sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Efeitos atmosféricos de uma guerra nuchear seriam mais severos do se pensava

Não há dúvidas de que uma guerra nuclear seria catastrófica para a Terra, mas como exatamente ela afetaria o planeta e os seres vivos em longo prazo? Um estudo conduzido pelo National Center for Atmospheric Research (NCAR), avaliou quais seriam os impactos de conflitos nucleares em cenários local e global. Em ambos os casos, os resultados são assustadores.

Os modelos usados para o estudo consideraram o sistema complexo da atmosfera terrestre e como as reações químicas aconteceriam na estratosfera da Terra. Os novos resultados indicam que os danos ao meio ambiente podem ser ainda mais nocivos e persistentes do que pesquisas anteriores indicaram. A pesquisa considera, ainda, os efeitos de aquecimento inicial de explosões nucleares e a perda da camada de ozônio como consequência.

A Experiência "Trinity" foi o primeiro teste de arma nuclear da história, realizado em 1945 (Imagem: Reprodução/US Air Force/US Army)
A Experiência "Trinity" foi o primeiro teste de arma nuclear da história, realizado em 1945 (Imagem: Reprodução/US Air Force/US Army)

O cientista climático Alan Robock, da Rutgers University e co-autor do estudo, disse que ele e sua equipe já suspeitavam de que o ozônio seria parcialmente destruído logo após uma explosão. “Isso resultaria no aumento da luz ultravioleta na superfície da Terra e, se houvesse muita fumaça, isso bloquearia a entrada de luz ultravioleta", acrescentou Robock. Pela primeira vez, a pesquisa quantificou como a fumaça liberada afetaria a atmosfera.

Para isso, o grupo analisou dois cenários de uma guerra nuclear. Primeiro, uma explosão regional de 5 megatons e, em seguida, um evento em escala global de até 150 megatons de fuligens liberadas. No contexto global, cerca de 75% da camada de ozônio seria perdida ao longo de 15 anos. Uma guerra local, reduziria a camada em 25% em 12 anos. Nos primeiros anos, a fumaça bloquearia os raios ultravioletas, mas com o dissipar dela, a incidência destes raios nocivos aumentaria novamente.

À esquerda, o bombardeio atômico em Hiroshima e, à direita, em Nagasaki, em agosto de 1945 (Imagem: Reprodução/Domínio Público)
À esquerda, o bombardeio atômico em Hiroshima e, à direita, em Nagasaki, em agosto de 1945 (Imagem: Reprodução/Domínio Público)

Com uma quantidade de raios ultravioletas crescendo, os danos para qualquer ser vivo que tenha sobrevivido às explosões vão desde o câncer de pele até o declínio das plantações. O cientista atmosférico Charles Bardeen, da NCAR, e principal autor do estudo, explicou que as condições mudariam drasticamente e qualquer adaptação, que funcionaria no início, não ajudaria à medida que as temperaturas voltassem e subir, bem como a radiação ultravioleta.

As primeiras modelações sobre os impactos de um conflito nuclear, realizadas na década de 1980, previam um inverno nuclear. Basicamente, a fumaça bloquearia o Sol e a temperatura média global despencaria, mas elas não consideravam os efeitos imediatos, como a destruição da camada de ozônio. As armas nucleares mesmo hoje são uma ameaça global real. Embora EUA e Rússia tenham reduzido seu arsenal, países como a Índia e Paquistão desenvolveram armas ainda mais poderosas.

O estudo busca avaliar os muitos fatores envolvidos na dinâmica da atmosfera da Terra, bem como mostrar que seja global ou local, uma explosão nuclear afetaria todo o planeta. A única diferença seria quanto tempo levaria para isso acontecer. "Eles [os efeitos] não são locais, onde a guerra ocorre. Eles são globais, então afetariam todos nós", ressaltou Bardeen. Os resultados do estudo foram publicados no periódico científico Journal of Geophysical Research: Atmospheres.

Fonte: Canaltech

 

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