Um modesto aumento da temperatura global poderia bastar para que
durante este século o degelo dos polos seja “irreversível”, advertiu nesta
segunda-feira uma equipe de cientistas em um novo estudo.
Em comparação, se continuarmos emitindo no mesmo ritmo os gases de efeito
estufa, a temperatura subirá 4ºC, segundo os cientistas.
Os cientistas afirmavam, até agora, que as calotas polares da Groenlândia e da Antártica sobreviveriam com um aumento contido de entre 1,5 e 2ºC, mas uma
nova análise publicada na revista científica Nature Climate Change estima que
mesmo um aquecimento global modesto poderia causar um dano irreversível, contribuindo para o aumento do nível do mar.
“Acreditamos que (um aumento de) entre 1,5ºC e 2ºC é praticamente o limite
para evitar novos efeitos dramáticos nos polos”, disse à AFP Frank Pattyn,
diretor do departamento de Geociências da Universidade Free de Bruxelas e responsável pelo estudo.
Sua equipe chegou à conclusão de que tanto a Groenlândia como a Antártica
atingirão um “ponto de inflexão” por volta de 2ºC, o que “implica que as
mudanças nas calotas polares serão potencialmente irreversíveis”.
O degelo na Groenlândia já provocou um aumento anual de 0,7 milímetros
do nível do mar desde meados dos anos 1990.
E os polos estão aquecendo mais rapidamente que o resto da Terra: desde
esse período, a Groenlândia é agora 5ºC mais quente no inverno e 2ºC
no verão.
Embora os cientistas acreditem que seriam necessários séculos para o
derretimento total dos polos, mesmo que haja um grande aumento da
temperatura global, o estudo desta segunda-feira levanta uma nova
preocupação sobre o Acordo de Paris, o único plano da humanidade
para frear as mudanças climáticas.
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