Claudia Miranda Gonçalves
15 de fevereiro de 2022
Por Andréa Nery
A
empresa humanizada é focada no ser humano. Suas políticas e processos
consideram os impactos das decisões em todos os que fazem parte dela.
Para
além da lucratividade e resultado financeiro, ela prioriza a qualidade
de vida, a saúde mental, o autoconhecimento e a educação continuada. E
em vez de ver o mundo pelas lentes de suas limitações, veem as infinitas
possibilidades positivas.
Sua cultura tem como base um modelo
mais social que valoriza as relações, preza pela transparência e
autenticidade. É mais inclusiva e colaborativa em oposição a um modelo
individualista e muito hierárquico.
O desejo de trabalhar sob
este modelo está presente na maioria das pessoas, quer seja pelo reflexo
de nossa época, quer seja pela experiência e sentimentos despertados
nos tempos de pandemia.
Como seres humanos estamos buscando cada
vez mais experiências significativas e um senso de realização, e
queremos integrar nossa vida pessoal e profissional.
Mas viver
este modelo requer desafiar padrões de comportamento que seguimos há
tempos nos ambientes de trabalho, e significa ter que reaprender a ser
humano e reconstruir nossa dinâmica relacional.
Na minha
experiência trabalhando com empresas que estão buscando esta
transformação cultural tenho me deparado com a dificuldade das pessoas
diante deste desafio.
Esta dificuldade começa pela desconfiança de que a “empresa” vai mesmo nesta direção.
No
início ainda estarão presentes traços fortes de um modelo de negócio
voltado ao curto prazo, que busca eficácia operacional com foco no
resultado financeiro e que promove uma relação onde somente uma das
partes ganha.
Por isso é essencial que a liderança tenha clareza
do propósito maior e mostre em ações e atitudes aquilo que diz. A
coerência nas interações do dia a dia são os sinais do caminho sendo
trilhado. As decisões simples e complexas devem ser tomadas conectadas
com valores corporativos que refletem este propósito.
O caminho é
árduo, exige muito alinhamento e coragem para debater, enfrentar e
aprender com os erros. As trocas dos que não se adaptam às novas
práticas serão inevitáveis. Mas precisarão ser feitas de forma
transparente, construtiva e respeitosa.
A outra dificuldade está
em quebrar os padrões e ousar sair da zona de conforto para experimentar
práticas que propõem o pensamento coletivo e que privilegiam as
interações humanas e a fluidez de um sistema vivo.
Mas afinal, como isso funciona?
Um
sistema vivo funciona em rede, a energia vem das relações, e por meio
delas o sistema evolui e se adapta. A comunicação é a fonte principal
que precisa estar ativa e alinhada ao movimento.
A comunicação
deve estar a serviço de conectar as pessoas e permitir que o propósito
da organização seja vivido e entregue em todas as interações que fizerem
parte do processo.
Ao fazer parte desta organização você deve
estar preparado para expressar seus sentimentos e emoções de forma
autentica diante de uma situação que o/a incomoda; você deve
compartilhar suas ideias, se abrir para opiniões diferentes e atuar de
forma colaborativa; você deve abandonar a ideia de que existe certo e
errado, e ser capaz de dialogar para enfrentar situações de tensão e
buscar soluções ganha-ganha.
Essa é a mudança na dinâmica das
relações e para que se torne natural precisa de capacitação,
desenvolvimento constante e muito diálogo. Esta mudança eleva o nível de
consciência e garante a segurança psicológica que favorece a
criatividade e evolução constante.
Integrar uma empresa
humanizada significa se abrir para revelar sua singularidade e aceitar
trazer sua vulnerabilidade para o ambiente de trabalho, construir
relacionamentos mais saudáveis, onde as pessoas se escutam, exploram,
refletem, mudam de opinião e fazem juntas.
Pode dar um frio na barriga, mas viver tudo isso vale a pena!
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