quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Especialistas em educação dizem a Onyx que novo governo não pode perseguir professores







Viviane Senna, que participou do encontro, era cotada para assumir 

ministério em governo Bolsonaro














Renata Cafardo, O Estado de S.Paulo
14 Novembro 2018 | 
Viviane Sennairmã de Ayrton Senna e presidente do instituto que leva o nome do piloto, e outros especialistas em educação que participaram de um encontro nesta quarta-feira, 14, em Brasília, com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixaram claro que o governo Jair Bolsonaro não pode ter como pauta a perseguição de professores. Quem estava presente afirmou que a conversa foi técnica, com apresentação do cenário educacional brasileiro para o futuro ministro. Não se falou sobre o cargo de ministro da Educação no encontro entre Lorenzoni e Viviane - o instituto, em nota, disse que não está nos planos dela assumir a pasta. 



Viviane Senna
Viviane Senna se encontrou com o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni Foto: AMANDA PEROBELLI/ESTADAO
Ela foi enfática em afirmar que Bolsonaro deveria adotar como grandes causas a alfabetização de crianças na idade certa e a valorização do professor no País. Segundo as últimas avaliações nacionais, mais da metade das crianças de 8 anos não sabem ler e escrever de maneira satisfatória. Só 13% chegaram ao nível considerado desejável de alfabetização. Estudos internacionais têm mostrado que a qualidade do professor é determinante para o desempenho do aluno e até para sua vida adulta
Estavam presentes ainda a presidente executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o professor do Insper Ricardo Paes de Barros e o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves. “Foi dito que não se pode ter pautas negativas com professor nesse momento. Não pode fazer perseguição com professor”, contou Priscila.
O grupo deixou claro que não há como melhorar a qualidade da educação no País sem um plano completo para melhorar carreira docente, o que inclui formação e salário.
Viviane também deixou claro que o novo governo precisa por em prática políticas educacionais que tenham evidência de sucesso nacionalmente e internacionalmente. O grupo não se referiu diretamente a ideias de Bolsonaro para a área, como a defesa do projeto Escola sem Partido, que combate uma suposta doutrinação de professores, a ampliação de colégios militares e a implementação da educação a distância no ensino médio. Nenhuma dessas propostas foi adotada em países que se tornaram modelo para a educação no mundo. “Temos que ter pauta propositiva e não pauta bomba”, afirmou Priscila. 
O nome de Viviane tem aparecido como possível ministra da Educação no governo Bolsonaro. O Instituto Ayrton Senna, no entanto, divulgou nota afirmando que “não está nos planos dela aceitar o cargo”. “Eu acredito que a Educação é um desafio de toda a sociedade e não só do poder público. Cada um de nós, pessoas civis, temos a nossa parcela de contribuição. Por isso, venho dedicando esses últimos 25 anos de minha vida nesse compromisso”, disse ela, em nota. 
Viviane havia sido chamada por Onyx para um encontro e foi ela quem sugeriu o formato e convidou os outros participantes. A reunião começou com uma apresentação do cenário brasileiro na educação feita por Paes de Barros. Em seguida, Priscila falou do Educação Já, um plano elaborado pela sociedade civil, com a liderança do Todos pela Educação, que recomenda 7 medidas prioritárias para a próxima gestão federal. Entre elas, estão a alfabetização das crianças, a efetivação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um novo modelo de ensino médio e a valorização do professor. Segundo quem estava na reunião, Onyx elogiou o trabalho da sociedade civil e disse concordar com as medidas propostas.

Opinião particular deste blogueiro: Já que está muito em voga considerar algo sem alguma coisa, como a escola sem partido, que tal, também reivindicarmos O PLANALTO SEM BOLSONARO?  Já pensou, que beleza: um autoritário a menos no poder? Ora, tratando mais do mérito da questão, temos que o professor tem toda a liberdade de fazer um gancho rápido sobre política e, por que não, também, sobre ecologia (ou qualquer outra coisa) - e considerando que o mesmo corre o risco de ser contestado em sala de aula por alunos, o que poderia dar lugar ao embate democrático e pacífico de ideias... algo muito bom para aperfeiçoar as democracias do mundo, de forma que se Bolsonaro acha que professores esquerdizam o país, então que dê motivos concretos para que façam o contrário, que tente cativá-los ou atrai-los. Enfim, o que professor precisa é de prestígio e valorização da sociedade, muito longe do que o autoritário recém-eleito pretende: amordaçar uma classe profissional genuinamente crítica... Liberdade, sim; censura, não!

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