
outra alma humana.”
(Carl Jung)
A questão principal a ser respondida, ao se escolher um ramo profissional a se
seguir, não deveria se relacionar tão somente às habilidades e competências das
pessoas, mas, principalmente, ao fato de o indivíduo gostar ou não de gente.
Quem não gosta de lidar com pessoas deve procurar uma ocupação que possa
ser realizada isoladamente, com o mínimo de interação pessoal. Isso é fato.
Quando lidamos com o público, estaremos diante de
seres humanos que carregam, em si, histórias diversas
e que passam por momentos que nem sempre são bons.
Quase ninguém, por exemplo, procura um médico porque está se sentindo
ótimo e feliz. Quem vai a uma consulta médica está doente, sofrendo, com
dor e medo, ou seja, estará fraco e vulnerável, precisando de atenção, de
força e de esperança. Ninguém, em sã consciência, opta por sofrer, por
ficar doente e triste. Por isso é que não dá para aceitar situações em que
o médico trata mal o paciente, com uma rispidez desmedida, sem ao menos
olhar nos olhos de quem sofre ali na sua frente, sem nem tocar no paciente.
Da mesma forma, dá-se o relacionamento entre advogado e cliente, uma vez
que a grande maioria das pessoas que procuram por serviços jurídicos está
prestes a enfrentar batalhas judiciais desgastantes, que podem determinar a
qualidade de suas vidas dali em diante. Quem nunca foi maltratado ao ser
atendido em algum balcão de banco, em algum guichê de serviço público,
entre outros? Como entender quando um vendedor parece querer expulsar da
loja quem está ali exatamente para dar lucro ao estabelecimento?
Quem atravessa tempestades e enfrenta dificuldades possui menos força
para se defender, para se posicionar, haja vista a sua autoestima já se encontrar
alquebrada. Dificilmente, nesse caso, essa pessoa terá como fazer valer os seus
direitos mínimos de cidadão. Por isso, é covardia descontar os próprios
problemas em quem não tem nada a ver com eles, desaguando mau humor e
cara feia frente a quem, muitas vezes, necessita exatamente do contrário, a
quem somente gostaria de alguém que o enxergasse e lhe sorrisse.
Colocar-se no lugar de quem está ali na sua frente é
o mínimo a ser feito quando se lida com pessoas.
Pessoas não são robôs, não são experimentos, não são de ferro, portanto, não
são obrigadas a ter que enfrentar, além das próprias escuridões, o vazio
desesperançoso de quem deveria lhes ajudar. Dá para ser útil sem ter que
interagir com os outros, cozinhando na cozinha de um restaurante,
pesquisando em laboratórios, entre várias opções.
Somente se proponha a lidar com gente quando
você souber se comportar como gente. Simples assim.
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Direitos autorais da imagem de capa: stockbroker / 123RF Imagens
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