segunda-feira, 20 de maio de 2019

5 países que apostam, e muito, na EDUCAÇÃO



Conheça a trajetória de nações que valorizam os 

professores e são exemplos de modelos educacionais 

do mundo

Se é difícil encontrar paralelo no mundo com o que se passa no Brasil de maneira geral, é 
quase impossível detectar uma experiência semelhante quando se trata de educação.
Na maioria dos países, ricos ou pobres, ao Norte ou ao Sul, a compreensão do ensino 
como esteio da civilização e da prosperidade é disseminada e defendida pela sociedade. 
Ninguém se atreveria a cortar o orçamento das universidades sob a alegação de “balbúrdia”, 
interromper o pagamento de bolsistas de mestrado ou doutorado sem critérios claros ou 
chantagear os eleitores com a possibilidade de secar as torneiras caso uma reforma da 
Previdência não seja aprovada. O mais provável destino de um governo que assim se 
comportasse seria uma breve temporada no poder – e o ostracismo político.
Na Europa, berço do Estado de Bem-Estar Social, o ensino, do maternal à universidade, 
é público e gratuito, salvo raras exceções, e não há líder populista de direita capaz de 
convencer a população de que o sistema prejudica a economia e estimula o privilégio. 
Ao contrário. A educação universal e às expensas do Estado é vista como uma condição 
básica para garantir a igualdade e o desenvolvimento. Nas nações em que escolas públicas e
 privadas convivem, o ensino pago é preenchido por uma minoria – ou filhos de milionários 
ou estudantes com dificuldades de adaptação.    

Não bastasse, enquanto o governo Bolsonaro escolhe a educação e a ciência como os 
inimigos número 1, nações que há muito tempo atingiram a universalização do ensino 
preparam-se para a nova etapa do capitalismo: a revolução industrial e tecnológica 
chamada de 4.0, tsunami que destruirá milhares de profissões e milhões de empregos
 ao redor do mundo nas próximas décadas. Corrida para a qual, obviamente, o Brasil 
se torna cada vez menos competitivo.
A seguir, listamos cinco países que, em diferentes medidas, redobraram seus esforços 
para adaptar os cidadãos à nova fase do desenvolvimento:

Portugal

Desde que a OCDE, a organização das nações desenvolvidas, começou, em 2000, a 
aplicar um sistema de avaliação entre seus afiliados, Portugal registra melhoras 
constantes nos indicadores. Em 2015, os estudantes do país conseguiram notas acima 
da média em ciências, leitura e matemática. Um dos segredos é o maciço investimento 
nas famílias e nos primeiros seis anos de uma criança. Entre 2003 e 2015, o total de 
mães com ensino secundário completo subiu 41%. Quanto maior a escolaridade materna,
 mostram os estudos, maior o rendimento dos filhos na escola. Nem a crise econômica que 
devastou Portugal em 2008 interferiu nas políticas públicas.
A educação básica em Portugal é dividida em três ciclos e leva 12 anos para ser concluída. 
O Ensino Superior contempla dois sistemas: universitário e politécnico. No primeiro, são 
conferidos aos estudantes os graus de licenciatura, mestrado e doutorado. Os institutos 
politécnicos concentram-se na formação profissional prática.

Finlândia

Referência mundial, a Finlândia constantemente aparece no topo das avaliações de 
qualidade da educação. A revolução no ensino começou ainda nos anos 1960, quando 
os impostos gerados pela indústria de papel e celulose sustentaram a adoção das políticas 
de Bem-Estar Social. O ensino gratuito e universal foi adotado na década de 70 e desde 
então mira o conhecimento interdisciplinar e não estanque. Matemática, ciência e música 
são apresentadas aos estudantes por meio de projetos integrados, forma de combinar os 
conteúdos e adaptá-los ao cotidiano dos alunos. Como a individualidade é estimulada e 
não reprimida, uma sala reúne até cinco níveis de estudantes em torno de uma mesma tarefa.
Na Finlândia, é mais difícil virar docente do que médico. É preciso, no
mínimo, mestrado para dar aula
O governo incentiva a adoção de novas tecnologias e modelos de aprendizagem. Os 
professores são valorizados e exigidos. É preciso mestrado para dar aulas em uma 
escola de Ensino Fundamental. Na Finlândia é mais difícil ser professor – em 2015, a 
taxa de aprovação nos cursos de formação de professores foi de 4,2% – do que médico, 
cujo índice de aprovação nas faculdades é de 8,8%.

A FINLÂNDIA MIRA O ENSINO MULTIDISCIPLINAR. O CANADÁ, A INTEGRAÇÃO E A IGUALDADE DE OPORTUNIDADES.

Canadá

Em 2015, o país ocupou o terceiro lugar do ranking da OCDE em leitura e ficou entre os 
dez melhores na avaliação geral. O sistema canadense organiza-se a partir de províncias 
autônomas, ou seja, não há um sistema nacional, mas políticas distintas em cada localidade.           
Um traço comum no sistema é, no entanto, a igualdade de oportunidades. Há um esforço 
para integrar o grande contingente de migrantes que todos os anos aporta no país. Em geral, 
um aluno de fora leva três anos para alcançar uma performance semelhante aos estudantes 
de origem canadense.
São também expressivos os investimentos em alfabetização, treinamento de professores, 
bibliotecas e reforço para alunos com dificuldade de aprendizagem. 
Os bons índices refletem ainda a homogeneidade socioeconômica. Há pouca diferença de 
rendimento escolar entre os alunos mais e menos pobres. No último Pisa, o Programa 
Internacional de Avaliação de Estudantes, a variação de notas causada por diferenças 
socioeconômicas foi de apenas 9%, em comparação aos 20% da França e 17% de Cingapura, 
para citar dois casos.
A rede pública abriga o maior número de estudantes. Em Ontário, 94% dos alunos estão 
matriculados em unidades públicas. De maneira geral, o sistema repele a lógica “academicista”, 
de fixação de conteúdos, e estimula a autonomia. Aos 14 anos, os canadenses podem escolher 
as disciplinas que mais interessam e montar a própria grade curricular. A educação obrigatória 
vai até os 16 anos.

Alemanha

Depois de um contingenciamento na última década causado pela crise econômica de 2008, 
a Alemanha anunciou a retomada dos investimentos públicos. Serão 160 bilhões de euros a 
mais entre 2021 e 2030 para universidades e centros de pesquisa científica independentes. 
“Com isso, estaremos garantindo a prosperidade do nosso país no longo prazo”, afirmou 
Anja Karliczek, ministra da Educação, durante o anúncio dos novos investimentos.
A Alemanha acaba de anunciar um incremento de 160 bilhões de euros no

orçamento de universidades e centros de pesquisa
Além de mais dinheiro para a contratação de professores, as universidades terão acesso 
a um fundo de 150 milhões de euros destinado a projetos especiais.

PARA “GARANTIR A PROSPERIDADE NO LONGO PRAZO”, COMO AFIRMOU A MINISTRA DA EDUCAÇÃO, A ALEMANHA APOSTA NO ENSINO SUPERIOR

Estônia

Na última edição do Pisa, o ranking da OCDE, a Estônia apareceu em terceiro lugar, atrás 
apenas de Cingapura e Japão. O sucesso educacional recente do pequeno país báltico 
sustenta-se em um tripé: acesso universal e gratuito em todas as etapas do ensino, 
autonomia garantida a professores e escolas e valorização da educação pela sociedade.
O governo investe atualmente 6% do PIB em educação. Enquanto o Brasil gasta 6,6 mil 
reais com estudantes do Ensino Fundamental, a Estônia aplica o equivalente a 28 mil reais. 
Boa parte do dinheiro garantiu o aumento de renda dos professores, que cresceu 80% nos 
últimos dez anos. O piso salarial é de 1,2 mil euros, cerca de 5 mil reais.
Um currículo nacional orienta os ciclos de aprendizagem, mas as escolas têm autonomia 
para aplicá-lo da maneira que acharem melhor. Como na Finlândia, as disciplinas são
 integradas e não respeitam limites burocráticos. Ética e educação digital estão entre os 
temas mais explorados. Exige-se no mínimo mestrado dos professores.   

Repórter do site CartaEducação

Nenhum comentário:

Postar um comentário